Superfície
Exista na superfície, mas compreenda, caso seja preciso mergulhar nas profundezas, qual será sua resistência para o seu mergulho existencial!
Humildade é o diferencial para não ocorrer tantos naufrágios!
Olhos alucinados visam superfície rosada
Lacrimejando meu espasmo nervoso
Por que é penoso
Quando aprecio de seu ouro?
Lorde clemente, não suporta intenção divina
O presente que me foi dado, tomado para mim
Santificada sob mãos cautelosas
Agasalhada angelical
Longe dos indignos
A felicidade esbelta platina
Marcada desde nova em sua inocente serventia
Chacoalhava tempo a tempo em seu balanço na pradaria cinza
Sem o tempo importar
A quem mais importaria?
Um paraíso preso a um jardim cinzento
Carregava consigo seu reflexo primaveril
Refletida em carne e sangue
A alma dividida unicamente igual
Uma imperativa garota ao rumo da outra
Razões existênciais que vibram
Construindo sem parar meu mártir ensandecido
O caminho criado a base de prazer sem fim
Sou o guia desta viagem lasciva
Rumando direção contrária dos valores
Ó destino incolor marcado por mim
Trajando vestes brancas como marfim
Leva-me aos céus, minhas flores do pecado
O calçamento vibrou
Quando a moçoila pisou,
Relando sua superfície
Exímia cirurgiã,
Fraterna como a artífice
Entalhando um talismã.
Existem dois tipos de feridas: aquela que deixam cicatrizes na superfície da pele, e aquelas que deixam marcas na profundeza do coração.
Nossa alma é bem mais profunda do que se pode imaginar.
Não será na superfície que encontra-la-á;
Superficialidade apodrece.
Alma permanece!
ÍNDIA
Como nós:
Índia,
incrivelmente apaixonante
Inexplicável
Na superfície, barulhenta, confusa e incoerente
Nas profundezas, quando atravessamos a superfície, às vezes sólida, encontramos o silêncio fluido, esclarecedor e coerente.
Alguns dias em silêncio, percebemos a vastidão de palavras desnecessárias e a imensidão de afetos clamando por uma voz que não verbaliza, mas que pulsa
Como a vida:
Índia,
indescritível, não vale ser só contada, é preciso ser vivida
Não dá pra deixar pra depois, ela te chama a todo momento para o agora
O medo de visitá-la retrata também o medo de visitarmos-nos
Com medo, não encaramos o mal, mas também abrimos mão do bem.
Como a morte:
Índia,
não importa o tempo que convivemos, sempre foi pouco tempo
Um susto, um salto, uma surpresa
Nunca se sabe quando e o que está por vir
Como o amor:
Índia,
inspiradora
Dá asas à nossa imaginação
O belo gruda nos nossos ossos
Só ficar olhando, já expande o coração
Tem o dom de nos fazer sorrir e nos fazer chorar numa fração de segundos
É única a cada olhar do mesmo
Como a saudade:
Índia,
vai doer ficar longe
Se houver reencontro, nos abraçamos na alegria
Mas se não houver, abraçamos as lembranças que vão dando lugar ao carinho e à referência
Gratidão infinita pelo aprendizado eterno já banhada de muita saudade
Cientistas e matemáticos são treinados para ver além da superfície do mundo caótico e natural em busca de simplicidade, estrutura e até beleza inesperadas.
A nós, a arte grega ensinou-nos que não há nenhuma superfície verdadeiramente bela sem um fundo terrível.
A maioria da civilização humana acreditava que só poderia existir vida na superfície do nosso planeta. Sobre o que mais nos enganamos?