Texto de Praias
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Nas ações de acudimento ao planeta,
no ato de recolher lixo das praias, dos oceanos;
a humanidade se reinventa e tece
sob um sol que acode e higieniza
em acesso pelo coração ou na campanhinha
estridente da ciência que avisa, recrudesce guerras
desumaniza, mas também cria vacinas
e nas escolhas de cada ser surge o homem novo
rompendo a casca do ovo, pescador de lixos,
habitando o Evangelho que nos humaniza.
Praiana
E naquela manhã ela estava linda..
E eu mal arrumado, observando o ônibus dela encostar.
Ela é um encanto, e sua magia me fez voltar..
Nunca a contei o porquê de não demonstrar nada..
E De ser esse soldado, que você me descreveu.
Não expressei em palavras, o quanto se tornou importante para mim.
Ou o que despertou em mim..
Sua arte
Seu canto
Seu brilho
O seu balanço [proibido de ser balançado]
O seu sorriso e riso..
Ela transformou a lua das minhas noites em Amor
As canções em paixão
E as pinturas de Vicent, nas mais encantadoras artes que poderiam existir
Ela deu mais vida a todas as artes, todos os sentidos que tenho..
(...)
Como sempre, inacabado
As pegadas na areia da praia
são rastros de momentos breves
e agradáveis,
alguns são compartilhados
com pessoas amadas
enquanto outros são restritos
pra se alcançar algum afago
para o próprio espírito.
Em todo caso,todas em pouco tempo são apagadas pelas águasdo mar,
mas deixam marcas permanentes
na alma, nas histórias de vida
que é temporária, regalos ricos
para se guardar na mente
e quando forem acessados,
deixarão o coração aquecido
muito provavelmente.
Nestas ocasiões singulares,
expressamos nossos sorrisos
mais autênticos, tomamos doses
de felicidades, damos abraços
mais acolhedores
até os beijos têm mais sabor,
assim, esquecemos por alguns instantesdas adversidades,
por isso que a efemeridade
tem tanto valor.
Graças a Deus, as lindas memórias são constituídas pela soma
das brevidades que forem vividas
no agora com bastante intensidade
para caso venha a vontade de voltar,
possa haver mais do que saudades,
portanto, é preciso saber somar.
Hoje acordei e pensei em nos, foi lindo aquela praia com as luzes dos faróis, eu e você na mesma sintonia, juntava tamanha alegria. Com o sorriso contagiante olhei em seus olhos reparei no seu semblante, expressava harmonia, seu sorriso me chamava, minha vontade crescia, juntos tudo combina.
Em alguns instantes pensei em acordar, mas já era real, estávamos ali como um sobrenatural, um amor puro, sentimento verdadeiro, foi tudo normal.
Do abraço apertado em sequencia o beijo molhado, o calor dos corpos ( no carro...) estava tudo encaixado, como é bom te ter e sentir, super natural nada combinado.
E assim vamos levando, na pureza e na verdadeira combinação, uma história linda que surgiu sem a intenção. É algo novo e lindo de se viver, daqui para frente no futuro é viver sem saber o que irá acontecer, mas já penso eu e você....
Grande beijo no cantinho do seu sorrido, para sempre grato com enorme carinho...
15:10hr
08/07/22
INTANGÍVEL
Guardei-te na gaveta das coisas novas,
arrumadas, qual gaivota que sobrevoa
a praia, antes de fechar a porta da tarde.
Guardei as razões que me deste
para te eleger. O teu gracejar constante
e aquele sorriso de inspirar poetas.
É tarde. A vitrola acusa cansaço
e os versos repetem-se na folha vazia.
Rendo-me à alegria de te sonhar
tão azul e tão presente como antes.
Sempre te soube interdito e breve.
Tão intangível, que magoa.
Ela precisa descansar.
Descalçar os pés e caminhar na areia da praia.
Ela precisar se arrumar.
Organizar os pensamentos e sentimentos que tiram o sono.
Ela precisa transbordar.
Esvaziar o suficiente para se encher do que que faz bem.
Ela precisa amar.
Apreciar cada detalhe de sua própria história.
Amor meu_
Meu amor_
Caminho pela praia deserta
de pés desçalços e penso em ti.
O teu sorriso tão meu,
desfila diante do meu olhar
respiro fundo o vento sentindo
o teu perfume então,
escrevo com pequenas pedras,
como se esculpidas, o teu nome.
É amor, é isso !
Que vontade louca de você ,
penso alto venha.
Invada-me e se possível
até minh'alma
eu preciso de tuas digitais
em mim
p'ra eu te descrever assim:
Você é meu tudo!
É pele, é cheiro, é toque,
é sentir.
É encontro de corpos suados,
arrepiados, é querer.
É súplica, sem precisar falar
certeza do nosso AMAR.
É aconchego dos nossos corpos
entrelaçados
ao fim de um incomparável,
e infinito prazer.
É bem simples assim.
OS CÃES DA MINHA PRAIA!
Entre tantos encantos da orla, tem um que me diverte: Os cachorros baldios da praia! São cães que já fazem parte do cenário praiano! Amigos, bonachões, livres a perambular pela calçadão.Correm nas areias, um petisco aqui, e outro ali e lá vã eles, Negão, Princesa, Soberano, Dórothi, e outros que não sei o nome, livres numa alegria da liberdade que não tem preço. São os "Capitães da Areia", com o devido respeito, e se me der licença, Jorge Amado! Percebo em seus olhares um certo ar de troça, quando veem algum coitado colega, passar preso à coleira, como se algum objeto, fosse! Durante suas conversas nas constantes reuniões que fazem sem hora marcada e na descontração do descompromisso,entre outros assuntos, vem sempre a baila, o que na opinião deles, é uma imaturidade dos humanos, sanar suas carências, automatizando "bichinhos de estimação"! Chego a acreditar, que em suas preces ao "deus" dos cachorros, está o pedido contrito,e aflito" de que" não nos deixeis cair na prisão de um apartamento,nos livre da mesmice da ração de todo dia, mas nos de o sagrado, e variado petisco, auaumém...
odair flores
Um Encontro Inesperado
O sol se punha no horizonte da praia deserta na Nova Zelândia, tingindo o céu com tons dourados e lilases. O som das ondas quebrando na areia e o cheiro de maresia enchiam o ar. Eu estava ali por acaso, buscando um momento de paz para reorganizar os pensamentos e me conectar com algo maior, um hábito que aprendi a cultivar nos últimos anos.
Com um livro em mãos e os pés descalços afundando na areia fria, caminhei sem pressa. A solidão era acolhedora, mas naquele momento senti uma presença. Olhei para frente e, para minha surpresa, uma figura familiar caminhava na direção oposta, aparentemente tão absorta quanto eu em sua própria jornada interna.
Era ele.
Chris Martin.
Por um instante, o mundo pareceu desacelerar. Meu coração disparou, mas minha mente entrou em negação. Não pode ser ele... pode? A blusa branca de meia estação, a touca que ele parecia usar sempre nos momentos mais descontraídos... era como se ele tivesse saído direto de uma memória minha.
Ele notou minha presença, parou de caminhar e sorriu. Um sorriso calmo, quase tímido, como se também estivesse surpreso com o encontro. Sem pensar, murmurei:
— Você é real?
Chris soltou uma risada baixa, quase cúmplice.
— Depende... Você é?
A resposta desconcertante quebrou minha tensão inicial, e acabamos rindo juntos. Ele se aproximou devagar, como quem não quer invadir o espaço alheio, e perguntou:
— Gosta de caminhar no fim do dia?
Balancei a cabeça afirmativamente, ainda tentando processar a situação. Ele parecia tão simples, tão humano, que minha mente parou de vê-lo como o ícone intocável do Coldplay. Ali, era apenas um homem contemplando o mesmo pôr do sol que eu.
— Isso me ajuda a organizar os pensamentos — respondi, ganhando coragem. — Acho que você entende bem isso, não é?
Chris assentiu, seus olhos claros brilhando à luz do crepúsculo.
— É como música. Tudo se organiza melhor quando estou em movimento.
Por algum motivo, senti que podia ser honesta com ele. Não era o tipo de momento que se repete na vida.
— Nunca imaginei que um dia te encontraria. Sempre pensei que, se isso acontecesse, eu ficaria muda.
Ele arqueou a sobrancelha, curioso.
— Mas não ficou. Isso é bom. O que você diria, se tivesse a chance?
Minhas palavras pareciam presas, mas finalmente consegui dizer:
— Eu escreveria tudo, como sempre faço. Porque acho que só escrevendo consigo expressar o que sua música significa para mim.
Chris ficou em silêncio por um momento, o olhar profundo como se tentasse decifrar cada palavra minha.
— Então, por que não começa agora? — disse ele, tirando algo do bolso. Era um pequeno caderno. — Sempre carrego um. Pode escrever aqui.
Peguei o caderno hesitante e olhei para ele, tentando entender o que aquela cena significava.
— Isso não é real... é?
Chris apenas sorriu.
— Talvez a gente devesse parar de pensar no que é ou não real e só... viver o momento.
Nos sentamos ali, na areia fria, e por um instante o mundo pareceu parar. Comecei a escrever, ele observando com uma paciência quase infinita. Quando terminei, entreguei o caderno de volta, minhas mãos tremendo levemente. Ele leu em silêncio, o sorriso suavizando ainda mais suas feições.
— Você entende — ele disse, por fim.
— Entendo o quê?
Chris guardou o caderno, seus olhos encontrando os meus como se enxergasse algo que nem eu sabia que existia.
— O que eu sempre tentei dizer, mesmo sem saber como.
A noite caiu ao nosso redor, e as estrelas começaram a surgir, brilhando como testemunhas silenciosas daquele encontro inesperado.
E pela primeira vez, não precisei de respostas. A presença dele ali era tudo que eu precisava para entender que algumas conexões não precisam ser explicadas; apenas sentidas.
SONHOS SOBRE AREIA !
Desnudas ó bela praia de branca areia!
Uma beldade repousa com as mãos sobre o coração,
Com o olhar perdido de uma sereia,
Meditando em sonhos na imensidão.
A observar silente o vôo das
gaivotas,
Vê se despendido o sol na vastidão do mar,
Fica a pensar nas vindas, idas e voltas,
Meditando o tempo perdido que deixou ou que ainda se tem para amar.
E ao fechar os olhos se desperta em sonhos,
E o casal de pássaros a esperar,
O deitar do sol lá no horizonte,
E como bons amantes, o anoitecer para repousar.
A repousar na areia com as mãos no peito,
Contemplando o tempo e o passar das horas,
De um amor mal resolvido e imperfeito,
Que partiu com as ondas e que se fora embora.
Mas ao Porto dos teus sonhos não haverá chegadas,
Estás a sonhar fantasias de tolos sonhos e ilusão,
Pois naquela tarde e sobre a areia deitada,
Estavas a contemplar no céu, apenas, o que se foi o sonho de uma paixão.
Márcio Souza.
(Direitos reservados por lei)
Decepção é o castelo de areia
feito em mansa praia a espera
da maré alta , que destrói esta
frágil construção,
mas a areia continua ali e
a maré vira novamente.
Então coloques outros ingredientes
na areia e construa-o longe do perigo.
Pois nada melhor que a sabedoria
do tempo para sanar as dores
que tais decepções nos causam.
UM DIA DESSES
..."Bom mesmo é caminhar descalço na areia da praia à noite, tomar acento na areia branca e ouvir o que as ondas têm as nos dizer; é ver quantas estrelas estão lá em cima no céu, naquele momento, olhando pra você com inveja de não poder fazer o mesmo; é poder deitar se sobre a sombra amena de um jatobá frondoso e adormecer ali por um instante sobre a sinfonia do canto diversificado e harmônico dos pássaros; é poder se desvencilhar de todo e qualquer aparelho que marque o tempo ou o compromisso das horas; é sentir o forte aroma dos eucaliptos inundarem os nossos pulmões e ver todas as cores onde o verde é o grande e soberano rei da abundância. É poder subir em um pé de jambo e comer os frutos dele até ficar triste de tanto comer. Pular a cerca para roubar morangos na casa de um vizinho ou de um desconhecido, mesmo correndo o risco de levar uma mordida de um cão bravo; é tomar um banho em um lugar público em um dia de sol quente de roupa e tudo; é poder colher os frutos fresco de uma horta. Nada como tomar um bom banho de chuva, armar uma rede entre dois coqueiros e tomar uma limonada doce e gelada se bronzeado sobre os fortes e intensos raios de uma lua gigante; assistir um bom filme em uma noite de chuva intensa e fria, em baixo de um edredom de algodão usado e um bom pedaço de pizza quente. Acreditem! Isso não custa um centavo e o que é melhor, isso ajuda a tirar nódoas da alma, sanar dores de cabeça, clarear pensamentos, instigar os ímpetos e fertilizar as idéias. O que de fato vai ser complicado e não menos difícil, vai ser poder depois disso tudo você tentar ou até mesmo ousar descrever esse dia!"... Ricardo Fischer
Chegando do Mar
Na praia ele atracou
Pensou seu coração acalmar
Da tempestade que o fustigou
A noite que o atormentava
Das agruras sofridas
Na alma que guardava
As suas chagas e feridas
Cansado de tudo
Resolveu desembarcar
De si mesmo,resolveu contudo
Seu ego esvaziar
Hoje é uma mera pintura
Que o tempo insiste em preservar
Para guardar os sonhos da mistura
De um outro sonhador navegando no Mar!
MEU MAR MINHA LINHA
Era eu um pequenito
Naquela praia grande
De areal imenso
Do então Espinho extenso.
Eu ficava sozinho
Sentado numa pedra
Mais ao longe
Como que a comandar
A proa do meu barco
Rumo àquela linha do horizonte
Que eu via sempre direitinha
Com aqueles barcos grandes
De cargas de pão, de ouro
E especiarias, nos porões
Das fantasias.
Se calhar alguns petroleiros
Assaltados pelos piratas
Da minha verde imaginação
Que passavam com pachorra,
Na linha, do mar quente de verão.
E eu então imaginava:
Para além daquela linha, ficava
A Beira de Moçambique,
Era aí que o meu pai morava.
Não muito longe, eu via numa tela:
A Caracas do meu tio Vitorino,
Emigrado em Venezuela.
Depois, de barriga vazia
Voltava à areia da praia,
Morna da sorna da tarde
Que se ia com os barcos
E convidava ao sono.
Então, eu cobria-me com o meu manto
De areia
E, entretanto,
Adormecia...
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 30-05-2023)
PRAIA DA NOSTALGIA
Só te vejo agora pelas tecnologias
Que me mostram marés cheias
E outras tantas coisas vazias
Num vazio tão triste de ideias.
Corpos pequeninos na praia distante,
Que já foi só nossa nas noites frias
De gente comigo, na areia escaldante.
Que saudades quando nela eu indo
Na cíclica maré da baixa-mar,
Tanta areia havia para levantar
Milhões de castelos para albergar
Os amantes dos amores proibidos.
Agora, após longos anos idos,
Ainda te amo, mas de forma estranha,
Praia de areia do mar dos meus sentidos,
Eras a menina dos olhos meus,
Quando a tua beleza era tão tamanha
Que até um dia foste pintada por Deus.
(Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever)
Voltei à poesia
longe dela não há esperança
nem alívio, nem descanso
nem mar, nem praia, nem remanso
falemos pois de fantasia
de futuro, de passado ou de estrelas
já que o mundo perdeu objetivo
palavras não atingem compromisso
a boca que ama é a mesma que escarra
no rosto da inocência, com o mesmo afã
de confessar uma paixão, uma crença,
se confessa ódio e ausência.
Voltei à poesia
enquanto o caos se expande
e o amante esquece o beijo
enquanto um corpo cai do décimo andar
e as guerras alimentam o comércio da paz
calemos diante do absurdo, fique mudo
que importa dos homens justos seus ais
ou das mulheres estéreis o abandono
são todos labirintos esquecidos
sem pão, sem cordão, sem migalhas
sem ariadne...
Voltei à poesia
sigamos os rastros do cometa
não haverá espaço nem palavras
que contestem a ilusão estética de apolo
nenhuma ninfa subirá do lago de Narciso
para chorar a morte do poeta!
Voltei à poesia
a única razão justa de negar
ser mais um estúpido
amante da prata insaciável
e assassina da beleza!!!
GAROTA DE COPACABANA
Copacabana também tem uma garota
Que anda marota até a praia do Leblon
Em Ipanema todos ficam encantados
Com seu rebolado quando escutam aquele som
É a beleza que caminha lado a lado
Com a natureza, com o balanço do mar
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
Copacabana tem uma beleza etérea
Uma musa eterna para um compositor
Um poeta velho ou um poeta moço
Cantam este colosso que ninguém criou
Foi Copacabana cantada primeiro
Pelo estrangeiro que por lá chegou
Só Copacabana ainda é princesa
Luz que a natureza nunca apagou
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
Copacabana todo fim de ano
Vem o mundo inteiro para lhe adorar
Mas logo em janeiro ela é só minha
Quando posso ver gente a caminhar
Na calçada larga de uma rua santa
Só o que me encanta é o seu andar
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
Comprei um par de cadeiras de praia
Na sala vazia, sem propósito, caiu bem seu lugar no cenário
Fiz o convite.
Elas vieram, sentaram-se confortavelmente, sem cruzar as pernas, e…
tomando banho de lua, no reflexo da porta de vidro,
decidiram deitar ao chão.
Lunáticas que são, era de se esperar.
A conversa deu lugar ao silêncio que escutava a música
Minha playlist "23:45" ecoava na sala cheia de vazios
Elas, as cadeiras vazias, os corpos no chão, o brilho lunar invadindo a sala…
Contemplamos, existimos, sem função, a sala não tinha propósito
Da gente, só se esperava existir…
livres, descruzadas, juntas, deitadas e enroscando as mãos em nosso cabelos
Elas foram embora.
Comprei uma poltrona caríssima para duas deitarem
A poltrona se acostumou, e eu me acostumei com seu conforto vazio, também sem propósito
Era ela para nada.
Para o mesmo que as cadeiras de praia
Mas para ser nada, custou muito e fiquei brava.
Comprei uma luminária, para iluminar seu costume na sala.
Agora existia um propósito…
a luminária, clarear a poltrona
a poltrona, ser iluminada
Mas também era para nada
Comprei uma vitrola, e era para ecoar sons na sala que já não estava vazia.
E percebi que também era para nada se não houvesse nela um vinil cambaleando
Comprei o vinil, e este era para alguma coisa.
Era para fazer funcionar a vitrola e dar a ela propósito.
E, cambaleando, percebi que também me acostumava.
Comprei um vinho para encher a taça
E enchendo a taça, a esvaziava em mim, que agora cheia dele, via alguma proposta
Eu é que estava iluminada, mesmo sem ligar a luminária na tomada.
Olhando para a sala, desci os degraus saindo de casa.
Deitei na rede, e olhando para a sala cheia, percebi que não me cabia lá.
Era tudo para nada.
Todos nós estávamos acostumados.
Tudo era para nada.
Então, desistindo de ter, existi!
Sereia.
O dia tava paia
Resolvi ir a praia
Caminhando pela areia
Cair no canto da sereia
Ela tava deitada
Toda bronzeada
Em frente ao mar
É de outro patamar
Que corpão
Confesso fiquei bobão
Algo dentro dela
Me deixou sem ideia
Dei um mergulho
Viajei até Mercúrio
Mundo da imaginação
Faz qualquer um comer nas suas mãos.
Depois do mergulho
Ainda meio confuso
Ela passou por perto
Cantando a música do Roberto
Olhou para trás
E disse até mais
E deu um sorriso
Me sentir no paraíso
Concluiu dizendo pode chegar
Amanhã estarei no mesmo lugar
Já indo embora
Atrapalhei os manos jogando bola
O homem quando apaixonado
Fica assim meio desligado
Fui dormir pensando nela
E acordei pensando nela.
O dia amanheceu
Já que aconteceu
Seja o que Deus quiser
Por isso vou na fé
Ela tava lá na barraca
Na cadeira sentada
Tomando água de coco
Chamando atenção dos outros
Dá licença aí parceiros
Que essa eu vi primeiro
Ela chegou logo colando
Dizendo que tava me esperando
Realizamos o primeiro desejo
O nosso primeiro beijo
O resto é história
Que começa agora.
Hoje é dia de "fervo" no Rio de Janeiro: final de feriadão, carnaval, sol, praia, bebida gelada e animação.
Eu aqui, separando doações... eu sei que o pouco que consigo distribuir não vai resolver os problemas que afligem nosso redor: covid, desastre em Petrópolis, guerra na Ucrânia, entre outras tantas guerras que nos são anônimas e fragilizam, enfraquecem e desfalecem homens com ou sem fé em Deus.
Indiferença, individualismo, ambição, irresponsabilidades... consequências de um mundo selvagem em que a racionalidade humana é orquestrada pelo instinto animal de "sobvida": sob a vida do outro.
Postei numa página pública nesta semana um curto diálogo, resultado da reflexão sobre a selvageria do mundo e que posso ser perdoada por acreditar que o mal triunfará no final. Mas, que mal? Que final? Também não seria egoísmo entender que minha linha de pensamento é real. De qual realidade? Sob qual perspectiva de verdade? As verdades são temporais. Por isso até receio achar que possa estar certa. É muito ruim pensar demais... quando publiquei meu primeiro livro, meu pastor já me aconselhara sobre as questões político-filosóficas: podemos controlá-las ou sermos dominados nesta luta em que o maior inimigo está nas nossas mentes. Então a minha disciplina diária é manter a fé acima da política (social) e da filosofia (individual) e, desta forma, não acionar o gatilho que desencadeia uma nova crise do meu transtorno do espectro do autismo. Entender que, embora em grau leve, não sou normal levou algum tempo. Mas aceitar que o que me paralisa fisicamente esquenta muito a minha mente é paradoxal.
Portanto, exercer a fé significa controlar o que há na fronteira entre o consciente e o inconsciente.
"Não pare de lutar" foi a mensagem que tocou no meu coração: "Nunca falte a vocês o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor. Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração. (Romanos 12:11-12)"
Foi quando lembrei-me de Ludmila Ferber e sua canção "Nunca pare de lutar" gravada anos antes de ter seu câncer diagnosticado, em 2018. Teve uma vida digna, ética e seguiu os valores cristãos. Em 2019 sua fé consolidou forças para gravar "Um novo começo". Sua missão nesta terra terminou em 2022. E uma das riquezas que nos deixou além de suas realizações como humana, mulher, real, foram suas poesias em forma de canção. Melodias que aquecem alma, trazem força ao coração cansado e a mensagem de eternidade com o nosso Criador. Não tenho medo de morrer.
Ludmila foi uma boa pessoa como tantos que passaram por este mundo em suas diferentes terras, culturas, religiões e saberes. Então acredito que há homens bons. Mas há os maus: os que mantém o ciclo dos fins e dos recomeços porque são atraídos pela ganância e seus corações corruptíveis podem não admitir, mas estão envolvidos numa grande conspiração. Só que são estes os envolvidos que estão no poder e perpetuam o câncer social.
Se estou fantasiando? Não creio. Os pensadores não são aqueles que revelam a ilusão de algumas verdades, mas os que sugerem a verdade das ilusões. Por isso acredito que Jesus foi, de fato, o maior pensador e agradeço pela herança que deixou à humanidade.
Não sou cristã temendo ir para o inferno. Tento viver esses ensinamentos porque acredito que conduzem à uma vida melhor. No entanto, busco não me guiar pela religiosidade mas pela espiritualidade em que preconiza “o temor ao Senhor como princípio à Sabedoria”.
Tenho receio de não conseguir deixar nada de aproveitável para os que ficarem, pelo tempo em que ficarem por aqui. Afinal "quod in vita facimus, in aeternum resonat" - o que fazemos em vida ecoa pela eternidade (Maximus, O Gladiador).