Texto de Borboleta
O teu atrevimento muitas vezes é contido, estando revestido da doce simplicidade e da sutileza do romantismo, entretanto, ele se mantém ativo, inabalável, perceptível para um olhar dedicado, que consegue ver além do que está explícito como a emoção que está bem presente nas falas de um livro.
Suponho que o coração que possuis abriga uma grande vivacidade que promove sutilmente um ar sedutor que muitos não o percebem, mesmo que seja o lindo esplendor de uma flor que vivazmente floresce e exala o seu amor, assim, enalteces com muita eficácia todo o teu primor.
A partir deste exato momento que levo tudo isso em conta quanto a esta pequena particularidade da tua essência, posso constatar que és simples e sedutora, atrevida na medida certa com uma beleza sublime, uma vida transformadora de uma distinta borboleta livre.
O processo na maioria dos casos, costuma ser lento, a espera aparenta ser um grande fardo, entretanto, é possível mudar um pouco esta concepção sempre que se volta para os encantos de cada fase e percebe que nenhuma delas é em vão e durarão o tempo necessário para construção de algo tão valioso e aguardado.
Todas as fases possuem seus próprios ganhos e aprendizados, surpresas benquistas, alguns sonhos realizados, recompensas após certos desagrados, alguns sofrimentos e cansaços, planos que não deram certo, tudo conectado, nada é sem fundamento por mais que este esteja claro em um primeiro momento.
A borboleta que hoje voa de forma graciosa, exibindo suas lindas asas, outrora, já precisou rastejar para sobreviver, sob o risco de várias ameaças e também foi preciso ficar isolada durante um certo período, mais focada no seu mundo, logo, não estaria voando sem ter enfrentado os empecilhos.
Por tu demonstrares uma graciosidade farta, inquestionável, de uma arte que está profundamente viva, cuja essencialidade é de uma borboleta admirável, terna, vestida de liberdade, uma impetuosidade intensa, notável, dessarte, até o presente momento, é provável que estejas na tua melhor fase.
Ao que parece, a tua amável serenidade fica mais exposta durante o dia, um frescor de felicidade, já à noite, é a vez da tua intensidade se destacar tal como um vôo de vivacidade ou uma dança de passos precisos, conduzidos pela veemência que há no teu coração, ardente e muito emotivo.
Por intermédio destas singularidades, consegues ser um sol que afugenta a escuridão que estiver a tua volta, trazendo tranquilidade, o fervor atraente de uma paixão com o refulgir da tua verdade, a grata sensação de ter-te por perto, fazendo parte de alguns memoráveis momentos.
Imagino ainda que com a tua versão noturna, poderias optar entre voar livremente por um céu carregado de estrelas, contemplando o máximo de belas paisagens lá do alto e dançar intensamente, envolvida por uma música que pudesse tocar a tua alma, qualquer que fosse opção, seria certamente aproveitada.
Desde que ela compreendeu a relevância de cada fase, está se amando gradativamente, sua beleza tem ganhado mais destaque semelhantemente a uma borboleta sublime, que hoje disponhe de suas asas como gratas recompensas, nutrindo uma consciência livre de quem está fazendo sua brevidade valer à pena.
Liberdade que é valorosa num tom azul celeste, pela permissão do Senhor, uma demonstração de força e aprendizagem, uma consequência justa após lágrimas e lutas, principalmente, internas, portanto, não buscar preservá-la chega a ser loucura, ainda terás que lutar muito para continuares liberta.
O equilíbrio é instável, não é algo permanente, nem é facilmente alcançado, mas vem na hora certa, muito benquisto se está presente, uma presença indispensável, sempre promove um diferencial evidente, imprescindível, seja lá no íntimo, durante um simples momento ou ao ser atenciosamente visto.
Rico discernimento que quando é graças a Deus adquirido, temos a sensação de um dia nublado, iluminado por um clarão gentil do sol, infelizmente, com frequência, é esquecido, então, precisa ser várias vezes lembrado, um gesto de amor ao espírito, um jeito de mantê-lo o máximo possível equilibrado.
Não se muda a opinião de quem acredita que um abacaxi é um rei.
Que pardal vai ser uma águia e um gatinho vai se tornar leão.
"Quando a lagarta não virá borboleta é porque ela é uma lesma."
Há quem pense que é um Jeep 4x4, mas vive encalhado no passado.
Não adianta falar: barcos não voam!
Só o louco acha que o hospício é um hotel cinco estrelas.
BA - BONECA BORBOLETA
Na quebra do salto da modelo que atravessa a rua, na parada do elevador entre os andares que lhe faz perder a hora, tudo tem um por que lá na frente, um mistério o qual a nos é escondido.
As férias perfeitas, num resort perfeito, curtindo sol, mar, piscina, leitura, consegui isolamento que eu queria com grande sofisticação.
O melhor restaurante japonês que eu já conhecera. Decoração primorosa em cada detalhe. Uma barca maravilhosa, saque, vinho e sucos numa mesa em forma de "u" ao redor das grelhas. Baianas vestidas de japonesas. Apenas casais e eu. Sons. Aromas deliciosos. Mesa coletiva. Que saco! Eu em umas das pernas do "u", na perna oposta um casal uma moça exótica com um rapaz pouco mais velho. A minha frente dois casais nada simpáticos, a minha direita um casal de idosos e na esquerda um casal visível apaixonado, ou senão sem o mínimo de noção pelas demonstrações de carinho em publico, talvez eu seja meio careta ou conservador, mas beijo na boca e certos carinhos, amasso, são bons entre quatro paredes, não em lugar publico e muito menos numa mesa coletiva. Há condutas que são individuais, assim como o bom gosto não é uma questão de dinheiro e sim de bom senso.
Vou de suco e água tônica, apesar de que as bebidas feitas de saque são lindas e tentadoras, mas não sei o porquê uma sensação estranha de mal estar e antipatia me domina.
A moça, exótica, vestia um vestido branco tinha uma borboleta tatuada no pescoço, vestido elegante curto de certa transparência que a deixava com ares sérios, mas sensuais. Um pingente de borboleta. Na pulseira inúmeras borboletas. Reparei nela, pois ela se sobressaia no meio dos turistas, seu acompanhante, também bem vestido, alias, na mesa eram os únicos que conversam em tom baixo, pois os outros faziam questão de falar alto, de mostrarem que estavam de férias, que podiam estar de férias e que ali não era o ambiente deles. Meu Deus, como diria o poeta “a burguesia fede”.
O cozinheiro entra no "u", show na manipulação da espátula e faca.
Aplausos...
O cozinheiro fazia verdadeiras acrobacias com o alimento um show digno de ser apreciado. Eu escolho um prato de polvo com camarões e legumes, tudo banhado no molho especial de soja, que segundo o cozinheiro é uma receita especial da casa.
A postura da borboleta branca com classe sem igual manipula os hashi com classe, num pensamento maldoso chego até desejar que caísse algo na roupa dela impecavelmente branca.
Apesar da comida excelente como pouco, a garçonete me pergunta se passo bem, afinal da porção generosa se camarões e polvo, mal toquei na comida, sinto o rosto a arder, quero mais ir embora para o quarto, quero dormir.
A roupa da borboleta me incomodava, o barulho das espátulas me incomodava tudo ao meu redor era meio que uma explosão de calor, brilhos e sons.
Saio antes das sobremesas, peço água e tento respirar, molho a cabeça em uma fonte, a brisa da noite me dá uma pausa no meu mal-estar.
No hall do restaurante a esperar a condução que levara para meu setor no hotel, todos passam por mim e me olham ou apenas me veem? Mas a borboleta e seu companheiro vêm conversar comigo.
Eles mostram uma evidente preocupação, devo estar com aspecto horrível, cabelos molhados, camisa molhada.
Explico que estou com o rosto pegando fogo, olhos e garganta ardendo muito, tudo me incomodando. Ela e seu acompanhante pedem licença e rapidamente me examinam.
Diagnostico reação alérgica.
Seria a comida?
Seria algo ingerido no Happy Hours?
Eles educadamente falam que são médicos em São Paulo e que estão comemorando o aniversario de casamento deles no resort. Tentam ser visivelmente agradáveis.
No caminho para o meu setor do resort, calafrios, eu estou no bloco seis, eles num chalé no mesmo conjunto que o meu. Em todo o percurso, eles são atenciosos, conversam e perguntam como eu estou. Conversas e perguntas.
O pequeno percurso do bloco onde estávamos até o nosso setor durou uma eternidade.
Finalmente chegamos ao nosso setor, eles perguntam se eu tenho alguma medicação, respondo que nada que um chá de boldo e cama não resolva. Eles oferecem levar um anti-histamínico para mim no bar do hotel.
Nessa altura do campeonato aceito sem muito pensar quero me livrar do mal estar, da sensação de ressecamento de tudo mais, da angustia de querer respirar e ter a dificuldade.
Ela ficou comigo no bar e ele foi à busca do medicamento.
A Borboleta branca me fazia tomar pequenos goles de água, com um lenço que não sei de onde saiu umedecia minha testa e face, com uma delicadeza de tamanho sem igual tentava me distrair, perguntava coisas de minha vida assim como contava coisas de sua vida, conversa fácil, conversa sem compromisso, apenas para matar o tempo de espera.
Nasceu no interior de são Paulo, aos sete uma descoberta, aos dezessete mudara para a capital aos vinte e sete virara Borboleta.
Sete se descobriu?
Aos catorze perdeu a virgindade.
Aos vinte e um numa cirurgia plástica conhecera o marido.
Aos vinte e oito casara.
Agora luta para adotar um filho.
Em poucas palavras um resumo de sua vida. Eu achei que ela contava para mim os fatos como se tivesse decorado tudo para um exame oral. Ouvia, nada comentava, alias não demonstrava nada a respeito, a dificuldade respiratória e o mal estar eram tanto que a cena mais parecia cena de um filme antigo.
O marido finalmente chega injeção de anti-histamínico. Mais uns comprimidos. Ele pediu para ela contasse a sua história com calma. O que teria motivado ele a fazer tal pedido, incrível como a minha respiração havia melhorado.
Ela nasceu no interior de São Paulo, a mãe foi abandonada pelo pai que batia nela mesmo ela estando grávida, deu a luz a um belo menino, sozinha em casa. Foi sozinha como o bebe no colo para registra-lo.
No cartório a mãe entra com o recém-nascido enrolado em roupas rosa, registra-o com nome de menina. Batiza-o com nome de menina.
“Nasci homem, mas tenho todos os meus documentos o nome de mulher!”
Então ela nasceu menino! Procurei automaticamente sinais da “masculinidade” dela, nada.
“A minha mãe, que hoje a diagnostico de esquizofrênica, me vestia de menina.”
As pausas talvez fosse um pouco longas, como se buscasse fatos ou palavras num contexto perdido.
“Ensinou-me a fazer xixi sentada, a usar fita no cabelo, com sete anos sabia todos os afazeres do lar. Fazia fuxico, tricô, crochê, ponto cruz, não podia brincar rua, moçinha direita não brinca na rua. Óleo de amêndoa no cotovelo e pés.”
“Aos sete vou para a escola, passei o grande horror da minha vida.”
“Lembro-me exatamente o dia que eu estava no banheiro e uma amiguinha entrou no reservado, coisas de meninas, creio eu, ela mostrou sua bolsinha e eu mostrei a minha bolsinha que era diferente da bolsinha dela. Ela saiu gritando: Menino tem um menino no banheiro das meninas, eu era tão tola que sai ergui a minha roupa e corri também do banheiro, (risos) afinal um menino não poderia jamais ver uma menina nua era pecado mortal e os condenaria ao inferno e ela jamais acharia um príncipe como marido, acharia apenas sapos. Saio correndo gritando também a servente entrando no banheiro esbarra comigo.”
“Não foi achado nenhum menino, a amiguinha rapidamente falou para escola toda que eu era menino, ou melhor, falou que era menina com pinto.”
“No outro dia na escola durante o recreio, meninos e meninas estavam fazendo gozação e brincadeiras maldosas comigo, na época não era bulling, ou era, mas não se usava o termo. Quando me seguram e erguem minha saia e abaixam minha calcinha de renda, chorando falei que eu tinha uma “bonequinha” como toda menina no meio das pernas. Eles riam, me jogaram no chão, ergui minha calcinha, arrumei a minha roupa, limpei o meu rosto, peguei a lancheira e sai espancando todos ao redor, não sabia o porquê eles faziam tal brincadeira de mau gosto comigo, eu uma menina tão devota a virgem Maria. Foi um caos geral, tirei sangue de meninas e meninos, usei minha lancheira como arma, eu chutei, eu dei soco e mordida, virei onça, a servente mal conseguia me segurar.”
“As mães foram chamada na escola. Perguntaram se eu sabia a diferença entre meninos e meninas, na hora eu falei meninos tem pênis que machuca as mulheres e fazem nenês nela, minha mãe sempre falava isso para mim, lembro que ainda completei que era algo grande e duro e as mulheres tem algo pequeno e macio entre as pernas uma bonequinha chamada de vagina.”
“Isso eu falei na frente da diretora, psicóloga eu acho, medico da escola e alguns pais e minha mãe, minha mãe mostrava indiguinação, as outras mães que já haviam falado com os filhos afirmavam que eu era menino. Solução: Mostrar para um médico que eu era menina ou menino. Todos saíram da sala, apenas o medico, a diretora, minha mãe e eu. Com vergonha sem olhar para lugar algum desabotoo minha saia, deixo-a cair, e abaixo minha calcinha...”.
“Para minha surpresa eu não era menina...”.
“O medico mal fala que eu era menino e minha mãe tentou matar o medico, ela sai de onde estava com uma cadeira eu acho e acerta o medico deixando ele caído no chão, à diretora sai correndo gritando para o corredor, minha mãe numa agilidade que eu desconhecia tranca a porta. Coloca-me encima da mesa, até hoje ainda não sei o que ela tinha na mão, mas acho que era uma Gilette, ela iria amputar meu pênis, ali na mesa. Nisso o medico a segura, a porta é arrombada, foi algo inimaginável, cena de filme de terror.”
“Varias pessoas tentando segurar minha mãe, até que por fim ela foi contida, ou sedada, eu estava em cima da mesa, seminua e apenas chorava. Não gritava, não emita som, apenas chorava muda, eu era menino? Naquele dia arquitetei minha morte.”
“Enquanto levavam minha mãe, alguém arrumou minha saia plissada azul marinha e minha blusa branca, meias e sapatos pretos e o arco na cabeça. Enquanto perguntavam entre si o que iam fazer comigo, levantei peguei uma lamina de barbear e fiz apenas o que me restava a fazer cortei os pulsos.”
“Desmaiei, pela dor ou pelo sangue não sei, nem sei quando tempo fiquei sedada e amarrada num leito de hospital. Lembro perfeitamente do dia que fui levada do hospital pelo medico que tratava de mim para outra cidade. Na porta de uma casa com aspecto de escura uma velha vestindo cinza, minha avó, que mais tarde viria saber que ela era católica puritana moralista e ao seu lado uma senhora, minha tia, mais tarde também saberia que era carola com alucinações religiosas, a esquizofrenia estava em meus genes.”
“Eu, uma menina de sete anos, tive a cabeça raspada, um surra de espada de São Jorge, pois a partir daquele momento eu era menino.”
“Foi mandada para aula de futebol, esporte de macho. Ganhei roupas masculinas, carrinho e bola de capotão, era obrigada a correr descalça pela rua. Rezar o terço de joelhos no milho ou feijão para pagar meus pecados. Se cruzava a perna... apanhava, se sentava na privada... apanhava, se fazia biquinho... apanhava, se tirava a mesa... apanhava, se cantarolava... apanhava também... Obrigada, tapa na boca até sair sangue.”
“Também foi mandado para judô, para bater quem o chamasse de viado, mas sozinho em casa coloca a cueca no rego, vestia a roupa da tia carola sonhava com o príncipe encantado.”
“Trabalhava de tudo, auxiliar de pedreiro, entregador de pão e até engraxate, tudo que pudesse me fazer mais homem, enquanto isso eu estudava muito e minha avó e o padre tentavam mudar o meu nome nos registros. Aos dez foi colocado para trabalhar na farmácia que ficava na esquina da nossa casa, lugar melhor do que uma farmácia não pode existir para mim, tomei neovlar, microvlar, lia bula atrás de estrógeno e atrás de progesterona, tinha esperança do erro de Deus consertar, tinha esperança de não ter pelos na face, de não ter a voz grossa e que eu tinha no meio das pernas desaparecesse.”
“Aos catorze anos, exatamente no dia do meu aniversário, morreu minha avó, minha tinha beata me manda para um colégio católico para ser de Deus, meus traços na época eram mais de meninas do que de meninos, quem me levou para o colégio foi o padre amigo da família, numa parada num hotel de posto de gasolina para uma sesta, se a lenda fosse real eu seria mula-sem-cabeça,... Tudo acontecia e apesar da dor vinha na cabeça a musica Geni do Chico. Ele me deu duas opções ir para o colégio ou fugir para São Paulo enquanto ele dormia.”
“Fugi para são Paulo, conheci Letícias, Micheles e mais um monte de bonecas... como conheci as damas da noite, os drogados e michês e toda a população noturna que habita uma cidade grande. A vida noturna tem outras cores e outros ares.”
“Tentei trabalhar honestamente, não como mulher nem como travesti, afinal não sabia o que eu era ainda. O mundo da muitas voltas e acabei após passar fome e até roubar arrumar um emprego como faxineiro num hospital, trabalho noturno. De dia faxina casas, com o pouco de dinheiro que conseguia um bordadinho, um tricô, um crochê, um remendo, minhas clientes o povo da noite e o povo do hospital. Assim conheci Dra, foi uma das medicas que me tratou na minha infância na minha tentativa de me matar, ela me reconheceu, contei minha historia a ela, acabei indo morar na casa dela”.
“Morando na casa da Dra, fui para a terapia, voltei a estudar e muito, descobri que eu nasci ovo, que a rejeição da minha mãe pelo meu pai estampava em mim, que a doença que a minha mãe tinha apenas me ajudou a romper a casca e nasci pela segunda vez, à primeira vez nasci de um útero e a segunda eu renasci quando me descobri homem. Cresci com a sensibilidade feminina, nesse período de crescimento eu absorvi tudo, aprendi as lições de ser homem, como aprendi as lições de ser mulher. Agora era a hora da escolha do ser na vida e assumir uma posição.”
“Aos vinte e um anos eu fiz a minha operação, cortei a Cruz mais pesada de minha vida.”
“Sai do país com passaporte de mulher, com nome de mulher com um corpo andrógino devido aos hormônios, segura do que eu iria fazer ao meu lado a minha mãe de coração, a Doutora”.
“Voltei para o Brasil e a primeira coisa que fiz foi procurar minha mãe biológica, uma sombra do que ela foi ela era, entrei no seu quarto ela sedada, uma morta e viva, demorou a me reconhecer, catorze anos se passaram desde que eu a vi pela ultima vez.”
“Choro, lagrimas, ela palpa meus poucos seios e no vão de minhas pernas que ainda está dolorido, chorando ela falava que estava certa. Soube uma semana depois que ela tinha morrido.”
“Terminei minha faculdade, me especializei em psiquiatria.”
“Anos se passaram, resolvi fazer uma plástica e nesta conheci o meu amor. Trabalhamos no mesmo hospital, eu nunca reparei nele até o dia que eu fui ao consultório particular dele, fiz minha cirurgia. Um dia sem mais nem menos nos encontramos no refeitório do hospital. Conversa vem e vai e estamos juntos até hoje.”
“Agora que sou borboleta completa faz anos que luto na justiça para adotar um filho, ninguém entende que o ovo morreu, a lagarta morreu a crisálida rompeu e que posso ter uma família feliz me falta apenas um filho.”
“O destino me ajudou a ser o que sou, mas a lei impede o sonho de se realizar, quero acreditar que tudo no final dará certo, como tudo deu ate agora!”
Ela me contou toda a sua história, sem mexer no cabelo, sentada com postura correta tomando “Blood Mary” e eu chá de boldo, o marido quieto fumando um charuto. Às vezes quando ela falava da lagarta seus olhos enchiam de lagrima e só então repara na mão um pouco maior que o normal ou seria esta a minha impressão?
Ela se desculpou.
O marido se desculpou.
Eu estava muito sono, mas com a cabeça fervilhando, por que ela me contara a sua história?
Na saída do bar ele me pergunta:
Qual ano de sete em que você nasceu?
Ela sorri para ele e diz além dos sete ao seu redor, ele tem com ele um Erê que me trará um curumim... E partiu para a direção de seu chalé.
André Zanarella 07-09-2012
(Escrito em vários papeis meio atordoado. Tentando ser fiel o que a mim foi narrado.).
http://www.recantodasletras.com.br/contos/4442736
“Borboletas sempre voltam e o seu jardim sou eu! – É mesmo, jardim? Tal borboleta, no lugar de ficar e polinizar-te, ajudando-o a manter-se florido, mete-se a polinizar o jardim alheio. Daí, quando esse jardim seca, a borboleta, sem ter opções, volta para você e tu a serve parcimoniosamente... Jardim idiota!”.
Ginga, molejo, movimento. Corpo solto ao vento. Alma de borboleta desabrochando ao som da música. Estilo e identidade entre os gestos. O coração que palpita pela dança. Que traz o sentido. Que eleva os seus melhores e incríveis sentimentos. Essa menina bate asas para ganhar o mundo. Olhos fechados e sorriso no rosto. Pés que desenham o chão. Passos que descrevem a sua própria história. No ritmo certo da harmonia que toca. E que faz essa menina tocar o coração de quem lhe observa. Pois ela dança com o corpo, mas é a sua alma que fala.
Como o girassol é impressionante, às vezes ele fala comigo, me fazendo sentir uma borboleta, parece gente, tem expressão, beleza e é imponente! A noite ele se curva diante da lua, mas quando amanhece, ergue a cabeça, se mexe, até encontrar o sol. E assim ao meu lado o girassol se enche de luz e harmonia, sorrindo, o dia todo me fazendo companhia.
Eu sou assim:forte como uma leoa e frágil como a borboleta.A palavra desistir não faz parte do meu vocabulário.Sou teimosa e persistente;recuar quando preciso,desistir nunca.Como leoa defendo os que amo dos predadores,e borboleta quando deixo toda a emoção fluir em forma de amor,carinho e afeto.Assim sou eu,mulher, mãe,amiga e companheira.
A borboleta representa a transformação e o ato de se renovar. Muitas vezes vão ocorrer mudanças na sua vida que vão causar medo. Porém, bem como uma borboleta, você deverá abrir as asas e sair do casulo, isto é, da sua zona de conforto. Durante o processo, você encontrará dificuldades que te deixarão mais forte, assim como a lagarta, que precisa passar por vários testes de sobrevivência para continuar com a sua missão de vida. Cada processo, mudanças e fases que você precisar passar, vai se tornar um aprendizado. Por isso, te peço, não desanime. Por mais transitória que esteja sendo a fase pela qual você está passando, não desista, há muito para o que vê lá fora e garanto que toda a felicidade do mundo, uma hora estará ao seu lado. Se fortaleça nas sutilezas da vida, naquela manhã de sol aberto do qual tranquiliza o âmago; seja numa música ou no silêncio, fortifique sua alma, deixe que a sua luz transpasse por todo continente desse universo. O maior comprometimento para nós mesmos é ser de verdade, sem receios, medos ou nenhum contraponto que nos distancie das nossas próprias raízes, que você possa ser sua maior grandeza, que seja seu lar e aquela paz que tantas pessoas achem em ti, você consiga enxergar no espelho. Entre a lagarta e a borboleta há o tempo; entre dois momentos distintos há a cura; existe o amor, a bondade e a certeza. Acredite, tudo vai dar certo.
Uma rebelde. Uma borboleta que simboliza minha liberdade, Uma rosa que simboliza a natureza, e uma letra. Uma tatuagem. Um piercing do lado esquerdo do nariz. Uma dançarina. No quarto CD de músicas como Phoenix, Shout out louds, beirut, two door cinema club, onde eu giro e giro de onde tudo nasce e dança,viro água. A intelectual. Uma biblioteca de livros de Direito e uma biblioteca de outros diversos livros. Uma menina. Um guarda roupa lotado de roupas, uma penteadeira cheia de maquiagens e uma sapateira com sapatos de todas as cores. Uma Aventureira. Um frescor no morro do Pai Inácio, um banho na gruta azul, olhar saturno e as estrelas, ah a lua. Descer bem rápido na tirolesa, ou se jogar, sem medo no rapel, bem como apreciar o mar e a areia, sentir o sol. Dentro de mim, corre essa forma antagônica de ser, essa sede pela natureza e pela liberdade plena, dentro de mim corre essa imensa vontade de me jogar em tudo, conhecer o mundo. A autenticidade meu caro, surge é dessas divergências, sou autentica e qual o problema? E quando eu morrer sei que não tive problemas com a felicidade, não haverá arrependimentos, nem nos sentimentos, que eu vivi tudo que pude e que aprendi que a vida ou é uma aventura ousada, ou então não é nada, se jogue !
Levo a lição da lagarta que passou a ser borboleta. A constante repetição de hábitos pequenos e maravilhosos. O poder de ser atrevida, submetida à deliciosa loucura de ser. As passagens por aqui, por acolá, vezes vem e vai - tantas vezes vã - feito um passarinho de asas feridas que sempre reaprende a voar.
Chega um momento que você tem que deixar de "ser lagarta" pra tornar-se borboleta, aprender a voar, e então você se fecha dentro do próprio coração, pra organizar sabe, jogar fora umas coisas velhas, mudar a decoração, fazer uma pintura nova, limpar o chão, arrumar as gavetas, mudar as prioridades, pra se amar, pra se acolher.
É preciso não esquecer de ver as flores desabrochando, as árvores floridas, a borboleta voando pelo jardim nem o céu azul nos dias de verão. É preciso, antes que a visão se turve, não se ouça mais o canto do passarinho e já não se locomova mais sozinho. É preciso ver as belezas que Deus criou para nos encantar. É preciso, antes que nossa imagem permaneça apenas nos corações daqueles que nos amaram.
A corticeira que branda teu dado, já pode ser de borboleta ou uma vespa, teu olhar fixa o que é beleza por dentro ou por fora? A tua corrigenda tem marcas de risco vermelhos se és sábio para saber o raio de luz que te faz olhar, o lindo mistério que te faz fascinar-se é arte, é o estêncil mago de fazer algo, ser característico do divino.
“Não me contive ao ver essa borboleta. Uma simples borboleta em uma simples fotografia. Mentira. Não é só uma simples borboleta, nem uma simples fotografia. Percebe como vai além? A singeleza com que a borboleta se porta diante da flor? Parece ter uma elegância fora do comum. Desfilando por entre as flores. Exalando um perfume que nem todos podem sentir. Um aroma mais do que especial. É um aroma que invade nosso interior. O interior de quem sabe ver além dos olhos. Enxergar. O quanto a natureza pode ser poesia. Fazer poesia. Céus. Aqui estou eu falando sobre borboletas de novo. Mas é que, sim, eu sou apaixonada por elas.”
Sofri uma metamorfose... Experimentei toda dor, toda sorte! Mas a borboleta que surgiu, foi a mais bela e a mais forte! Com uma visão de águia, com asas aladas... Lindas cores vibrantes.. Uma rara borboleta radiante! Da lagarta que rastejou que por tantos espinhos, passou na minha pele, nenhuma cicatriz deixou. A lagarta que se foi toda a dor levou. O passado não existe mais, ele se foi na pele da lagarta que deixei para trás. A borboleta que me transformei é sempre recém-nascida. Cada dia, mais nova, estou sempre chegando à vida. Apenas vivendo o presente... Tendo todo o universo para usufruir. Uma vida de novas emoções sempre sentir, todo um universo para descobrir!
Queria ser uma borboleta,queria ser uma abelha,queria ser o sol,queria ser a lua,queria ser a manhã,queria ser a rua,queria ser um sorriso ,queria ser um olhar,queria ser um dos tecidos,para contemplar... a beleza dos batimentos , de um grande coração, qe qer ser tantas coisas e nem uma delas são ..
Me disseram outro dia, que o amor é como uma borboleta: você corre atrás dela e, de repente, ela delicadamente pousa em seu ombro. Hoje descobri que estar ao seu lado é como estar num jardim, onde mais do que flores é a presença de uma borboleta que o torna especial. E por mais que eu ame a borboleta, sei que ela não estará sempre pousada em meu ombro, pois as flores também precisam dela para que o jardim continue existindo. Também aprendi que amores verdadeiros são frutos do tempo, pois somente o tempo confirma a sinceridade de um sentimento. Por isso, devo-lhe que dizer que decido continuar admirando a borboleta, tendo ela comigo em alguns momentos; e permitindo que o jardim continue a existir, de modo que a minha felicidade possa ser plena.