Suor Sangue A Lagrimas
" A pele suporta a dor
mas nas entranhas,
o óleo derramado é sangue.
derrubem, derrubem
produzam gasolina
papel
progresso
carros
arranha-céus
joguem os animais no confinamento
e assistam a morte dos caranguejos
comam tudo,
inclusive a fé
e amanhã talvez
outros jornais nacionais
noticiem mais uma história de extinção...
Uma rosa vermelha como o sangue dos inimigos
Ela possui pétalas encantadoras
Elas aparentam muita maciez
Todas presas ao topo do caule.
Porém, além da delicadeza
A belissima flor apresenta espinhos
Esses perfuram a pele daqueles que desejam machucá-la
O sangue escorre e camufla-se nas pétalas.
CORRE O RIO 🍁
Corre o rio de tristezas devagar cor de sangue
Sangue, sangue de dor arma enferrujada
Veias de veneno lapidado sugado no escuro
Corpo estendido esquecido e sentido
Sangue derramado de um soldado
Com o coração partido perdido, magoado
Guerra estúpida, sem tempo, sem hora
Humanidade despida sem destino nas areias
Escaldantes do deserto desentendidos, ignorantes
Corre o rio de dor, de sangue de odor, podre, fede
Carne apodrecida deixada à sua sorte
Veias lapidadas de cores de uma guerra estúpida
Sem honra, sem respeito, sem compaixão
Feridas feitas no peito de sangue que deixam cicatrizes.
Ele já teve o coração de sangue pulsante, mas hoje é apenas uma pedra fria e desolada, corrompido pela desilusão.
Poderia gravar em muros. Tom vermelho sangue. Usando somente as unhas das mãos, escreveria o quanto a solidão me faz companhia. Riscando e riscando até o sangue ser tinta. A dor como matéria prima. Esse seria meu tributo original. Tudo estaria em lingua antiga. Iniciaria em latin e terminaria em yorubá. Pontos e vírgulas estariam dispensados. Quando a carne nas extrimidades dos dedos
já não existissem. Quando o próprio osso fizesse ranger, alternaria com a outra mão. Verdadeiro manifesto de amantes. Daquele dia em diante, aqueles que por alipassarem não conseguirão evitar tamanha contemplação, ajoelharao. A parede fria seria beijada como se beijassem as feridas de jesus ainda cruas. Bem ali, seria constituído ponto de oferenda para os diferentes deuses. Sacro muro. Pagãos seriam bem vindos. Ratos encontrariam verdadeiros banquetes. Baratas dançariam em sincronia com outros insetos. Mariposas teriam refúgio à sombra do muro. Nada poderia ser profanado. O pé que ali pisar, untado em azeite deverá estar. A boca que ali abrir, em vinagre terá sido inundada.
Tudo terminaria assim:
para ela,
solidão
minha algoz e fiel companheira
"Temos o sangue da mesma cor, mas enquanto não sangrarmos pelo mesmo motivo eu jamais terei interesse na tua dor"
-Humanos
Minhas veias estão vazias, a miséria tomara minha matéria, meu sangue evapora em nome da minha lazeira, minha carne apodrece nos braços da derrota. Me torno o fracasso encarnado no corpo inidentificável de uma coitada que não tem por quem cair.
Estampam os números em minha cara, mas não compreendem os porquês da minha cara os jornais estampar, afinal é apenas mais uma estatística a alimentar. Me avaliam como incapaz e usam números cadavéricos para me matar, me enfiam goela abaixo um 10/12 porque sabem que um 192 não mais adiantará.
Os dias vão passar, passar por cima de minha honra como um rolo compressor; não sei até quando vou aguentar gritar calada e lidar com o eco de meu penar, pois a única voz que ouço me chamar é a minha, que fraca e anêmica, não pode me acalmar.
Antes assistia sozinha ao meu declínio, mas agora nem comigo mesma eu posso contar.