Temporal
A Raiva consumia minhas entranhas
Devastação caótica do ser
Risada irônica desse temporal
Que levam tudo em vãos e efeitos.
A percepção de que tudo tem um fim, mesmo em meio a uma vastidão temporal, surgiu quando me flagrei observando o calendário e me perguntando: 'Esse ano já vai acabar em 5 meses? É intrigante como nos primeiros dias de janeiro, encaramos aqueles números com uma sensação de que a espera será longa, mas em um piscar de olhos, já estamos imersos em julho. A efemeridade da vida revela sua verdade universal, provocando-nos a refletir sobre a própria natureza transitória de todas as coisas.
"Em nosso inconsciente encontre-se a chave Temporal para os Portais do Tempo Passado, Presente e Futuro."
Aurora o Messias, resplandecência divina, agora é o ápice temporal. Candelabro humanoide, místico progenitor, relevância sóciojurídica. Ainda que a equidade divina prescinda da imagem humana, a efeméride em foco significa a ressurreição do Filho Celeste em meio à derme cronológica do Setentrião e do Austro. Trilho histórico da fé expectante.
Se era uma espécie de amor, por que me veio com um temporal? Se era um alívio pra dor, por que deixou esta solidão?
Nem Jesus em toda sua majestade foi arrogante, o homem em sua insignificância se torna a temporal querendo crescer sem pertinência, sem moral ou insensatez.
O transcurso temporal tem se mostrado demasiado acelerado, deixando-me a indagar se estou, de fato, vivendo ou tão somente existindo. É temeroso imaginar envelhecer sem ter alcançado alguma realização significativa na vida.
Não há medida temporal e lógica para a compreensão racional das coisas e dos sentimentos vividos, por isso não despreze a oportunidade de estar com aquelas pessoas que alimentam e aquecem sua alma, são instantes mágicos fazendo tudo ou nada, mas intensamente felizes pelo simples estar juntos.
Sou nascente e poente!
Sou sol e sou lua.
Somos vento, somos brisa, somos temporal.
Somos essencialmente reguladores de uma essência abrangente nomeclaturada de vida.
Somos termômetro com escala ambivalente oscilando de Fahrenheit a Celsius velozmente dependendo do clima humano.
Um temporal de imagem
Se formando nas nuvens do pensamento
Lembras de tempos bons e ruins
Guardados por sete chaves de gelo
Num tempo ruim é melhor que derretam
E com elas se vão os segredos
Das vidas... É... Não é só uma... Várias...
Como contos nunca contados
Nunca ouvidos, pra vocês nunca vividos
Mas vivos em mim!
Presentes na alma, almas vividas
Só eu sei, só eu saberei...
Se em potência eu não existo, então o ato da minha existência não passa de um mero detalhe temporal intuitivo. eu não existo!
Eu sou o que sou, ou estou me limitando por me definir?
Eu tenho aminésia temporal do meu ser em sua completude por quais motivos? Eu sou o que sou, por não querer ser nada além do que sou? Ou me defino para balizar um possível retrocesso emocional? Eu sou emocionante estável? Ou a ilusão do subconsciente nos prega peças nós alimentando com "Placebos" de emoções e valores irreais?
"Estamos presos em um colapso temporal, do qual isso foi escrito no passado, e você está refletindo para o futuro."
E não é isso que é o amor, afinal? às vezes o tempo se fecha e um temporal inicia-se, mas é só para então o céu se abrir e podermos desfrutar o lindo tempo que chega, pois de nada valeria os momentos felizes se os momentos tristes não existissem.
TEMPORAL
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua partida,
Para quem sabe dissuadir-te
De tal ideia estapafúrdia,
Não estaria eu agora nessa angústia,
Amaldiçoando a minha vida...
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua ausência,
Para quem sabe convencer-te
Do disparate de tal atitude,
Não estaria eu agora em incompletude
Abrindo as janelas da demência...
VIAGEM TEMPORAL
São seis e quarenta da manhã, olho para o céu ainda indeciso, não sabe se chove ou faz sol, se vai embrumar de nuvens ou resplandecer. A mata parece escura, maior, imponente, como se fosse o seu todo de muitos anos atrás, hoje é apenas um pedaço que restou.
A neblina cinzenta sombreando a pequena mata me lembra de quando andei de barco a primeira vez, não faz muito tempo, peguei o motor e fui, apenas assisti um vídeo e meio na internet até perceber que o manual de instruções era mais prático.
"Quando se está de barco, o tempo é outro" diziam, "Não é como andar na estrada, demora-se muito mais para chegar onde quer".
Eu não fazia ideia de quanto tempo leva um barco para subir o rio até o sítio do meu amigo, preparei tudo e fui sem pressa. O motor praticamente novo funcionou logo de cara, no momento parecia bom, pois nunca tinha ligado um motor de barco antes.
Comecei a subir o Arinos com paciência e calma, lamentando por ver a barranca lotada de chacrinhas uma do lado da outra, pesqueiros e caminhos para descer o barco, casas e terreiros, cada um havia derrubado o tanto de mata que achava o suficiente para si.
O tempo passou tanto quanto quando se anda pela estrada, passei pelo sítio e nem percebi, até porque eu nunca tinha visto-o do rio, apenas do tablado. Quanto mais subia, menos chacrinhas com pesqueiros se via, a mata agora dos dois lados ficava cada vez mais densa.
Cerca de duas horas de subida depois eu já não via mais pesqueiro nenhum, era como se eu voltasse no tempo cada vez mais que subia o rio, que outrora reto como um aeroporto, agora cheio de curvas como uma serpente em agonia. Em alguns momentos eu tinha a sensação de estar navegando em círculos, mas é claro, o rio só corre para um lado.
A mata agora se impõe, tento me abrigar no centro do rio, que apesar de ter mais de quarenta metros de largura, ainda fica espremido pela floresta. Floresta densa, escura, antiga, aqui parece que nem o fogo lhe alcançou.
Quando olho para uma mata eu penso no passado, em tudo o que pode ter acontecido por ali durante séculos de isolamento e todo o caos das poucas décadas perante o poder dos homens. Estando ali no meio daquelas curvas, o silêncio predador, o cheiro das folhas e da água, o sol que parece quente e fresco ao mesmo tempo, tudo isso parece primitivo.
Enquanto acelerava pelas curvas, o sol tentava me seguir lá no céu. Nunca tinha o visto se mover daquele jeito, girava de um lado para outro sobre as árvores, tentando me alcançar. Como não havia sinais de vida civilizada naquela altura da viagem temporal, decidi retornar e seguir o fluxo das águas do tempo, rumo ao futuro, rumo ao lugar de onde vim, onde conheço, onde nada é tão novo assim.
Constantemente me recordo daquele dia, geralmente quando amanhece escuro e enevoado sobre a pequena mata aos fundos de casa, lá na baixada, onde a neblina demora a ir embora nestas manhãs. A mata perde seu negror noturno, mas prevalece sua escura-essência primitiva, de quando era inteira e não resto, de quando era viva e pulsante, de quando era silenciosa e imponente.
Me entristeço ao ver algo que outrora fora tão grandioso e imoldável desaparecendo, ver apenas o seu fim, sua triste memória. Me alegro de ainda poder me embrenhar e sentir o cheiro do mato, o ar abafado às sombras murmurantes, de ver o que foi, com meus olhos vivos nesta viagem temporal.
Crislambrecht 18/01/2024