Teto
Passei o dia todo deitado na minha cama, admirando o teto, pensando e pensando, procrastinação absoluta. Eu tinha coisas para fazer, precisava fazer compras, pegar documentos que vivo perdendo, achar meias novas, e alguma banalidade que me deixasse feliz, tipo essas canecas com desenhos de dinossauro. Eu tinha problemas pra resolver, pessoas para me dizer o quão ruim seus dias foram, sabendo que eu entendo muito bem de dias ruins. Eu precisava ver gente fingindo que gosta de mim. Saber até aonde as coisas vão é algo engraçado pra mim, a futilidade me diverte, mas ultimamente estou de férias dessa rotina. Não me incomode por enquanto, esqueça tudo o que eu disse, preciso estar sozinho por um tempo. Me desculpe se parecer egoísta, às vezes é necessário se ausentar. Quero tempo pra mim mesmo, um tempo pra perder tempo na velocidade que eu quiser, preciso relaxar e me sentir bem, ler algo novo, ver um filme que eu já vi mas perdi algum detalhe, quero escutar as músicas de antigamente. Sem contra-tempos dessa vez. Preciso ajeitar as meias e beber boas canecas de café com dinossauros me olhando. Dormir uma noite inteira. A tristeza impede de sentir o que eu sou de verdade, estou sempre me deixando de lado pra trazer pro meu lado gente que nunca percebeu o que eu faço. É como se eu tivesse tinta no bolso, mas escrevesse minha vida raspando os dedos numa parede de pedra.
O trovador é o arquiteto
qual no menor espaço.
Faz dos planetas seu teto,
e dos cometas seu terraço.
- Último pedido -
No dia em que eu estiver deitado na madeira com o rosto virado para o teto e os pés gelados, não derrame lágrimas em mim.
Quando meu coração parar de cavalgar no peito, lembre-se que era só um cavalo cansado.
Se das minhas veias o sangue parar de pulsar, não tente me acordar.
E quando tudo estiver em silêncio, compreenda que o barulho me incomodava.
Caso me ame, não me coroe com flores.
Não me torne rei da escolha que fiz.
Brinque com as memórias e as gargalhadas que escondiam a tristeza que sorrindo eu carregava.
No funeral,
Quando meu rosto
Estiver para o teto do caixão…
Por favor, não jogue flores em mim.
Jogue todo o amor que você economizou
Quando eu estava vivo.
Do livro “Poesias que escrevi com fome”.
Michelangelo pintou o teto da capela Sistina.
Picasso pintou Guernica.
Leonardo Da Vinci pintou Mona lisa.
Agora...
Quem pintou a arte de viver a dois?
O casebre não diferencia do palácio; não... Quando o que o teto abriga é dor, solidão, ingratidão, perda ou falta de amor...
Para de reclamar e agradece ! Enquanto você está aê em baixo de um teto e em baixo de um cobertor , tem gente na rua , deitada no chão , enrolada em um papelão .
A intimidade começa pelo sorriso, pelo olhar e pelo querer ser feliz a dois dentro de um mesmo teto....A intimidade começa quando um se reconhece dentro do outro antes de até mesmo se tocarem.....
APRENDIZ DE DIVAGAÇÕES
O teto, acima de mim,
Jaz sólido:
Ainda sim,
Transidamente,
Eu o olho.
Escalavrado pela impotência,
Pelo vácuo, pelo tédio
De afluirmos,
Deliberadamente,
Ao estuário da vida,
Deixo-me domar
Pelo sobrepujante cavalgar
Do heliocentrismo da elegia.
Pesarosas lágrimas silentes
E invisíveis rolam-me
Por sobre a epiderme:
Crianças ao bel-prazer
Do ódio como agasalho
Da devoluta alma,
Devoluta pele e osso,
Devoluta mente,
Devoluto corpo
Sorvem a seiva da ira
Contra o Éden misericordioso.
A eloquente voz de um homem
Esculpe, esmerila e grita
A oração: --- Sim, nós podemos, irmãos!
No entanto,
Será que esta sentença
Ganhará eco de materialização
No reino, hein, das vis-metais mentes e preconceituosos corações?
Não,
Tal convicção não acalenta
Meu escaldado ente-razão,
Mesmo quando agora
O contemplo segurando,
Firmemente, o poderoso cetro
Que norteia o rebanho
Das extáticas cabeças
Que, pelo oblíquo caminho, vão.
Na verdade,
O que, cotidianamente,
Vejo é a construção
--- cada vez mais célere ---
De megalópoles quatro palmos
Abaixo do chão.
Na verdade,
O que, cotidianamente,
Vejo são vales de incauto sangue derramado
Regozijarem os galhardos iconoclastas
Da sábia vida prolífica:
O escárnio á longevidade da sua celebração, sua mádida magia!
Testemunho
Querelas que libam,
Avidamente,
O vinho da ganância por poder
Abrir sulcos e crateras
Na mansão do nosso altruísmo.
Testemunho
O gradiente do egoísmo e da maldade
Açambarcar-se, avolumar-se,
Caminhar de mãos dadas com a ubiquidade,
Tornar-se loquacidade, astuto
E voraz canibalismo onipotente:
O arrebate do arrebol da crueldade iminente e a corrosão selvagem,
Chama alimentando a sequidão leviana, alarve
Qual ansiosamente se encontra
Ás portas do sol que liberta
A aura da universal supernova hecatômbica, fúnebre, funesta!
Enfim,
O teto, acima de mim,
Jaz sólido:
Contudo o liquefaço
Com o lume dos pensamentos
Que emana da íris dos meus olhos opacos.
Sim,
Contemplo, como se estivesse
Confinado numa câmara
Hermeticamente fechada,
A insensibilidade degustar-nos
Incomensuravelmente deleitada.
Posso perder o teto, o dinheiro, as roupas, a comida, tudo.. Mas que nunca falte a sua amizade, o seu amor, o seu carinho a sua preocupação comigo. Porque eu sei que voce me apoia em todos os momentos e esta comigo independente da situação.
Beijo cada um dos meus bíceps, aponto para o teto e agradeço ao camarada lá de cima por criar um espécime tão perfeito.
O mais triste de um povo não é os sem-teto, os sem-terra, e sim os sem-caráter que convertem milhões em “sem-esperança”.
Quando você decide não jogar o jogo do dinheiro vira sem teto...
Quando você decide não jogar o jogo das aparências vira o esquisito...
Quando você decide não jogar o jogo do coitadismo vira o arrogante...
Quando você decide não jogar o jogo das amizades superficiais vira o solitário...
Quando decide não jogar o jogo dos relacionamentos fúteis você é feito de trouxa.
Tudo é um jogo e quem não jogar vira peça.
C(ASA)
o repique da libélula
tamborilando o cácere
desse teto-imenso-céu
do meu quarto, sala e cozinha
um pé direito alto
um passo de cada vez
as roupas já usadas ontem
se espraiam nas encostas de cuatro cadeiras vazias
y a mesa é a mesma
cheia: orna fartura quando você está
um bule no escorredor
volta sempre pro mesmo lugar esperado
um fogão ainda apagado
um coração sempre tão aceso
eu sou a casa
você a asa
desabrocham as flores de íris
qu'eu pensei serem tulipas
desabrocham as dores de saudade que eu pensei
serem infinitas
pero passa nas distais das'mnhas falanges o brim do jeans que esquecestes em meu balde
meu oceano familiar ao teu tráfego
meu dorso fértil eriçado ao teu beijo-occiptal
dessa rede
fiz teus braços
quis um traço
treco y trapo
não vai ser o mal do
abismo / espaço
que teu amor
vai me
afastar
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