Tag interrogação
Por vezes perde-se espaço no silencio imposto pelo óbvio, é nessas horas que o ser coabita com a futilidade dos factos e a memória é somente; um baralho de cartas que as evidencias derrubam!
Por vezes estou tão cansada, não é o corpo, porque, do cansaço do corpo dou conta com uma boa noite de sono. Tenho a alma cansada!
Nessas alturas apetecia-me correr campo fora, de encontro ao vento, pegar num punhado de terra e lambuzar a alma, mas... tinha que ser num dia de outono: num daqueles dias em que a chuva miudinha fustiga o coração com a suavidade de uma lágrima fugidia.
E dou por mim a pensar: a minha doidice tem calos nas mãos e o coração suspira pela planície, por isso mesmo:
Não me encaixo num tempo de encaixes passageiros!
E se?
E se tudo que passamos até agora for apenas um sonho?
E se o sentido que damos a tudo não tivesse sentido?
E se tudo que achamos ser o certo, não for tão certo quanto imaginamos?
E se eu acabasse dizendo que me interesso?
E se tudo isso fosse embromação para não falar a verdade?
E se o meu medo for maior que minha coragem?
Tudo que não consigo falar, voce não consegue perceber e isso me mata aos poucos, sua
ausência, sua frieza, seu saber e não saber de minha existência....
UM PONTO
Tudo, aliás, é um ponto.
Um ponto incerto.
Um ponto sem nó.
Um ponto de interrogação.
Um nó atravessado.
Uma incerteza dentro da outra.
Uma exclamação.
A vida
A morte
Meu norte
Meu nada
Meu tudo
Verticalizado
Nas ruas desertas.
Assim, aliás, é o meu mundo,
Enigmatizado,
Energizado,
Sem uma pretensão,
Apenas uma razão
E uma loucura.
Entrelinhas
Analisei cada palavra
Cada frase
Analisei o conjunto
Tentei entrar no teu sonho
Nos teus pensamentos
Tentei decifrar-te...
Arrancar de dentro de mim a interrogação
Decifrar o que está dentro dos parênteses
Nada encontrei
Tudo ficou nas entrelinhas...
Não há pai mais influente que o pai que não existe. Ele deixa tamanho vazio, provoca tantas interrogações, que seu filho pode gastar a vida tentando entender-se.
há sempre em mim uma terrível interrogação, se o tempo voltasse atrás, como seria a vida que sonhei e não vivi?
A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. Bernardo Soares
(extraído do livro em PDF: Aforismo e Afins)
Quem disse que não sou escritor? Sou poeta e quem disse que o poeta também não é um escritor? Temos de refletir isso!
Este ponto final não é o último ponto que aparece no meu texto. Tem reticências e logo depois uma interrogação. Ah, o mais esperado? A exclamação!
Há quem goste de exclamações,
Levemente me interesso por elas,
Não sou adepta a pontos finais,
Prefiro vírgulas,
Entretanto,
O mais intrigante não seria porventura a interrogação?
Ou alguém sabe me dizer o que será amanhã?
Ou daqui à uma hora?
Ou até mesmo dez segundos...
A certeza é uma só,
Não temos humanamente certeza de nada,
Além de que um dia morreremos,
E aí?
Com quem ou Quem estaremos?
Isso só depende da nossa escolha,
O que será?
Interrogação?
A interrogação é como um aspiral,
Não se sabe de onde vem,
Nem pra onde vai,
A não ser quando realmente,
Encontrarmos escondida atrás da interrogação, uma resposta.
A minha posição é de constante interrogação.
A dúvida é onde começa o caminho para a pesquisa, é uma frequente interrogação que nos leva a um exame mais aprofundado das questões que nos interessam.
"O que seria as reticências...
Por vezes significados complexos ou a complexidade de não ter significado.
O início sem começo ou o final sem um fim. A incerteza de várias certezas ou a certeza da incerteza. Pode ser também meramente três pontinhos, aqueles que fazem o leitor delirar ou apenas viajar. Sentidos opostos ou ambíguos, vários resultados podem gerar as reticências sem qualquer tipo de resposta e então pode gerar mais dúvida do que a própria interrogação."
"Faça uma interrogação coerente e a resposta não será descabida. Aliás, se conseguir elaborar uma interrogação criativa e inteligente, porque haverá necessidade de respondê-la?!"
Acordei...
Hoje acordei reticências, pensando em exclamações e com interrogações na cabeça.
Bocejei vírgulas, espreguicei acento agudo e levantei inclinado como uma crase.
Lavei o rosto com um punhado de aspas e sequei com parênteses tão macios...
Tomei café e comi dois pontos, pensando almoçar sopa de letrinhas.
A interrogação é a maior amiga e mais pragmática companhia da certeza. Às vezes, todavia, é necessário temperar o passo com um infinitésimo de dúvida.