Telefone

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Encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca, ouvindo samba-canção e blues com caipira de vodca.

Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Mas não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais.

Jocastamente: não fique trancado demais em casa, atenda o telefone e vá sempre que puder ver o pôr-do-sol.

Inserida por alines2

O telefone existe, mas não toca.

Inserida por alines2

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.

Inserida por isabellarosa

Então chegou o outro. Primeiro por telefone, que era amigo-de-um-amigo-que-estava-viajando-e-recomendara-que-olhasse-por-ele. Se precisava de alguma coisa, se estava mesmo bem entre aspas. Tão irritante ser lembrado da própria fragilidade no ventre do janeiro tropical, quase expulso do Paraíso que a duras penas conquistara desde sua temporada particular no Inferno, teve o impulso bruto de ser farpado com o outro. A voz do outro. A invasão do outro. A gentil crueldade do outro, que certamente faria parte do outro Lado. Daquela falange dos Cúmplices Complacentes, vezenquando mais odiosa que os Sórdidos Preconceituosos, compreende? Mas havia algo — um matiz? — nessa voz desse outro que o fazia ter nostalgia boa de gargalhar rouco jogando conversa fora com outras pessoas de qualquer lado — que não havia lados, mas lagos, desconfiava vago —, como desde antes daquele agosto desaprendera de fazer. Ah, sentar na mesa de um bar para beber nem que fosse água brahma light cerpa sem álcool (e tão chegado fora aos conhaques) falando bem ou mal de qualquer filme, qualquer livro, qualquer ser, enquanto navios pespontavam a bainha verde do horizonte e rapazes morenos musculosos jogassem eternamente futebol na areia da praia com suas sungas coloridas protegendo crespos pentelhos suados, peludas bolas salgadas. Respirou fundo, lento, sete vezes perdoando o outro. E marcou um encontro.

Inserida por DamarysAlves

Telefone toca, trin trin trin:
Vendedor diz: Bom dia
Cliente diz: Quero contratar seu serviço "X".
Vendedor diz: R$ 120,00 reais
Cliente diz: Esse é o menor preço?
Vendedor diz: Sim, senhora!
Cliente diz: SEU CONCORRENTE ESTÁ COBRANDO MAS EM CONTA QUE VOCÊ!
Vendedor diz: Realmente este é o valor. Mas nós dois podemos entrar em um bom senso que ambas as partes ficam satisfeitas?
Cliente diz: Então diga!
Vendedor diz: Vou baixar o valor para R$ 100,00 reais! O senhora se agradou?
Cliente diz: Não!!! SEU CONCORRENTE ESTÁ COBRANDO MENOS QUE ESTE VALOR!
Vendedor diz: Senhora quanto meu AMIGO DE PROFISSÃO ESTÁ TE COBRANDO?
Cliente diz: Pouco mais da metade que seu valor!
Vendedor diz: Senhora sugiro que você contrate meu AMIGO DE PROFISSÃO! E em outra oportunidade prestarei meus serviços p/ senhora, com toda qualidade que você desejar.
Cliente diz: Mas quero fazer com você, porque me falaram que você trabalha muito bem!
Vendedor diz: Mas é o que eu posso fazer!
Cliente diz: Muito obrigado pela atenção!
Vendedor diz: Por nada senhora eu que agradeço!
>
1 hora depois
>
Trin trin trin
Vendedor diz: Bom dia
Cliente diz: Sou a cliente que ligou pouco tempo atrás querendo contratar seus serviços, que você fez por R$ 100,00 reais!
Vendedor diz: Estou lembrado! Em que posso ajudar?
Cliente diz: Quero contratar por este valor mesmo! Como faço para pagar?
Vendedor diz: Você pode pagar 50% adiantado e o restante no dia da prestação do serviço!
Cliente diz: Muito obrigado, em 30 minutos chego na sua loja!
Vendedor diz: Aguardo a senhora, muito obrigado.
>
Dê valor ao seu trabalho, ao seu serviço por que nenhum outro ser humano vai te dar!
E não fale mau do seu CONCORRENTE, OPS ERREI AMIGO DE PROFISSÃO.

Não sou de muita conversa
nem no telefone e nem pessoalmente
não costumo enviar mensagens no Whatsapp, Email
nem fazer muitos comentários nas postagens da rede, etc...
Algumas pessoas reclamam por isso,
sinto muito por eu ser assim ...
Mas...
Embora
eu seja de poucas palavras
Elas São
Muito de mim.

Não use o telefone, as pessoas nunca estão prontas para atende-lo. Use poesia.

Triste é se conformar com o telefone mudo. É esperar a campainha sofridamente mesmo sabendo que quem você qer ver não tem seu endereço.

E, no meu caso particular, a loucura, além de morar ao lado,
usa frequentemente meu telefone.

Encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca. Sofre horrores mas continua do bem, sempre inventando histórias com final feliz. Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão – escudo. E à noite eu ainda te espero, mesmo quando sei que você não virá, só para ter saudade.

Toda vez que toca o telefone
Eu penso que é você
Toda noite de insônia
Eu penso em te escrever
Pra dizer
Que o teu silêncio me agride.

É, eu nunca fui mulher pra você.
Quando eu ficava em casa com o telefone
que nunca tocava na mão te esperando ligar,
eu não fui mulher pra você.
Nas noites que você chegava bêbado,
trocava meu nome, e ainda assim eu
te dava banho e colocava na cama pra
dormir.
Eu não fui mulher pra você.
Quando você esqueceu nosso aniversário de
casamento e foi jogar futebol com seus amigos,
eu não fui mulher pra você.
No dia que sua mãe doente não tinha com quem
ficar no hospital e eu fui passar a noite com ela,
eu não fui mulher pra você.
Quando os teus amigos esqueceram teu
aniversário e eu liguei pra cada um deles pra
que te desejassem parabéns,
Eu não fui mulher pra você.
Naquele mês que você foi demitido,e eu banquei
a casa, as saídas, os planos,
Ainda assim eu não fui mulher pra você.
Aquela noite que eu fiquei até de madrugada,
rezando do lado da cama, pra que nada de ruim
tivesse te acontecido,
Eu não fui mulher pra você.
É, você esteve certo o tempo todo.
Eu não sou mulher pra você,
Mas serei a mulher ideal para outro.
Já você, nunca será homem pra mulher nenhuma.

Toda vez que toca o telefone, eu penso que é você; toda noite de insônia eu penso em te escrever pra dizer que o teu silêncio me agride, e não me agrada ser um calendário do ano passado.
Pra dizer que teu crime me cansa, e não compensa entrar na dança depois que a música parou.

Mas dessa vez tô ignorando o telefone. Mesmo que ele fique no meio das minhas pernas o dia todo esperando um telefonema seu. Mas você jamais vai saber disso.

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Evitem o latido do cachorro com seu osso suculento,
Silenciem os pianos e com tambores lentos
Tragam o caixão, deixem que o luto chore.

Deixem que os aviões voem em círculos altos
Riscando no céu a mensagem Ele Está Morto,
Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,
Deixem que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
Minha semana útil e meu domingo inerte,
Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, meu papo,
Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.

As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;
Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;
Esvaziem o oceano e varram as florestas;
Pois nada no momento pode algum bem causar.

W.H. Auden
Funeral Blues, 1936.

Se você tem um problema comigo, me liga. Se você não tem meu telefone, então não me conhece o suficiente para ter um problema comigo.

Dói, sim. Dói muito. Vai passar. Mas que dói, dói.
Dói cada vez que toca o meu telefone, nas vezes em que chega uma mensagem, cada vez que leio meus e.mails.
Dói de dia, dói de tarde, dói de noite. E como dói.

Dói cada vez que não te acho no rosto das pessoas, nas ruas por onde ando, na minha vida.
Dói a ausência, a lembrança, a falta de esperança. Dói as vezes que fico sozinho, cada vez que chega a noite.
Dói quando respiro, quando transpiro, quando espirro. E dói demais, demais.
Dói como nunca doeu antes.

Dói quando ando, quando corro, quando paro. Dói no sol, no cinema, no chuveiro.
Dói quando lembro que não faço mais parte do seu dia a dia. Quando lembro dos nossos planos, dos nossos sonhos, dos nossos beijos.
Dói quando lembro que você não quis, que você não quer, que perdi você.
Dói, sim. E dói muito.

Mas vai ter que passar. Um dia passa.
Porque preciso, porque mereço, porque anseio.
Porque fiz tudo o que podia, mostrei tudo o que sentia, esperei mais do que devia.
Vai passar.