Tag sertão
Caatinga espinhenta
Que arrebata o obstinado espírito
Do vaqueiro empinado de olhar empírito
Aboiando triste o magrelo barbatão
Caatinga malvada
Que açoita o espinhaço calejado
Do caboclo obstinado
Em morrer pelo seu mórbido sertão
Caatinga bravia
Que o tempo e a vida desafia
Impávida de decadente e ousada teimosia
Que não morre pela falta d'água fria
E nem se entrega ao sol ardente do meio dia
Caatinga sem noção
Que fura o olho do desavisado
E enlaça o valente de coração apaixonado
Com tamanho luar que atenua a valentia sem razão
Caatinga desalmada
Que abriga a alma perdida na desolação
E oculta o mistério do espectro fujão
Extinto da incrédula civilização
Caatinga estranha
De morredouro existir
Que ora parece deixar de viver
E de súbito volta a reluzir
A essência de um homem de verdade,
vem do pai pra formar um cidadão,
vem da mãe pra lhe dar educação,
e um menino vira homem caráter.
Macho véi, com muita sinceridade,
Eu lhe digo que aqui no meu sertão,
caráter e honestidade são coisas de criação,
tem família que sofre com sede e fome,
sem dinheiro, sem luxo e sem “sobrenome”,
12 filhos e nem um vira ladrão.
Simplesmente Sertão...
Ser tão belo,
Ser tão maravilhoso,
Ser tão grande,
Ser tão gostoso.
Ser tão meu,
Ser tão seu,
Ser tão dela,
Ser tão fera.
Ser tão cruel,
Ser tão distante,
Ser tão gigante.
Ser tão calado,
Ser tão apaixonado,
Ser tão... Simplesmente sertão!
No interior.
Fica distante da cidade
mas isso não entristece
importante é a felicidade
dada pra quem merece
e eu amo a simplicidade
que o interior me oferece.
O bom da vida é para o cavalo, que vê capim e come.
Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)
Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe. (Guimarães Rosa - Grande Sertão: veredas, p.204)
Minha singela homenagem aos guerreiros trabalhadores do campo que, incansavelmente, de sol a sol, alimentam o progresso e a população desse nosso Brasil abençoado por Deus.
Meu Sertão Sertanejo
Sou um caboclo da roça,
Sou um pacato roceiro,
Vivo na minha palhoça,
Trabalho o dia inteiro.
Por mais cansaço que eu tenha,
De sol a sol eu trabalho,
E cada dia que venha,
Com o primeiro cantar do galo.
De manhã tem café quente,
Do velho fogão de lenha,
Para que o peito eu esquente,
Pra começar a ordenha.
Jogo milho no quintal,
E ração lá no chiqueiro,
E recolho no curral,
O meu gadinho leiteiro.
Aqui o tempo é sagrado,
Não dá moleza a quem possa,
Quando não está cuidando do gado,
Está cuidando da roça.
Não tenho hora marcada,
É uma só correria,
Pra realizar a jornada,
Em tempo, no fim do dia.
Eu me orgulho do que faço,
Com muita satisfação,
Não sinto qualquer cansaço,
Dessa minha profissão.
Sou matuto, sou roceiro,
Caboclo sem muito estudo,
Nesse sertão, vivo e cuido,
Desse meu chão brasileiro.
Aqui é muito legal,
Aqui, respiro felicidade,
Não troco a vida rural,
Pelo conforto da cidade.
Tudo aqui é beleza,
Tem canto da passarada,
Encantos da natureza,
Aqui é a minha morada.
Agradeço a Deus por isso tudo,
É nesse rincão, meu pedacinho de mundo,
Que eu quero permanecer,
No meu cantinho e meu chão,
Pois é nesse meu doce sertão,
Que nasci e quero morrer.
Desejava mais do que queria desejar
Queria mais do queria querer
Ansiava mais do que queria ansiar
Chorava mais do que desejava chorar
N'alguns momentos
Vivia sem querer viver
E desejava morrer
Sem querer morrer
Que confusa vida era a minha vida
Que vida mais confusa era o meu viver
Por fim, de tanto penar,
Compreendi que na vida não se pode haver compreensão
Se não compreendemos por meio de nossa própria dor
A dor dos outros.
Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo – Deus estável.
A verdade é que somos retirantes em pleno século XXI. Fugindo dos mesmos problemas, convivendo com as mesmas situações, alimentando os mesmos ideais de sempre, sem nunca resolver o que realmente precisa no sertão: a fome educacional.
E nisto, que conto ao senhor, se vê o sertão do mundo. Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe – mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?
- o ódio __ é a gente se lembrar do que não deve-de; amor é a gente querendo achar o que é da gente. (Grande Sertão: Veredas. p.377)
Meu sertão
A vida no sertão
tem cheiro de natureza
tem a paz pro coração
aos olhos tem a beleza
tem verde na plantação
e tem comida na mesa.
Os problemas do Sertão todos nós já estamos acostumados a enfrentar, já não nos assustam mais. O que mais dói é perceber que esses problemas ainda persistem, se renovam e se fortalecem, mesmo com a modernidade de nossos tempos atuais.
...o mal ou o bem , estão é em quem faz; não é no efeito que dão. (Graciliano Ramos. Grande Sertão: veredas, p. 113)
MEU INTERIOR
Eu banhava de cuia
E sabão d`cuada
O barro do riacho
Encardido ficava
Desnuda na praia
Só passava a boiada
Eu tibungava nos açudes
Saia da água renovada
Chovia em mim chuva de versos
Minha alma saia lavada
Nas ribanceiras caçava ingá
Manducava todo o jatobá
Depois eu pegava caminho
No atalho do carreirinho
Apreciava o casulo
E o ninho do passarinho
Atravessava a cerca de arame farpado
Pra catar canapum do mato
Quando eu chegava à casa de vó
Era hora do arroz pinicado
Parecia infindo o caminho do riacho
Era hora de acender as candeias.
Como eu vivia um lado avesso
Tudo em mim já estava aceso!
No raiar da alvorada no começo do roçado
Quando canta o zabelê tendo o dia começado
Me levantando da rede peço pra o nosso Senhor
Um dia de esperança na luta do sofredor
No sertão de terra seca tudo tem sua beleza
O valente pode ver mesmo não tendo certeza
Botar sentido na vida com o pouco que Deus dá
E lutar por quem precisa até a chuva voltar
Eu chamei Zilda Maria
Pra ir comigo outro dia
Um baião de dois comer
Ela respondeu sem gosto
Eu iria mês de agosto
Mas eu tenho o que fazer
Zilda é um caso sem jeito
Me aceita e dá respeito
Mas não entrega o coração
Mais um dia eu me arrinégo
Meu amor por ela eu nego
E busco outra do sertão
Agora é fim de semana
Tô sozinho e com grana
Vou sair pra paquerar
Embora contrariado
Já tava todo arrumado
Quando toca o celular
Meu coração disparou
Fui reparar quem chamou
Era ela me ligando
Agora tá garantido
Sou um cabra prevenido
Eu já tava te esperando!
Na roça
Curtindo uma vida pacata
com essa gente hospitaleira
sentindo o cheiro da mata
ouvindo o som da cachoeira
e um cafezinho na hora exata
borbulhando na chaleira.
No sertão.
Cada planta em seu canteiro
no arado deste chão
os apetrechos no celeiro
e a lenha no fogão
como é bom sentir o cheiro
dos orvalhos do sertão.
Fonte do sertão!
A cacimba é uma cultura
que tem na nossa região
tem a água limpa e pura
que brota em nosso chão
é a fonte da agricultura
que alimenta a plantação.
Verde.
Como é linda a natureza
debruçada no sertão
esverdeando a beleza
que da vida a plantação
brota em forma de riqueza
das entranhas deste chão.
Vaqueiro Lutador
Sou Vaqueiro Nordestino
Antes de Tudo um Forte
Sou Lutador Destemido
Sou Eu Leão do Norte