Tecnologia
Mais dados significam menos privacidade. Mais velocidade significa menos precisão. Mais autonomia significa menos controle.
A nova onda de inteligência artificial não nos traz propriamente a inteligência, mas um componente crítico dela: a previsão.
Minha sensação hoje é a de que a tecnologia da modernidade nos trouxe uns óculos monocromáticos e só enxergamos o que está na superfície, o que vem fácil. Sinto-me às vezes no meio de uma legião formada pela alegria instantânea e felicidade fútil. Não se pode perder nada. Aqui onde queremos estar, não há estresse, sacrifícios ou perdas.
Não adianta pensar em futuro, demonizando a tecnologia digital. É o mesmo que tentar dirigir um carro de rodas quadradas. É remeter-se a Quixote lutando contra moinhos. É ingênuo.
Não é apenas a inteligência tecnológica que evoluiu. Tem gente que há muitos anos é artificial. Depois da pandemia, então, se superou.
Estou no ponto, esperando o bonde da História. Descobri que ele é circular, e passa a cada 100 anos. O problema é que vem muito cheio.
Contra desculpas em geral, principalmente a da falta de tempo, uma boa resposta: "Imagino como dever ser atribulado!"
Estamos em 2020 e o meu liquidificador ainda consegue ligar mais rápido do que o meu computador com processador de alta tecnologia.
As regras da sociedade atual que foram construídas há décadas são pautadas no acúmulo de conhecimento e no acúmulo de riqueza.
E isso funcionou muito bem, temos pessoas tão ricas que estão além da imaginação da grande maioria das pessoas. Temos poucas pessoas com muito conhecimento e riqueza.
Isso vai mudar
As regras de um novo mundo digital pautado em tecnologia não vão conviver com as regras do velho mundo.
Não será a tecnologia que vai escolher essa posição de anarquia, mas sim o povo fará essa escolha.
As regras da sociedade atual que nos trouxeram até hoje, não são as regras que vão nos levar além!
A inteligência artificial tem o potencial de moldar o futuro de maneiras inimagináveis, tornando possível a realização de avanços científicos, tecnológicos e sociais nunca antes vistos.
A tecnologia, a medicina, os conhecimentos e a velocidade de tudo avançam a passos largos. Era para o mundo sempre caminhar para a frente, mas não: em termos de relacionamentos, afetividade, empatia, sentimentos, ainda há muito retrocesso. Parece que, quanto mais informação existe à disposição, menos ela é consultada.
Ainda há muito a ser aprendido quanto à convivência e às redes sociais, por exemplo, uma vez que o mundo cibernético parece, muitas vezes, uma terra de ninguém, sem lei, sem ordem, sem ninguém que se importe com o outro. A tela fria do computador e dos smartphones acaba como que contaminando tudo o que está ali dentro. Talvez por se tratar de um ambiente em que ninguém vê o outro, há muita coisa desumana sendo postada.
Da mesma forma, no mundo fora das telinhas e dos celulares, não está muito fácil para ninguém.
A competitividade exacerbada e o apego materialista, infelizmente, acabam sendo a tônica dominante que subjaz a relacionamentos diversos. Soma-se a essa dinâmica um egoísmo que tomou conta de muitas pessoas, cujas visões de mundo raramente acolhem o outro, o diferente, o contraditório.
Infelizmente, tem muita gente espalhando fofocas baseadas em suposições. Tem muita gente querendo puxar o tapete do outro. Tem muita gente querendo destruir e difamar a vida de quem nunca fez nada para merecer isso. Tem muita gente que não sabe amar, pois nunca foi amada.
Tem muita gente julgando e apontando o dedo, sem se olhar no espelho. E, por conta disso, tem muita gente adoecendo emocionalmente, em consequência da maldade alheia.
Nem sempre sofremos por algo que nós próprios fizemos, pois existem fatos que chegam até nós e nos atingem profundamente, mesmo que não estejam totalmente relacionados a nossas vidas. O que fere quem amamos, por exemplo, também acaba nos ferindo de certa forma. Com isso, embora tenhamos que aprender a não carregar pesos que não sejam nossos, muitas vezes acabaremos procurando ajuda para lidarmos com aquilo que nem fomos nós que provocamos.
A humanidade vai sim acabar por causa da tecnologia, mas não por causa dos robôs ou da inteligência artificial, e sim pela tentativa falha mas repetitiva do ser humano a adaptar as coisas para seu prazer e conforto, e isso é pelo sonho de um dia não precisar se preocupar com nada. E para isso tentam esquecer ou ofuscar de alguma forma a realidade, mas a realidade é real, e não um sonho.