Talvez
Por algum motivo, os homens agonizantes sempre fazem perguntas cujas respostas já sabem. Talvez seja para poderem morrer tendo razão.
O sentimento de alegria talvez seja como um grão de ouro cintilando palidamente no fundo de um rio de tristeza.
Talvez nós todos damos o melhor de nossos corações sem questionar para aqueles que mal pensam em nós.
Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.
Às vezes me pergunto se existe algo de errado comigo. Talvez eu gaste tempo demais na companhia de meus heróis românticos literários, e conseqüentemente meus ideais e expectativas são extremamente altos.
Enquanto estou viva e
Cheia de graça,
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!
Talvez a gente goste da dor... Talvez sejamos feitos assim... Porque sem ela, sei lá... talvez não a gente não se sentisse real... Como é aquele ditado? "Por que eu continuo a me bater com um martelo?" É porque me sinto bem quando eu paro.
Como é que tu sabes sempre exatamente o que dizer para me fazer sentir bem?
Talvez seja porque tu fazes sobressair o que há de melhor em mim.
- Talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
- Meus medos?
- É.
- Eu tenho medo de ser esquecido.
Talvez eu nunca seja feliz, mas esta noite estou contente. Nada além de uma casa vazia, o morno e vago cansaço após um dia ao sol plantando estolhos de morango, um doce copo de leite frio e um prato raso de mirtilos cobertos com creme. Agora sei como as pessoas conseguem viver sem livros, sem faculdade. Quando a gente chega ao final do dia tão cansada precisa dormir, e ao amanhecer haverá mais morangos para plantar, e vai-se vivendo em contato com a terra. Em momentos assim me consideraria uma tola se pedisse mais...
Talvez eu exija um pouco demais do mundo ou de mim mesma; ou talvez eu não tenha que justificar minha solidão com exigências.
Talvez ninguém acredite.
Mas o tempo é o único caminho para mostrar as atitudes erradas.
A auto-suficiência e arrogância que tomamos do nada.