Terra
A MAIOR MISSÃO NA TERRA
Enquanto trabalho em minhas planilhas, lembro das suas pequenas unhas do pé que precisam ser cortadas.
Enquanto almoço rapidamente, penso se as professoras da escola integral insistem algumas vezes para você comer o brócolis, assim como eu faço lá em casa.
Na academia (que tento fazer no horário do meu almoço, entre uma reunião e outra), tento levantar um pouco mais de peso nos equipamentos. Meu corpo precisa estar inteiro e saudável para organizar a sua festa de 15 anos.
Olho o extrato bancário e vejo que já debitaram a parcela mensal do meu seguro de vida que fiz antes mesmo de você nascer. Mesmo em minha ausência, caso ocorra, quero lhe deixar algum conforto.
Sorrindo, engulo mais um sapo a seco e aguento agruras no trabalho pois preciso do salário ao final do mês para o seu nobre sustento.
Viajo para as minhas aulas do doutorado muitas vezes em lágrimas e com o coração apertado por uma noite a menos com você, mas com a certeza que será melhor para o seu futuro. E com a esperança de tê-la orgulhosa citando a mãe doutora.
Faço questão de percorrer algumas horas de trânsito por dia para levá-la e buscá-la do colégio, pois são horas em que me dedico só a você, mesmo desviando dos ciclistas e cachorros que cruzam o nosso caminho.
Aliás, no percurso até a sua escola, fico inventando uma nova brincadeira para interagirmos até chegarmos em nossa casa, na esperança que não pegue no sono e durma sem jantar.
Colei os seus desenhos ao lado da minha mesa do trabalho para eu lembrar que um dia duro faz todo sentido quando se tem um “pedacinho de gente” dizendo que te ama ao final da tarde.
Declaro com um sorriso escapando do rosto que aprendi a matar baratas, fazer omeletes, cantar no chuveiro, assistir desenhos animados e cuidar bem melhor da minha saúde depois que você nasceu.
Morri um pouquinho quando me pediu, pela primeira vez, para deixá-la no portão da escola e vê-la caminhar sozinha, e não deixá-la pessoalmente dentro da sua sala, aos cuidados da sua professora, como eu sempre fiz.
E falando de novo em morrer, quase morri de culpa quando vi uma cárie microscópica em seu dente do fundo. Eu me senti a pior mãe do mundo por isso. Fui derrotada, mesmo tentando cuidar dos seus dentinhos da melhor forma possível.
Revolto-me discordando das pesquisas que relacionam mães que trabalham muito com filhos com problemas psiquiátricos. Escolha cruel e injusta demais entre ser pobre ou ter sucesso, ter filhos saudáveis ou doentes.
E falando de doenças mentais, saí chutando a lixeira do consultório do meu psiquiatra quando ele me disse que a minha doença se chamava “sono” e que bastaria eu dormir oito horas por noite para eu sarar. Alguma mãe aí pode me dizer como faço isso?
Falando de perder sono, foram incontáveis as vezes que saí da minha cama e fui até a sua só para certificar se estava tudo bem, se você respirava, se a janela entreaberta te incomodava, se algum pernilongo te rondava, se sua “bexiguinha” suportaria até o amanhecer, se a manta que te cobria te protegia do frio ou te dava calor…
Chorei com a maior das paixões quando jogamos a primeira partida de xadrez juntas. E você só tinha 4 anos.
Chorei de novo quando soletrou “batata” e “boneca”. Quando pegou os meus dedos e contou-os até dez… Em inglês.
E falando em chorar, só “aprendi” a chorar mesmo, quando você contorceu de cólicas pela primeira vez, aos 20 dias de vida, e nós duas sozinhas em casa na madrugada. Antes eram só lágrimas de crocodilo ou derramadas sem um motivo tão nobre.
Depois que você nasceu, reconheci que fazê-la dormir segurando as suas mãozinhas pequenas é muito mais prazeroso (e saudável!) do que comprar uma garrafa de absinto e beber sozinha, andar em alta velocidade com um carro novo ou fumar um maço inteiro de um importado da Indonésia, sabor canela, pela madrugada…
O suor infantil exalado dos seus pezinhos após um dia todo de estripulias é muito mais perfumado do que uma “explosão de rosas”: o cheiro daquele meu perfume que você desde bem pequenina sempre pediu um “tiquim no pecôço”.
E quando fecho os olhos, naqueles dias que parecem não ter fim, eu lembro do nosso diálogo no dia da mais terrível tempestade que passamos juntas, sozinhas, você com apenas 4 anos de vida, salvando a minha:
– Filhinha, se tudo o que temos for perdido, tudo o que a mamãe precisa para recomeçarmos está aqui dentro, ó (e apontei para a minha cabeça).
– Mamãe, não se preocupe. Só não fique olhando para a chuva, nem para o vento, nem para as árvores (que se contorciam nessa hora). Me abrace, me dê as suas mãos (pegou as minhas mãos nas delas, tão miúdas), olhe aqui pra mim, para os meus olhinhos e repita comigo várias vezes: “eu não tenho medo, essa chuva vai passar, eu não tenho medo…”.
Obrigada meu amor por me fazer piloto dessa nave, na maior missão na Terra.
Cheiro Bom
Três cheiros desencadeiam em mim sensações de prazer:
O cheiro de terra molhada pela chuva;
O aroma de uma refeição caipira;
E o cheiro nato do corpo de quem amo.
O cheiro da terra molhada me acalma a mente;
O aroma da comida da roça me transporta para infância;
E o cheiro do corpo amado me arrepia.
Embora nenhum deles dependa de mim,
(O primeiro depende da precipitação;
O outro, impede-me a geografia;
E o último se perdeu no tempo),
Habituei-me a desejar mais do que exige a necessidade:
O cheiro de terra molhada pela chuva continuará a me acalmar sempre que chover;
O aroma das refeições caipiras continuará a alcançar o cérebro antes do estômago;
E o cheiro do corpo – mestiço, suado, despido – continuará a povoar minhas memórias.
Esqueceu de onde veio?
Não se faça alheio ao problema.
Até parece não faz parte do ecossistema!
As minhas queixas, sempre ignora.
Não se preocupa com a fauna e flora,
Que outrora, era você!
Mas não mais, agora.
Depois que deixou o paraíso,
Alegando ter tomado juízo,
Se fez esquecido.
Carrega contigo um bordão:
"Em nome da evolução"
Progressão fanática.
50 anos em 5.
Não viu que poucos animais suportam
As mudanças climáticas?
Espero que tenha uma boa tática!
O rio ta cheio de hormônios.
No céu, buracos nas camadas ozônio.
E a amazônia,
O pouco que resto do que era.
Tem 5 bois por metro de terra.
Só de lembrar que foi eu quem te criei,
Me faz pensar aquela frase clássica:
"Onde foi que eu errei?"
Pois é.
Infelizmente, não sei!
Quando você chorar, lembre-se que a chuva também é o choro da Natureza que aduba a terra e limpa os poluentes do ar.
Deixei um recado na geladeira, pra me lembrar de esquecer
Deixei anotado por todo canto, não devo mais querer você
Flor de plástico até enfeita, mas não cria raíz
E o que não for enraizado, eu me despeço
O se não me agrada
O mais ou menos é corda bamba
O quase é dança de ciranda, é viver por um triz
E agora eu só aceito a condição de ser feliz
Não vou mais me nublar
Pode até pagar pra ver, dentro de mim não vai mais chover
Agora eu só aceito a condição de felicidade
Escrevi outro bilhete pra lembrar de não esquecer: Agora eu só aceito a condição da reciprocidade!
E no rodapé coloquei uma observação: Só cultivar o que cresce, floresce e acalma, de não acampar a alma em terra sem intenção.
SOBRE ELA
Ela soube, desde o começo ser:
Ser partícula no universo de versos.
E ser desigual às partículas que só sabem querer ser.
Ela tem a voz do Universo em seu ser.
Ouvindo-a, na enxada ou na patrola nivela caminhos...
Caminhos que a levam a aprender e fazer acontecer.
Sentindo-a ser uma partícula.
Sem saber, se de átonos.
Se apassivadora ou se elementar.
Acharam ser ela, fragmento ou migalha.
Acharam que fora, podiam ela colocar.
Partículas desiguais são analfabetas no sistema.
Ela é mais que podiam achar.
E ante a tese perdida, dela ser partícula.
Conceberam ela ser, um cometa com calda extensa.
Precedendo o próximo cometa passar.
E aspirantes à astronauta, há anos...
Arquitetam planos, soberbos contra ela.
Sobre ela, aspirantes, nada há de saber.
Ela é partícula do universo de versos.
E ela é conveniência na decência.
Até quando contrário possa parecer.
E quando pensavam ela ser partícula:
Ela era antipartícula no conjunto de um todo.
Nos nomes próprios que ela tem.
Ela é vidro polido e metalizado.
Reflete luz e imagem reproduz.
Ela é espelho que buscam se espelhar.
E quando pensam ela ser cometa: é órbita.
Ora hipérbole, de distância fixa e constante.
Ora parabólica antena que tudo captou.
E em eletricidade novamente se transformou.
Novos canais ela buscou e se reinventou.
E nela o Universo reverso do verso despontou.
Renasceu conjunto de todos os astros.
Com tudo que neles exista.
E órbita, se transformou em sistema solar.
Com planetas e satélites, sistema do mundo veio se tornar.
E ela é o mundo, nada imundo.
Ela é o sol, reluzente ofuscante aos olhos aspirantes.
Perto dela não consegue chegar!
Ela é o céu, e às estrelas a brilhar.
Ela é a lua, de luz refletida pelo sol.
Ela é o ciclo lunar, nas suas fases de mudar.
E ela é quarto crescente e minguante.
Que causa impacto cultural.
Ela é lua nova, inova, no social.
E ela é lua cheia, equinócio de março.
Ela é paixão e ela é pascoal.
Na conveniência que tem.
Em eletricidade transformada, ela é no mundo reinventada...
O conjunto dos quatros elementos que na natureza há:
E ela é Cleuta e é Inêz!
Ela é Christina e é Paixão!
E toda junto traz amor e paz no coração, na mente a razão.
E ela é Cleuta, dominadora e soberana.
E Cleuta é o elemento Terra no sistema solar.
E ela é substância em seus habitantes a orquestrar.
E ela é terra pisoteada, e é fértil.
E nela tudo que planta, colher-se-á.
E ela é Inêz, pura.
E Inêz é o elemento Água no sistema natural.
E ela é substância formadora de rios e mares.
E ela é água pura para beber.
E dela regam plantam para crescer, frutificar e todos alimentarem.
E ela é Christina, ungida do Senhor.
E Christina é o elemento Ar no sistema natural.
E ela é substância composta por nitrogênio e oxigênio.
E ela é ar puro de se respirar.
E nela há unção que abarca a Cleuta, a Inêz e a Paixão.
Ela é Paixão, de nascimento e de intenso sentimento.
E Paixão é o elemento Fogo no sistema natural.
E ela é substância de combustão viva.
E ela é Fogo ardente e explosivo.
E nela aspirantes não conseguem inflamar com difamação.
E ela, junto ou separada é uma só.
E ela é conveniência do domínio:
Material intelectual e moral.
E ela é tudo e é o estudo de tudo que há.
E ela constituída com as outras substâncias...
É a razão da natureza em todo caminhar.
E ela em conjunto com elas é jurídica.
E ela é relato de ato legal:
Ato seu e de seus aspirantes de insano constante.
Que planos arquitetam, para ela prejudicar.
Ela é o verso e é o reverso,
para sua história contar e desenfardar.
Coração de pedra
Foi neste trapo de chão
Que plantei minha quimera
Agora é só recordação
E dele nada mais se espera
Foram tempos de dedicação
De sol a sol como pudera
Calos perfeitos em cada mão
E a esperança, urrava como fera.
Terreno que dantes fora fértil
Hoje não há o que carpir
Um solo vencido e inútil
Desfeito por magoas do existir
Coração rancoroso e fútil
Pobre terra só noite dela pode sair.
Enide Santos 11.01.17
A intensidade das águas tbm avoluma e inspira-nos de tal forma a querermos expandir tamanha felicidade que carregamos na alma ... Não é apenas curtir o momento,é guardar pra si um momento pra vida inteira ,é expressar gratidão , é Harmonizar a luz do dia , terra , os Sons entre pessoas , o sonido das águas , do vento , das folhagens , e nos cantarolados eternizantes dos passaredos em seus mais diversificados estilos . É o aprendizado Sinergético trazendo a tona a Sintonia da vida em um único momento !!
Mas a Terra vai girar outra vez, o sol vai nascer, os passarinhos vão cantar e eu estarei aqui, esperando!
CHUVA QUE BEIJA A TERRA
21/01/2017
CHUVA QUE BEIJA A TERRA
NUM ABRAÇO DA NUVEM
BEM NO ALTO DA SERRA
E NA PLANÍCIE VAI E VEM
CADA GOTA DE DIAMANTE
ASSUMINDO SUA FUNÇÃO
NUMA MISSÃO IMPORTANTE
VAI ASSIM AGUANDO O GRÃO
CHUVA DE PERNA COMPRIDA
TÃO BELA E TÃO BRILHANTE
A QUE ÁGUA CAI DESTEMIDA
ESCONDE O SOL NUM INSTANTE
RIOS, CÓRREGOS E NASCENTES
ABREM O VENTRE ESPERANDO
CADA GOTA, FAZ SER VIVENTE
NUM VOLUME ACONCHEGANTE
CHUVA TÃO BENFAZEJA E QUERIDA
PREMIANDO A VIDA NA TERRA
JUNTO AO AR E SOL, DÃO VIDA
QUE NESTE PLANETA SE ENCERRA
CHUVA É O PÃO QUE CAI DO ALTO
TODA A VIDA SE TRANSFORMANDO
CADA CICLO, É VIDA NO PLANALTO
NAS MONTANHAS VÃO AGUANDO
CHUVA, ÁGUA DOCE TÃO BRILHANTE
TÃO CLARA, A SEDE MATANDO
JUNTANDO AOS 3 ELEMENTOS
A VIDA TODA TRANSFORMANDO
E SÓ PLANTAR CADA SEMENTE
SEJA DE PLANTAS, ANIMAIS
TUDO FICA DE GRANDE BELEZA
TUDO FICA BELO DEMAIS
É TÃO RICA A NATUREZA
TRANSFORMA A VIDA EM CORES
DE INFINITAS QUALIDADES
A GRANDEZA DE DEUS EM FLORES
DE VIDAS EM QUANTIDADES.
QUE TENHA VIDA ABUNDANTE
CADA UMA COM SUA IMPORTÂNCIA
NA CADEIA TÃO EXUBERANTE
CADA CICLO DE VIVÊNCIA
"Minha passagem aqui na terra é muito breve. Um piscar de olhos. Não posso permitir tempo ruim. Quando as nuvens querem ofuscar o SOL, o MAR reflete, e nos lembra do poder do mesmo."
Sai do mar, me banhei com seu perfume preferido, cobri o corpo com o que você mais gosta e parei na terra para sentir seu vento me abraçar...
Pode ir no seu enterro
De mil pessoas pra lá
E na outra ir uma só
Ou duas sei lá
Mas não importa quantas pessoas vá
Pois a terra que te cobre
É uma só de jogar
Não importa quem seja
Ou quantas pessoas vá
A terra que te cobre
É a mesma que cobre o outro
Mesmo sendo rico ou pobre
Mesmo feio ou bonito
Mesmo longe do infinito
O fim não é na frente
Pode ser de repente
O fim um dia chega.
A terra cala o grito
A terra cala o sujeito
Mesmo sendo bom sujeito
O fim é sempre o mesmo.