Tag sombras
Confie sempre!
Não perca a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá. De todos os infelizes, os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo. Eleva, pois, o teu olhar e caminha. Luta e serve. Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da noite. Hoje é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte. Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.
Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então as sombras ficarão para trás.
RECORDAÇÕES (perdidas)
No espelho da vida
revi mil rostos,
velhos, cansados, perdidos
em passado já distante.
Em meu espanto percebi
quem fui, pois,
na luz que refletia
finalmente eu via
o tempo que passara:
rápido, irônico, implacável.
Pedaços de mim
eram outras fisionomias,
que não eram mais
como um dia foram.
Lutei por descobrir
vestígios de outrora:
em vão!
Pois eram apenas traços,
fugazes traços.
Lembranças de rostos,
sorrisos, abraços,
carinhos, beijos.
Tempos passados,
passadas vidas,
uma palavra, um adeus.
Pensamentos decompostos
de imagens tão queridas.
São presente.
São feridas
que ficaram
na Alma.
Vozes do Passado
Acordei, e me percebi mais velho,
e era natural, sendo meu aniversário.
Porém, ao me olhar no espelho
notei o fato extraordinário;
eu estava muito mais velho ainda,
talvez muito mais do que deveria,
porque no espelho eu refletia
a imagem triste e cansada
sem o mesmo viço antigo.
Na surpresa, afastei a cortina
que me separava do passado.
Pouco a pouco notei antigos rostos,
que vinham belos a sorrir saudades,
mas que sorrindo se transformavam
em nuvens densas de poeira cinza.
De vultos velhos e curvados.
O andar trôpego se arrastando
na névoa escura do caminho,
não me permitia identificar.
Em meu espanto,vi surgir ao fundo
outra figura entre as sombras,
que refletida em mim. Era Eu,
cada vez mais velho, mais triste,
cada vez mais só, sem sorrir,
sem esperanças, sem ninguém.
Mas a solidão não me magoava,
apenas refletia o passar do tempo,
que corria e zumbia nos caminhos
de outrora, inclemente, em gritos
estridentes de muitos adeuses.
E, do fundo também se ouvia
o canto repetido e nostálgico
dos espectros das vidas passadas.
Descaminhos
Sem pedir licença
uma onda triste
invadiu minha vida
e construiu barreiras
que bloquearam risos
e trouxeram lágrimas.
Sem perguntar, ainda,
não permitiu espaços
do porque e do querer,
enfraquecendo o corpo,
deixando as mágoas
de momentos não resolvidos.
No passado, busquei saber,
mas nas sombras do presente
pude apenas lembrar
o tempo que fluiu
pelos caminhos sem rumo
e tortuosos da mente.
ÚLTIMO SUSPIRO
A escuridão abraçou minha alma vazia
Vejo meu mundo se diluindo, sufocado pela
Mortalha do destino.
Gotas rubras pingam de meus pulsos dilacerados
Frias, sem dor, sem vidas...
Nada mais importa, apenas meu último suspiro.
Vejo a luz esvanecer e a escuridão eterna me engolfar.
Sinto o mórbido sussurro da morte me chamando,
Enquanto a chuva entoa sua lamúria no vale da névoa fúnebre.
Minha essência melancólica mergulha
Na solidão da natureza morta.
Agora eu posso vagar ao lado dos emissários do silêncio,
Nas sombras gélidas, eu caminho em meio aos túmulos ermos
Sentindo as brisas deprimentes soprarem minha lápide!
Meu mundo agoniza, tudo que resta, são memórias esquecidas.
No orvalho da floresta, minhas cinzas caem e
São sopradas pelos ventos frios do inverno.
Agora posso voar como os corvos,
Enquanto meu espírito mórbido descansa
No vale do silêncio eterno.
Preto para caçar de noite e dar sorte,
Pois o branco é a cor do pranto e da morte.
Dourado para a noiva em seu vestido,
E vermelho para invocar um feitiço.
Seda branca quando nossos corpos queimam,
Bandeiras azuis aos perdidos que retornam, pois teimam.
Chamas para o nascimento de um Nephilim,
E, para apagar nossos pecados, és um fim.
Cinza para o conhecimento que não deve ser dito,
Cor de osso para aquele que não envelhece, bendito.
Açafrão ilumina a cor da vitória,
Verde para um coração partido, almejando a glória.
Prata para as torres demoníacas, cor de adamas,
E bronze para invocar poderes malignos, nada mais."
O Vale das sombras
"Caminhei por horas e horas, não achei o que eu procurava
Caminhei dia após dia, encontrei o que não merecia
O amor traçou o caminho que tão feliz eu trilhava
Caminhei por toda uma vida, mas perdi tudo o que eu tinha."
Como conviver com a escuridão
se o sol iluminava o meu viver?
Como me deitar com a solidão
depois de ter sonhado com você?
No escuro desta vida tenho vagado
Quisera eu, morrer de uma vez
Sozinho, sem ter você do lado
meu pobre coração não se refez
Como posso aceitar o silêncio
depois de ter ouvido sua voz?
Como posso não chorar - eu penso...
se o desejo de chorar é feroz?
O silêncio me embriaga o pranto
que o orgulho não deixa sair
Não pensei que doesse tanto
para uma única lágrima cair
Lágrimas de arrependimento...
Ou lágrimas de dor
De angústia, sofrimento...
Talvez lágrimas de amor
Vaguei por muitas léguas
não cheguei a nenhum lugar
Eu preciso de uma trégua
eu preciso me encontrar
Talvez não esteja perdido
pois saída já não existe mais
Eu sou como o anjo caído
que não pode voltar atrás
Talvez seja o meu destino
contra o qual não devo lutar
Fadado ao desatino
de no Vale das sombras vagar!!!
Minha inteligência não me traz felicidade, pois vem das sombras, o dia que eu conseguir a felicidade através da luz, serei um homem completo.
Fujo Das Sombras e Das Escuridões Dos Meus Medos
Misturo-me
aos girassóis!
Olho fixo a
melhor direção
que me traz a luz.
Fujo das
sombras e da escuridão
dos meus medos.
Dos meus anseios.
E toco flauta…
ao som da minha felicidade!
Não a deixo sumir de mim.
Pois preciso do calor
do sorriso, dos sonhos,
das minhas verdades.
para sobreviver.
O frio da insegurança
me dá medo!
E eu me envolvo,
cada vez mais
em pétalas
douradas de girassóis.
E é nesse momento,
que aprendo a ser intensa.
A dourar a minha pele…
E os meus sonhos!
Nós iluminamos a vida um do outro quando mais precisamos. Abraçamos as sombras que surgiram e escolhemos nos amar.
(Jang Uk)
Sabemos que existem sombras para as sombras das coisas, como um reflexo visto no espelho de um espelho. Sabemos que existem círculos dentro de círculos e dimensões além de dimensões. A própria realidade é um sombra, somente uma aparência aceita por aqueles cujos olhos evitam oque está além.
quanto menos sangrar da metal matéria mais
intervalos componho nas constelações com a etérea
maneira felicitar.
ENTRE SOMBRAS (soneto)
Ao pé de mim vem o entardecer sentar
No cerrado, a noite desce, sombreando
Vem ter comigo hora pensativa, infando
Em uma visão das saudades a lamentar
Pousa tua mão áspera em mim, causando
Nostalgias no coração dolorido a chorar
São suspiros vaporosos ecoados pelo ar
Tão tristes, ermos, do vazio multiplicando
Na noite há um silêncio profundo a orar
Exalando a secura da dor impactando
No peito, que põe os olhos a lacrimejar
Eu a escuto imóvel, apático, sem mando
No vago da solidão, e me ponho a urrar
Às estrelas, que no céu voam em bando
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
É mais fácil ignorar, cancelar, não tratar as próprias sombras. É mais fácil julgar que compreender e o homem sempre opta por aquilo que lhe poupa energia. E assim, os seres humanos vão ficando cada vez mais superficiais, pois aos poucos vão desprendendo a ouvir. São insensíveis à voz de Deus, à voz dos seus semelhantes, à própria voz. Por falta de conhecimento do Divino e de si mesmos, optam pelo caminho mais fácil, pela porta mais estreita e se destroem.
Por todas as vezes que matei a morte pelos caminhos sombrios. Vivifiquei a vida para caminhos iluminados rumo as estrelas.
Ao anoitecer
Adormecem, pois a ardente luz renasce,
Cortes de dores na alma, existe cura?
Com seu brilho, a obscuridade enfraquece,
No entardecer, uma nova marca escura,
Escuridão e o vermelho presente em mim,
Minha essência igual este céu carmim;
Astro que distancia-se a novos minutos,
Sua proteção atrofiando, quebrando,
Escurecendo, faz surgir pesadelos mútuos,
Sangue escorre dos meus olhos, andando,
Seguido com negrume da noite a adentrar,
Não peça permissão, afinal a deixo entrar.
A primeira providência para encontrar a felicidade é deixar-se amar. Porém, a melhor forma de se ter a felicidade é amar. Quando se ama, as sombras desaparecem e o brilho do sol torna-se luz constante dentro de nós.