Taça
TUA MÃO
tua mão,
taça refratária
onde bebo o vinho
e o sangue
da tua imperfeição!
tua mão
poderia ser calma
doce e refrigério
tua mão
é suor e lágrima
angústia e medo
afeto e repúdio.
tua mão
é sonho e pesadelo
paz e desespero
poema improvável
tua mão
taça refratária
onde bebo o vinho
e o sangue
da tua imperfeição!
Evan do Carmo
SILÊNCIO
Sempre que encontro-me sozinho,
diante de uma xícara de café
ou de uma taça de vinho.
Basta um minuto de reflexão
sobre as lutas humanas
para que metade de tudo
perca sua importância.
O que nos falta é o silêncio
para analisar o primeiro verso
onde todo o resto está implícito.
A vida, como um poema
é simples, sua linguagem
é natureza da qual somos parte.
Há contradição em querer explicar
aquilo que não se explica
a poesia e a vida
ambas só precisam ser sentidas!
Evan do Carmo
Aonde estás ?
Te procuro
E não te acho
Vou para janela
Dou um.gole em
Uma taça de vinho
E deixo minhas
Lembranças invadirem
Minha mente
Pensativo fico em mais
Alguns goles de vinho
Olho para a rua e a vejo
Passar.
Olho estarrecido e feliz
Com sua presença.
Desço correndo ainda
Sob o efeito do susto ao
Vê-la.
Compro uma rosa daqueles
Vendedores da noite e corro
Tentando acha-la.
quando isso acontece
peço desculpas pela ousadia
E entrego a Rosa
Peço para vê-la de novo.
Ela apenas sorri e diz:
--- Quem sabe!!
Entra Imediatamente no
ônibus e na janela me manda
Um beijo..
Volto para casa realizado
Pois finalmente
Pude conhecê-la
Se vamos ficar juntos?
Não sei!!
Mas pelo menos carrego comigo a felicidade
E Ver que ela existe..
O ECO DO PECADO
O olhar vagueia, a alma vacila,
O doce engano sussurra e cintila.
Mas a taça dourada, que embriaga e seduz,
Esconde nas sombras o pranto e a cruz.
Davi, o ungido, provou desse fel,
Ergueu-se em glória, mas dobrou-se ao céu.
Pois todo prazer que se veste de engano
Traz sempre nos lábios o gosto profano.
Eu bebo a vida todo dia na taça de cristal da alegria. Brindo-a, comemoro, celebro, embriago-me. Corro, danço, canto, pulo, ando descalça, tomo banho de chuva e saúdo o divino que há em mim porque sei que é de lá que vem a magia que me mantém encantada por viver.
E mais uma vez a gente acorda, respira fundo, se veste de luz, ergue a taça do sorriso e brinda o dia que acabou de nascer. A vida é preciosa demais, merece e deve ser celebrada a cada novo amanhecer.
Viver nada mais é que esse transbordar sereno de emoções que borbulha na taça da vida; que nos embriaga de sonhos e faz o coração bater apressado, como se quisesse sair do peito para ir ao encontro da alegria. Viver é esse vício sem cura que nos arrebata sem pressa, que nos leva a insatisfação de uma só dose, faz-nos pedir um gole extra a cada novo amanhecer, quando o hábito de estar vivo nos coloca cara a cara com a magia da existência.
PÁSSARO MECÂNICO
Pássaro mecânico sobrevoou a cidade
derramando a taça da destruição
medo e morte por todos os lados
pássaro selvagem sobrevoou o cotidiano
de vidas indefesas e inseguras
O pavor e o ódio encheram os corações.
vidas que pagam pelas mortes de outras vidas.
Destinos traçados por uma ação absurda
Nas ruínas uma lágrima;
Entre lágrimas, um gemido;
Nos escombros, uma vida
salvou-se entre tanta destruição.
Pássaro celestial nos sobrevoou
E derramou a taça com seu sangue.
Vida e prazer Ele trouxe.
Vida que pagou pela vida de outras vidas
Destinos traçados por uma ação de amor.
Nas ruínas, uma lágrima;
Entre lágrimas, um gemido;
Nos escombros de uma vida
Salvou-se entre tanta destruição.
Na real iminência da loucura tomei com sofreguidão todo o conteúdo da taça que com olhar de feiticeiro ele a mim ofereceu. No fundo, no fundo eu já sabia, mas me negava a acreditar que o único antídoto pra loucura é o amor.
Aos meus inimigos ofereço em taça de fino cristal o que de melhor posso oferecer-lhes: Minha felicidade.
Para os que tripudiam sobre minhas palavras simples, eu ofereço meu silêncio na taça do mais fino cristal da minha rebuscada indiferença.
Um brinde com o néctar da doçura
Ao intrépido regozijo do momento,
Só assim quebro a taça da amargura
Ateando os seus pedaços ao vento!
PedrO M.