Texto de Solidão

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O MEU CALAR (soneto)

Solidão arde tal qual fogueira acesa
É como em um brasido caminhar
Perder-se no procurar sem se achar
Estar no silêncio do vão da incerteza

O que pesa, é submergir na tristeza
Dum incompleto, que nos faz cegar
Perfeito no imperfeito, n'alma crepitar
Medos, saudades... Oh estranheza!

Tudo é negridão e dor, é um debicar
Rosa numa solitária posposta na mesa
É chorar sem singulto e sem lacrimejar

E se hoje o ontem eu tivesse a clareza
Não a sentia como sinto aqui a prantear
Teria a perfeita companhia como presa!

Luciano Spagnol
Final de novembro, 2016
17'00", cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LEVEZA

No derradeiro, se percebe no fado:
que a solidão contém partida e vinda
as lembranças fitas em laços, atado
a lua na solidão tá sempre na berlinda
a madrugada não é grande nem pequena
que o possível no possível pode ainda
que a saudade é frágil como uma pena
e que as coisas mais leves, tem cheiro,
que a van filosofia prescinda...

Luciano Spagnol
2016, dezembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LACUNA (soneto)

Solidão, de insistir-te, não és esquecida
A saudade anda exagerada em te trazer
Nem sequer és o pretexto do meu viver
Pois se a sorte é triste, alegre é a vida!

Nada neste exagero é de fato pra crer
Se há ganhos e perdas, vinda e partida
Ter desvario é querer chuchar a ferida
O vital é mistério, bom é se surpreender

Pois a mesma estória tantas vezes lida
Traz história enlouquecida ao escrever
Tudo passa, não é só subida e descida

Ai, pode voar o tempo, tempo morrer
Tudo tem princípio e o fim, na medida
E nesta metamorfose, vai o nosso ser...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
2017, início de janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

SOLIDÃO BORRALHEIRA (soneto)

Erma solitária solidão borralheira
Que atulha o cerrado de melancolia
No entardecer encarnado em romaria
Alongando o minuto em hora inteira

Assim só, os sonhos vão pra periferia
A espiar a sofrença além da fronteira
D'alma, caraminholando oca asneira
A crepitar agonia em atroada sombria

O vazio do imenso céu sem cabeira
Nos engole com chilreio e zombaria
Galopando apertura numa carreira

Tétrico encanto da solidão crua e fria
Que do silêncio é a sua mensageira
E que ao coração saudades anuncia!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SOFRÊNCIA

Depois de você
A vida passou a saber
Como é vasta a imensidão
Da noite com solidão

Que horas são?
Que importância tem
Se minha saudade vai além...

Sem você, também,
Me perdi nos por quês
A angústia ficou à mercê
Depois de ter você
Felicidade é querer em vão
Pela rua migalha a emoção
Sem você!
Tudo é sofrência
Num coração de aparência!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017

Inserida por LucianoSpagnol

DESATINO (soneto)

Ó melancolia do cerrado, a paz me tragas
Solidão em convulsão, aflição em rebeldia
Dum silêncio em desespero, e irosa agonia
Ressecando o coração de incautas pragas

Incrédula convicção, escareadas chagas
De ocasos destinos, e emoção tão fria
Do horizonte de colossal tristura sombria
Que rasga o choro em lacrimosas sagas

Ó amargor do peito engasgado na tirania
Duma má sorte, e fatiadas pelas adagas
D'alma ao léu, tal seca folha na ventania

Pra onde vou, nestas brutas azinhagas
Onde caminha a saudade na periferia
Do fatal desatino em pícaras pressagas?

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O QUE

O que fiz ao silêncio para silenciar assim
me deixar silenciado no vácuo da solidão
tocar sem que eu possa ouvir o teu clarim
ruidar, abafando a presença no coração...

O que fiz eu a solidão pra tê-la no silêncio
quando lá fora até o vento se calou, enfim,
onde está a vida, que aqui respira pênsil
e emudece o cerrado num tom carmim...

O que é este silêncio, que se cala tênsil?
É "o que", em uma indagação sem fim...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SOLIDÃO EM VERSOS

Os versos que não pude criar
E que não redigem o tal verso
Na saudade é verso perverso
De um tal silêncio a me fincar

E nesta vaga do verso, o olhar
Perdido, e na quimera imerso
Áspero, de um vário universo
Que faz meu verso, um vagar

Suspiros em versos, reverso
Ao poeta do cerrado a poetar
Pois, o amor na alma, é terso

E de todos, o verso a me julgar
O infortúnio, me foi inconverso
Deixando a prosa sem seu par

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Espera

Oh! Estrela solitária
Na noite de solidão
Por que o teu silêncio fala
Se silente está o coração...
A poesia na inação se cala
Vazia está na inspiração
Não brada nada!
Deixe quieta a emoção
Vou deitar a saudade
No colo da afeição
Sem nenhum alarde
Sem noção e razão
Irei sonhar banalidade
Assim, na espera, nada em vão!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12/07/2015
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

GRILHÃO

Por que hei, desta solidão, o memorial
Por que hei, do silêncio, o chamamento
Se o caminho tem o seu início e o final
E o fado nunca é só descontentamento

Fosse possível ser apenas um ato fatal
Depois de tanto e tanto aborrecimento
A vida seria apenas passagem acidental
E no acaso não teríamos o sentimento...

Vária lembrança no tempo, nunca lento
De vias que nos parecia uma eternidade
E que nos foi reservado no esquecimento

Por que? Me encadeias sem piedade
No grilhão do vil ignoto e do tormento
No cárcere dum martírio da saudade?

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Subversiva

A solidão
Quando vem
Respeita nada não...

Nem lembranças tem.
Quando ela fica sem noção
Há suspiros, também.

De qualquer de seus abismos
Desconhece o coração
E é cheia de egoísmos

Relincha
Nos seus fanatismos,
Então, a alma guincha.

Só depois da sofregdão
Reconsidera: no silêncio
E deixa a ventura na mão
Em um poema sombrio...
De farta imaginação.
No vazio!

E promete incendiar a razão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Paráfrase Ferreira Gular

Inserida por LucianoSpagnol

ASSOMBRAÇÃO

Tenho uma solidão, tapera sombria
Assombrada, de sonhos penitentes
Onde anda a ilusão tristonha e fria
Na saudade, poetando os ausentes

E no vazio, a alma sem doce poesia
Tal paz duma sepultura, os poentes
Sois, num entardecer de melancolia
Tatalam as mãos, olhar e os dentes

No silêncio o ranger da imaginação
Pelos cantos os vultos em prantos
Das lembranças, tal qual fiel serva

Que invadem as órbitas da emoção
Soturnos fantasmas e, quebrantos
Segregando o espírito na tênia treva

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CONTRIÇÃO (soneto)

Às vezes, uma saudade me silencia
Nesta solidão e um vazio que ando.
Sofro e cismo, no cerrado, quando
As lembranças do mar são teimosia

Dores e saudades sufoquei calando
Desespera!... uma explosão, todavia
Ah! Como eu quisera, uma outra via
Porém, sorte, é fator não um mando

Percebo que naufraguei na solitude
Revolto, neste princípio de velhice
Choro e rio, brado, farsa ou atitude

As venturas que não tive por asnice
Meu remorso, o que viver não pude
E os amores, o amor que não disse!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Em Você

Encontrei tranqüilidade e calma,
Consolo para a minha solidão,
Acalento aos desejos da alma,
Verdade nas palavras do coração.
Em você...
Os dias amanhecem em euforia,
As tardes são cheias de alegria,
As noites já não são mais frias.
Encontrei você...
Com luz de sonhos e vitalidade,
Com oferta de amor nas mãos,
Com um sorriso que traz realidade,
Com um olhar de candura de uma flor,
Com o corpo cheio de abrasador calor.
Encontrei em você...
A possibilidade de então ter
Deste amor poder viver
Para sempre a ti pertencer
Em você encontrei...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13/11/2007

Inserida por LucianoSpagnol

vai

tal qual a companhia
busca por um olhar
lá vai o silêncio
solidão e apesar

tal qual a poesia
no uso da inspiração
lá vai o poeta
ilusão e emoção

tal qual o amor
quer um doce amar
lá vai a paixão
fugaz e salutar

Tal qual o poeta
finge sinceramente
lá vai a caneta
trova e a rima inocente

tal qual o fado
é traçado no florecer
o amanhã é desafio
novo sol, outro amanhecer

lavai... vai

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
paráfrase prima Líria Porto

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NA CONTRAMÃO

O badalo bate, o sino da igreja soa
Qual navalha o som corta a solidão
Chiando no silêncio pesar e aflição
E no relógio a hora a ligeireza ecoa

Num labirinto de saudade e emoção
A lembrança de asas no tempo voa
Desgovernando o sentimento a toa
Num vácuo de suspiros no coração

Então, o seu ganido invade a proa
Da alma, que se sente sem razão
E cansada de tantos ruídos, arpoa

Nesta quimera de dor e de paixão
Os olhos são cerrados pela garoa
Pingada das lágrimas na contramão

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SEM SORTE

Amor, quantos espinhos há na tua haste
Arranhando a solidão aqui no meu peito
Errante nos sóis e chuvas, sem ser eleito
Entre estações sós, num triste contraste

Saudades passam, e não passa o efeito
Porém, tu e eu, amor, no mesmo engaste
O fado faz que a desventura nos arraste
Por outonos, num desfolhamento do leito

Pensar que custa tanto, tanto desgaste
Quando poderia ser diferente, ser feito
Com companhia, desde que chegaste

Mas tu e eu simplesmente sem preceito
Ali onde o passado no remorso choraste
Semeamos a sorte sem nenhum proveito

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Eu sigo em frente a dor e a solidão me destrói e me reconstrói
Já passei por vários momentos e vi que a solidão faz parte de mim....
Hoje o que restou foi aquela rede pendurada na varanda....
Aquele era nosso canto projetos para o futuro foram feitos e jogados
Hoje vivo entre copos e garrafas revivendo os sentimentos amargos ......
Eu ainda sinto o gosto amargo que você deixou depois daquela noite juras e promessas de amor que
Foram apagadas na manhã antes do sol raiar.....
Uma ligação uma mensagem colocando fim em treze anos de juras de amor e projetos de um futuro melhor nossas filhas....
Papai segue em frente nós estamos aqui para segurar a sua mão
E hoje o que restou foi aquela rede na varanda ...
a última taça deixada ao lado da cama me faz lembrar você ..........
foram juras de amor saindo dos seus lábios molhado com o vinho juras de amor que se foram como a fumaça do seu cigarro que se misturava com o doce amargo do vinho,....
ainda guardo na lembrança as fotos e os vídeos dos nossos momentos de amor tudo registrado para mostrar que ali dois corpos se entrelaçavam entre o suor e e o gosto amargo do vinho que você bebia....
Hoje o que restou foi aquela rede pendurada na varanda....

Inserida por valter_martins

⁠Minha Amarga e Solitária Solidão

No silêncio profundo, onde ecoa a dor,
Caminho por sombras, perdido em meu clamor.
Minha amarga solidão, um manto que me abraça,
Em cada passo dado, a tristeza se entrelaça.
As horas se arrastam, como nuvens de aço,
E o peso da ausência é um fardo que não canso.
Busco por vozes que não vão me encontrar,
E a vida, tão cheia, parece se esvaziar.
Nos sonhos, tu vens, com o brilho do passado,
Mas ao acordar, sinto o frio do lado.
Corações que se afastam, promessas que se vão,
E em meio ao vazio, ressoa a solidão.
As lembranças dançam, como folhas no vento,
Revivo os momentos com um triste sentimento.
Nos risos que ecoaram, nas juras de amor,
A saudade é uma faca, cortando a dor.
Oh, solidão amarga, que me ensina a esperar,
Tu és a companheira que não posso deixar.
Mas em meio ao sofrimento, procuro a luz,
Um fio de esperança que ainda me seduz.
E mesmo que as noites sejam longas e frias,
Busco nas estrelas as minhas fantasias.
Quem sabe um dia, em um novo amanhecer,
A solidão se transforme em algo para viver.
Assim, sigo adiante, com o peso do coração,
Aprendendo a dançar com minha solidão.
Pois mesmo em sua amargura, há lições a se dar,
E em cada lágrima, um caminho a trilhar.

Inserida por blackpoeta1822

⁠A Solidão
Que sua solidão não seja profunda.
Que sua solidão não dilacere seu coração.
Que sua solidão lhe desperte o surgimento da palavra E a nossa palavra surgirá inexplicavelmente. Ao qual lhe fortalecerá, nos dias mais caóticos da sua vida.
E você conhecerá a liberdade da palavra dita.

Inserida por CledsonRodrigues