Texto de Solidão
A ESTRADA
Passo a passo
Seguindo o compasso
Pé com pé
Mantendo a fé
Um sentimento culto e bonito
Tudo tão esquisito
Falácia calma e com prumo
Agora me acalmo no fumo
Noites sem fim
O que querem de mim?
Dores na alma
Estou perdendo a calma
Quem o invoca?
Esse vazio que me sufoca
Que corrói meu espirito
Ao menos tenho tudo escrito
Mesmo o céu não estando branco
Um sentimento nada franco
Com essa sensação me deparo
Dias em claro
Olho pra cima e procuro por Deus
Porque abandonaste os filhos teus?
Olho pra frente e vejo o inferno
Estou cansado do vazio eterno
Mas só andarei
Em ti confiarei
Sigo esse caminho por mim
A estrada chegou ao fim...
Sozinho
A inexistência atua na ausência
As coisas já não mais reluzem
Versos já não mais traduzem
De versos românticos
A versos sem cânticos
Da vida mais farta
A vida barata
Já perdi o apurado cônscio
O ensurdecedor silêncio
Já é vazio nesse acúmulo
Agora escrevo ao meu túmulo
A vida não deixa as coisas baratas
Então mesmo com um buraco no peito
Tenho esperança que do nada
O infinito seja feito
Nossa lua
Lembre-se de nós sorrindo
Que hoje escrevo chorando
A dor de um amor florindo
E nunca desabrochando.
Não se esqueça da taça de vinho
Que ficou pela metade
Igual ao nosso carinho
E hoje vivemos de saudade.
Mas bem sei que nunca me esquecerá
O tempo é nosso inimigo
Mas as lembranças vamos guardar
E se nunca me reencontrar
Não se esqueça que sou poeta
E meus contos tu vais morar.
@CarvalhoEscrito
Isso basta!
A chuva bate nas janelas, chamando pra ver o dia que se faz lá fora;
As nuvens embaçam as montanhas, ainda cobertas pela neve;
O cheiro do livro liberta a mente cansada, e tuas palavras clamam pela mudança;
O piano invade a alma, cheia de cicatrizes, e faz transbordar lágrimas de solidão;
Acorda menina, escuta a chuva, olha para as montanhas, sinta o cheiro do livro novo, deixe a melodia te levar pra longe desse vazio que não existe.
Deixe-se sentir
Deixe-se perder na sua imensidão
Deixe-se invadir
Deixe-se então transbordar
E enfim, deixe-se encontrar
Sinta quem você é
Tenha orgulho de você
Sua alma é boa
Seu coração é grande
Acorda menina, tente enxergar o caminho lindo que você percorreu até aqui. Tente enxergar todas as batalhas que você venceu. Sua vida é linda e você está rodeada de pessoas que te amam. E isso basta!
Irracional
Tudo em você me faz assim,
Meio tolo, meio bobo,
E completamente apaixonado.
Cada tímido sorriso
Não se perde sem destino,
Cada gesto de carinho
Que se cruzam nos olhares,
Tudo tem lugar no coração.
Se o amor não fosse eterno
Eu já teria te esquecido,
Mas porque vivo está em mim
Eu só me encontro em você.
Seja o amor como ele é,
Insensato, irracional,
Que só me faz pensar você
Onde nos cabem
Num só coração.
Edney Valentim Araújo
1994...
Semente
Serei dela todos os dias
Como dantes dela eu era,
Só não serei eu só
Enquanto dela eu for...
Eu que nela estou vivo,
Agora, o presente do passado...
Dela sou semente adormecida
Ávida e viva em pensamento.
Onde quer que ela vá
Sei que me encontrará,
Porque nela eu me abrigo
Na semente deste amor.
Edney Valentim Araújo
1994...
O Recomeço De Um Novo Término
Porque é sempre assim,
Já perdi tanto nessa vida,
Quem eu amo se afasta de mim,
Só pode ser essa a minha sina.
Ficar pra sempre sozinho,
Achar que tenho alguma chance,
Deixar de ser um grãozinho,
Nesse vasto mundo abundante.
Mas é mesmo culpa minha,
Por alguma expectativa criar,
Quanto mais esperanças eu tinha,
De mais alto eu viria a despencar.
Mas cego de paixão eu pulei,
Entrar de cabeça é como dizem,
Do mais alto morro me joguei,
Queria que todos me vissem.
Foi tão real, foi tão intenso,
Estava tudo se curando,
Ao amor eu estava propenso,
Era uma festa que eu estava celebrando.
Mas ai a vida fez sua jogada,
Foi rápida e certeira,
Mostrou que era ela quem mandava,
Recebi então uma rasteira.
Sozinho novamente fiquei,
Sem rumo, no escuro,
Se afastou aquela que amei,
Perdi pra sempre o meu futuro.
O tempo, por si mesmo não se trata apenas de um relógio
Na realidade ainda hoje não o sei como difinir
Talvez seja um corte na viagem da vida fino como um fio
E na volta a solidão e o espaço que me faz refletir
Se pode se evitar te faria o não por seres quem és
Mas pela companhia que trazes odeio estas fazes
Em que a solidão me domina da cabeça aos pés
Por mais que tente entender, não consigo, mostra me o quão bom tu és
E a última lagrima cai; aquela última que me restava
E a última lagrima cai... Deixando tudo tão seco
E a última lagrima já se foi levando consigo o meu melhor
E a última lagrima levou o meu tudo, todo meu ser
AS lagrimas se vão, se esvais com a solidão
AS lagrimas se vão, não me resta uma. Apenas um eu preciso...
Já não as quero de volta, não preciso sentir
Já não as quero... Eu não consigo sentir
[Sentir deveria ser muito... Ou talvez não significasse nada
Já não preciso de nada... Me tenho dentro do meu ser
Já não preciso de nada... me perco a cada instante
[já não sou mais eu.
Caim campbell
Se existe falta, é porque já houve excesso.
Quantas vezes você já se sentiu só, com aquele pensamento de ter por perto algo ou alguém que você acredita que é dever ser seu ou estar ao seu lado. Pare e reflita! Somos feitos de exageros, temos a tendência de não saber oque é necessário, já que o essencial é invisível aos olhos. Na maioria das vezes estamos querendo mais daquilo que já transbordou.
REVERÊNCIA
minha tristura
saúda a lágrima
e nesta usura
a vida é estima
na ternura
se em baixa ou em cima
saúdo a loucura...
no silêncio, um covil
solidão
tudo é funil
só amor é coração
e possível
com emoção...
O resto falível!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Fé e coragem lagartinhas e lagartinhos!
Lembrem-se que se retirar de tudo e todos por uns dias e conhecer a solidão mais a fundo é necessário!
Os dias solitários no casulo é quando construímos nossas asas pra voar, é o autoconhecimento, a reflexão do "eu", a aceitação do que não pode se mudado, e o impulso para transformar o que podemos.
Nossa metamorfose acontece nos dias de tempestades onde somos obrigados a ser fortes, quando parece tudo perdido!
Tenha fé e coragem, suas asas estão em formação, seus dias de voos estão próximo, a primavera está preparando as flores do seu caminho!
Jéssica Talevi
IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)
Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada
A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada
Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda
Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
No escuro do quarto
Me deito, me perco, me acho
Penso do "porquê de eu estar aqui?"
Nadando sozinho, perdido comigo
Eu estou aqui
Mas não consigo me ouvir
Não estou mais
Não me encontro dentro de mim mesmo
Minha boca soldada por orgulho
Minha Vontade afunda num só mergulho
Tento nadar contra a correnteza
O que vai me trazendo mais incerteza
Com ela vem a tristeza
Cobrindo toda beleza
Quando tento ver a natureza
Tudo se perde na pureza
Em um momento de descuido
Estou pronto para dar a minha alma
Não penso duas vezes
Atiro em minha cabeça as dores da vida
Algum dia irei me encontrar?
Até quando vou perguntar?
Tomare que não à de demorar
Já que tudo pode acabar.
►Devore-me, Tempo
Tempo, eu não te odeio
Também não tenho receios
Sei o quão brutal você consegue ser
Também sei como é difícil te entender
Mas, acho que eu estava precisando de você
Estava precisando me reinventar, amadurecer.
Tempo, se me ceder um pouco mais,
Acho que as tristezas ficarão para trás
E eu conseguirei ficar em paz
Mas sei que irá me ajudar,
Nesta minha recente jornada ao mar.
Tudo o que escrevi nas nuvens, desapareceu
Aquela serenata que escrevi, morreu
O meu coração, tempo, se aborreceu comigo
Estamos sem nos falar, sem palpitar
Estou indo de lábios a lábios sem me importar
Sem dizer amor, sem sentir calor, sem valor
Estou afogando minhas desilusões debaixo do cobertor
Sem me importar com quem estou.
O vazio, tempo, o vazio
Ele está, dia após dia, acabando comigo
Não estou conseguindo destruí-lo
Se tornou um detestável inquilino
E ele está me persuadindo,
A enxergar o amor como um inimigo.
Tempo, ultimamente eu tenho refletido
Pensado um pouco mais sobre o que sinto
Pensado sobre a maneira que vivo
Passei por uma crise mental e social
Mas, agora estou melhor, retornei ao normal
Porém, tempo, às vezes tenho pensamentos repetidos
Aqueles que me deixam depressivo
Não sei se conseguirei silenciá-los permanentemente
Temo que ressuscitarei eles a qualquer momento.
Meus textos decaíram, tempo
No começo eu escrevia em passatempo
Agora mal passo perto do caderno
O que aconteceu comigo, tempo?
Quero que você passe, para me curar
Quero que você passe, para me ajudar
A sarar este meu coração, que grita de dor
Quero que seja meu amigo, que me ajude a deixar o amor
O amor que doei e não recebi
O amor que lutei e me iludi.
Pois então, tempo, apenas passe
Sei que de qualquer jeito irá, será saudável
Apenas... passe, me dilacere
Maltrate.
Você lembra...
Daquela noite escura...
Após as doses de rum...
Lembra da faísca...
Do quarto em chamas...
Da febre delirante...
Dos nossos corpos ardendo como magma...
Lembra da nossa dança...
Lembra do ápice...
Dos gritos...
Que acordaram o quarteirão...
Dos nossos corpos fracos...
Como se não tivéssemos ossos...
Você me fez acreditar no sobrenatural...
Pela primeira vez...
Naquela noite escura...
De odores almíscarados...
Sob a veste da falácia de um amor sem drama,
Fui enroscando-me rapidamente nas teias de tua trama.
Sob um luto ainda termal, andei insólito, certo da isolação,
Mas em teus olhos encontrei a verdade sobre a mentira
Que um dia eu ouvira que feliz é quem se torna amigo da solidão.
@CarvalhoEscrito
SONETO SOLITÁRIO
Ó tu, que pelo fado, onde te encontrar?
pode se achegar, estou aqui sozinho
por aqui vais deparar com meu carinho
e no não ter amado, serás tu o meu amar?
O cerrado da solidão me fez um ninho
seus tortos galhos, cenário pra eu chorar
tuas folhas secas papel para eu poetar:
o silêncio, as agruras, a dor e o desalinho
Segredados a lua em tristes noites de luar
largando o meu árido peito num pelourinho
ali só, nu, macambúzio até o último sangrar
E se você chegar, já tenho a taça de vinho
pra brindarmos, e a ti vou então declamar
meus versos que pra te fiz no meu caminho
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11/06/2016, 06'22"
Cerrado goiano
alegorias...
criativas,
aulas particulares,
num estranho instante o conflito do amor...
se examina a opera do prazer
explicando uma piada que vento levou...
o vento encanta a sensação
abuso de tantos julgamentos a moral,
dos bons costumes...
obsessão radical,
vassaladora resoluta,
maravilhas da ninfomaníaca,
.
Existia uma casa — como muitas outras — que tinha uma cerca que de nada defendia, um portão que rangia, e árvores que davam frutos que ninguém comia.
Dentro, uma sala modesta; sob um tapete estilo persa antigo, a cozinha pouco usada, disfarçada por um cesto com frutas de plástico, e uma geladeira cheia de vidros vazios.
Adentrando o corredor; um modesto banheiro; bem limpo, com uma pia de louça, que só pingava a noite.
Logo no final; um amplo quarto, com uma cama de ferro bem estendida de lençóis brancos. Acima desta; um relógio que marcava 07:46 a algum tempo. Estava também uma janela alta, do lado direito. O aposento era tão tranquilo, que nem sequer uma brisa balançava as cortinas cor azul pálido. O cheiro de linho e óleo de peroba preenchiam o ambiente.
Era presente um homem sentado em frente a uma mesinha de mogno reluzente — era magro e alto, com ombros acentuados, pouco mais de 35 anos, cabelo recém cortado, usando uma camisa alinhada, talvez a melhor que possuía. — Seu olhar fixo no nada, seus braços derramados, em sua mão esquerda, entre os ásperos dedos, o que parecia ser uma carta escrita às pressas e manchada de suor. Havia a face turva e o corpo abandonado de qualquer vida. Um raio de sol timidamente ameaçava tocar-lhe a face, mas antes, uma nuvem encobri-o — deixando o ambiente mais sombrio.
Algum animal pisoteava sobre as folhas secas do jardim, e de repente, tudo ficou no mais sepulcral silencio, então, ouviu-se um grito — o qual inflamou inteiramente o homem — foi tão potente que rasgou o silêncio e ergueu-se aos céus. Tal exclamação se fez entender tão bem, que todos que próximo estavam provaram o gosto das lembranças, do calor de abraços que não viriam mais, e, a partir do vibrar das cordas vocais e da explosão daqueles pulmões, todos tiveram a impressão de ver um sorriso que espelhava mil raios de luz se apagando e desaparecendo enquanto o eco ia enfraquecendo entre os muros da casa. Casa esta — como qualquer outra — com seus muros brancos, suas fotos empoeiradas, seus jardins úmidos, e seus moradores de coração partido.