Televisão
Naquela noite; Zé-mané tomando banho, Zica na cozinha e Tadinho pulando a janela com a televisão nos braços:
-Hoje tem coca, vou ficar legal!
"Uma família no Brasil"
ENLATADOS DE TELEVISÃO
Eu sinto fome
Eu sinto sede
Eu como o barro das paredes
Mas no domingo eu como óstea
Regada ao vinho quem não gosta
Eu não trabalho
Eu não estudo
Mas todos pensam no meu futuro
Já elegi muitos presidentes
Sem mim tudo ia ser diferente
Eu cheiro mal
Eu pesso esmolas
Nessa terra que respiram bola
Minha tragédia é uma comédia
Terrivelmente como novelas
Eu ando sujo
Eu cheiro a cola
Sou tão antigo quanto a história
Eu agradeço ao ser preso
Pois só assim vou ter endereço
Me livrando dessa escarcês
Tentando ser um pouco igual a vocês
Me alimentando dessa ilusão
Comidas enlatadas de televisão
Sou prisioneiro do desamor
Me traga comida, não me traga flor
Sou passageiro desse trem
De pessoas famintas pra comer alguem
Sou nas notícias o refém!
Uma seca barriga roncando pra ninguem
Sou a garganta do cantor
Gritando bem alto a fome que não passou"
Precisamos de algo mais inteligente. De uma televisão mais inteligente, de uma população mais inteligente. De uma mídia que seja motor de transformação social e não uma fórmula eficaz de alienação. Precisamos de uma mídia com cara limpa, sem sujeira por trás das câmeras e acordos por baixo dos panos. De uma mídia onde o jornal seja livre para noticiar o que é notícia sem pensar nas perdas do governo e do empresário. De uma mídia livre para criticá-los quando necessário.
SOMOS REALMENTE O QUE DEMONSTRAMOS SER?
Alguns meses atrás, canais de televisão, diversas revistas e jornais, mostraram a devoção das pessoas e seus momentos de fé, nas igrejas e procissões em homenagem a Padroeira do Brasil. Em algumas localidades as homenagens duraram a semana inteira tanto é a religiosidade.
Também mostraram estádios de futebol lotado, onde as pessoas louvavam a Deus fervorosamente mediante apresentação de shows e cultos.
Nesse momento de reflexão as pessoas buscam a paz interior e exterior tornando-se verdadeiros seres humanos, pois, esquecem dos rancores, das maldades, do egoísmo exacerbado, do eu e sim de nós e manifestam palavras de carinho e amor.
Passados esses momentos de reflexão nos dá a impressão que ocorre perda total da memória nas pessoas, pois, se transformam ao ponto de voltar a ser “eu” e deixar o “nós” de lado, ficam rancorosos, com o coração cheio de magoa, vivem com aquele egoísmo exacerbado, provocando choques de interesses, conflitos e acirramento de competição, ai me vem a pergunta: Cadê aquela devoção toda? Onde foi parar a fé que tantos dizem ter? Será que realmente acreditam em Deus? Será que só nos tornamos filho de um único só Deus quando somos tomados pela comoção?É uma pena, pois Deus sempre nos mostra o melhor caminho, mas muitos insistem em não aceitar e por isso, vamos continuando vendo essa violência sem tamanha que assola todo o mundo.
LIXO DO LUXO
Vi esse descaso na televisão,
Pessoas comendo lixo,
Nesse país sem coração,
Onde tem muito desperdiço,
Onde o poder anda na contramão.
Do outro lado alheio a tudo isso,
Pessoas passeando de iates de luxo,
Longe dos que passam fome, omissos,
Nem querem saber se alguém come lixo.
País de desigualdades evidente,
Pessoas sofrem sem trabalho, sem alento,
E poucos acumulam fortunas, exploram essa gente,
Que vivem sem teto ao relento.
Bilhões serão gastos num evento,
Construções faraônicas serão erguidas,
E o povo com fome e sem leito,
Assiste a tudo isso como eremitas.
Hipócritas roubam o país, feliz,
Andam em seus carrões, homem vil,
Ignoram a miséria desse país,
Essa é a podridão, Brasil...
O fanatismo pela televisão, quando se deparar estará com o controle remoto na mão sendo controlado pela televisão.
Os olhos de Ruth Cardoso
Soube com tristeza, pela televisão, da morte de Ruth Cardoso. Ela sempre transmitiu uma grande distinção e serenidade em suas aparições públicas, e quem a conheceu pessoalmente creio que também tinha a mesma impressão.
Os comentaristas acentuam o seu papel na criação do Comunidade Solidária, assunto que nunca acompanhei direito. De qualquer modo, ela foi muito mais do que uma “primeira-dama” (termo que detestava) ao lado do presidente, mas parecia ao mesmo tempo estar constantemente ao lado de Fernando Henrique e no seu espaço próprio, independente.
Para levar este post a um extremo de subjetividade, acho que havia algo muito próprio no olhar de Ruth Cardoso, e no seu tom de voz: ela parecia encarar os entrevistadores, as câmeras, não sei se com bondade, mas certamente com compreensão; não uma compreensão intelectual, ou política, mas compreensão humana mesmo. Atrás dos óculos grandes, os olhos escuros diminuíam um pouco, mas tinham algo de doce, sem ser sedutor: eu sentia certo conforto ao vê-los, mesmo na TV. Tinham, sei que a palavra é estranha, uma grande maciez.
Talvez eu imagine o quanto de compreensão, de perdão mesmo, ela teve de ter com Fernando Henrique ao longo da vida. Mas quantas mulheres não acabam desenvolvendo esse traço de caráter? Acostumam-se, quando não brigam de vez, a encarar o marido como uma espécie de menino crescido, que de vez em quando chega arranhado das brigas de rua, e se entrega fanaticamente à sua coleção de bolinhas de gude...
Mas é claro que, sendo intelectual, professora, e tendo vivido durante o nascimento e o apogeu do feminismo, ela soube viver a própria vida, sem a passividade das antigas esposas de presidentes, de homens de negócios etc.
Foi um fator muito importante para que ela não fosse uma deslumbrada com o poder. Imagino também que sabia, desde moça, que Fernando Henrique haveria de ser presidente (dizem que ele tinha certeza disso já na juventude). Sem deslumbramento nem arrogância, Ruth Cardoso mostrou, sobretudo, que na simplicidade está o segredo da distinção.
A vida na televisão é tão ao acaso,
mas isso não significa nada para mim.
Estou escrevendo o que não consigo ver.
Não sei porque condenam tanto a televisão, porque tanta gente vê, tanta gente assisti, no fundo ela deveria ser exclusividade de todos nós e não inimiga
Na televisão querem seu dinheiro, vendem a beleza do álcool, a compra da própria segurança por ter um silicone no corpo, a idéia que um bisturi vai te fazer se sentir mais atraente, mais invejável. Somos ensinados a cuidar do nosso corpo, mas o prazer por meio dele é um pecado. Hoje a felicidade vem dentro de uma pílula emagrecedora.
É uma espécie de conspiração na qual todos participam desde pequenos, um acordo velado em que você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito.
28 (Globo)
Televisão é uma vergonha
Na vida você fica velho, é a corrida
Você pode enfrentar
Você pode enfrentar
Você viverá no seu próprio passo?
Vida, então, desnecessária
Televisão é uma vergonha
Na vida você fica velho, é a corrida
Você pode enfrentar
Você pode enfrentar
Você viverá no seu próprio passo?
Agora você viverá no seu próprio passo
Você viverá no seu próprio passo?
Enquanto houver televisão de cachorro pelas padarias da vida, eu, vira-lata que sou, vou continuar a dar minhas voltinhas.
O maior domador do proletário
ainda é a televisão
e na atualidade
o anestésico
do povo brasileiro
É o futebol...