Texto de Duplo Sentido
"A vida não é uma coisa boa com alguns momentos ruins; a vida é uma coisa ruim com alguns momentos bons. Quem acredita na primeira hipótese vai viver num mundo de decepções; quem crê na segunda, vai viver sempre com a necessária e justa esperança de encontrar o Amor e a Bondade neste Mundo."
Muitas vezes buscamos o nada, mesmo que isso nos faça mal e nos machuque, nos prendemos ao nada como se nossa vida dependesse disso e não poderemos viver sem isso, mas no final percebemos que o nada nunca fará falta, pois ele n preenche nada e o vazio é algo que precisamos preencher com nós mesmos.
Você se dá conta de que, na maior parte da vida, não lamentamos o passar do tempo, que é lamentável não valorizar a vida em sua totalidade e que esquecer-se do que dá sentido a todo o resto em detrimento de coisas que só fazem sentido quando há vida é comum, e isso de ser comum é uma marca triste da humanidade, que por esquecer-se do essencial, acha que a vida pode ficar para amanhã.
Já pensou que algumas coisas nunca mudam? Você apenas passa a compreendê-las de outro modo enquanto se tornam imutáveis na sua mente, mas mudam constantemente os seus sentimentos e nos sentidos que lhe trazem, é como olhar para a calmaria da noite e a euforia causada ao encarar o luar, é um olhar para si próprio como também enxergar aquilo que o rodeia e como você muda com o passar do tempo.
Há mais de dois mil anos, o apóstolo Paulo já alertava os leitores contra o uso do politicamente correto ao lerem as Escrituras, dizendo "a letra mata, o espírito vivifica". É preciso ter espírito crítico para ver o que está por trás das palavras. Isso vale para qualquer palavra falada também: é preciso questionarmos sobre o que o outro quis dizer com tal palavra, pois as palavras têm sentidos diferentes para diferentes pessoas.
Em relação a continuidade do que me faz prosseguir preso a este mundo de vaidades e alianças sem propósitos espiritual e onde ter se torna maior do que o ser... Vim a esse mundo sem nada e para a Casa do meu Pai vou voltar, apenas com a certeza de que a Vida me esperará de braços abertos pois aprendi que o desapego ao material te leva a um plano superior, não de guerra, mas de paz, não de lutas e batalhas mas de sacrifício do corpo pela liberdade da alma.... E u finalmente consegui compreender o que é verdadeiramente ser livre.
Se você for ofuscado por um motorista dirigindo em sentido contrário, com faróis altos e, ao você piscar os seus faróis, pedindo que ele abaixe os dele, caso ele não faça, trata-se de um imbecil. Por favor, não retalie elevando os seus para farol alto, uma vez que dois imbecis ofuscados terão muito maior chance de colidirem frontalmente, do que um só.
O pescador não exige que o mar o reconheça, Noah, embora só encontre seu próprio sentido diante de suas ondas. Não pela sensação de ser pequeno, nem pela necessidade do que é alimento, tampouco o desafio de resistir: o pescador olha para o mar porque entende que faz parte daquilo e aquele, se preenche de sentido com parte de si.
A procura do sentido da vida é tão utópica e tão surrealista que faz-me acreditar que estamos aqui por mero acaso químico-físico-biológico. Tal como o bolor que apenas nasce no pão porque o pão está lá e lhe proporciona que nasça. Ninguém assim o quis e ninguém interferiu para que surgisse. Qual é o sentido então da vida bolorenta?
Na vida trilhamos varios caminhos, e de vez enquando, por curiosidade, ou até mesmo sem querer, nos enfiamos em certos caminhos que não valem a pena de ser trilhados, quando você se da conta e olha para os lados procurando algum outro caminho para entrar, muitas vezes não os encontra, nesse momento você percebe que só tem uma alternativa, um giro de 180º
A vida não é uma questão de tirar pedaços de si ou pôr pedaços em si. Ela é a notória vinculação e desvinculação desses dois elementos imprescindíveis na composição intrínseca e irrefutável da raça humana. Se eu retiro do meu ser um tanto de mim, em contrapartida, outros tantos de mim são postos em relevo; ocultos ou explícitos. Não são as partes que me constrói, mas sou construção de um todo, em partes que me delineia e me permeia entre singular sentido, que não condiz com teu ser de humano. Ponho-me em traços vastos e inquietantes da figura antinotória do que seja eu. Abstraiu-me do falso pudico, da faceta contesta do santo obscuro profano e de relíquias consagradas pelas sujas mãos ofertadoras de mentiras, de pura leviandade, pelo fugaz e patente orgulho exibicionista. Pois jamais troco pedaços de fragmentos de traços natos que me completam, com toda (in)completude que te revela oca existência pluralista de um ser (quase) nada. Porque sou eu exclusiva de mim. E, de mim, vivo eu em ser assim.
Foram várias e incansáveis as oportunidades que te dei. Umas seguindo-se a outras. Quanto mais eu corri, mais tu fugiste. Perdoo. Claro que sim. Sem vacilar. Perdoo a ti e a todos os que contigo fugiram. Mas sobretudo perdoo a mim mesma. Por me ter negado à tua negação. Não te lamentes. Não perto de mim. Eu sou minha. E só Deus sabe o que necessito. Mesmo guardando-te no coração, quem não corre mais atrás sou eu. Nem de ti. Nem de ninguém. Seja por amor. Seja por amizade. NUNCA MAIS. Não o quiseste magoar? Mas fizeste-o. Peço a Deus que ninguém magoe o teu. Sê feliz. Não deixo de acreditar no amor, mas, se o amanhã existir e se nesse amanhã precisares de mim, talvez eu esteja já cansada demais e talvez eu já me encontre muito para além do teu inequívoco alcance. Mesmo nunca tendo sido, perdeste-me aos poucos. Procurei-te durante tanto tempo e em tantos outros espaços, no mundo e na vida, amantes de outras existências esquecidas e agora reencontradas. Mas… entende. Quem ama quer estar, não quer ir, não precisa de tempo, não promove a distância e nem vive de incertezas. Quem ama procura o abraço que faltou e o sorriso que nunca chegou a acontecer. Quem ama sabe o que quer e quando quer.
Saí do carro e vi o Sol rasar o topo das árvores. A tarde volatizava-se morna. Sacudi a cabeça, com a luz a ferir-me os olhos, e, sem querer, recordei uma velha canção. Uma sensação estranha percorreu-me o corpo, como se o meu coração adormecesse numa espécie de formigueiro, num daqueles segundos em que se sabe que não há retorno. Os meus lábios sorriram. De tanto perder, a verdade iluminada impede-nos de errar. Senti-me o extremo, querendo, de alguma forma surpreendente e nova, a seiva das árvores e o percurso da terra.
Distraída como sou, nem me apercebi, mas se considerar a dor e o amor, reconheço que permaneci demasiado tempo entre uma e o outro, perdida entre o não e o sim, intercalada entre o inferno e o paraíso. E, no entanto – rio de mim própria – transformou-se no livro não lido mais lindo da minha vida. Apesar de o ter conhecido pouco, sei que não me enganei, que o seu sorriso era bondoso e que, ao mesmo tempo que me matava sem barulho, também me salvava com deleite. Está bem, Deus. Eu aprendi. E perdoei. Então, deixa-o ser feliz. Deixa-o ir. Liberta-o. Lava-o. É o mais puro que posso desejar e a forma mais bonita que eu própria possuo para ficar bem e poder sentir, na sua plenitude, a paz infinita que dentro de mim começa a despontar.
Não tenho um dever obsessivo para comigo própria. Não gosto da perfeição. Erro sem parar, mas liberto-me trabalhando para ser uma pessoa cada vez melhor para mim, para os outros e para o mundo. Não gosto do que é morno. Sou tranquila, mas adoro molhar os pés no mar, de sentir a turbulência do vento e de me molhar na chuva viva, quente e fria, aceitando a adversidade e o amor. Não gosto de linhas retas. Não sou melhor nem pior, muito menos infalível, sou silenciosamente humilde, mas intensamente efervescente com a vida e pela vida.
Não gosto de drama e muito menos de me obrigar a simpatizar com quem não simpatiza comigo, assim como de ser simpática o tempo inteiro. A aprovação exterior não me amolece e dispenso explicações. Gosto, sim, é de me sentir em paz e de viver todos os dias rotineiros com gratidão e deleite, respeitando as diferenças e convivendo com as divergências. No final, o que me interessa, é a poesia de saber que fiz tudo o devia ser feito e que, com fé e paciência, o meu saldo foi positivo e o meu coração permanece tranquilo.
Não coincido com o negro de uns e não me identifico com o branco de outros, porque, sinceramente, eu sou diferente e orgulho-me de pensar e de agir assim. Não tenho que ser igual. Não tenho que concordar com o que não condiz comigo. Não tenho que me deixar sufocar por jornadas que não são a minha. Se sei tomar conta de mim, se dou conta dos meus valores, se defendo os meus desejos igualmente como legítimos e se me aceito como sou, também sei respeitar os outros pela sua liberdade individual de serem como são e o que são, sem me obrigar a nada.
Gosto de ir visitá-la. Fazer um carinho. Fico imensamente grata enquanto tagarelo – pedindo silenciosamente a Deus para a curar e a deixar ficar – mas o meu coração sempre pára. Quieto, de tão cheio. Mudo, de tanta clareza. Olhar para ela é senti-lo a ele. Cabe-me a mim enfrentar a minha realidade. Em silêncio. Calada. E tranquila. Ela não tem culpa. Preciso ir sempre que puder. Necessita de todos. E todos podem ajudar. Não merece sofrer assim. Não tem que sofrer assim. Não quero que sofra assim.
Sentir o que se vê e sentir o que se lê, não implica uma organização rítmica dos sentidos para se absorver a pura poesia da vida. O seu significado está em cada um de nós, na nossa sensibilidade individual e na nossa posição relacional com o mundo. Entre o tudo e o nada do universo real, as palavras também amam. Muito para além do simples existir, feitas bálsamo e sabendo a mel, elas germinam a suave harmonia do estar e a plenitude intrínseca do ser. Algures, no infinito, algo estremece e tonifica o espírito. Algures, no horizonte, algo recita um poema de sol e de chuva que pulsa num doce encanto e com uma certa e inegável ternura.
Bonito é isto… acreditar na beleza de todas as coisas, no sussurro da palavra simples e sincera, quando o direito de sonhar se transforma na estrofe que o próprio vento não consegue levar… como um livro de poemas de mil dedos que brota do interior… como o brilho do sorriso que nasce nos olhos e se espraia no próprio ritmo de se fazer o que é certo e o que se gosta… e ser-se o que que se é, em qualquer lugar e em qualquer situação.