Ternura
'TREMAS'
Pinto tremas,
Diluo poemas,
Pulmões em papéis,
Aquarelo clichês,
Descrevo raios,
Painéis de porquês.
Suspiro ilusões,
Anagramas...
Cromatizo torrentes,
Cicatrizes,
Infortúnios,
Mares escaldantes,
Chegadas.
Pintalgo argilas,
Cheiros/ecos
Labaredas molhadas...
Rabisco ventos,
Acordes,
Matizo desejos,
Trapiches,
Simetrias,
Beijos,
Tardes/Fotografias,
Sonoro despertar...
Riscos/traços,
Largas melodias,
Emblemas,
Embaraços.
Escrevo nos lagos,
Nas chamas,
Vulcões,
Perplexas melancolias...
Plagio o meu 'eu',
O amor em abstrações,
Abraços,
Relevos
Reproduções,
Quarto vazio.
Objetos/estrelas.
Na face do tempo,
Crio paixões,
Novos tremas.
Proposições,
Teoremas...
'TAPAJÓS'
Agitando pássaros.
Roça perplexão,
Calmaria.
Por do sol ardente.
Correntezas cultivando sementes,
ilhas...
Cético aos horizontes.
Rebelando Jacarés, Iemanjás,
Moradas.
Profundeza altruísta.
Talento anarquista,
Desenhada...
Inverno e verão contíguos,
Contemplativos,
Fazem de ti devoto.
Pupila de margens.
Belas paisagens.
Sobejo de botos...
Alimenta ribeirinhos.
Poemas.
Adjetivos.
Seio esplêndido.
Boquiaberto, cinzento.
Fugitivo!
És Tapajós.
Morada dos povos.
Sombrio.
Exageradamente modesto.
Infinitamente digesto,
Desafios...
Rio de almas.
Índios.
Banzeiros.
Sonetos de árvores
Quilômetros em artes
Chuvas, animais, mosteiros...
'Coisas boas e ruins... nada permanece! Restam apenas as boas lembranças e o forte aprendizado. Tudo passageiro no rio que corre. Reconheça que foi eterno enquanto durou! Esteja aberto às novas possibilidades. Afronte novos desafios. É a partir deles que a vida torna-se saborosa... 'Intrigante' na medida em que você aprende a se doar...
Cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
Se te falam com agressividade responde-lhe com pureza e doçura. O coração pode estar sujo e com falta de ternura.
inspirado pelo provérbio português
«Uma gota de mel apanha mais moscas que um tonel de vinagre.»
(maio.2013)
SEM PERDER A DOÇURA
Não me deixe perder a doçura
Não se apague de mim tal centelha
Que a raiz de qualquer amargura
Nem me faça franzir a sobrancelha
Não me deixe enganar por quem jura
Mas esconde de mim o ferrão
Se deixar de fazer o meu mel
Sobra tempo para até ser cruel
Não me deixe perder a postura
Quem protege a colmeia é o zangão
Que com toda a sua bravura
Sua melhor ideia é ação
Só reflexo, sem reflexão
Tão complexo feito um bufão
Como o alfa de uma alcateia
Sua vida é guardar a colmeia
Mas colmeia existe pra quê?
Senão pra oferecer o seu mel
Inundar o paladar de prazer
Adoçar até lábios de réu
Eu não passo de uma abelha
Pelo néctar sempre à procura
Na doçura da flor se espelha
Para nunca perder a ternura
Sem colmeia se vive ao léu
Ao sabor de qualquer aventura
Liberdade é feito um troféu
Só pra quem tem jogo de cintura
'SEMITONS'
Os dias vazios aproximam pequenos tons que se perdem no espaço. O regresso das melodias atenuam-se em semitons que viajam às novas terras desconhecidas. O ardor da ausência, abastarda, dança pequenos passos, imprecisos, já sem tantas sinfonias...
Entonações descrevem a fosca expressão imbuída no rosto. O convite aos vários 'concertos' deleita-se aos diários aplausos viscerais. Encontramo-nos e perdemo-nos a tantas novas orquestras, tormentos. E a chegada de novas composições que nos apaixonam de imediato, servem de fôlego nos dias inférteis...
As belas canções que aprendemos em busca dos enigmas que criamos, miniminizam as tantas perguntas que afligem os pequenos vácuos. E das tantas trovas óbvias lançadas, que sejamos gigantes nas pequenas palavras e estritamente enorme nos grandes abraços...
'MÃE'
Inala-me com teus impulsos e verdades.
Vejo-te 'SUPER',
Influentes Olhos Quebradiços.
Cabelos brancos inspirando proteção.
És pedra preciosa,
Diamante lapidado pelo tempo.
E no tempo,
És transmissão de vida...
Quero agradecer-te pelos auxílios nas noites acordadas.
Pelos seus superabraços e carinhos quando mais precisei.
O meu amor por ti,
longe de ser passageiro,
É duradouro,
Infindável,
Aromatizante em todas as estações...
'NATUREZA'
Presenciamos-te virgem na tua breve morada,
Passageira como nuvens,
Maravilhando-nos nos dias inventivos,
Jorrando admiração por entre vales e matas.
Transcendental,
Tal qual o bater de asas e o cantar dos pássaros,
Que ausente de amarras/dores,
Respira liberdade,
Multiplica felicidades,
Transforma vidas...
Era-nos lugar de predileção.
Espetáculo ao olhos na chama do alvorecer.
Ar puro inclinando pulmões,
Adocicando crianças,
Trazendo esperança.
Sem declives,
Os córregos clamavam-te com suas águas límpidas,
Criando canções/moradas,
Animais livres.
Natural Habitat das Vegetações...
És agora lacônico na tua célere morte.
Transformaram teus dons/paisagens.
Tuas jazidas exauridas,
Todavia,
Berços de atrocidades.
Calhordas visionários te despem,
Não gestam tuas belas e provocantes tonalidades.
Desvairam tua pobre sobrevivência.
Homens/Naturezas não mais existem
Apenas eloquências ausentes/saudades...
'CHEGADA'
O inverno chega. Paisagens que não mudam: frio, tempestades, folhas mudas. Viagens por águas quebradiças. Abraços na rotina. E todos os dias, novos ímãs. A esperança no farol, uma nova loucura, tantas outras colinas.
E o verão infinito chega. Torna-se ardente, revigorando a vida no peito. Chegou tão pequenino abraçando-me com seu ávido olhar peregrino. Crescendo com os ditongos. Marca indissolúvel que torna-se forte com seus raios abrasivos e rudes.
Inverno e verão ficam homogêneos a cada chegada. E os pedaços ficam nas enseadas, falando dos raios inertes/refletidos. Cabelos brancos aportam misturas tênues. Inverno e verão não são fidos. E a vida, na sua jornada, não passa de metamorfoses, mutações, quase nada!
'POHESITA'
A neblina mulata perdeu-
Se na negridão e embaçou
As palavras com
Hesitações. Ainda sinto o
Cheiro arraigador na
Madrugada insólita. Os
Beijos ausentes que
Fizeram-se lacunas...
Petrificou-se, disfarçou-se
Nos olhares
E trouxe consigo
'Estilhas', a fome de
Devorar o poeta, que
Redescobriu o mundo, mas
Arruinou-se nos seus
Reencontros.
- Você sabe o que é mimetismo?
- Eu não seria um idiota se não soubesse ou... talvez seria se soubesse!
'AN/DOR/INHA'
O pequeno esvoaçar
Rodopiar com ventos
Voar...
Sentir liberdade
Debulhando céus
Fatuidade...
Subir nas nuvens
Queimar o sol
Inquietude...
Inexpressivo homem
Não rodopia com os ventos
Lobisomem...
Encarcerado profusão
Palmilha cemitérios
Escravidão...
Poste tranquilidade
Vida, meio vivida
Minuciosidade...
Coração de pedra,
Manteiga,
Embriagado,
Desobstruído,
Selado.
Não existe o in/correto na hora de amar
'PROSAICO'
Linhas trançadas e o azul meio amarelado amorna o infinito.
Acima das águas turvas, acinzentada com as mãos entrelaçadas no medo. Tenta gritar, mas ele afugenta-se.
Direciona-se à alma, espetando o sol sem reflexo.
Mutilado em pensamentos, o azul subterrâneo transforma-se ...
E a pausa, agora loucura, fez-se revoada.
O trilhar da esperança, face oculta dos sonhos, deixa a clarão do rosto sombria.
E a fantasia da felicidade, fez-se gelo.
Escorregadia rumo à mãe terra, esfacelando-se no ar.
Voltando de onde outrora saiu medonho.
É assim que direciono o teu rosto: prosaico e sem flores.
Já pensou que suas 'verdades' podem ser 'verdadeiras farsas'? Embora difícil, não se deixe levar por meias verdades ou emoções passageiras.
'Vejo cada absurdos nesse mundo. Nesses meus anos e anos de vida, nunca compreendi os reais propósitos de Deus
'CABOC[L]0'
Ele se foi e deixou uma
Saudade na cabana. Os
Olhos, misturado com o
Atrito das mãos,
Derramaram a
Vermelhidão por várias
Noites em alvorada.
Simplório, sem brilho e
Sem calor para aquecer
O mundo, devastou
corações e
Transformou-as em
Amizades. Dos troncos
Perdidos, fez raízes.
Das flores, perfumes
Verdadeiros. A forma
Tangente da última
Expressão fala ao mundo
Despercebido: ainda
Estou vivo! Respirando
Os sonhos de outrora.
by Risomar Silva.
Uma breve homenagem ao meu
amigo caboc[l]o. Que se foi...
Tenho que desapegar-me. O tempo esfumaça tão rápido. Não quero que seja dolorido quando disseres deixa eu seguir meu caminho!