Suor Sangue A Lagrimas
Um pensamento, uma ilusão, fica fixado em uma Paixão.
O teu suor é frio, a tua alma me esquenta, vivo na solidão longe do seu cobertor.
Aprendi a conquistar as minhas coisas com suor, arregaçar as mangas, ir à luta, dar a cara à tapa sem medo de nada nessa vida. Apanhar se for preciso, mas não desistir e levantar quantas vezes forem necessárias mesmo que isso te custe tempo, mesmo que isso te custe a vida. Reconheço a necessidade de que preciso do outro e isso é fato, pois não estamos sozinhos neste mundo. Mas gosto do gosto doce, porém ardúo das coisas que conquisto e vou aos poucos construindo. Tijolo a Tijolo...
Somos animais, mamíferos... apaixonados pelo toque, pelo cheiro, pelo suor, pela carne de outrem. A partir do momento que nos for tirado esse direito, do prazer instintivo, viraremos meros seres decorativos, superficiais e frívolos.
Joelhos amolecidos dobram-se,
mãos espalmadas antecedem o suor que colherão da epiderme as chamas,
mas é na concavidade em flor,
que pétala a pétala se dá a oração!
De olhos fechados
a flor é rosa, cravo, jasmim;
quando escavo é suor,
lodo, vísceras de peixe.
Ainda tenho terra nas unhas.
Na poça negra negra
é a água clara.
WHISKY E SUOR
Naquele bar lotado eu era só mais uma pessoa bebendo e não havia nada mais
solitário que isso.
E assim percebi
que a pior solidão
é aquela que sentimos
no meio de tantas pessoas.
ALTAR
Escrevo, porque não sei mais como expressar
Os sábios passos, palácios, corpos, suor, sangue, ar, templos...dizem templos.
Que templo é esse que eu não venero?
Vi venerarem por mim
Mas nada sinto
Apenas vejo chegarem no altar
E tocar-lhes os pés, mas ainda
correm de medo, ao sentirem o poder da Deusa.
O MAR E A MULHER
Marcial Salaverry
O mar é salgado,
como salgado é o suor
dos corpos no embate amoroso...
Este sal é mais gostoso...
O Mar é belo... imponente...
A Mulher é bela... mais dolente...
Se mergulharmos no mar... morremos...
Se mergulharmos na mulher... vivemos...
O Mar nos leva em longa viagem...
A Mulher nos conduz em doce voragem...
Se no mar, pescamos para nos alimentar,
com a mulher pecamos para nos apaixonar...
O mar e a mulher, envolvem-nos...
Em seu vai e vem, o mar, e suas delícias...
Em seu vai e vem, a mulher, e suas malícias...
Dentro do mar, vivemos lindos momentos,
e também sofremos tormentos...
Dentro da mulher, nascemos,
E também nos perdemos...
Alimentamo-nos com os frutos do mar...
Da mulher, desfrutamos para amar...
Amar uma mulher... amar o mar...
E se há mar... e a mulher amar...
Vamos amar no mar...
Perdemo-nos no mar...
Perdemo-nos no amar...
Marcial Salaverry
O céu, o inferno e uma história
Antigamente
Éramos unha e carne;
Bebíamos tudo do mesmo copo,
Suores, lágrimas e um afável vinho;
Eras a totalidade de todas as coisas,
Eu era o teu universo
E todas as gravidades
Nos puxavam à nossa cama;
Palavras eram plumas que voavam,
Quando não se estavam a beijar;
Éramos provação e teoremas
E tu lias os meus poemas
Que eram todos para ti;
Rezávamos a Deus, que nos deu
O infinito, um lar e asas, e assim
Íamos em parelha à mercearia
Flutuando como passarinhos;
Era no tempo
Em que Deus respondia a orações
E prometia o céu e uma história.
Anos escarpados depois…
Somos garras que ferem carne;
Cada um tem o seu copo
Por onde bebe a retaliação do outro;
A totalidade de tudo o que éramos,
Esfumou-se no universo
E todas as gravidades
Nos afastam dos nossos centros;
Palavras são agora
De arremesso ou caladas;
Desaprendemos o perdão,
A paciência, a cumplicidade e a beijar;
Somos pétalas caídas de uma flor
De um poema que cheira a bafio;
Já não há mercearias nem passarinhos,
Só corvos, a depenarem-se uns aos outros,
Como nós.
Ainda rezamos, mas em vão!
Deus desistiu, como nós, de ambos.
CHUVA QUE ME INSPIRA
"Doce e amarga chuva.
Que cobre o suor deste corpo,
Fatigado de tanto lutar.
Que lava a aura dest'alma,
Desbotada de tanto sofrer.
E desdenhada e incompreendida,
Deixa-a misturar-se
Com as águas de seu pranto.
Doce e amarga chuva.
Que deságua nesta terra,
Desprovida de cuidados
E há tempos sofrida.
Que arrasta com fúria,
Seus torrões secos e áridos,
Sedentos por alguns borbotões.
E castigada e impotente,
Deixa-a talhar-se
Com sulcos de erosões
Doce e amarga chuva.
A natureza se curva diante
De sua uníssona presença.
Com silêncio profundo,
Faz-te adorada reverencia.
Seu reinado, sempre absoluto;
Ainda que te falte cadência
Ah, doce e amarga chuva.
Sua existência paradoxal,
Torna-te augúrio ou
Faz-temensageira
Do bem e do mal"
Você me causava, como nenhum outro alguém, uma sensação inconspícua, suor, tremor, coração disparado e mãos úmidas; quando me dei conta já te chamava de 'meu amor'.