Superficialidade
Como mergulhar fundo nas relações interpessoais em um mundo líquido, onde já nascemos na superfície?
Ilha de pedra
Desesperou-se em fuga e remou forte, com muito peso de bagagem em tempestade naufragou
Flutuava sobre as águas inconstantes, adormeceu, o que sonhava em paz por instantes acordou
Não sabia onde estava, era frio incessante, doía nos ossos, sua alma amedrontou
O nascer do sol levava calor, sede, fome e esperança a quem se perguntava “quem sou?”
Não cessou seu inferno solitário, era muito quente, sua intensidade rugia e se desfazia
Não se pode ficar tanto tempo exposto ao sol, garganta seca, pouco gritava, pouco dizia
Neste mar de pedra não há abrigo que resfria, que agonia
Ali adiante haviam as águas e um vasto precipício de onde saltar
O medo das pedras afiadas exaltavam o grande risco de se detonar, machucar
O quão profundo e seguro seriam aquelas águas pra se mergulhar?
Quanto tempo sobreviveria ao sol a desidratar e queimar?
O impiedoso tempo indagava e obrigava uma escolha sábia tomar
Não se sabe como partiu
No fim desta história sabe-se apenas que foi o sol ou mar
Nos tempos atuais é muita gente molhando os dedos, sendo superficiais, enquanto, coisas incríveis moram nas profundezas da intensidade.
“Nos tempos atuais é muita gente molhando os dedos, sendo superficiais, enquanto, coisas incríveis moram nas profundezas da intensidade”.
Estamos constantemente a procura de significado, famintos pela sensação de felicidade, presos as nossas lembranças, presos no passado. Por conta de nossos medos e inseguranças passamos a nos privar, poupar de um mundo completamente diferente ao que estamos vivendo, este que não costumamos aprofundar em nada e por consequência, nunca sabemos o que existe lá no fundo.
Passamos a ser receosos, acreditando nas nossas próprias mentiras, mentiras até mesmo dos reais significados de tudo. Por mais que colecionemos momentos felizes, ainda sim, sentimos a sensação de estar vivendo uma ilusão.
Até nos depararmos, mesmo que raramente, à uma sensação única e genuína de felicidade, tal que nos domina completamente, suga toda nossa lucidez, esta é a tão formosa intensidade e constância no agora, nos propondo profundidade e entrega total, que como resultado nos dá a sensação de viver o infinito.
Viver de Ilusões
Vivemos num mundo qual o hiperativo é dado como normal, onde o mesmo reina, enquanto quem está simplesmente refletindo e entrando em contato com o seu verdadeiro EU é visto como o infeliz e anormal. No entanto, esquecemos das coisas que realmente importam, e tudo, simplesmente por nunca sequer por um mero segundo parar e refletir. Refletir sobre aquilo que fazemos, pensamos e principalmente quem somos ou estamos nos tornando.
Nossas condutas vem sendo cada vez mais moldadas pela sociedade qual vivemos, tal sociedade que venera viver de ilusões, enquanto fugir da realidade é a prioridade. Honestidade é vista como ofensa, e então, passamos a viver em prol de nossas ilusões, criando relações e pensamentos quais fortaleçam ainda mais aquilo que tanto adoramos. Ora somos tão vazios assim, para estarmos em constante alimentação de nossas ilusões e vazios? Sim, pois foi assim que estruturamos nossas condutas e alicerces como pessoa, onde o superficial e a zona de conforto são cruciais para um “bem estar social”. Então fugimos do profundo, do intenso, do verdadeiro, alegando ser autossuficientes e verídicos.
Constantes Vagantes sem Rumo
Falar de amor é sem dúvidas a coisa mais complexa, inclusive refletindo com base no mundo qual vivemos, onde tudo parece tão superficial, nada é duradouro, e simplesmente buscamos preencher o vazio qual mau sabemos da existência, pois não nos conhecemos... É aí que acredito ser a raiz de muitos males, a falta de autoconhecimento e de profundidade de nós mesmos, tal falta que nos torna constantes vagantes sem rumo.
É bem como escutar aquela frase tão famosa “quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Podemos até refletir a respeito, mas seu significado é ainda mais profundo que o entendimento mais profundo, pois nós caminhamos exatamente para onde sequer sabemos. Alguns de nós acreditamos estar trilhando algo que queremos, mas será de fato o que realmente queremos? É bem difícil responder, pois não nos conhecemos da maneira qual deveríamos e por conta disto, acabamos por nos precipitar em relação a quem somos, abraçando o autoengano ao invés do autoconhecimento, e pecamos por não saber a questão crucial para os significados de nossas vidas, e então nos tornamos constantes vagantes sem rumo.
Nossa busca por significado é constante e no decorrer costumamos atribuir valor a coisas que são apenas coisas, deixando de lado o que realmente tem valor. Preferimos gravar um show por completo, simplesmente para alimentar a necessidade fictícia de atenção dentre outros, e por isto deixamos o valor da experiencia de lado, não focamos no agora e perdemos a oportunidade de sermos a melhor versão de nós mesmo, simplesmente por não estarmos presentes no agora, estando divididos em diversas partes. Estamos fragmentamos e ao mesmo tempo precisamos ser cada um destes fragmentos e nunca somos apenas um, um inteiro, mas sempre divididos, buscando completude, conforto pela falta, e felicidade inalcançável. Quando falamos de amor, partimos da mesma busca e passamos a confundir muita coisa, pois aliás, não sabemos realmente o que queremos, e por isto, passa a ser uma busca sem rumo. O verbo amar passa a ser apenas mais uma palavra que justifica a sensação fictícia de completude e conforto, entretanto, não passa de uma mera ilusão, pois adotamos hábitos tão destrutivos que mau percebemos e então nenhuma relação dura, e nada é feito com entrega total, estando inteiramente no agora, desfrutando os sabores de ser quem é em sua totalidade, enquanto continuamos a ser constantes vagantes sem rumo.
Temo estarmos criando uma era de gente apática e egoísta. Que confunde amor próprio com ser orgulhoso e individualista. Que são tão cheias de si que não enxerguem o outro. Que convencem-se que demonstrar afeto é fraqueza e ser intenso é defeito, enquanto veem o superficial como normal e o amor como banal. Uma era que entendeu tudo errado.
Não há nada mais medíocre que resumir a beleza a algo estritamente superficial quando somos tanto mais.
Enquanto você não conseguir encontrar conforto em sua própria companhia, nunca saberá se estará escolhendo alguém por amor ou por temer a solidão.
os maiores deficientes são aqueles que só conseguem enxergar com os olhos, só escutam as próprias mentes, e só são capazes de sentir o que toca seus corpos.
A massa aderiu uma vida tão fútil e despropositada, que frequentemente estão a agarrar-se a vida de outros para entreter-se, e da superficialidade para consumir e debater por semanas.
Mesquinhez
Vejo em nos uma felicidade,
os sorrisos cintilantes,
vossas risadas estridentes
e todas as lindas roupas,
também comentários bem-intencionados.
Porém, vejo o vosso abandono indiferente,
e as tristezas alarmantes
a falta frígida que nos toca,
que nos paralisa diante
de todos os sorrisos intrépidos
comentários falsos,
e risadas provocantes.
e nossas roupas pomposas e ridículas,
e até hoje a única coisa que não consegui perceber
é por que nos queremos tanto ser como “eles”.
Cuide para que teu verbo tenha coerência com teus atos, de outro modo os atos se tornam vazios e você passa a ser superficial.
Quão pesado é o fardo da artificialidade,
que muitos tentam carregar,
pois o orgulho os impede
de derramar o coração
diante do Senhor,
que é suficiente para salvá-los.
Quero que seus anjos dancem alegremente com meus demônios.
Mas se você não entendeu, nós podemos tentar de novo, até que você possa me apertar e não sentir apenas a minha carne.
@gabbydelirios
A beleza não está relacionada ao conceito de bonito ou feio, mas sim à autenticidade singular, uma joia rara que dificilmente se encontra na superficialidade das coisas. A singularidade mora além do horizonte.