Surdo
Quando eu deixei de ouvir,
O som da voz,
Da voz do que?,
Da voz do não,
Quando me fiz surdo,
Para os contras,
E cego para as minhas limitações,
Foi ai que eu cresci,
As vzs ouvimos vozes,
Dizendo que não vamos conseguir,
Mais entenda você pode td,
Só depende do que vc coloca,
Dentro de você.
Eu escutei tanto, nem sempre cantos de pássaros, ou desabafos raivosos, mas escutava...
Tão surdo, eu nada sabia, porque escutava e não ouvia.
Olhava ao redor e me via ao centro, tão rico quanto a falta de idéias que via e não enxergava.
De tão forte levantei pesos, mas empurrei a solidão e não levantei o pobre caído na rua.
O que fiz ou o que deixei de fazer é um nada se o limite acabou de passar, e idealizar o futuro ao enxergar minha força ao aprender ouvir.
“Pátria Mãe”.
Ecoar o som da visão ao ponto de um surdo ouvir e um cego enxergar, os lamentos de sacramentos me faz na calada calar até a vontade de chorar, de ferido patriotismo pelo pauperismo de seus filhos esquecidos ao mundo obscuro sobrevivemos em diferentes mundos isolados exilados escravos dos números, de números, de inúmeros desencantos sempre aos prantos por falta de algo ao prato, minha pátria mãe camuflaste sua raiz, aqueles que as mãos sangram calejadas pelos trabalhos mal remunerados prestados a ti, nos exclui-se...mas ainda resistimos, sei que não estarei aqui para vivenciar nossa branda e estrondosa vitoria, pois pátria mãe já é me próximo a idade de todas as experiências se findarem, mas sempre
Lutei, resisti, persisti... até os últimos momentos, certamente seguiram o exemplo que assim deixarei em minha amada terra, de ter nascido sim pobre, mas rico em dignidade e respeito ao meu semelhante, e jamais usar de má fé confiança em mim depositada, espero que os meus e os demais sobreviventes dos guetos... tenham imenso e eterno orgulho de ti pátria mãe, assim como eu, com tudo, com tudo, orgulho-me de ser teu filho... um excluído brasileiro.
Ser gente boa não é ser idiota, não é ser cego, surdo ou mudo, é ser justo no que fala apesar do que ouve ou vê. Só que não dá pra ser gente boa sempre com tanta gente podre por aí! Isso é hipocrisia absoluta! Uma hora a gente cansa.
Perguntaram-me o que eu seria sem a poesia, cego, surdo ou mudo? Atônito, eu respondi, que de nada me valeriam olhos para ver, ouvidos para ouvir ou voz para falar, sem a poesia, eu nada sentiria, pois de que vale um coração, se lhe negarem o direito de amar?
O surdo, é surdo!
O mudo, é mudo!
O cego, é cego!
E todos eles têm algo em comum, aperfeiçoam os outros sentidos!
Mas, o que se acha perfeito destroi-os...
Quem é mudo não diz.
Quem é surdo não escuta.
Mas todo mundo tem cabeça, e sabe pensar antes de agir, então não vem com esse de quem não pensou!
So me vou esquecer de ti no dia em que um mudo telefonar para um surdo a dizer-lhe que um cego viu um aleijado a correr atras de um careca para cortar-lhe o cabelo.
o pior cego é o que não ver...
e o pior surdo é o que não quer ouvir...
então veja com o coração e ouça com amor...
Ando
Meio que lerdo
de pensamentos
Ando
Meio que surdo
Um vento muito brando
Me acalenta
de vez em quando
Uma tormenta
Me atormenta
Quando, por falta de sorte
Venta mais forte
Ando
Pensando
Com minha cabeça de vento
e meus ouvidos moucos
Que não são poucos
Os motivos
Pelos quais eu me esquivo
de dar-lhes
Um tanto assim de atenção
Enfim
Se fosse ouvir meu coração
Seguiria a direção do vento
Que orienta o pensamento
E quando chegasse o dia
Que alegria
Estaria muito longe
da voz da razão
Esta
Abrange
Tudo que demais me guia
Então
Sempre que acaba o dia
Recolho meu sorriso
Adio
Outra vez minha alegria
Preciso
Fazer coisas que tanto odeio
O início me fez fazer assim
O fim não chegou
Estou ainda no meio
No meio de um sonho
Um sonho meio tristonho
Tristemente
Sonho acordado
Uma história linda
Portanto
Enquanto o dia não finda
e nem tampouco inicia
Paro um pouco
Me recolho
No mesmo canto onde guardo
A tristeza e a alegria
Mescladas
Ambas tem cara de nada
Aguardo um tempo
Que tarda a chegar
No tempo onde estou
Meu coração não parou
E nem minha alma morreu
Olho no espelho pra ter certeza
de que eu
ainda sou eu
E não há como negar
Nasce novamente uma lembrança
de que existe, sim
Uma esperança latente
Antes que seja tarde
Eu sei
No meu coração que arde
Nada
Nunca mais
Haverá de afastar a gente
e durmo em paz
Edson Ricardo Paiva