Terra

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⁠O primeiro carro da familia Mattos (nossa)
Um dia especial, um sábado. Então, , ali estávamos nós; eu, meu irmão Mauricio (in memorian) e o Fusca, este ainda meio cansado da viagem, que tinha sido cansativa e cheia de aventuras, O Fusca, ainda quente da viagem, vez ou outra dava o ar da graça com uns rangidos e pequenos tremores. Mas como começou esta história, que ocorreu há muitos anos ? Foi assim:
Depois de um tempo em São Paulo, meu irmão conseguiu comprar o primeiro carro da família.(lado pobre) Como não podia deixar de ser: um Fusca 67, azul , muito lindo, o mais lindo do mundo. No dia da compra nem trabalhamos direito. Aquela espera angustiante de estar com o carrinho. Era quase noite quando meu irmão pegou o dito cujo. Tudo certo. Ajeitamos as nossas malinhas na porta mala, A gente, naquela época, tinha mais felicidade do que coisas para carregar. Pegamos os nossos convidados, três, e.... estrada. Assim que escureceu, cadê a luz dos faróis? Uma claridade bem fraquinha, mas nada que um eletricista de estrada não resolvesse. Um par de faróis "tremendão", moda na época, que custou uma boa parte das nossas economias reservada para a viagem. Resolvido o problema, pegamos estrada novamente. Só alegria. Depois de viajarmos uns 250 km mais, próximo à Avaré, um pequeno problema? Furou um pneu. Coisa simples de resolver, só trocar e seguir viagem e, boa. Abre capô, tira as malinhas. Eram tantas que cobriam o estepe. Estepe na mão, vixe! vazio. Na pressa da viagem não verificamos as condições do referido pneu... Madrugada, fria, Mês de junho e nós lá, eu e mais um amigo pedindo carona para chegar até um borracheiro, sabe lá aonde. Depois de uns minutos, parou um caminhão cegonha. Aquele que carrega carros. Sem muitas explicações, o motorista do caminhão mandou que subíssemos na carroceria. Se Parado já está frio com o caminhão em movimento a coisa piorou e muito. Rodou uns dois quilômetros, parou e nos chamou para dentro da cabine aquecida. Logo encontramos um posto com borracharia e restaurante. Enquanto arrumava o pneu aproveitamos para tomar café. O motorista, igual a todos motoristas de caminhão, conhecia todos os outros motoristas de caminhão e logo encontrou um que estava indo no sentido contrário ao dele. Ficou fácil, O outro motorista nos deixou perto do fusca e ainda ficou com os faróis do caminhão acessos para facilitar a troca do pneu do fusca. Ao sair, enchemos ele de agradecimento e... estrada novamente. Como morávamos todos em Santa Mariana, a distribuição dos três amigos foi rápida.
Sempre que voltávamos para nossa casa, saindo de São Paulo, a gente avisava nossa mãe. Que castigo!! Ela ficava `a noite toda nos esperando. Mas fazer o que? Mãe é mãe. Bem, dormimos um sono rápido, café de bule, e a missão maior: mostrar o fusca para cidade. Afinal, ele era o objeto de desejo para muitas pessoas. Era muito difícil ter um carro naqueles tempos. O coitado do fusca ainda estalava, resultado da viagem longa. Azar do fusca, tínhamos coisa a fazer. E lá Fomos nós! Meu irmão dirigindo e eu de carona. Paramos em frente ao Cine Plaza e ficamos do lado de fora com aquele sorriso de felicidade, igual ao de criança quando ganha presente. Não demorou muito e chegou um conhecido(nome deletado por ordem judicial)., Para o nosso padrão de vida, da época, ele era milionário. Nem cumprimentou a gente. Ficou olhando para o fusca e fez a pergunta ferina: --"Ué, a firma que você trabalha deixa você viajar com o carro dela ? Tudo bem que o carro ainda não era da família Mattos lado pobre,. Era da financeira e faltavam vinte e quatro prestações, de um numero de vinte quatro para serem pagas, mas ele não precisaria ser tão maldoso. Tirou nossa alegria. O dia ficou triste. Perdemos a vontade e voltamos para casa, ficar perto da mãe. //I

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⁠Histórias que vão construindo uma vida. II
Depois de ficar uns três meses parado, gastando muito e não ganhando nada, surgiu uma possibilidade de eu voltar a trabalhar na área energética. Foi assim: Um dia conversando com um amigo, que trabalhava em uma empresa de equipamentos de segurança e que tinha como clientes empresas do setor energético, ele me falou sobre uma firma de São Bernardo do Campo, fabricante de escadas para a área energética, com pretensões de entrar no mercado de linha viva;.minha área. Meio ressabiado e ainda com a decepção da última empresa, não botei muita fé, mas considerando que eu precisava urgentemente voltar a trabalhar, fui conversar com o dono da empresa, Era um senhor de mais ou menos 60 anos, cheio de ideias mas pouco capital para o empreendimento. Os equipamentos de linha viva, o melhor, o maquinário para a fabricação das ferramentas era caríssimo e pior, não era fabricado no Brasil. Passamos algumas horas conversando. Ele me mostrou a fábrica, aliás, duas fábricas. Junto à de escadas, grudado, tinha um outo galpão enorme onde era fabricado escadas doméstica e tabua de passar roupas, linha voltada mais para setor doméstico. Como eu estava parado, sem trabalhar há algum tempo,fizemos um acordo de experiência no setor elétrico/telefônico. O salário era bem inferior ao da última empresa, mas a situação não era para regatear. Iniciei com um trabalho de divulgação das escadas junto às cias. Elétricas. Como eu havia trabalhado muito tempo com esses clientes ficou fácil de desenvolver o trabalho. Na sequência fui para o setor telefônico.
A pedido das empresas do setor elétrico desenvolvemos algumas escadas especiais, montadas sobre veículos e com esse tipo de equipamento eu voltei a viajar, claro, muito menos do que antes. Com o tempo, e com a dispensa de um gerente da área doméstica eu acabei assumindo a parte comercial das duas fábricas. Um dia eu estava na minha sala conversando com minha esposa quando o senhor João, dono da empresa, entrou e ouviu parte da conversa. A minha sogra estava muito doente, internada num hospital em Osasco. A preocupação era muito grande com o estado de saúde dela e para piorar, o hospital de Osasco era muito ruim, Minha sogra estava piorando dia a dia. Quando ele ficou sabendo da história, ligou para o hospital de São Caetano, e falou com o diretor do hospital, seu amigo e relatou a situação da minha sogra amigo --"Qual o nome da sua sogra e qual hospital ela está internada? Passou os dados para o amigo dele e me falou: vamos tirar ela de lá"". E assim foi feito. Durante 30 dias ela ficou internada no Hospital de São Caetano. Saiu curada, super bem. --E a conta Sr.João?? Como vamos pagar? -- "Não se preocupe. Na hora que chegar damos um jeito nela, me disse ele.--" Um dia a conta chegou . Eu nunca soube o valor. Ele não me deixou ver.. Fiquei sabendo que ele ligou para o Hospital, conversou com o diretor e em seguida carregou um caminhão com uma grande quantidade de tabuas de passar roupas, banco escada, escada metálica e escada de alumínio, mandou tudo para o bazar beneficente do Hospital. O tempo foi passando e continuávamos nosso dia a dia. Vez ou outra Viajávamos juntos para visitar clientes, principalmente para o Rio Grande do Sul. Ele adorava Caxias do Sul.
Um dia a telefonista me passou uma ligação. Era o diretor de uma firma que trabalhava para a Cesp. Centrais Elétricas de São. um empreiteiro. Dr. Rubens era o nome dele. Atendi. Ele me disse que era um assunto confidencial e se eu podia estar com ele no dia seguinte. Conversei com Sr João, falei que uma empresa tinha me contatado e que queria conversar comigo, mas eu não sabia do que se tratava. Na manhã seguinte fui direto conversar com o Dr. Rubens. Chegando na portaria da empreiteira, me identifiquei e pedi para falar com a pessoa que estava me esperando. O porteiro me disse: --não tem nenhum Dr. Rubens, aqui. "Claro que tem, ele marcou uma reunião comigo, disse eu. Nisso ligaram para o porteiro, pelo telefone interno. Depois de atender, ele me falou que tinha se enganado, disse: ele vai te atender. Na conversa que tive com o diretor, Dr. Rubens, naquele dia, ficou claro, para mim, que havia alguém querendo me contratar, mas não era ele. De dez palavras que ele falava, oito era sobre a Munck. (A Munck foi a maior fábrica de guindaste da América do Sul.) A fábrica era em São Paulo. Possuía filiais no México e na Argentina. Distribuidores em todos os países da América do Sul e uma operação em Londres que atendia o Oriente Médio. Uma grande fábrica. Bem, depois de uma conversa informal, sem compromisso, deixei claro que não me interessava a proposta, mas dado a insistência lhe disse que eu ia pensar e daria um retorno no outro dia. Sai dali e me dirigi para o meu serviço. No caminho concluí que, quem estava querendo me contratar era a Munck e não aquela empreiteira. Do meu serviço, liguei para a Munck e pedi para falar com o dr. Rubens. a telefonista perguntou quem queria falar eu me identifiquei, depois de alguns segundos ele me atendeu. Não falou nada, só me perguntou quando que eu poderia passar na fábrica da Munck. Aí mudei de vida, novamente. A história segue qq hora. /i

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⁠Histórias que vão construindo uma vida. III
Ano 1981 - Fev.hora 8 da manhã. Local: Munck
Cheguei no horário para a reunião com o dr. Rubens. Conversamos sobre o ocorrido no dia anterior, quando então, ele me explicou a razão de ter marcado a reunião em uma outra empresa e não na Munck. Disse que foi em função de eu estar trabalhando, ele não queria ser deselegante com a outra empresa.
Na reunião não me senti muito bem. Parecia que eu estava solicitando o emprego
e não eles me querendo contratar. Quando falei da minha pretensão salarial, o seo Munck me disse que a empresa não poderia pagar aquele salário (primeiro impasse). Bem, então continuo no meu emprego e vocês procurem uma outra pessoa para o cargo. O serviço que eu iria fazer, e fiz, era junto à Cesp Centrais Elétricas de São Paulo: homologar um equipamento, denominado "Cesta Aérea”.(um guindaste montado sobre caminhão, que eleva os eletricistas e os coloca diretamente em contato a rede energizada, linha viva). Naquela época havia, por parte do governo brasileiro, um protecionismo muito forte para tudo que era fabricado no Brasil. Este equipamento, o que a Munck estava desenvolvendo, não passava nos testes mecânicos, exigidos pelas normas de segurança, mas o governo não liberava a importação e mais, havia um impasse: mesmo a Cesp querendo contribuir com a indústria nacional, ela precisava efetuar a compra com segurança.
Voltando a reunião, aquele dia, não houve acordo em minha contratação. Passado uns dois dias, a Munck me chamou novamente e aceitaram minha proposta, mas eu fiquei com a impressão que eu corria o risco de, após a aprovação pela Cesp, ser despedido. Era um risco que eu teria que correr. O desligamento do emprego que eu tinha com o sr. João foi traumático. Me lembro que ele me abraçou e disse: -- Vai ser melhor para você, vai, vai sim! E este serviço, linha viva, é o que você sempre quis. Se não der certo, é só voltar, as portas estarão sempre abertas. //

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⁠Histórias que vão construindo uma vida. IV
Começando uma outra história.
O sr. Munck foi um empreendedor visionário . Ele era norueguês, amava o Brasil. A Munck chegou a ter quatro fabricas, com mais de mil funcionários. O grupo possuía escolas profissionalizantes para os funcionários e seus filhos. Médicos e dentistas nas dependências das fábricas. Plano de Saúde, de salários, gratificações etc.. No meu segundo ano,trabalhando na Munck, ganhamos uma concorrência internacional, na Venezuela, Competimos com empresas americanas e canadense.
O Senhor Munck faleceu em 1985., O filho mais novo, dos quatro que ele possuía, assumiu a presidência da empresa. Por varias vezes eu pedi demissão. Não me dei bem com ele. Eu tinha um projeto de trabalhar por conta própria, mas todas às vezes que eu pedia demissão ele me convencia a não sair. Na última,1985, ele me passou a gerência da área comercial da fábrica. Passei, então,Junto com os equipamentos de linha viva a gerenciar a parte comercial dos outros equipamentos que a Munck fabricava, administrando toda a área de distribuidores do Brasil e mais os vendedores, (cinco engenheiros mecânicos) que atendiam São Paulo capital e o interior do estado. Fiquei na Munck até 1990, foram nove anos de trabalho
A Munck desenvolveu seu equipamento usando como modelo um equipamento americano. (Até hoje somente três países fabricam esses equipamentos, Brasil, Estados Unidos e Canadá). A parte metálica do equipamento estava pronta, o problema estava na parte isolante,feita em fibra de vidro. A técnica estava nas mãos dos americanos e canadenses. No Brasil somente uma empresa tinha a técnica, a mesma que eu tinha trabalhado e ela jamais iria ajudar a a Munck, pois nos estados unidos ele fabricavam o equipamento concorrente. Depois de várias tentativas sem resultados positivos e com o tempo passando, não tive dúvida, fui atrás do meu amigo, (aquele que foi meu instrutor de linha viva e que possuía uma empresa com condições de fazer as peças em fibra de vidro que a Munck precisava). Durante um mês e depois de vários testes de resistência dielétricas (isolantes) e mecânicos, as peças estavam prontas para serem acopladas no equipamento. Os testes do equipamento demoraram uns três meses e já se passando quase seis meses do meu início na Munck o equipamento foi aprovado.
Depois das propostas comerciais Cesp efetuou a compra dos primeiros equipamentos, (cesta aérea) com isolação para trabalho até 138 kW, totalmente brasileiro =, uma vitória.
Quando fui buscar o pedido para doze unidades com valor aproximado de um milhão de dólares, com sinal de 30% no pedido , havia toda uma especificativa para "botarem a mão no pedido e no cheque, .Primeiro, pelo investimento,que tinha sido bastante custoso para o desenvolvimento do esquipamento, segundo, passar a ser um fabricante de cesta aéreas, o que lhe permitiria atender outros clientes no Brasil e fora do país
Depois que a Cesp homologou o equipamento, iniciou uma nova fase. As outras empresas passaram a adquirir os equipamentos da Munck (cestas aéreas) e na sequencia empresas da America do Sul, que até então compravam dos Estados Unidos e do Canadá.
No final do ano, comemorando as vendas de todos os equipamento, tinha sido um bom ano para a Munck, ele fez um deferência muito especial para o setor de cestas aéreas.
Depois disso passei a viajar para atender, especificamente os usuários desse equipamento, no Brasil e fora,
Trabalhei na Munck até 1990. /i

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⁠Os dois meninos.

No segundo do primário, acho, alem do menino com cabelos de anjo, tinha um outro menino, Este filho de fazendeiro.. Todos os dias, um carro da fazenda trazia e buscava o menino fazendeiro. O motorista ficava em frente ao portão da escola esperando.
Teve um tempo em Santa Mariana, quando a cidade não tinha asfalto, era necessário jogar água nas ruas para diminuir um pouco a poeira. Isso era feito por dois caminhões, chamados de "regador ". Eles lançavam jatos de água sobre a poeira e por uns tempos amenizavam aquele “poeirão.” Esses caminhões eram abastecidos de água no lugar onde eu morava,,o local era chamado de bomba d água. Vez ou outra eu pegava uma carona com eles. Um era operado pelo Senhor Luiz, pai da Leonilda o outro pelo Senhor João pipoca. Um belo dia, bem no horário da saída das aulas, passando na minha frente: la estava o Senhor o João pipoca.Ele para o caminhão e me chama. Imaginem a cena: aquele menino, filho de fazendeiro , com sua prepotência, olhando para o caminhão "regador", e como, todos meninos da nossa idade, admirando a operação. Ele me viu subindo na cabine do caminhão e ficou me olhando com uma inveja danada, porque, de todos aqueles meninos, somente eu tive o privilégio de me sentar da cabine. Fechei a porta, botei o bracinho para fora e por uns segundos fiquei mais importante do que eles: o menino de motorista particular e também do menino com cabelos de "anjo"./i

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⁠A Lenda do Contador de Estrelas

“Há muito tempo atrás na Pérsia,
Existia um Homem que contava estrelas,
E contava e contava e contava, sem parar,
E a todas queria nomear,
E contemplava o Céu a procurar,
A mais bela das Estrelas,
E dizia: A Estrela é uma Semente,
A Semente é uma Estrela,
E procurou, procurou e procurou,
Diziam que estava louco,
Até que um dia encontrou,
A sua Estrela,
E começou a segui-la,
E no caminho encontrou,
Outros contadores de Estrelas,
E seguiram a Estrela,
Até Belém”.

Siga a sua Estrela, persista nos seus sonhos!!
E viverá a maior aventura de sua vida!!

Carlos Augusto Pereira Terra

⁠O carroção e a bicicleta.
Meu pai, na década de quarenta, foi carroceiro. Trabalhava numa fazenda, aí em Santa Mariana. O serviço dele, conforme ele nos contava, consistia no transporte de cereais de Santa Mariana para Cornélio Procópio ou vice versa. A carroça ou carroção era tracionado por seis burros. Todos com nome. Muitos anos passados ele guardava o nome de cada um deles, Aquilo era um trabalho bastante pesado. Como ele dizia, cada "viagem" era uma aventura. Ele conduzia aqueles animais com um chicote que, dizia ele, tinha uns quatro metros de comprimento. Detalhe, estalava sempre próximo do animal, que respondia com mais força no trabalho. Ele nunca judiava dos animais.Uma vez, conforme a história dele, choveu o dia todo. A estrada praticamente deixou de existir, estava intransitável. A carroça já tinha atolado várias vezes, e como estava bem carregada de sacaria, chegava a encostar o eixo no chão. Naquela lida, barro, chuva,frio, trovões e raios, que não paravam, os animais já ofegantes, cansados e como dizia ele:. bufando fumaça, continuavam tentando tirar a carroça do atoleiro. Foi quando ele começou a escutar um barulho de alguém andando de bicicleta e o barulho foi chegando,mas dado a escuridão, um breu,dizia ele, nada se via, mas o barulho foi aumentando,e Quanto mais próximo, mais os animais ficavam inquietos e até zurravam, De repente um raio muito forte clareou grande parte do local onde ele estava e ele pode ver a bicicleta passando ao lado dele, normalmente, no barro e sobre ela um vulto todo de branco com umas luzinhas no lugar dos olhos. Bem difícil de pegar no sono,depois que ele contava essa história. Vai saber!

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⁠Que coisa, né?
Nas festividades do incio dos anos setenta, acho que 1972, eu meu sobrinho estávamos regressando para SP, depois de haver passado as festas em SM quando aconteceu esta história: Naquela época,a rodovia até Avaré era pista simples, depois que começava a Castelo Branco. Era comum a gente parar no ultimo posto, antes da CB. para abastecer de combustível e fazer um lanche. Naquele dia, do meu lado, carona, parou um outro fusca com quatro meninas, jovens e muito bonitas.. Começamos a jogar conversas fora e, depois de abastecer os fuscas, paramos num estacionamento, ali mesmo no posto e fomos nos apresentando.Detalhe:, no vidro do fusca, delas, atrás do banco do motorista, tinha um papel grudado, com os nomes das quatro, que dizia mais ou menos assim: A,B,C e D desejam um feliz ano, etc. Eu, quando me apresentei, ,disse que era estudante de engenharia, o meu sobrinho, estudante de medicina, Elas também foram se apresentando e dizendo que curso faziam, exceto uma, aí eu perguntei; "e você, como é seu nome? ela foi próximo ao carro e mostrou, no papel, um desenho. Uma desgraça de um desenho que acabou com a nossa viagem e disse: este é meu apelido, apontando para aquele bicho, desconhecido para nós, até então.... Depois de darmos umas olhadas para o céu, dar uns chutes no chão, disfarçando aquele incômodo, fomos nos afastando do carro delas sem antes ter que ouvir elas rachando de rir.
Pegamos a estrada, cuidando para não vê-las e fomos confabulando, tentando adivinhar que bicho era aquilo, . -"Será que o apelido dela é ripinha, balaustra, etc e mais algumas besteira? . Passado alguns dias descobrimos que aquele desenho nada mais era do que o simbolo do Pi, traduzindo era o apelido dela. Acho que ela devia se chamar Jupira e não gostava do nome.
Eu podia ter contado esta história antes, mas tive que ter a anuência do Newton Roberto Gobis, meu sobrinho, um cara de bem com a vida e de quem eu gosto muito
Claro que as mentiras foram uma brincadeira de momento, mas dado a situação constrangedora que aconteceu, nem tivemos tempo de consertar a burrice, o que não iria resolver em nada, nós não iríamos saber mesmo o significado daquele "bicho"e, talvez, a situação ficasse pior.

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⁠Um doce de vó.
Minha vó morava perto do campo de futebol. Era comum, depois de brincarmos no campo que ficava no local onde é o colégio hoje, passar na casa dela. Uma vez, eu e mais um amigo, achamos uma bola de capotão furada e com o couro bem desgastado. Demoramos um tempão para arrumá-la e poder brincar. Fomos, então, até a casa da minha vó, onde existia um quintal bastante grande. Marcamos o gol com nossas camisetas e começamos a "chute em gol". Bate três e depois troca o batedor. Na troca de jogador, minha vó apareceu no nosso campinho com uma faca nas mãos, pegou a bola e furou umas dez vezes a coitadinha., sem antes dar uns cloques na minha cabeça com seus dedos duros. . Acabou com a festa. Passados uns dias eu encontrei a bola que ela havia"matado". Estava jogada debaixo do assoalho da casa dela. Ressuscitei aquele pedaço de couro..Chamei meu amigo, de "bater falta", fizemos um enxerto, agora com areia,e a colocávamos num ponto estratégico da rua, onde existia mais alguns meninos e fingíamos que estávamos jogando. Logo aparecia alguém querendo mostrar suas habilidades em "faltas" e chutava a bola. Aquilo era tudo que queríamos, nós e os outros meninos que já conheciam aquela brincadeira. Um dia, um menino bem maior do que nós, depois de quase torcer o pé, deus uns tapas nos menores, incluindo ali, eu e meu amigo batedor de faltas, pior, ainda levou nossa bola de areia embora. /i

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O comprador de ovos.
Eu tive um amigo, quando criança, que vendia ovos. Ele era mais velho que eu. Ele percorria os sítios da redondeias com ser carrinho de madeira (um caixote) e ia comprando a "produção" q depois ele vendia na cidade. Uma vez ele me convidou para ir com ele, eu e mais um amigo em comum. Saímos cedo. No caminho ele foi explicando o processo que ele usava. Bem mais complicado do que o de frutas, que era bastante simples que consistia em colher um cento de mexerica, botar no carrinho, pagar e voltar para a cidade e já começar as vendas. Ah, e a gente podia comer à vontade nos pés, diferente de ovos que você não podia comer. O dono, (sitio dos Geraldo) uma pessoa que tinha o coração maior do que ele, nunca contava o que a gente colhia. Uma vez eu troquei uma espingarda de pressão por uma cabrita com ele, mas isso é outra história; Mas então.. o mercado de ovos funcionava assim: havia a compra com entrega imediata e com entrega futura. Era aquele sistema que mexia com nossas cabeças, , --"quando acontecer, vocês vão entender" na prática fica mais fácil, disse ele-". E lá fomos nós acompanhando ele, torcendo para acontecer uma compra futura. Acho que no terceiro vendedor aconteceu. O nosso amigo comprou uma dúzia e levou somente seis ovos. Num outro ele pagou seis ovos e levou uma dúzia. Foi então que entendemos aquele mercado. Meio complicado, diga-se de passagem. Ele adiantava o dinheiro quando as galinhas, por algum motivo, desconhecido por nós, não liberavam a produção, mas o vendedor precisava do dinheiro, então ele completava numa próxima negociação. Com aquele sistema ele prendia o vendedor, que não vendia para outro comprador .
Depois daquela aula, na volta ele veio nos contando sobre um rio que existia por alí e que, infelizmente, iríamos ter que atravessá-lo, e pior, a ponte era muito estreita e tinha sido construída sobre a parte mais funda do rio. Vez ou outra ele dizia: --"Escuta só, o barulhos do rio,tá lá bufando! igual a um bicho."- era com tanta criatividade, que passamos, também, a escutar o "bufo" do rio. Quanto mais perto, mais aumentava nossa curiosidade. Quando chegamos, era só risadas, Crianças riem de tudo. Era um riozinho, (rio balaio, para quem é da região) que tem menos de dois metros largura, mas naquele dia era como se tivesse cem.

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⁠Te preservei do jeito que você era para eu ficar do jeito que eu era!

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⁠já não há mais espaço para tantas coisas:
velhas lembranças, velhas histórias
não adianta colocar no papel, viram textos, mas não abandonam
seu espaço no coração da gente.
fingem adormecidas, mas escapam pelas lágrimas, pelo olhar. pelo abraços longos. ficam perambulando, fazendo perguntas como se já não soubessem as respostas.
se agarram nas aventuras de batalhas perdidas,. ressuscitam amores
do passado, já esquecidos
escapam da saudade, como se tudo fosse real. como se não houvesse um passado.
nunca dormem, nunca acreditam.. nunca vão embora. /i

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Quando eu fui criança III

O padre da nossa paróquia, vez ou outra dava umas bandas pela praça. Passava em frente do local onde eu tinha minha caixa de engraxar, Numa dessas caminhadas, eu estava sentado na caixa de engraxar, chupando uma manga, daquelas bem madura. Minhas mãos e a boca era manga só. Naquele tempo eu andava meio "carregado de pecado" e estava fugindo da igreja. Pensei: boa hora para fazer uma aproximação com o padre. Fui até ele e tentei beijar a mão dele e pedir a benção. Ele, na primeira tentativa se esquivou, mas na segunda não deu. Taquei um beijo bem meloso na mão dele. Ele resmungou algum impropério, passou a mão na batina, me fulminou com os olhos e se foi sem nem olhar para trás. (I

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Quando eu fui criança. Parte II

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Próximo à minha casa veio morar uma mulher. Ela era sozinha. , Bem nova, ruiva.. A casa ficava sempre fechada, mesmo com ela la dentro. Havia um homem, com cheiro de erva doce, que sempre aparecia por ali. Vez ou outra, ele brincava com os meninos que se encontravam por perto da casa. Ele tinha um carro preto, bastante bonito.
Uma tarde, quase noite, a janela se abriu e a mulher do cabelo ruivo me chamou e perguntou se eu podia ir até o Grande Hotel buscar comida pra ela? claro que sim>--"disse eu"-- então ela me deu uma marmita, uma não, cinco ou seis, montadas numa alça. E lá fui eu, sem antes ligar o motor do meu cavalinho caminhão, freio a ar..,Cheguei no restaurante, dei aquele monte de marmitas pra uma pessoa e fiquei esperando, do lado de fora a preparação. Assim que me entregaram as marmitas, liguei o cavalinho caminhão e saí. Entrei pelo jardim, contornei a fonte luminosa,( coisa linda de se ver, pena que desmancharam) entrei à esquerda, passei ao lado do coreto,( desmancharam, também) e comecei a descida para minha casa que era perto da casa da mulher misteriosa. Mas aquele cheiro maravilhoso que exalava daquelas marmitas. Vixe! Que tentação. ;
Naquele tempo, o seminário estava em construção. Eu conhecia bem a obra.Vivia brincando por ali. Entrei, coloquei as marmitas no chão e abri todas as panelinhas. Fiquei olhando para aquelas comidas maravilhosas. A maioria era comida comum; arroz, feijão, salada, maionese, ovo etc., mas na última estava a tentação: carne com batata. Era de lá que vinha aquele cheiro maravilhoso. Com muito esforço e lutando contra o desejo, fechei as panelinhas e sai rápido dali. Entreguei as marmitas para a mulher misteriosa, Ela perguntou se eu podia fazer aquele serviço todos os dias? me pagaria no fim de semana. Sim!! Claro, que sim!. Segundo dia, o mesmo trajeto. Peguei o jardim, fonte luminosa, coreto, descida para casa e .... Seminário. Aí, aconteceu... . Abri todas as panelinhas, cheirei e comi uma batata. Terceiro dia., mesmo trajeto. Seminário. Cheiro de bife com cebolas, abertura das panelinhas uma cheirada e lá se foi meio bife. Não aguentei. a metade sumiu como num passe de mágica e de lambuja comi mais umas duas batatas. Infelizmente nunca houve o quarto dia, ela não mais me chamou e o homem, com cheiro de erva doce, não mais brincou com
os meninos da rua, principalmente comigo. (I

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Quando eu fui criança.

Num belo dia estava brincando com meu cavalo de pau, feito de cabo de vassoura, na rua da minha casa, quando minha vizinha, muito bonita, me chamou e perguntou se eu podia ir até a farmácia buscar um remédio para ela?. Claro q sim"! disse eu"., e de pronto, já com o nome do remédio marcado num pedaço de papel e o dinheiro na mão parti em disparada pela rua , até chegar à farmácia do Florisvaldo. Encostei o cavalinho na parede da farmácia, mostrei o papel com o nome do remédio, paguei, recebi o troco e virei de volta. Chegando na casa da minha vizinha, buzinei, (meu cavalo tinha buzina), ela saiu, entreguei o remédio, junto com o troco e já ia virando nos pés do meu cavalo, quando ela disse: ei! "fica com o troco"., e eu, no meu cavalheirismo principiante e querendo deixar um "bom nome”, com aquela moça bonita--respondi: "não precisa, eu sou acostumado fazer favor de graça"., (I

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Quando eu fui criança IV

Um senhor, libanês, abriu uma banquinha em frente ao Grupo Escolar Carmela Dutra, para vender bananas..
No dia da inauguração, como não podia deixar de ser, eu andava por ali, olhando, vendo ele montar as bancadas. Não sei porque o libanês me convidou para trabalhar com ele; Convite aceito imediatamente.

Depois da entrevista, acertado os direitos e obrigações de cada um, fui para a minha casa com o compromisso de voltar à tarde.
Cheguei no horário combinado. Já "almoçado", Precisava, eu ia ficar a tarde toda no "serviço"
Como ele tinha outros compromissos pela cidade. antes de sair, me deu umas aulas sobre o produto (bananas) e umas orientações básicas necessárias: tipo de banana, preços, , como fazer troco, etc. e lá se foi o libanês, deixando aos meus cuidado, seu patrimônio.,
A princípio, ainda com a barriga cheia, pois tinha acabado de almoçar, não me interessei muito pelas bananas, mas com o passar do tempo, sem nenhum movimento mais a demora pela volta do dono, fui experimentando as bananas e suas variedades.,
Comi tanto que comecei a passar mal. Tive que me deitar debaixo de uma das banquinhas,onde fiquei torcendo de dor, não podia nem me mexer que doía tudo . Foi aí, então, que vi o dono. Primeiro ele olhou para as pencas, analisando as faltas, ficou um tempo pensando, depois olhou por debaixo da banquinha, onde eu estava deitado. Sem sentimento de pena, não me perguntou nada., só falou: amanhã você não precisa vir mais . E pior, nem me pagou.(I

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Ivo Terra Mattos
47 min ·
Lembranças do meu pai Lazinho e do seu assistente Correia. (Vulgo rabo de tatu)

--"Vai ter que trabalhar sim! Vai engraxar sapatos", (idade 7 anos)
--"Não gosto de filho homem.
--"Nasceu mais um macho (quando nasceu meu irmão Carlão)
- Se eu te pegar no rio vou te dar um tiro.
-Eu não falei para você não ir nadar? Volta aqui! não voltei, ele levou meu calção. Quando cheguei em casa já era noite, aí...
o Correia entrou em ação; “Quando eu falar para você não ir no rio, você me obedeça". e dá lhe mais, Correia.
-Quem te falou que galinha voa? Eu, arremessando uma galinha para o alto sem ver que ele estava bem atrás de mim. Primeiro foi uma tijolada, depois um ponta pé na bunda.
--Por que que cavalo está suado? Era só você ir buscar ele no pasto e não sair galopando com ele. Não foi isto que eu te falei, hein? Não corra, volte aqui. Mais umas lambadas nas costas.
-Se você brigar na rua e apanhar eu te arrebento aqui em casa.
-Homem não chora. (Aprendi a chorar para dentro)
-Fumando? Foi um tapa com tanta força que arrebentou o cigarro e a minha boca. Molhei a calça, me mijei (idade 8/9 anos)
-Para onde você estava indo? (Primeira fuga 9 anos) vou ensinar você a fugir de novo. Apanhamos em dupla, eu e meu amigo de fuga, um vizinho. Eu do meu pai e ele do dele.
-Desta noite você não escapa; o diabo vem te buscar.(eu tinha comprado todo o salario dele em figurinhas de jogador de futebol)
- Por que, que o seo amigo traz dinheiro e mais carne para casa e você só traz um pouco de dinheiro? Está gastando o dinheiro de engraxar com figurinhas? Apanhei sem poder falar, que meu “amigo” comprava carne na conta do amante da mãe dele. Quando descobriram, apanhei por não ter contado.
-Comprei uma paçoquinha para você, toma, coma! (lembrança do presente)
-Você não vai dar em nada na vida. Vai ser igual seu tio,,,,(meu tio morreu de depressão, era doente)
um dia, com doze anos, fiz duas fugas ambas sem sucesso, apanhei pelas duas e mais algumas que supostamente viriam. não parou por ali. fiz a terceira com o auxilio da minha irmã, que praticamente me adotou. Fiquei morando com ela até meus dezoito anos. Depois disso, voltei a morar com meus pais por mais dois anos. Com vinte anos fui embora para São Paulo e nunca mais voltei pra minha cidade de Santa Mariana.

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Quando o ídolo é de barro, literalmente.

Quando criança, eu tinha tantos afazeres que faltava tempo para executá-los. Era assim: acordava, tomava café, escola, voltava para casa, almoço e trabalhar de engraxate, desde que não estivesse chovendo, ninguém engraxava os sapatos em dia de chuva. a cidade virava um lamaçal só. Mas nestes dias, me sobravam três opções: Vender serragem, para as pessoas colocarem na porta da casa, vender frutas ou lavar correntes de caminhões. Empregos temporários. claro.
Lavando Correntes. Naquele tempo, a rodovia ainda não era toda asfaltada e os caminhões que vinham da parte sem asfalto tinham correntes nos pneus para não atolarem no barro, mas assim que entravam na parte de asfalto, o motorista era obrigado a retira-las. Obrigado porque existia um guarda rodoviário na espreita para multar quem trafegasse sobre o asfalto, sem retirar as correntes dos pneus.. Num pedaço de mais ou menos 100 metros da parte asfaltada ele até permitia, mas mais do que isso ele multava. Como as correntes ficavam emplastada de barro, os motoristas pagavam pra q esse serviço fosse feito pela molecada, a gente ganhava uns trocados, lavando as correntes. Num naqueles dias de chuva, que não parava mais, estávamos la, eu e mais uma dezena de moleques, tirando e lavando as correntes. O nosso ídolo, o guarda, fazendo a função dele: parando os caminhões e multando alguns. O dia estava correndo bem, até que veio um caminhão bem grande, serpenteando igual a uma cobra na lama Foi chegando na parte asfaltada, entrou no asfalto e foi andando, não parou no ponto pre estabelecido e como não parou, o guarda saiu correndo atrás do caminhão e mais aquela molecada gritando pra que o motorista parasse, mas nada, ele não parava, só parou depois de rodar uns 500 metros no asfalto novinho. . Chegamos, o guarda na frente e nós atrás, bem perto dele. Aí iniciou uma discussão entre os dois. Em determinado momento o guarda sacou seu revolver e disse assim: --"se você for homem, passe por cima do meu boné"-- e colocou aquele boné, a coisa mais linda, Aba marrom, com uma fita verde amarela e mais dois revólverezinhos dourados fixados na parte frontal do boné,(Objeto de desejo de todos os meninos) debaixo dos pneus daquele caminhão enorme, cheio de lama; jamais imaginávamos que o motorista tivesse coragem de fazer o que ele fez, mas ele fez! Passou com os pneus por cima do boné. Ficamos todos sem palavras, olhando aquele, antes boné, virar uma pasta de barro, parecendo um sapo.O motorista ainda deus uns tapas no guarda, nosso ídolo. Naquele dia e nos outros que vieram não lavei mais correntes. Saí correndo daquele local sem olhar pra trás , serviço perigoso. (I

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A fazenda era cinematográfica. Enorme. 15.000 alqueires. Grande parte dela preservada. O dono era cunhado do meu cunhado,Senhor José Cândido Teixeira. Ele foi o primeiro prefeito de Santa Mariana. Não vivia na fazenda, mas sempre estava por lá.

A casa da sede, era dividida em três corpos. Em uma da partes ficava a cozinha e a dispensa. Numa outra, toda aberta, bem ventilada, ficava um salão enorme com uma mesa, onde comíamos. era, também, o local de "jogar conversa fora". Na terceira parte ficavam os dormitórios: duas suite e mais dois quartos.
Então, nesse salão, mesmo hão havendo energia elétrica na fazenda, havia uma geladeira tocada a querosene, (detalhes técnicos não sei, mas sei que funcionava bem) onde, embaixo dela, morava um tremendo de um Sapo Boi (letras maiúscula em homenagem ao tamanho do bicho) que só saia durante à noite, acho que para comer e fazer suas necessidades. Nós dois mantínhamos um relacionamento de respeito e distância.
Uma tarde, calor de verão, eu estava sem camisa olhando distraidamente para o lado de fora da casa. De repente senti uma coisa gelada, como se fosse um pedaço de carne, grudando nas minhas costas.e na sequência a voz do meu cunhado me perguntando:: -"adivinha quem está nas suas costas?" Meu Deus O Sapo!!
Na correria, fugindo daquele bicho, carreguei ele um bom pedaço grudado em mim.
Passados alguns dias, lá estava ele na sua rotina normal, na sua casa refrigerada.(

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as palavras, pouco a pouco vão se perdendo por aí.

não mais alcançam a quem se destinavam.

uma ou outra que persiste, com o tempo.desiste.

mesmo aquelas que vão disfarçadas nas fotos antigas,

são obscurecidas por aqueles que não participaram de um tempo quase sem testemunhas hoje.

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