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Saudades da roça
De andar beira rio, beira lama.
Da garota na porteira que me chama.
Dos feixes de cana, garapa coar.
De no rio pular
Sem saber nadar.
De contemplar ás estrelas a noite
De sentar frente á fogueira
De ouvir casos e casos contar.
Quem não gosta da roça
Nem deve passar por aqui
Nóis vive no meio do mato
Bem mió que nessas cidades por aí.
Mas como é bom ouvir bom-dia todo dia,
Sentir as mão e semear, plantar, colher...
Dormir ao som de uma viola caipira,
Pisar o barro, dar aos pés o dom de ter!
Adeus, cidade! Eu vou-me embora!
Eu já vou tarde. Eu vou agora!
Choveu na roça! Felicidade!
A terra flora. Bateu saudade!
Poesia do campo
Aqui tem paz, tem ar puro, tem águas limpas. Pela manhã o cheiro do café é um convite para agradecer pelo dia e ser grato por tudo! Aqui os vizinhos dizem "bom dia", "boa tarde" e uma maravilhosa noite! Se ouve ao longe musicas, aqui a gente sai nas noites quentes para ver as estrelas e o luar, e nas noites frias fazemos uma fogueira para aquecer ao som da viola e comemos milho-verde tomando chá de amendoim! Aqui tem alegria porque a alegria está nas coisas mais simples vida. E só aqueles que conseguem ser gratos pelo quem tem consegue enxergar a felicidade na simplicidade.
Vim de longe; segui estrada, trouxe bagagens, saudades, lembranças e aqui faço a minha parada.
Sou homem simples, do interior, da terra boa, cheiro do mato, da pureza, da amizade e do amor que entoa;
Os filhos e família eu deixei, pra trás nem olhei, tive que partir de alma e coração apertados e olhos marejados.
Vim em busca de trabalho, tenho força e vontade, coragem, umidade e muita fé.
Sei que vou vencer, renomado hei de ser,
Acredito no meu Senhor, um homem honesto, trabalhador e temente a Deus, tem as bençãos pra si e para os seus;
Bendito o nome dele, bendita seja a noite e o dia, bendita seja a minha família, que um dia buscarei e felicidade novamente sentirei.
Coisas da Vida
A vida na roça tem valores que a gente só descobre quando perde.
Hoje, na cidade grande, quando me bate a saudade do campo, eu me ponho a perguntar: pra quem tem espírito sertanejo, assim como eu e você, quanta diferença a gente encontra aqui nesse lugar...
Só quero o meu cantinho. Meus livros, minhas músicas, o violão, as fotografias que gosto de olhar. Da janela, desejo sentir o vento, contemplar o sol, bulir o mar. No meu cantinho, o destino moldarei com passos calmos, pra lá e pra cá. Pés descalços na soleira, meu amor e a cafeteira, uma cachorrinha regateira e o infinito a me esperar.
Sou Roceiro Caipira Com Orgulho!
Andar de carro ou de moto
Tá ficando coisa brega
Serve pra longas distâncias
Mas não pode ser regra
Além de estragar a saúde
A natureza desintegra
Deixa o caboclo barrigudo
Preguiçoso e moribundo
Melhor é sair da cidade
Ir pra roça e esquecer da hora
Porque bom mesmo é andar à pé
De bicicleta, isso é uma glória
Na roça é bem diferente
A morada não tem nem muro
A gente enxerga no escuro
Vê a lua, as estrelas e a aurora
A gente não fica sozinho
Tem os bichos e os passarinhos
E a nossa cabeça melhora.
A terra flora! Felicidade!
Choveu na roça!Adeus cidade.
Eu vou-me embora. Eu já vou tarde!
Eu vou agora. Bateu saudade!
A produção de alimentos parece simples quando a sua enxada é um celular e você está a muitos de quilômetros de uma propriedade rural.
AQUI NA ROÇA
Tem moço da cidade cantarolando
As maravilhas de se viver na roça
Cavalgar pelos campos, nadar no rio
Fogueira, roda de viola e cachaça
Aqui tem tudo isso
Mas aqui também se acorda cedo para trabalhar
Cavalo, porco, cachorro, galinha, gado para alimentar
Lavoura pra plantar, cuidar, colher e vaca para ordenhar
Aqui fim de semana ou feriado não se pode parar
A vida na roça não é fazenda de novela
Peão de roupa limpa, mão sem calo e rosto sem suar
Aqui na roça o trabalho é pesado
Mas pra quem já está acostumado
Essa é a melhor vida, esse é o melhor lugar
CIDADEZINHA QUALQUER
O canto de um galo ao amanhecer
O sol entrando pelas janelas
Agricultores com enxadas na mão
As vacas em frente de casa
Dona Severina preparando o café
Moleques roubando goiabas do vizinho
O sino da escola tocando
O entardecer
A tranquilidade
A natureza na sua melhor forma.
CAFÉ DA MANHÃ NA ROÇA
Olhar a mesa posta,
A disposição dos talheres,
As jarras coloridas,
O velho bule de café
Com cheirinho de roça
O mel no pote,
Mas não é qualquer mel,
Aquele mel safra especial
Que as abelhas
Deixaram lá no quintal,
O caseiro cuidou de apurar,
Deixando à mostra os favos
A enfeitar o pote,
Geleia fresca,
Sabores, uva e morango
Frutas colhidas na horta,
Geleia caseira sem igual,
Sem falar no pão,
Gente, o pão integral caseiro
Feito pelas mãos de ouro,
Mariana, a cozinheira,
Capricha em cada detalhe,
O açucareiro,
As xícaras, os copos,
as canecas de ferro agata,
E no centro da mesa
Um latão de vidro de leite,
O latão é transparente,
De longe a gente vê
A espuma branca sobre ele
Vê que é leite tirado
da vaca,Salomé, depois
da ordenha fica até leve,
Mexer com ela,
ninguém se atreve,
Ela arma o coice,
E mete o pé...
Volto a olhar pra
mesa do café
Tudo perfeito
Em grande sintonia
Pra trazer a alegria,
Alegria da família
No café da manhã.
Que bonito que é,
O mais gostoso
E puro café
O café da roça
Na roça do tio Zé
Há quem queira sair da dependência deste mundo e voltar ao campo e serem direcionados por Deus. Plantar e colher; há muitas verdades nessa curta frase. Tantos outros estão trocando a independência pela dependência e abrindo mão de suas terras em troca de gaiolas de concreto no meio da cidade.
𝘕𝘢𝘴𝘤𝘪𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘳𝘰ç𝘢 𝘦 𝘯𝘦𝘭𝘢 𝘧𝘰𝘪 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘥𝘰, 𝘣𝘳𝘪𝘯𝘤𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘵𝘦𝘳𝘳𝘢 𝘦𝘮 𝘮𝘦𝘪𝘰 à 𝘤𝘢𝘷𝘢𝘭𝘰 𝘦 𝘨𝘢𝘥𝘰, 𝘦𝘴𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘯ã𝘰 𝘵𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘦 𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘭𝘦𝘷𝘢𝘷𝘢 𝘯𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘢𝘴𝘢 𝘥𝘦 𝘵𝘢𝘪𝘱𝘢 𝘰𝘯𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘵𝘳𝘢𝘣𝘢𝘭𝘩𝘢𝘷𝘢 𝘦𝘮 𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘢𝘴𝘢 𝘥𝘦 𝘧𝘢𝘳𝘪𝘯𝘩𝘢.
𝘛𝘳𝘢𝘣𝘢𝘭𝘩𝘰 𝘱𝘦𝘴𝘢𝘥𝘰 𝘧𝘰𝘪 𝘴𝘦𝘶 𝘧𝘰𝘳𝘵𝘦 𝘢𝘭𝘪𝘢𝘥𝘰, 𝘱𝘰𝘳é𝘮 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘩𝘰𝘯𝘳𝘰𝘶 𝘱𝘰𝘳 𝘰𝘯𝘥𝘦 𝘱𝘢𝘴𝘴𝘰𝘶 𝘰𝘳𝘨𝘶𝘭𝘩𝘰𝘴𝘰 𝘥𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘯𝘰𝘮𝘦;
𝘥𝘦 𝘜𝘔 𝘙𝘈𝘗𝘈𝘡 𝘛𝘙𝘈𝘉𝘈𝘓𝘏𝘈𝘋𝘖𝘙.
𝘌𝘴𝘴𝘦 𝘦𝘳𝘢 𝘈𝘯𝘵ô𝘯𝘪𝘰 𝘊𝘢𝘳𝘭𝘰𝘴, 𝘮𝘦𝘶 𝘵𝘪𝘰 (𝘛ô𝘪𝘯) 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘦𝘳𝘢 𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘪𝘥𝘰 𝘦𝘮 𝘋𝘰𝘮 𝘔𝘢𝘤𝘦𝘥𝘰 𝘊𝘰𝘴𝘵𝘢 𝘯𝘢 𝘤𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘰𝘯𝘥𝘦 𝘮𝘰𝘳𝘢𝘷𝘢.
O Roceiro
Pelas paredes gretadas
Mugidouras vacas deitadas
Paciente e ruminante
Observava, ele via
O amanhecer no horizonte
Lá vem a barra do dia.
Acorda mulher, acorda Lia
O algor cobria de neve o chão
Que frio!... Virgem Maria
Levanta mulher, coragem e opinião
No poleiro, não tem mais galinha
Façamos junto a oração
Salva-nos, ajuda-nos oh!... mãe rainha
Opinião! Opinião! Exclama
Com mãos calejadas o rosto lava
Descalço, pisa n' água, na lama
Se não fosse ele, homem chorava
Sorrindo, alegre, a vida leva
Mulher!... este frio é geada
Mas enquanto o café côa
Amolo minha enxada
Pois, não gosto, não fico a toa
Também trato das bicharadas
Dos porquinhos e da marrôa
Marido o café tá coado
Vem beber senão esfria
O roceiro vem afoitado
Não vim antes, não sabia
Bebe e pega seu machado
Nossa lenha não vai ao dia.
É triste; não sei ler, sou tapado
Amanhã preciso de arrogo
Marido!... me dá licença
Vou por feijão no fogo
Desculpe, arrogo não é doença
Fala logo com seu sogro
Meu pai tem clemência.
A tarefa d' manhã terminada
O roceiro vai sossegado
Cachimbo na boca e na mão a enxada
Também no ombro o machado
Derrubar a matarada
Onde tudo é plantado
Descalço, nos trieiros, na saroba
Alegre, cantando, não tango
Pula, um bicho, é cobra
Foi engano é um calango
Que bela mata e gigante peroba
Roço, queimo e planto morango
O céu, a serra enfumaçada
Dos roceiros a história narra
Árvores deitadas, folhas esturricadas
Por todo lado zumbido de cigarra
É tempo agora de queimadas
Quase tristeza o roceiro agarra
Vamos urgente aproveitar
Chegou a flor do mandacaru
O sol não vai mais esquentar
Que fumaça! Foge o inhambu
Nossa roça vou por fogo, queimar
Essa chuva não vai pegá-la cru
Mulher!... Vamos agora plantar
Arroz, milho, mandioca e feijão
Se o pai do céu nos ajudar
Vamos fazer um farturão
A nossa fé não pode, não vai faltar
Não esquecendo da oração
Na roça tudo é dureza
Lá dá praga pra chuchu
O prejuízo é quase certeza
Corre perigo da cobra urutu
Formiga, cupim é da natureza
Destruidores, passo preto e tatu
Quando planto, sou feliz
O tatu, mandioca e milho ranca
O roceiro não maldiz
E por Deus, não adianta
Formiga nas folhas, cupim na raiz
E vem o sol virgem mãe santa
Chega então a colheita
Houve grande resultado
Labuta, sofre, não deita
Corajoso, alegre vai o coitado
Uma boa cama ele enjeita
Foice no ombro, fazer novo roçado
A história do roceiro
Ela é indeterminada
Bolso limpo sem dinheiro
E a ele não falta nada
Veste algodão e sempre caseiro
Crê em Deus, crendice e fada.
A natureza é liberdade!
Que bom meu Deus é morar na roça,
não tem muros nem cadeados e nem chaves nas portas.
Sou livre como o vento e sinto o ar puro e o cheiro de mato.
Que imensa alegria contemplar tantas maravilhas, arvores montanhas e pastos.
De madrugada acordo com o canto do galo e dos pássaros,
ouço o cacarejar das galinhas e os piados dos pintinhos e passarinhos.
La tem João de Barro,pintassilgos,quero-quero sabiá e canarinhos.
Tem andorinhas voando e filhotes nos ninhos.
La no horizonte desponta os primeiros raios do sol,
começa brilhando aos poucos e aquecendo os arredores.
As flores já despertam espreguiçando e ajeitando as pétalas, azuis, amarelas, vermelhas e brancas, enfeitando toda a florestas.
No pasto os peões recolhem o gado, e os soltam os bezerros pra mamar.
de longe se ouve o mugido das vacas,com seus bezerros a berrar.
Quem mora na roça não tem tristeza e nem vive sozinho.
De dia tem os animais por companhia e de noite a lua brilha todinha pra mim no terreiro da casa minha.
Antonte encontrei um rapaz
Menino, ele falava demais
De tanto escutar sua prosa
Esqueci de tudo lá fora
Tentei sair de fininho
Mas o moço não parava mais
E a fala era das boas
Quando menos assustei
Já era depois das seis
Esse povo lá da roça
Quando garra numa prosa
A gente desliga de tudo
E a conversa não acaba mais.
Aurora
(Rayme Soares)
Desejar-te desde a aurora
Não me quietou, não me calou
Adormecia o que hoje aflora
E agora é parte do que sou
Parte do que sou
Solta os cabelos e me acolhe
Menina terra cultivou
O chão da raça que me chama
Raízes fortes que cravou
Pegou meu coração
Hoje falo quando calo
Minha boa em ti cessou
Quando lá na roça é noite
A manhã já levantou
"Indimensionável", infinito
Aquele espaço aqui e lá
Cara linda vem comigo
Todo sempre namorar
Da roça, fugimos para cidade grande em busca de uma vida melhor e, longo tempo depois, voltamos pelo mesmo motivo.