Tédio
Debruçada, já com os braços e mente dormentes, de fundo uma voz tagarelava sobre equações e seus graus e não parecia importante, talvez estar estagnada em uma espécie de não existência fosse mais produtivo do que este mantra sem sentido repetido aula pós aula, professor pós professor. Apenas porque descobrir é mais interessante do que aprender, viver uma história é mais gostoso que ouvi-la, já não me importava mais saber que "sentimento" era uma palavra paroxítona, composta por quatro silabas, não há gramatica que descreva o que se sente, saber dividir era mais útil de que a equação e seus graus, estudar as partículas subatômicas não fazia sentido sem antes conscientizar-se da imensidão do universo.
Tudo não passava de teorias, queria prova-las, aprova-las, questionar e inventar algumas outras novas. O que diabos eu estava fazendo ali afinal? Meus braços continuavam dormentes, minha mente se desligava por total, talvez sonhar seja mais produtivo, pensei!
De fundo a voz ainda tagarelava e por dentro incessantemente o coração batia.
"Tudo - mais cedo ou mais tarde - ainda nos matará: a falta ou o excesso, o meio termo ou a meia boca, a repetição, o vazio e o tédio"...
Quinta-feira, um dia incomum
dentro do comum, o tempo não passa,
de repente ele para.
Angustia no peito, que demora,
sempre querendo ir embora,
ficar só, junto dos seus.
Mas os seus não se dão,
é ficar só no meio da multidão.
O pior de ficar entediado não é a chatice que o cerca e sim o fato das coisas interressantes terem sumido do nada.
Fazer tempo passar? Não. Faça o tempo esperar tua melhor atitude de cada novo segundo. Seja dominante de todo tempo que tem.
Para o mundo que brilha sombriamente
Em comunhão com a escuridão
Onde a intemporalidade gera tranquilidade;
E eu na sarcástica petulância
De fugir do meu receio...
Confinando-me a esta cela
De estranhezas e desprezo
Contra essas paredes
De uma realidade há muito tempo fraturada,
e que sangra-me a carne já mortificada...
Que enferruja-me as entranhas de meu cerne
E aprisiona-me neste ergástulo de memórias nevoentas...
O brilho opaco de névoas urdidas por almas já olvidadas...
E os uivos agonizantes de um páramo murchando
Envolto em decadência...
Minha solidão grita em versos depressivos...
Ansiando arranhar esse refúgio até se fender
Ou colapsar, como tecidos frágeis.
Sinto-me engaiolado, sibilando uma canção para o tédio;
Ele que dilacera o espírito; fruto pútrido dessa Quarentena.
E eu olho para os olhos brilhantes desse loop...
Que semeia sofrimento ainda mais desenfreado
Rasgando-me... Mais sou apenas mais uma planta neste cenário sombrio.
Está sentindo falta de interesse em tudo ao seu redor?O ambiente está chato demais sentindo a vida monótona?
Tem algo que pode fazer que vai te engrandecer, satisfazer e preencher esse vazio.Pode uma ajuda oferecer,se doando a uma pessoa, ou uma família ,a não mais, de necessidade padecer.
Esse tédio vai desaparecer,você vai ver!
A vida morna, entediante, com a falta de entusiasmo e brilho nos olhos é a única morte que devemos temer.
<Memórias do caos>
Põe fermento na mistura, sova e amassa a massa,
deixa a mistura vingar, deixa o bolo da vida crescer.
Por que o tédio, amigo, é a sala de espera do caos:
- Do nada, transborda e escorre pelas bordas
e sem se perceber, o vazio que era, rapidamente deixa de ser.
Valoriza as suas conquistas diárias, segue em frente com a tua vida,
dá um beijo de boa noite na sua filha
e um abraço apertado no seu pai...
Por que de repente a roda da vida gira
e até o caos que parecia bom vai entediar você.
tornou-se, minha vida, monótona ou, de alguma forma, minha mente, pretensiosa, veio à tona e passou a entediar-se mais facilmente?
O conformismo tem a vantagem de permitir que não nos estressemos mais do que o necessário e o inconveniente de nos deixar entediados.
Isto está tudo decadente: já nem decadentes há.