Tag divã
Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.
A minha loucura não é uma loucura que se cura no divã. A minha loucura é ter que conviver entre mentiras e juras. É ter na vida sempre noite e nunca uma manhã. É uma loucura que parece não ter fim.
Sou o poeta no divã da vida
Pernoitando no labirinto do sonho
Sem rua, sem travessa e sem esquina.
Onde não há mapa definido;
Só há papel e tinta.
Sol
Pela manhã
Olho para o lado
Me encontro em um Divã
Estava só eu
Parecia haver mais alguém
Mas só ouvia o silêncio
E um brilho
que ofuscava os meus olhos
Parecia você
O seu sorriso
Me levantei da cama
Bateu a saudade
Lágrimas...
Era apenas o sol...
O fim de um conto
No escuro te vejo
Em silêncio te ouço
Na ausência te sinto
Um vazio cheio de amor
Amor preenchido de vazio
Um frio, o calafrio
A falta do arrepio
Perdido ou nunca tido
Foi sentido sem sentido
Aquele vinho tinto a recordar o que já nem sei explicar
A mudez dos pássaros faz-me lembrar
Que te dei asas para voar
E sem razões para voltar
Aqui no meu divã
Apenas uma certeza
Perdi meu Peter Pan
Incrível quando em análise o sujeito percebe seu sintoma por meio de suas repetições. É um doloroso insight, mas libertador quando ressignificado.
Permito-me no divã
devo falar do que atormenta
livros que não li
fotos que não fiz
vezes que sorri
do ressentimento
da decepção
das palavras ditas
benditas as que não falei
a gota que faltava eu expulsei
"Doutor, minha insônia e meus tremores voltaram.
Doutor, meus pesadelos retornaram.
As vozes, que em minha cabeça gritavam.
Não se calaram.
As dores em minh'alma, doutor, não cessaram.
As feridas, abriram-se todas novamente, não se curaram.
Insanidade ou saudade, doutor? Todas as respostas me escaparam.
Meus sonhos se desmoronaram.
Hoje, doutor, moro onde meus pesadelos moravam.
Moro na ausência dela, moro nas lembranças de nós, moro no amor, que me tomaram.
Sinto que estou morrendo, doutor, as batidas do meu coração só aumentam, infelizmente, não param.
Sóbrio ou ébrio, a bebida já não me traz o alívio de outrora, até isso me tiraram.
Hoje, doutor, tive um mau presságio, encaminhando-me para aqui, passei em nossa esquina, e vi: Todas as folhas do ipê, murcharam.
Talvez, como as folhas, eu também deva abrir mão da minha existência, os milagres em minha vida se acabaram.
Já não posso repousar, fechar os olhos e sonhá-la, doutor, pois, infelizmente, a minha insônia e meus tremores voltaram..." - EDSON, Wikney - Memórias de Um Pescador, Quando no Divã
Na sua exclamação
A sua escamação
A rua acalma o são
O Sol é liberdade
Aqui ainda escravidão
Massa: manipulação
Eis a fragmentação
Da sua autenticidade.
A Temporada passou
O chão secou
O Sol apareceu
A mudança vem de dentro
É um dom
Um dom que Deus nos deu.
A terapia mais eficiente que existe é deitar no divã da sinceridade e ter uma longa conversa com a nossa consciência.
Gosto dos meus encontros com a noite. Aprecio a lua como se estivesse num divã; ela sempre sabe dizer em silêncio o que eu preciso ouvir.
O divã favorece o relaxamento do paciente. Ele entende que ali é o lugar de "tirar os pés do chão" e entrar em contato com suas questões mais profundas como sentimentos, pensamentos e reflexões.