Texto de Solidão
Está faltando você
No clareado do dia quando vem chegando o sol
Arrastando a passarada sonolenta das copas das árvores
Que despreguiçam ao soprado leve e lento do vento
Após o relento da noite triste
Está faltando você
No banco do meu velho carro sujo e de maresia
Tocando a sua canção preferida no toca-fita
Querendo me ensinar um pouco mais
De Música Popular Brasileira
Está faltando você
Sua risada mais gostosa perfurando o silêncio
Que agora paira no ar do meu quarto escuro
Onde perduro acordado evocando sua presença
Numa prece longa de fé
Está faltando você
Aqui agora do meu lado me dizendo que este poema
É mais belo do que na verdade parece ser
E que meu jeito de escrever é encantador e curador
Da vida efêmera que temos
Está faltando você
Nessa estrada longa que a vida traçou no mapa dos meus dias
Longos e intermináveis de saudade infindáveis
Que vem trazendo com à tarde a noite alarmando a hora de ir
Para minha cama na qual está faltando você.
### Alma Silenciosa
Penso mais do que faço,
Escrevo mais do que falo.
Amo mais do que sou amado,
Ouço mais do que sou ouvido,
Silencio-me mais do que grito.
Sou mais conquistado do que conquisto,
Observo mais do que me observam.
Sou mais atencioso do que me percebem,
Sorrio mais do que me entristeço,
Irrito-me mais do que é natural,
Compreendo mais do que sou compreendido.
Talvez ajude mais do que sou ajudado.
Entre ser e ter,
Entre dar e receber,
Sou aquele que do pouco baralho é dado.
Mas creio que, na mesma proporção:
Vivo, corro, sou aquilo que Deus é em mim.
Com superioridade em alguns degraus,
E imerso em inferioridade noutros.
Não posso fugir, nem vestir-me
Daquilo que está ausente de minha natureza.
Ainda que eu tente, o tempo ditará
Quem sou.
Pois o ter é vulnerável ao tempo,
Nada do que se tem é para sempre.
Mas pode a verdadeira essência de Ser
Ser intemporal.
O que se é, não pode fugir de nós.
Ou se é, ou nunca se foi,
Enquanto o que se tem pode não se ter amanhã.
Alma, solitária a minha!?
Talvez, mas eu sei que vivo.
Corro, caminho, me relaciono, sorrio,
E sou dentro das proporções que Deus,
O supremo, fez e faz de mim.
Não posso ser superior nem inferior,
Minha medida, minha vastidão,
Que até eu mesmo desconheço,
Estão guardados na sapiência de Deus.
Afinal, não me conheço ao todo!
Pois isto exige mais do que experiência,
Envolve um grau profundo de sabedoria.
** 07.06.2024**
Eu dei o meu máximo e ninguém viu. Eu estava no meu limite e ninguém me ajudou. Eu usei todos os meus recursos, toda força que tinha, todo pingo de dignidade, e ninguém ficou do meu lado.
Eu quis desistir, e ninguém me impediu. Eu tive medo, e ninguém me acalmou. Eu aprendi mais uma vez que só tenho a mim.
Eclipse do Ser
Sob o véu da noite escura,
Meu coração, um mar de angústia,
Navega sem rumo e sem ventura,
Na solidão que me conduz à bruma.
Teu olhar, qual estrela a brilhar,
Fascinação em um eclipse do ser,
Na imensidão do céu a cintilar,
Despertando em mim o querer.
No jardim dos sonhos semeio,
Pétalas de amor e esperança,
Cada toque, um verso que anseio,
Dançando à luz da lua em bonança.
Ah, tu és meu sol e minha lua,
Nas tuas mãos, meu destino trilho,
Numa sinfonia de paixão crua,
Nossos corações em harmonia asilo.
Com o calor dos teus abraços,
Meus medos se esvaem no ar,
E, nas asas de doces abraços,
Voo ao céu, sem nada temer ou pesar.
O tempo dança ao nosso redor,
E as horas são notas melódicas,
Conduzindo-nos nesse amor,
Que transcende as formas platônicas.
Nosso encontro, um universo à parte,
Onde a alma se desnuda sem medo,
Cada batida, uma obra de arte,
Numa sinergia que não tem segredo.
Assim, seguimos a jornada, lado a lado,
Metáforas vivas, em eterna melodia,
Num poema lírico e emocionado,
Do amor que floresce a cada dia.
Você vai sofrer muito querendo ser perfeito. Vai doer querer agradar a todo mundo. Você vai perder a sua identidade, antes mesmo de encontrá-la. Você vai se sentir sozinho. Você vai se deixar diminuir, vai brigar com você mesmo e vai tentar se esconder. Vai apagar o seu brilho e você vai se perder... Você vai se decepcionar com o mundo, vai se esquecer de você.
Vai doer quando perceber que você está errado, mesmo fazendo “tudo certo”, mas você vai aprender.
Não vá por esse caminho. Se ame antes de tudo. Se conheça. Se aceite. Se perdoe. Você ainda vai passar um bom tempo com você mesmo nessa existência.
Te amava
.
Eu te amava...
Como agora amo
E te amarei.
.
O tempo é só um bocado
Do muito que te amo
No amanhã que te amarei...
.
Se te amei só um pouquinho
Hoje amo mais um pouco
E amanhã um pouco mais te amarei.
.
Vivo o hoje que te amo
Como outrora eu te amei,
Do “pouco a pouco” que amarei...
.
Edney Valentim Araújo
1994...
Meu maior erro foi acreditar em uma causa perdida.
Cá estou, onde só entro quando estou agoniado.
Obrigado por tudo que me proporcionou neste tempo.
Foram sorrisos, descobertas, prazeres, medos superados,
plantas saqueadas, noites em claro e pedágios pagos.
Entre bolos de caneca, e tortas de limão,
ainda não resolvi a única e mais importante questão.
Depois do sonho, vem o pesadelo, seguido de solidão?
Vai ver, eu não passo de um objeto defeituoso
que vira parte da mobilha por ser bastante virtuoso
Uma lâmpada com defeito a beira da explosão…
Meu desencontro
Meu desencontro.
Bebo a/à indiferença do mundo.
Crio pontes... Em repentes...
Essa linearidade da vida que roda sobre esferas.
Faço-me fera.
Faço-me alguns eus...
Sofrem alguns...
Centro-me.
No centro me desconcentro... me desencontro.
Difícil encontrar-se num encontro.
Sigo os semiapagados rastros...
Concêntrico... Homocêntrico...
Estou exausta...
E com os sapatos gastos.
A gente é escravo
Escravo do trabalho, da escola, da faculdade e dos colegas de classe
Escravo dos padrões, do preconceito que ele trás
Escravo do tempo, do corpo perfeito
Dos pensamentos, ansiedade, do desespero
Escravo da solidão e da má companhia
Escravo da glicose que tira a vida sadia
Aliás, até pra comer tem regra.
A gente é escravo e não tem paz
A gente escravo da culpa que nos colocou os nossos pais
Pra tudo que a gente faz, um rótulo a gente ganha
Não se anime menino, quanto mais se cresce na vida, se apanha
O professor uma vez disse que tinha a vida ganha
Agora sei que era só pra obedecer
Ou questão de orgulho sei lá, o que pode ser
Pra que tanto orgulho do lado de cá? Pra quê?
Se na vida a gente é escravo de viver!
Desadormecer
Um atual despertar dá-se início, onde o desamor impera com um coração passível de angustia.
O oxigênio se torna pesado e os olhos trêmulos piscam com pânico de um novo dia a se enfrentar.
Um choque aparenta não conhecer limites. É preciso se revestir com armadura ou que será de um ser maníaco sem sua proteção?
É frequentemente considerado forte, mas ao se levantar, percebe que aquele dia comum e tão menos importante se torna um grande tormento.
Sim, eu posso ser um pouco introvertida, e não, eu não sou tímida, como também não sou antissocial. É que eu, meio que, prefiro apenas escutar e observar. Não, eu não consigo escutar por muito tempo essas conversas da boca pra fora. mas garanto que falaria por horas sobre a vida. Eu preferiria ficar em casa, com um ou dois amigos do que estar no meio de uma multidão de estranhos. Sou uma pessoa mais reservada do que as outras. Se eu der abertura pra você em minha vida, significa que você é muito especial. Significa que você de alguma forma faz diferença nela, nas minhas horas, no meu dia.
- Flavia Grando
Não sou pessoa de meio termo. Pra mim é tudo ou nada. Quando não gosto de algo em meu semblante transparece, me afasto, simplesmente, sem brigas ou satisfações. Sou de chutar o balde sem arrependimentos , intempestiva e serena. Me afasto dos falsos e Falo claramente nos olhos do meu interlocutor. Gosto de amores inteiros, intensos e de amizades eternas, de multidão e solidão, não estou para enrolação. Falo o que penso e penso como eu falo. Sou exatamente assim, como você me vê. Há em mim milhares de Eus , você pode conhecer todos, ainda assim vai faltar algum. O plural da minha singularidade.
#DoceApenasDoce.
Me aceitado
Dei a minha vida, alma e coração por querê-la ao meu lado,
O dar-vos tudo custou à liberdade que eu já não tinha quando a vi.
Restaria um retorno nessa estrada sem volta, me pergunto.
Ando colhendo migalhas do seu amor caídas pelos caminhos das recordações!...
Longe do ponto de partida e distante da linha de chegada do seu coração, sigo em frente,
Imerso neste misto de sentimento nostálgico em que padece meu coração.
Corro da paixão e dou de cara com a solidão,
E essa fuga sem fim só faz aumentar minha dor, por quanto em mim cresce esse amor.
Bastaria ter me aceitado no passado e meu futuro no dia de hoje teria sido você.
A cada dia eu me entregaria ao seu amor
Se você também se entregasse ao meu amor.
Tudo que sinto o fogo que me queima tudo que sou nesse amor me tornei por você.
O teu coração é o tesouro mais precioso que eu poderia alcançar nessa vida,
Sopro do fôlego que completa e enriquece a minha alma.
Render-me-ia ao teu amor
E em nada te resistiria,
Poria meu destino em tuas mãos para me levares cativo como se conduz a um menino.
Onde você guiasse meus sentimentos, se o destino fosse você, ali estaria meu coração.
Lavaria minh’alma transparente nas cores do arco-íris do teu amor,
E nas campinas floridas dos teus sentimentos colheria o teu perfume
Só para viver a essência do nosso amor.
Edney Valentim Araújo
Não perturbe meu silêncio
Porque você não sabe nada sobre ele,
Porque, enquanto eu falava, você não quis me ouvir;
Agora ele tomou dimensões descomunais,
Sutil, sem fúria.
Criou tentáculos entre os quais me abrigo sentindo a pulsão de sua profundidade, a viscosidade de sua pele.
Vocẽ já não consegue alcançar minhas mãos, nem eu as suas.
Lágrimas silenciosas descem, evaporam, drenam meu corpo, pouco a pouco...
Você conhece o poço dos silenciados?
Nele conversamos nossas dores sem falar.
Lá, o tempo se divide em dois,
E você poderá ouvir os ecos da mudez do mundo.
Não acredite Baby
nesta independência emocional
Ela é uma mentira que minha vaidade insiste em contar
Gosto do teu colo para adormecer
Necessito do seu olhar no meu despertar
Não acredite Baby
Nestes argumentos que sou melhor sozinha
Nem tão pouco pense que não vou chorar
Quando a noite cai o silêncio me domina e meus fantasmas saem de seus esconderijos para me assombrar
Olhe nos meus olhos Baby
Veja, não sou tão forte assim
Minhas muralhas foram criadas pra me proteger da solidão
da ausência do seu sorriso
Camuflar a abstinência que sinto das suas mãos
pálpebras
(de manhã)
pro cerrado abro a janela
vejo o horizonte, audaz
as nuvens içam sua vela
à noite as fecho, usual
a lua fica lá fora
o céu ruborizado, colossal
estrelado, avança a hora...
durmo neste ritual!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
24 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
SUSPIROS (soneto)
Um pesar tão mais saudoso, assim não vejo!
Um vazio no silêncio, barulhento, sem pudor
De tão é a infelicidade, que terebrante é a dor
Que vagar algum pode ofuscar o tal lampejo
Dias rastejam, noites em romarias no andor
Da angústia, que enfileiradas num cortejo
Levam preciosos instantes, pra num despejo
Jogá-los ao luar, sem quer um pejo, amor
Ah! Que bom seria, eu ter qualquer traquejo
No dom da oração, e me ouvisse o Criador
Através do meu olhar, rogando por ensejo
Essa saudade tão mais triste, ainda é clamor!
Inda estão nos versos que no poetar eu adejo
Tentando recreio, para os suspiros transpor
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho de 2016
Cerrado goiano
TALVEZ ILUSÃO, QUANDO SENTI (soneto)
Talvez ilusão, quando senti, mas sentia
Que, ao desânimo da alma nela enleada
Entre a dor, o fôlego, pelos poros subia
Numa preamar de esperança prateada
E eu a via no olhar, olhava-a... Ferroada
Assim em cada raio, aí então eu resistia
E construía degraus nesta dura escada
Mesmo que se risco corria... ou se feria...
Tu, alegria sagrada! E também, capital
Sede das sedes!... que venha por nós
Tal reticências, e não como ponto final
E, ó desejada! E tão buscada, aporte
Como um emaranhado de um retrós
Súbito. Vi que rompe na medida sorte!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
oposição
agora,
que a distância virou saudade
os amigos viraram outrora
e o cerrado extremidade
das bandas do meu poetar
a solidão tornou-se traição
na enzima
na inspiração
da trova, sem estima
de uma rima menor...
Em opor,
pude encontrar na poesia
iguaria, suor, rubor
e companhia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
maio, 2016 – Cerrado goiano
Eu estava embaixo de uma árvore dessas grandes do Ibirapuera lendo um livro, não sei se o frio estava demais ou se dentro de mim tudo estava tão congelado que tomou conta de toda a epiderme.
O sol estava lindo - amo sol de inverno - particularmente temperaturas baixas me atraem, mas até o que a gente gosta nos causa enjôo as vezes.
Meu sorriso estava por ai, até agora me pergunto em qual gaveta guardei ou em que rua perdi, acho que foi quando me passou pela cabeça que toda a temperança não fosse o suficiente, e não é, só que quando estamos no auge da discussão deve ser.
Eu tinha uma garrafa de Whisky e uma-quase-paciência-no-limite-do-limite, uns goles e os meus pensamentos vagando, embaixo da mesma árvore, o estresse pelo caos do dia-a-dia passava gole-a-gole, assim embriagada, desesperada, lágrima-por-lágrima, eu procurava, atrás daquela loucura toda o verdadeiro amor, a verdadeira razão por essa vontade incessante de viver. O nosso amor. Distante, todavia lindo, escondido, disfarçado.