Texto Literário Engraçado

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⁠" DESAPONTO "

O que há de livre nessa curta vida?
Nós somos prisioneiros do inconsciente
que, sem fazer notar-se, está presente
em toda decisão nos pretendida!...

A liberdade, pois, não lhe faz frente!
A nossa essência jaz, morta, escondida
e, oculta, faz-se plena por perdida
nas confusões reais da nossa mente.

Nós nos mostramos numa falsa imagem
e nos expomos como que em miragem
pra parecermos livres neste conto…

No inconsciente presos, na verdade,
quão falsa, pois, nos soa a liberdade
que, ao fim, só gera a dor do desaponto!...

⁠" BALANÇO "

Quão frágeis são os fios desse balanço
que, aos sonhos meus, me dão sustentação
continuamente ornando uma ilusão
de ser tão bela a vida em que ora avanço!

São tênues esperanças na amplidão
deste universo, a dar-me de remanso
conforme, no futuro meu, me lanço
tocado pelo amor no coração.

De que se rompam, pois, tenho temor
e que me lancem para esse amargor
de, aqui, viver sem sonhos e esperança…

Balanço sustentado em frágeis fios
acima de rumores meus, sombrios,
e o medo que se rompam, sim, me alcança!

⁠" ESCRITA "

Um poeta, somos todos, do destino
que vamos nós rimando na emoção
de cada escolha feita, em decisão
dos versos sobre o tempo peregrino!

Assim, quer seja um poema, uma canção,
soneto curto aceito em desatino
nas frases da poesia de um menino,
um ode no saber de um ancião,

o fato é que se faz por obra-prima
em tudo que nas linhas ela exprima
por resultado de um viver humano…

Escrita eu dei à minha, com ternura,
por vezes na razão de uma alma pura
batendo um coração sujo e profano!

⁠" LEVANTA "

Levanta-te que é, pois, chegada a hora
de te encontrares com a escolha feita!
Não há mais tempo algum para a desfeita
de te esqueceres de quem és agora!

Assuma a sina na paixão aceita
e siga o instinto teu na estrada a fora
sem medo de que o sonho parta embora
por outra insensatez, em tua alma, aceita.

Te ponha em pé pra dar sequência à vida
em toda a história que há, nela, contida
sem mais delongas nem protelações…

Sem medo mais, levanta! É hoje o dia!
Sem decisões o amor se perderia
na longa estrada de tuas ilusões!

⁠" COMPROMISSO "

Em toda história existe, mascarado,
um compromisso de fidelidade
que deveria ser: felicidade,
amparo, proteção, prazer arfado…

Ninguém se envolve nele, de verdade,
se amor a dois não fôr, ali, firmado
deixando o ego, a crença em si, de lado
pra se entregar inteiro e com vontade!

Procura-se o acordo conveniente
que faça o par ficar, nele, contente
e satisfeito com a vida a dois…

Um compromisso, mascarado, existe
que, a tudo o mais, por ser amor, resiste
sem pressa pro que mais virá depois!

⁠" INVEJA "

Na boca não lhe amarga a nicotina,
mas, sim, o fel da inveja ali sentida!
Julgara que a paixão fôra, em partida,
e que voltara a armar à própria sina!...

Sua alma, machucada, ressentida
perante a solidão, tão pequenina
lhe impulsa essa vontade má, ferina,
de dar vingança a tal paixão perdida.

O olhar propaga o fel que está presente
no sentimento incauto que, ora, sente
e já não faz segredo de que existe…

A nicotina não lhe amarga a boca,
mas essa inveja, intolerante, louca,
que, sem olhar pro tempo, ali persiste!

⁠" LUZ "

Sou velho! Não me dão mais atenção.
Sou tido por artigo ultrapassado
sem credibilidade, descartado
por não ter serventia ao uso, então!

Ficou tudo perdido no passado
aos olhos desta nova geração
que, do que recebeu, não faz questão
nem sabe sobre o chão que eu fiz pisado.

A luz do meu viver não lhes ajuda,
não traz saber, não cria e nem desnuda
a essência do saber que crêem morta…

Não tenho da atenção. Sou velho, agora!
A luz que trago, querem que vá embora
pra, enfim, poderem mais fechar-me a porta!

⁠" EXISTÊNCIA "

Me vi deitado à margem da existência,
confuso, meio que desnorteado,
com tudo o que é suspeita agasalhado
e pronto pra aceitar a penitência!

Atropelou-me o ego, em mim, centrado
e não lhe opus barreira ou resistência
acreditando ter toda vivência
pra superar sequelas neste estado.

E divaguei delírios da poesia
expondo todo o sonho e fantasia
que me sangrava à hora derradeira…

À margem da existência, ali caído,
senti-me o herói do conto, já perdido,
que o amor abandonou por brincadeira!

⁠" FIEIS "

Tu me darás, dos versos teus, a rima
no enredo que te faz poesia plena
conforme, a declamar, teu corpo encena
o que te torna, enfim, uma obra prima!

Assim me exposta, frágil, tão pequena,
poesia da mais alta, minha, estima
te deitarei canção posta por cima
a te exaltar no amor que nos condena.

Daremos, nós, inveja aos menestreis,
nas noites de luar, loucas, crueis,
entorpecidas das almas errantes…

Tu me darás a rima dos teus versos;
eu te darei meus textos controversos
e o tempo nos fará fieis amantes!

⁠" ANDARÁ "

Hão de ficar lembranças na memória,
imagens, fotos e a recordação
dos tempos juntos, presa ao coração,
marcando o que se fez por nossa história!

Por mais que haja mudanças e a intenção
de se deixar pra lá, fraca, ilusória,
tentando um rumo novo à trajetória
terás, ainda assim, saudade, então.

Que os fatos não te impeçam de ir adiante
mantendo o passo firme, são, constante,
em busca de um futuro aventurado…

Mas, saiba que presente e verdadeiro,
qual se sentisses dele, ainda, o cheiro,
o amor sempre andará, junto, ao teu lado!

⁠" ANDANTE "

Disse, o destino: Siga! É mais à frente…
Julguei ser insensato ouvir-lhe a voz
e me mantive em meu sofrer atroz
qual fosse, eu, só um mendigo, um indigente!

Prossiga! Ele insistiu. Fez-se feroz
e me agitou por dentro, ardentemente,
de forma que tocou-me o consciente
e andar me pus… Um passo, um outro após.

Tão logo, a estrada fez-se por bonita
e me chegou consolo à alma aflita
mostrando-me horizonte promissor…

É mais à frente! Disse-me o destino
e, assim, me fiz de andante, um peregrino
que irá, bem logo mais, achar o amor!

⁠" IMORAL "

Porquê mudastes tanto, ó Mocidade,
e deste um novo rumo ao teu destino
buscando o diferente, em desatino,
em louca busca pela novidade?!...

Não mais és inocente e o libertino
tomou lugar da tua castidade…
O belo deu acento à obesidade
do romantismo, o luxo, o caro, o fino…

Abristes mão de sonhos, da alegria,
pra aqui viver só da tecnologia
ao se isolar nas redes, no virtual…

Mudastes tanto, ó Mocidade! É pena
que a tua escolha agora te condena
por semear nos campos do imoral!

⁠" OUTONO "

Outono… Céu azul, tardes amenas,
bucólicas saudades vindo ao peito
e o dia envelhecendo do seu jeito
querendo descansar ao sol, apenas!

Já deita-se, esse ciclo, no seu leito
cansado dos embates nas arenas,
das lutas, dos combates a centenas;
também, do que na história, se fez feito.

Os meses vão crepusculando o enredo
guardando, só pra si, como segredo,
quaisquer paixão, por eles, concedida…

Bem-vindo, Outono, aos braços desta terra,
ao tempo de labuta que se encerra,
tal qual o outono desta minha vida!

⁠" DELÍRIO "

Tomei a flor do amor entre meus dedos
e lhe senti o perfume me doado!
Rendido, o coração me foi tomado
seguindo, da paixão, vozes e enredos!...

Que faz, um pobre ser, se apaixonado?
Se perde pela noite em seus segredos
e assim fui eu, por entre o val dos medos,
depois do amor, enfim, me ter tocado.

Bailei com as estrelas e o luar
sentindo todo o corpo flutuar
qual se não mais houvesse a gravidade…

Cheirei a flor do amor, pra meu delírio,
e a cruz tomei por sina e por martírio
sem mais pureza casta e ingenuidade!

⁠" NÃO "

Me chama, o teu olhar, teu pensamento,
até teus lábios querem, com vontade,
sem medo, sem pudor, sem castidade,
que eu te possua o corpo e o sentimento!

Pra mim não é segredo ou novidade!
Já não me ocultas que te sou tormento,
paixão inconsequente, teu lamento
por tal desejo, dada a intensidade.

Mas esse teu querer é passageiro
após me consumires, por inteiro…
Eu já vivi tal drama noutra história…

Perdoa-me, mas não! Sofri demais
e não me entrego agora a novos ais
pois trago, ainda, as dores na memória!

⁠" NOVA "

Que quer, enfim, a nova mocidade
perdida como está nessa jornada?
Por vezes me parece querer nada
pra só viver, aqui, sua liberdade!

Talvez só busque e quer estar focada
em se fazer presente de verdade
pra ter aceitação dos de sua idade
que têm o pé na mesma caminhada.

Quiçá seu sonho? Amor vindo em paixão?
Deixar que o tempo corra em direção
de um amanhã que seja mais feliz…

A nova mocidade busca agora
o que talvez jamais partiu embora:
o mesmo que, a de outrora, sempre quis!

⁠" COMEMORA "

Não sei o que passou-te ao pensamento,
mas tem sinais bem claros de saudade!
De alguém? De algum lugar? Da mocidade?
Tocou-te, é certo, a fundo, o sentimento!

Não veja nisso crítica ou maldade
pois quem não tem, do outrora, algum alento?
Qualquer que seja a causa do momento
melhor curtí-la em toda intensidade.

Mas nunca perca o olhar do que porvir
e empenha-te, pra lá, deixar-te ir
levando, na bagagem, o aprendido…

O que, no pensamento, veio agora
por certo que a paixão já comemora
por conta de um amor por ti sentido.

⁠" ACEITO "

Talvez, num outro tempo desta vida,
num paralelo cósmico formado
ou num lugar qualquer imaginado
eu seja uma alma pura, sã, despida!...

E pode ser que, então, elaborado,
o meu caminho, sem qualquer subida,
sem morros, sem ladeira a ser vencida,
se cruze outra vez mais, ao teu, centrado.

Quem sabe, sim, me vejas com paixão,
com outro olhar me dado, ali, que não
me exclua do viver te oferecido?!…

Num outro tempo, em paralelo feito,
eu seja, finalmente, então, aceito
no amor que foi tão bom termos vivido!

⁠" ARTEIRA "

Sapeca, brincalhona, bruxa, arteira,
foi sempre uma mistura inesperada
que a faz ser acolhida, aceita, amada
sem que se ponha, a tal, qualquer barreira!

É dama na alegria acostumada!
Com ela, o sério é pura brincadeira
e o riso é a sua forma costumeira
de se ir levando a vida nessa estrada.

É facil apaixonar-se por seu jeito
maroto, leve, dócil, de respeito,
e com seu toque mágico e festeiro…

Tá afim? Entre na fila, dada a chance,
mas acho não estar ao teu alcance
já visto que, eu aqui, sou o primeiro!

⁠" BONECA "

Vendeste a imagem tua de boneca
disposta a, assim, brincar, sem ter maldade
e quis quem te levassem, na cidade,
a festas, baile, boate e discoteca!

Tratada foi, portanto, é bem verdade,
qual fosse esse brinquedo, por sapeca!
Mas viram-te qual se fosses peteca
a ser lançada, a tapas, sem bondade.

Boneca, ora de louça, ora de pano,
não ponderaste qual seria o dano
de expor-te desse jeito em tua paixão…

Brincaram, pois, contigo, esse teu lance
sem darem, para o amor, sequer a chance
de te fazer feliz o coração!...