Talvez
Eu não aguento mais, está explodindo dentro de mim, tenho que chegar ao fim, talvez sabendo que você não vai estar lá, mas estou acostumada com a solidão.
Talvez esse homem seja mesmo um tolo. No entanto, é menos tolo que o rei, que o vaidoso, que o empresário, que o beberrão. Seu trabalho ao menos tem um sentido. Quando acende o lampião, é como se fizesse nascer mais uma estrela, ou uma flor. Quando o apaga, porém, faz adormecer a estrela ou a flor. É um belo trabalho. E, sendo belo, tem sua utilidade.
– Sério, até esse exato momento achei que você fosse de pelúcia. (Homem de Ferro)
– Talvez eu seja. (Rocket)
Paixão é droga, é talvez um vírus contagioso através do olhar. E viciante pelo gosto mentiroso e efeito alucinógeno que afeta a consciência e o coração.
Talvez nunca mais se cruzem. Talvez ela mude de emprego, alugue um apartamento novo de frente para um pracinha com uma única árvore, comece a acordar às cinco da manhã, passe o café enquanto procura um par de meias, venda o carro, comece a pegar duas lotações para chegar no novo emprego, ache até bonito o uniforme, quem sabe canse no fim do dia, chegue atrasada no ponto de ônibus, não tenha o dinheiro para o táxi. Ele deve ter escolhido ficar em São Paulo, ou no Rio de Janeiro ou em Brasília, não importa aonde ele tenha ficado, talvez ele queira ganhar muito dinheiro, comprar um flat de frente para o mar, viajar para Dubai no próximo feriado, comprar um carro novo, pedir para alguém fazer seu café, ter uma sala só para ele no andar mais alto do prédio, sapatos de couro, meias bem alinhadas, talvez ele preferisse ternos mais claros, um cartão com limite mais alto. Eles não souberam quando começaram ou terminaram, se por algum momento a mágica do “nós” chegou a acontecer, se podia ser amor ter vontade de dividir uma pizza. Talvez ela quisesse somente uma companhia, alguém para chamar de “amor”, um par de meias novas no Natal e passear na pracinha que tem apenas uma árvore. Ele quis um apartamento maior, a estabilidade que pode ser superficialmente alcançada, um salário mais proveitoso. Nunca disseram adeus, nem até mais, nem qualquer outra coisa que desse possibilidade de um fim ou de um próximo encontro; terminavam as conversas com beijos, quando mais frios com abraços. Talvez ele a ame. Talvez ela quisesse saber disso. Por causa da mudez das emoções que sentiam, eles não sabiam que destino davam a si. O bonito deles é a coisa mais simples em suas histórias: de alguma forma silenciosa e cheia de esperança, eles esperavam um pelo outro, embora nenhum pedido tenha sido feito.
O que me leva à loucura é a natureza dupla desta ninfeta - talvez de todas as ninfetas; essa mistura, em minha Lolita, de uma infantilidade terna e sonhadora com uma espécie de estranha vulgaridade, derivada dos rostinhos atrevidos que aparecem nos anúncios e nas fotos de revista, das rosadas imagens de criadinhas adolescentes...
Talvez eu nunca entenda o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis. Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e eu sei do poder que as palavras exercem sobre mim.
HIPÓTESE
E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Não é fácil
amar e não ser amado
sofrer e esta dor não passar
morrer, e talvez
ainda estar apaixonado
não é fácil ligar todas as noites
e ser ignorado
tentar ser forte
mas na verdade, ser um derrotado
por medo de amar
pelo simples medo de sofrer
amar é sofrer
sofrer é amar.
Não deixei de te amar, só aprendi a viver sem você. E talvez isso seja o melhor a se fazer. Não adianta insistir em algo que estamos vendo que está dando errado, e nada se faz para reparar os erros. É melhor sofrer a agora, do que eu te amar a tal ponto que não saiba viver sem você e seus erros... E, e eu começar a viver sem mim. Agora viverei por mim, consertarei meus erros. E me amarei de tal maneira que eu seja minha prioridade.
Talvez quando nos encontramos querendo tudo, é porque estamos perigosamente perto de não querer nada.
Plateia
Talvez eu nunca entenda o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis. Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e eu sei do poder que as palavras exercem sobre mim.
A verdade é que sempre me esquivei de qualquer pequena possibilidade. Sempre tive medo de gostar e ser deixada. Porque veja bem, de primeiras impressões o mundo está cheio. E logo meu primeiro coraçãozinho na agenda, ficou partido quando menos se esperava. Eu tive todos os motivos pra acreditar num sentimento que logo se foi; e foi sem me levar.
Cansei de ouvir que eu não me deixo levar, que eu não me abro e não dou espaço. Disso eu sei. Eu só queria ter aprendido no colégio como mudar os defeitos que vêm na fabricação. Minha frieza de visão só me faz ver defeitos e faltas. Eu não sinto. Eu não me abalo. Eu sei o que vai acontecer e não me surpreendo. Eu acho graça do esforço e da boa vontade, mas isso é muito triste pra mim. É como se eu me assistisse de fora o tempo todo, tendo consciência de cada passo, cada sorriso, cada palavra. É como se eu fosse plateia da minha própria solidão. Se ao menos eu pudesse ter a certeza de que isso um dia vai mudar...
Sinto falta e medo. Talvez nunca ame, talvez seja nova demais pra dizer isso. Quero o frio na barriga, a emoção de primeiros encontros. Quero escrever mais que palavras de desculpas, textos sobres finais sem final; quero mais que arrumar coragem pra terminar. Quero coragem pra começar.
Talvez um dia você descubra que eu faço falta. E talvez eu descubra que ficar com você não vale a pena.
Eu queria tanto conhecer alguém. Talvez o tempo traga uma pessoa, uma pessoa especial. Talvez eu resolva isso aos poucos, sem sentir. Depois de resolver a mim mesmo.
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Nota: Poema de Fernando Pessoa (heterônimo Alberto Caeiro).
...Lutar por aqueles que você perdeu
e por aqueles que tem medo de perder
talvez seja assim que todos devam viver...
Talvez a saudade seja uma das mais belas formas de afinidade, sem ela não teríamos a alegria do abraço de alguém que mesmo distante nos faz bem.
Menina, você é linda! Me promete cuidar do seu coração? Já foi ferido, enganado, talvez rejeitado, mas isso só aconteceu porque as pessoas as quais você o permitiu conhecer, eram pessoas erradas. Pessoas erradas deixam sequelas. Sequelas são alteração ou "anomalia" deixada por alguma doença grave. E que doença grave o coração pode ter? Deixar de acreditar que existe alguém para curá-lo e fazê-lo novo, melhor do que era antes. Para todo alguém que machuca e fere, Deus manda outros, que o curam e o liberam.