Tag avareza
OS PECADOS MORTAIS
I
SOBERBA
Soberba, orgulho, vaidade,
(chamam-lhe alguns presunção)
é cheia de magestade,
vazia de coração.
Soberba tem grande pança,
cara carrancuda e torta,
Soberba, cheia de chança,
de si apenas se importa.
II
AVAREZA
Avareza tudo quer,
se tem muito mais quer ter;
Com a vista arregalada,
Avareza não vê nada;
Põe-se a ouvir, a escutar,
e só ouve blasfemar;
Arrecada noite e dia
e acha sempre a arca vazia.
III
LUXÚRIA
Luxúria desvergonhada,
em impudica atitude,
maneira a língua acerada
a difamar a Virtude.
Com rastejada paciência,
e o seu fito principal
é cativar a inocência,
conduzi-la para o mal.
Luxúria, filha infecunda
da Mentira e do Pecado,
saboreia a nódoa imunda,
ama o chão enlameado.
Pelas vielas impuras
a Luxúria se conduz,
mas sempre a horas escuras,
sempre a escapar-se da luz.
IV
IRA
Ira é atolada,
tem um focinho ferino,
grita por tudo e por nada,
fala sem jeito e sem tino.
O senso dela é um vime,
a sua agulha um punhal
afiado para o crime;
tem cadastro criminal.
V
GULA
Gula come, come, come,
mas por vício, não por fome;
de mastigar não descansa,
nem que tenha cheia a pança;
quando trata de entornar,
então bebe até tombar;
a mastigar e beber
é que ela sabe viver;
os seus dentes são os malhos
e as digestões seus trabalhos;
de seus feitos alardeia
se se senta à mesa alheia;
para comer do que gosta,
sempre a comer vence a aposta;
da Gula (cano de esgoto)
é a palavra o arroto.
VI
INVEJA
A Inveja é maldizente,
a todos chama canalha;
sua língua impenitente
é verdadeira navalha;
como nasceu torta e feia,
tem rancor à Formosura,
mas toda se pavoneia
e sobrepô-la procura;
até o próprio Talento
ela despreza e odeia,
porque todo o seu tormento
é não achar uma ideia.
VII
PREGUIÇA
Doença gera indolência
e a indolência a doença;
são da mesma parecença
e são a mesma na essência.
A preguiça não se lava,
na porcaria vegeta;
como o tempo a envergonhava,
espatifou a ampulheta;
é a viscosa minhoca,
que se arrasta e mal caminha,
para meter-se na toca
ou no papo da galinha.
Um dia, diz-lhe alma forte:
- «Preguiça, qual o teu mal?»
e ela, trágica e fatal,
responde-lhe: - «pouca sorte».
Pecado é:
A soberba vestida de humildade;
A avareza vestida de generosidade;
A luxúria vestida de castidade;
A inveja vestida de admiração;
A gula vestida de temperança;
A ira vestida de serenidade;
E a preguiça vestida de diligência.
Pecado mesmo é ser lobo entre ovelhas vestindo pele de cordeiro.
Aprender a simplicidade da vida em conversas diárias com Deus ensina a sair do medo, de problemas e da ansiedade.
Cada um tem em si próprio dez punições: a ignorância, a tristeza, a inconstância, a avareza, a injustiça, a luxúria, a inveja, a traição, a raiva e a malícia.
Eu nunca entendi por que é que muitas pessoas continuam a trabalhar mesmo depois de estarem ricas. Apego, ganância, egoísmo exacerbado, solidão ou falta de criatividade?
Sem saber por qual caminho,
Quando nada anterior o indica,
Decidir se se parte ou fica,
Ignorando onde está o espinho,
Entrar, sem negar a incerteza,
Coração aberto, para o que der ou vier,
Afinal, quem sabe o que quer?
Recuar não seria avareza?
Sim, em frente e com tudo,
Não contabilizando ganhos ou perdas,
Com medo, assumir o absurdo,
Enfrento a dor se me arrancam as cerdas,
E sigo, atento e sem escudo,
Isento entre direitas ou esquerdas.
De repente você percebe...
Estar vivo é como uma escalada.
Subimos sem ver o pico da montanha,
apenas buscando um melhor caminho.
Porém, dificulta se estamos carregados.
Eis que olhamos a mochila e notamos que
guardar rancor e avareza pesa demais e que
o essencial é apenas gratidão e amor próprio.
A ambição, a inveja, a raiva, a avareza, a bondade, o altruísmo e, sobretudo, o amor sempre foram e sempre serão poderosos a ponto de motivar as nossas escolhas.
TER OU SER
Se eu tive muitas coisas e as perdi
e se ao perdê-las me senti vazio,
não fui eu quem de fato teve as coisas.
As "minhas" coisas é que me tiveram.
A diferença entre ser econômico e ser avarento? Simples. O avarento só é econômico com o que é dele, mas é pródigo com o que é dos outros.