Telefone
Não importa o motivo pelo qual seu telefone toca. Quando estiver com o filho se doe por inteiro e desligue essa porcaria de celular, pois ele não merece um 'meio-pai' ou uma 'meia-mãe'.
Ele é todo seu, então, seja todinho dele também!
Toca telefone
O amor invade minha alma
Chega assim...sem avisar
Quieto um silêncio pelo ar
No coração grita de alegria
Até o silêncio é sinfonia
O amor as vezes entristece
Quando não acha o teu olhar
E de sua voz eu preciso
E mesmo calado
É para ti meu sorriso
E o dia demora a passar
E nem sei se hoje você virá
Ou se vai me telefonar
E me encontrar para te amar
E nesta rotina o dia passou
Você nem ligou..
Eu apenas queria saber
Se já chegou e como vai voce
Toca telefone......
Não percebe minha dor
Trim....trim....trim....
Alo : É você meu amor
Trim.! Trimm! Trim.! E o telefone toca...
E do outro lado se fala:
Alô!
Sou eu!
Tua vida!
Estou tentando te falar e te ensinar.
Com leves toques e sopros de amor.
Mas você não vem me ouvindo!
Mas você vem me afastando!
Com desprezo inconsciente de suas vistas cegas e contaminadas!
Tenho tentado lhe poupar de sofrimentos que não são seus.
Pois se tornou os olhos deles e terás o mesmo fim.
Estou te falando!
É tempo de acordar!
E se não acordar?!
Verás que perdeu tantas oportunidades de crescer e amar todos ao seu redor.
Mas sinto muito!
Pois está é a ultima vez que te falo.
Depois fica por sua conta e risco!
Não quero te ver sofrer!
Lavo minhas mãos!
Sinto muito!
Tchau!
Sentado em sua sala,
agoniado, e desesperado
aguardando o telefone tocar,
esperava uma boa notícia,
uma notícia para festejar.
O telefone toca,
era os médicos dizendo,
teremos que desligar.
Lá se foi a esperança,
o meu chão, a minha vida.
O mundo que tinha cores,
deixou de ser colorido.
E os pássaros que cantavam,
já não cantavam mais.
Família e Amigos se abraçando,
era uma cena de arrepiar.
O luto nasceu, e a dor prevaleceu.
O seu corpo ainda estava quente,
o seu coração parecia bater,
e você iria renascer.
Mas não foi bem assim,
você se foi, o seu corpo esfriou,
para nós, foi o fim.
O seu corpo não chegava,
o sepultamento já estava pronto,
dormi em um sofá te esperando,
como se iria voltar,
e tudo iria mudar.
Ao acordar, o dia estava parado,
o som da Igreja veio a tocar,
informando o seu falecimento
parecia não acabar.
Chegou a hora de dizer Adeus,
filhos e amigos te levando,
pais e filhos se abraçando,
foi um final de desespero.
Agora só resta lembrança,
de músicas,
memórias de quando criança,
um rosto lembrado,
espírito de Soldado,
Aplausos sem Fim.
Ao atender o telefone ou falar com alguém, se perguntarem como você vai e você responder com o vitimismo de sempre com alguma coisa como: "estou levando a vida como Deus quer"; "a vida é dura"; "estou vencendo a dureza"; devagar você vai notar que as visitas e ligações dos amigos e dos parentes vão rarear cada vez mais. Ninguém gosta de vítimas, pois coisas ruins acontecem com qualquer pessoa e nem sempre alguém fica destilando tragédias para terem pena.
O fato de eu não gostar de falar ao telefone não significa que eu esteja me escondendo, jamais me escondi, a prova disso é meus textos constante, meus livros, e se procurar bem até meu endereço e telefone você acha na internet hoje em dia.
Então dizer que me escondo por que não falo ao telefone, é por que você realmente não me conhece, e nem queira conhecer.
Tenho saudades de muitas coisas hoje ditas obsoletas,
o telefone de disco,
do toca disco de vinil, ( ainda tenho vários sem lugar para tocar )
saudades da vida sem internet,
saudades do arroz de sardinha da escola,
saudosismo ?
Não,
apenas uma vontade louca de passar mais tempo
com as pessoas que amo,
que merecem minha atenção real,
de interagir com meu filho,
minha esposa,
meus amigos reais, ...
Hoje as facilidades virtuais de interação são otimas,
não vou negar.
Tenho vários e ótimos amigos virtuais.
Hoje, só fica só quem quiser,
pq em todo lugar,
você pode acessar um amigo,
mas, a pior parte dessa facilidade,
é que você,
não pode abraçar esse amigo.
Boa noite a todos.
Namastê
Esperei o telefone tocar com você me pedindo pra ficar, mas não tocou e as horas se passaram, os dias, as semanas, os meses.. O tempo passou enquanto minha esperança ficava, ficava e ficava..
Na volta que se deu
No tempo que se foi
O mundo mudou
O telefone chama
Sua voz clareia
O coração pulsa
Alegria de uma roda viva
De um parque de diversão
Coração pulsante
Na roda gigante
O trem passa
Ligeiro como avião
Você pousa
Como um bem-te-vi
Estende suas asas
Voa rasteiro
Assobia a canção
A mais bela
Entre elas
De um "ser"
Chamado de amigo
Chopin Bukowski
este é meu piano.
o telefone toca e as pessoas perguntam,
o que você está fazendo? que tal
encher a cara com a gente?
e eu digo,
estou ao piano.
o quê?
desligo.
as pessoas precisam de mim. eu as
completo. se não podem me ver
por um tempo ficam desesperadas, ficam
doentes.
mas se as vejo muito seguido
eu fico doente. é difícil alimentar
sem ser alimentado.
meu piano me diz coisas em
troca.
às vezes as coisas estão
confusas e nada boas.
outras vezes
consigo ser tão bom e sortudo como
Chopin.
O TELEFONEMA
o telefone tocou mais nao atendi
nao esperava que seria voce,
eu realmente nao esperava nada de voce
mais ver seu nome ali nas, chamadas nao atendidas
pensei por um momento
nas mensagens nao respondidas
nas noite maus dormidas
que esperei por voce
eu realmente nao sei o porque da sua ligaçao
depois de ter, arrasado com meu coraçao
voce foi tao cego , e eu fiquei muda, e ficamos surdos por um momento
nao ouvimos nossos sentimentos
e me bate um arrependimento
se eu tivesse te atendido evitaria
tando sofrimento
e essa dor pulsante, como dói
meu coraçao dói pelos sentimentos que estao nascendo
e o tempo esta correndo
se podesse voltaria no tempo , e isso nao e possivel e me corrói
mais o medo nao vai me impedi de tentar
o amor é um campo de batalhas e sei que por ele vale a pena lutar
Engraçado quando o telefone toca e é você. Rastros da sua dependência dos meus atos... "Você vai pra facul?" "Putz, hoje nem vou" "Ah então beleza, eu também não vou" ... Cazzo, vá! Não, não vá! Pra todo mundo é normal me ver sem você, anormal é te ver e não me ver do lado, sorrindo, babando e te agradando o tempo inteiro.
Ainda me perguntam porque eu continuo com isso, me falam ô quanto eu sou idiota e perco meu tempo.
Caracas, deixa meu coração errar, no final a dor é só minha, e pelo menos estar do seu lado preenche 0,1% do vazio da sua ausência.
Deixa eu aproveitar e amar a única pessoa que me fez capaz disso, pessoa que está quase todos os dias do meu lado, mas que não, não anda mais de mãos dadas comigo, e não me liga mais todos os dias pela manhã pra me acordar, e nem me liga a noite antes de eu dormir.
Eu juro que ainda não entendo.
Você ainda aguenta meus xiliques e mais do que isso, compactua com todos eles. Me dá razão, pede desculpas, e faz tudo o que eu peço, inclusive não olhar pra menina do lado.
Não sei me desvencilhar do nosso passado, não sei te ver só como meu amigo de sala mais grudento que não dá um passo sem que eu não esteja guiando. Não consigo, e pior que não conseguir, é não querer.
E eu vou ter que superar por mais um semestre tudo isso, vou ter que te ouvir, como se eu quisesse saber dessa sua vida longe de mim, vou ter que engolir o choro quando você for embora mais cedo sem ser por minha causa, e vou ter que sorrir e te apoiar porque é isso que os amigos fazem.
Vou entrar no seu carro, e não vou colocar a mão na sua perna. Vamos cantar a mesma música, mas vamos jurar que não estamos pensando em nada, vou virar as costas e fingir que meu coração não está despedaçado por você não me dar um beijo na testa, como você sempre fazia antes de eu partir.
Eu vou suportar por mais um semestre tudo isso, e vou perdoar todos os seus enganos, vou costurar as feridas quando você me ferir, calada!
Vou fingir que está tudo bem, e vou te deixar partir... mais uma vez!
Não existe mais tática, estratégia, plano, ou que nome você queira dar.
Eu não vou mais lutar!
Vou fazer o meu papel, e vou tentar superar!
Só por AMOR, eu te deixo ir!
Um pouco de dinheiro, aquela lingerie sexy e o telefone de uma pegada é sempre bom guardar... Nunca se sabe quando você vai precisar!!
Inicio uma ligação no celular e no mesmo momento meu telefone residencial toca, logo penso "liguei pra mim mesma" e assino o laudo de loucura.
Sempre que alguém de meia ou pouca intimidade me pede o número do meu telefone eu desconverso ou invento uma desculpa pra não passar. Já é difícil conversar quando nenhum assunto que vem dali te interessa, imagina sem olhar nos olhos.
Ele: E aí gatinha, qual seu telefone?
Ela: Nokia, e o seu?
Ele: Não, o número do telefone.
Ela: E75 e o seu?
Ele: Não, o número pra eu ligar.
Ela: O pin? Ah é 1892 e o seu?
Ele: Até quando você vai entender até onde eu quero chegar?
Ela: Chegar no que?
Ele: Eu quero o seu telefone, poxa.
Ela: AAAH SOCORRO, UM LADRÃO AAAAAAH SOCORRO!
O telefone tocou...
- Alô?
- Alô. Luciano?
- Sim. Quem é?
- Não conhece mais a minha voz?
- Não estou conseguindo identificar. Quem está falando?
- Nossa, como foi fácil pra você me esquecer... Acho que não tivemos muito significado...
- Nathasha?!
- Oi...
- Que surpresa você me ligar! Pra quem disse que queria me esquecer para sempre...
- Vai ofender? Eu desligo!
- Fique à vontade, querida. Quem ligou foi você mesmo...
- Não, espere, não vou desligar. Desculpe. É que estou aborrecida, só isso.
- Tá. E o que você quer?
- Nada. Eu só queria ouvir sua voz.
- Só? Então já ouviu. Mais alguma coisa?
- Espere, pare de ser grosso. Não, desculpe, não desligue. É que eu estou me sentindo muito sozinha.
- Foi você quem quis assim, querida. Sorva do seu próprio veneno.
- Realmente você não muda. Só sabe acusar...
- Bom, vou desligar. Tchau...
- NÃO, PELO AMOR DE DEUS, não desligue, espere, preciso te dizer algo...
- Fala logo, Natasha. Tenho que trabalhar.
- Eu estava errada. Me perdoe.
- ERRADA? Você estava errada? Tem certeza disso? Será que não é um pouco tarde pra dizer isso?
- Mas agora eu reconheço...Por favor, amor, me perdoe!
- Agora? Depois que você acabou comigo, querida? Até hoje eu pago o mico do papelão que você me fez passar... Convites distribuídos, acampamento alugado, comida encomendada, viagem paga, meu casamento com você, tudo perdido... (Luciano suspira). Sofri, sofri mesmo. Queria matar você! Droga, por que eu tive que amar você? Mas tudo bem. Já faz dois anos... Ah, meu Deus, dois anos...
- Luciano, pelo amor de Deus, me perdoe!
- Pra que você quer o meu perdão? Você nem ligou pra dizer que já estava com outro cara. Pra que perdão? Vai viajar com ele, vai viver com ele, meu bem... Só me deixe em paz, por favor!
Luciano chora baixinho.
Sem se dar conta, Luciano percebe uma pessoa na porta do escritório.
Era ela. Natasha estava olhando pra ele. Ela falava do celular.
Luciano fica perplexo, alegre e triste - ela está linda, belíssima, muito elegante. Mas seu rosto está abatido, cansado, doente. Na mão tinha uma sacola. Aproximou-se da mesa de Luciano, e, com olhos lacrimejantes, desligou o celular, olhou para ele e disse:
- Oi, amor.
- Oi, Natasha. Pare de me chamar de amor. Você tá um caco, filha!
Olhos baixos, Natasha começa a tirar da sacola algumas coisas: uma caixa do correio com um CD do Demmis Roussos, que Luciano havia enviado de presente no aniversário, uma boneca de porcelana numa casinha de papel, um celular pré-pago, alguns livros devocionais, uma bíblia de Genebra e um pacote de fotografias. Luciano a observava, perplexo, triste, e via as lágrimas de Natasha molharem a fórmica da sua escrivaninha. Cada objeto tirado era uma facada no coração sofrido de Luciano. Algumas coisas lhe custaram caro, ele fizera grande esforço para pagá-las. Mas, pensava ele, se era pra ela, valeria à pena o esforço. Quando tudo terminara, ele se arrependera de tanto gasto desperdiçado...
- Pensei que você havia jogado fora as coisas que lhe dei, Natasha...
- Eu nunca me esqueci de você, Luciano. Eu errei. Errei muito, me perdoe...
Luciano, jovem advogado, lutador com as interpéries da vida, sabia que Natasha poderia estar mentindo, como tantas outras vezes, quando namoravam e mesmo quando eram noivos. Mas havia um quê de diferente no olhar vermelho de Natasha.
- Por que você veio hoje aqui, Natasha? Deu a louca? O que te traz aqui?
- Natasha suspirou, chorou, recompôs-se e disse:
- Estou com câncer, Luciano...
- CÂNCER? Luciano petrificou-se.
- Sim, amor, eu vim me despedir. Saí do hospital à força, pra falar com você e pra morrer em casa...
Luciano não esperava por essa. Veio-lhe à memória uma de suas discussões, onde Natasha, na hora do nervoso, dissera: "E daí, Luciano? Que se dane a igreja, que se dane o pastor, que se dane você, e se Deus achar que estou errada, que me castigue..." Nossa, era como se a cena passasse de novo na mente de Luciano.
- Como foi, Natasha?
- Depois que eu deixei você, amor, fui caindo no abismo, afastei-me do Senhor, fui morar com o André, abandonei a Cristo. Eu estava cega. Mas Deus me amava, Luciano. Se eu não fosse dEle, estaria numa boa agora, bem com o André, bem comigo e pronta pra ir pro Inferno. Mas, por amor, Deus veio corrigir-me. Ele repreende e castiga a quem ama. Ele me ama, Luciano! Estou doente. Mas estou bem, porque estou podendo vir até você pra pedir perdão! Nunca fui feliz, nunca tive paz, saí de casa com 3 meses de vida a dois. O André me batia, me traía, eu fugi.
- E ele não foi buscar você de volta?!
- O André foi assassinado, Luciano. Tráfico de drogas.
Luciano estava perplexo.
- Luciano, estou voltando pro Senhor, estou me preparando pra partir. Mas tenho que receber o seu perdão, amor! Sei que nunca irei compensar o que lhe fiz, mas... por favor... ME PERDOA, AMOR!
Luciano olhou para aquele resto de mulher - outrora tão orgulhosa, ostentando tanta beleza e auto-suficiência, confiando tanto em seu corpo e em sua fulgurante beleza, e agora, bonita ainda, mas notadamente pálida, enferma, cheia de hematomas nos braços, pescoço e pernas, e triste, profundamente triste, a implorar-lhe perdão para morrer em paz!
Cena patética! Ali estava quem Luciano mais amara na vida, quem mais o fizera sofrer, a depender de uma palavra apenas, para morrer em paz!
"Hora da vingança", veio-lhe à mente. Claro, agora seria a hora da revanche! Mas Luciano era um moço crente, de bom coração, e seria incapaz de reter a bênção para aquela a quem tanto amara e que, infelizmente, ainda tanto amava e tanto o fazia sofrer...
Quer que eu perdoe você, Natasha?
SIM, PELO AMOR DE DEUS, Luciano! Nunca mais tomei a Ceia do Senhor, nunca mais louvei ao Senhor com alegria, nunca mais fui membro de igreja, não agüento mais! Aceito as conseqüências, mas, por favor, diga que me perdoa!
Enxugando as lágrimas, refazendo-se, Luciano olhou-a no fundo dos olhos, tomou as suas duas mãos, que estavam frias como as de um defunto, e lhe disse, num terno sorriso misericordioso:
Querida: desde que você foi embora eu já havia lhe perdoado. Mas, se você quer escutar e sentir paz, ouça-me: EU PERDÔO VOCÊ POR TUDO QUE ME FEZ. VOCÊ ESTÁ LIVRE EM NOME DE JESUS!
Natasha tremeu. Gritou "aleluia", sorriu, chorou, e caiu desmaiada.
Logo o assistente de Luciano veio ajudá-lo, e, colocando-a no carro, levaram-na para o hospital. Luciano tinha o telefone de toda a família ainda, ligou e avisou. Em uma hora todos estavam ali na recepção, tristes, aflitos, alguns desesperados. Chegou o pastor. A família implorou-lhe que fosse até a UTI orar com ela. O pastor, que conhecia o Luciano, olhou bem pra ele, pensou, fechou os olhos em oração, e, a seguir, falou:
Quem tem que entrar é o Luciano. Vá lá, Luciano. Eu conheço o diretor da UTI, pedirei autorização.
EU, PASTOR?
Sim, filho. Ela é o seu amor.
FOI, PASTOR...
Não, filho. Deus o uniu a ela novamente, ainda que seja na despedida.
Luciano não sabia o que fazer. A família, desconsolada, chorava, mas a mãe, certa do que tinha que ser feito, empurrou o Luciano até a porta, dizendo: "Vai, filho, corre, antes que seja tarde!"
Ah, aquele corredor que dava para a UTI parecia não ter fim! Cada passo dado era uma lembrança: o primeiro beijo, a primeira maçã-do-amor, o primeiro jantar, o primeiro por-do-sol juntos; o dia em que viajaram num encontro missionário, o dia em que foram juntos à praia e que ele deu de presente a primeira rosa! O jantar de noivado, os telefonemas, tudo. Não sobraram recordações da tragédia, da traição, do desprezo. Na verdade quem ama guarda as más experiências numa sacola furada. E Luciano fez assim.
Vestido com o jaleco, a máscara e o sapato de pano, Luciano entrou.
Vários boxes onde pessoas definhavam. Lá estava Natasha, no número 6. Estava no respirador artificial, cuja sanfona funciona como um pulmão e faz um barulho horripilante. Estava linda, mas totalmente ligada a aparelhos, notadamente cansada, em coma, morrendo. Luciano sentiu sua dor. Chorou. Tremeu. Segurou forte a mão de sua amada.
Pensou em Cristo, que dera a vida pela noiva, pensou em Oséias, que aceitou a esposa adúltera novamente, pensou em Deus, que tantas e tantas vezes tratou a Jerusalém com compaixão. Quem era ele para não perdoar? Quem era ele para não acolher?
Então orou.
"Senhor, o que posso dizer? Minha garota está morrendo! Ex-garota, claro. Mas mesmo assim está doendo, Pai! E eu sou impotente diante de tudo isso! Essas máquinas, esse cheiro de éter e de carnes inflamadas, esse barulho infernal, meu Pai, o que posso dizer? Que deixe a minha garota morrer em paz? Sim, Senhor, leve-a para a tua glória! Eu a amo! Mas sei que tu a amas mais do que eu! Abençoa a Natasha. Em nome de Jes...
Subitamente Luciano pensou em completar a oração com o seguinte pedido:
"Mas, Senhor, se ainda houver um espaço para ela viver para ti, recuperar parte do tempo perdido, se na tua infinita misericórdia não for demais, por favor, Senhor, cura a tua serva. Ela já sofreu bastante, ela aprendeu, Senhor. Até eu, que fui o mais ofendido, já a perdoei! Por favor, Senhor, se der, devolve-lhe a vida! Mesmo que não seja pra viver comigo. E agora sim, em nome de Jesus. Amém".
Por favor, me avisem - disse Luciano aos familiares - , me avisem quando tudo terminar. Quero estar presente.
E foi embora. Tirou a tarde para viajar, seu hobby preferido: foi pra uma cidadezinha próxima, ver o pôr-do-sol.
PARTE FINAL
No caminho, ao longo da rodovia, seus pensamentos corriam mais que o vento: por que tudo isso estaria acontecendo? As coisas não poderiam ter sido mais fáceis? E agora? Ele, no carro, ela no hospital, a lembrança daquelas máquinas monstruosas de prolongar a vida não lhe saíam da memória... As lágrimas corriam, misturadas à poeira do vento seco do caminho.
Revoltado com tudo isso, parou o carro no acostamento. Encontrou uma estradinha de terra. Devagar, como a seguir um féretro, entrou pela rota dos sitiantes. Subiu devagar a montanha, encontrou um mirante.
Parou, abriu a porta, e, num grito de dor e lamento, chorou. Ah, como chorou! Seu pranto escorria pela porta do carro. Os pássaros, assustados, aquietaram-se nas árvores, contemplando aquele misto de dor e revolta. Parecia que todo o mundo fazia silêncio em respeito a tanta dor.
Deus, por que? Por que? Por que? Por que tive que amá-la? Por que tive que vê-la? E agora, Senhor, o que fazer? E se tu a levares? O que será de mim? Eu já estava quase esquecendo, Senhor! Agora tudo volta a doer! Senhor, Senhor...
Cansado de tanto chorar, entrou no carro e deitou-se, estendendo o banco para o fundo. Travou a porta, colocou uma fita de música clássica e desfaleceu. Ali estava um moço de valor, que amava e que lutava entre sua vontade e a vontade de Deus.Sonhou durante o sono, no delírio da febre. Sonhou estar na igreja.
Viu o pastor a pregar, e, ao seu lado estava Natasha, bonita e sorridente. Lá do púlpito o pastor dizia: "Aquele que amar mais à sua mulher, mais do que a mim, não é digno de mim - palavras de Jesus!" E, aos poucos, o sorriso de Natasha foi sendo coberto por uma neblina e desaparecia. Assim acordou.
Assustado e cônscio de que Deus falara com ele, pôs-se a orar, dizendo:
Senhor, sei que é difícil, mas tenho que fazer isso. Confesso que estou revoltado, ó, Pai. Quero fazer a minha vontade, não a tua. Eu não estou conseguindo aceitar a tua vontade, caso seja a de levá-la embora! Sei que estou errado, Senhor, e sei que é isso que quisestes me falar. Senhor, sou teu servo e quero te obedecer. Se irás tirar a
Natasha mais uma vez, tira-a, apesar de mim. Por mais que isso doa,
Senhor, prefiro assim: não quero perder-te Senhor. Só me ajude e console o meu coração... Tu sabes o que será melhor para ela, e também melhor para mim. Em nome de Jesus, amém.
Voltou a dormir.
Toca o celular.
Alô?
Luciano?
Sim, sou eu.
Aqui é o pastor, filho. Como você está?
Bem mal, pastor. Mas sobrevivendo...
Eu orei por você, garoto. Pedi a Deus para lhe fazer suficientemente forte para renunciar, se preciso for. Você quer conversar sobre isso?
Pastor - disse, sorrindo o rapaz, - já o ouvi pregar agorinha mesmo no sonho, já renunciei a Natasha. Está doendo, mas estou em paz.
Obrigado.
Ótimo. Então volte pro hospital, Luciano. A Natasha acordou e saiu do estado crítico. Ela quer ver você...
O QUE??? SÉRIO, PASTOR?
Séríssimo. Vem com calma, mas acelera, filho...
Não levou hora e meia e Luciano estava entregando a chave do carro pro manobrista do hospital.
E a Natasha? , perguntou à mãe dela.
Filho, corre, ela está chamando por você! Vai, filho! Deus está agindo! Eu já a vi, mas ela teima que quer ver-lhe!
Agora o corredor do hospital era longo demais para ele. Se pudesse, daria três passos em um, para chegar mais rápido e contemplar o rosto de sua amada. Seu coração estava disparado, pensava no que ouviria e no que diria. O suor lhe escorria pela face e as vistas estavam enfumaçadas. Correu a vestir o jaleco, o sapato de pano, as luvas e a máscara. Box 06. Lá estava ela, e três médicos
palestrando. Ao olharem o rapaz, perguntaram:
Você é o Luciano?
Sim, doutor, sou eu. Por que?
Converse um pouco com ela. Ela gritou o seu nome por mais de meia hora e nos deixou quase loucos! Isso é que é amor! Mas seja breve, ainda não entendemos essa súbita melhora. Temos que medicá-la novamente.
Aproximou-se do leito. Os lábios de Natasha estavam sangrados, a boca ferida, canos haviam saído da garganta, o pescoço estava com fios, braços e pernas com soro, sondas, enfim, uma cena dramática, mas não tanto quanto na última vez. Pelo menos o respirador artificial estava desligado, e em silêncio...
Lu..cia..no.. me.u...a..mor....
Fala, querida, eu estou aqui!
Je..sus....veio..a..qui! Eu..vi!
Luciano deixou as lágrimas verterem de seus olhos, lágrimas quentes e profundas.
Você estava sonhando, querida.
Nã..ão, meu ..a..mor, Je..sus veio...me di..zer.. uma..coi..sa!
Um tanto alegre, mas também incrédulo, Luciano pergunta:
E o que Jesus lhe disse, amor?
Dis.se...que.. vo..cê..me ama..va e..que..es.ta...va... (cof! cof!) es..ta..va. orando lá..num sí..tio.. por..mim...e ..lu..tan..do ...para me renun..ciar..
Luciano gelou. Natasha completou:
E..le.. me..dis..se..que..a.ceitou..a.sua..or.a..ção!
Agora ele estava arrepiado. Não só isso, ele estava com as pernas totalmente moles e adormecidas, num misto de medo e perplexidade.
E sobre você, amor, ele disse alguma coisa?
Dis.se..pa..ra....que..eu não ...pe..casse.. de nno..vo... - Natasha adormeceu.
Natasha!!! Natasha!! Não morra!!!
Calma, garoto - disse o médico - ela só adormeceu. Fique tranqüilo, mas saia agora, temos que seguir os procedimentos necessários.
E assim foi.
Natasha saiu do hospital em 20 dias. Sem explicação convincente, os médicos quiseram impetrar a si mesmos um erro de avaliação e diagnóstico,dizendo que pensaram que havia câncer onde nada existia, mas não sabiam explicar as dúzias de exames, de biópsias, de ressonâncias e de quimioterapias feitas. Claro, grande parte da medicina desconhece o poder de Deus, a misericórdia do Altíssimo. E um câncer desaparecido tem que parecer um mero "erro médico". Mas o milagre acontecera de fato...
Outra tarde, fim de expediente no escritório de Luciano, Natasha de pé em frente à escrivaninha de trabalho dele.
Luciano, de agora em diante eu viverei cada dia como um milagre do
Senhor, e viverei apenas e tão-somente para a glória Dele.
Que bom, Natasha! Espero que você seja feliz! Orarei sempre por você!
Luciano...
Fale, querida.
Quero pedir só mais uma coisa.
Se eu puder atender...
Eu quero me casar com você e ser a sua mulher, a sua companheira, e servir ao Senhor ao seu lado. Eu te amo! Me perdoe por tudo que fiz!
Era tudo o que o rapaz queria ouvir. Sorridente, abriu a gaveta da escrivaninha e tirou uma linda boneca de porcelana, numa casinha de papelão, idêntica à primeira, presenteada quando começaram a namorar. Levantou-se, entregou-lhe a boneca, abraçou sua amada pela cintura, trazendo-a para junto de seu rosto, e lhe disse, com um brilho jamais visto em seu olhar:
Eu perdôo você e quero recebê-la como minha esposa, meu amor. Eu te amo!
Também te amo, querido!
Não se podia descrever o que era mais bonito e brilhante; se o brilho do sol da tarde, clareando toda a sala pelas vidraças, ou se o brilho do beijo de Natasha e Luciano, ao som da mais linda música que o mundo pode ouvir: o palpitar de dois corações apaixonados.
Aliás, apaixonados por Deus primeiramente, e, por causa do Senhor, apaixonados um pelo outro...
Alguns dias atras estava afim de um cara,pedi o telefone dele e conversei com ele,só que eu acabei me apaixonando pelo melhor amigo dele.Mas eu to com medo,ja que eu dei muito mole pra ele,e estou com muito medo da reação dele,mas eu não posso fazer nada se eu gosto do amigo dele. POR FAVOR me AJUDEM........