Suas Maos em meu Corpo

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Meu espírito se perde, voa longe.

Ah...
Hoje eu quebrei o meu despertador logo pela manhã
Tocou atrasado e eu quase perdi o horário da van
Agora você vê como são as coisas, Maria José
Se der

Se der
pra você me emprestar aquele seu vestido azul cor de mar
E se não servir vou tentar perder um quilo e meio até lá
Semana que vem é o tal casamento e eu não tenho o que usar
Se der

Ah...
E falando nisso homem bom hoje em dia tá ruim de arranjar
Aquele que eu tinha eu peguei com outra, mandei ele andar
Malandro e folgado comigo não dura mais nem um luar
Tá rindo, é?

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá

Ah...
Recebi um torpedo da telefonia no meu celular
prometendo desconto as três da manha se eu puder falar
Mas de madrugada quem vai me atender? Quem vai me ligar?
Eu hein?

Tchau!
Fique tranquila que o vestido eu cuido não deixo sujar
Quem sabe eu te ligue pra poder a tarifa a gente aproveitar
ou quem sabe eu arraje até alguém novo pra mim namorar
Ta rindo, é?

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos

Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá
E vamos que dá...
E vamos que dá...

Onde tenho o meu pensamento que me dói estar sem ele,

A neve cai. Há uma mulher nua no meu quarto. Os olhos pousados na carpete cor de vinho. Tem dezoito anos. E os seus cabelos são lisos. Não fala o idioma de Montreal. Não se quer sentar. Não parece ter a pele arrepiada. Ficamos os dois a ouvir a tempestade.

Meu horizonte

Meu horizonte
não tem limite!
Sigo em frente,
depois do horizonte,
se pegar a estrada,
fico acomodada,
não vou chegar...
Se pular a cerca,
mesmo que me perca
pra fugir do espinho,
encontro o caminho,
vou me superar.

Ah, meu Deus, como é bom ser vida loka.

Porque não vivo nem no meu passado, nem no meu futuro. Tenho apenas o presente, e ele é o que me interessa. Se você puder permanecer sempre no presente, então será um homem feliz. Vai perceber que no deserto existe vida, que o céu tem estrelas, e que os guerreiros lutam porque isto faz parte da raça humana. A vida será uma festa, um grande festival, porque ela é sempre e apenas o momento que estamos vivendo.

Paulo Coelho
O Alquimista. São Paulo: Paralela, 2017.

- Meu pai costumava dizer que a vida não nos dá segundas oportunidades.
- Dá, mas somente para aqueles a quem não deu uma primeira. Na realidade, são oportunidades de segunda mão que alguém não soube aproveitar, mas são melhores que nada.

Mater Dolorosa

Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama - o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,
As asas de ouro vais além abrir.
Ai! rosa branca no matiz tão pálida,
Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte
Nas folhas secas do sombrio chão!
Folha dest'alma como dar-te à sorte?
É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas... Num amor sem termo
Bebi a força de matar-te a mim
Viva eu cativa a soluçar num ermo
Filho, sê livre... Sou feliz assim...

- Ave - te espera da lufada o açoite,
- Estrela - guia-te uma luz falaz.
- Aurora minha - só te aguarda a noite,
- Pobre inocente - já maldito estás.

Perdão, meu filho... se matar-te é crime
Deus me perdoa... me perdoa já.
A fera enchente quebraria o vime...
Velem-te os anjos e te cuidem lá.

Meu filho dorme... dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Castro Alves
ALVES, C., Os Escravos. São Paulo: Martins, 1972

Esta coisa terrível de não ter ninguém para ouvir o meu grito.
Esta coisa terrível de estar nesta ilha desde não sei quando.
No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia.
Um avião, um navio, uma nave espacial.
Não veio nada, não veio ninguém.
Só este céu limpo, às vezes escuro, às vezes claro,
mas sempre limpo, uma limpeza que continua
além de qualquer coisa que esteja nele.
Talvez tudo já tenha terminado
e não exista ninguém mais para lá do mar mais longe que eu vejo.

Soneto XLVI

"Minha vista e meu coração travam mortal combate,
Sobre como dividir a conquista de tua visão:
O meu olho barraria do meu coração o retrato de tua visão,
Meu coração, ao meu olho a liberdade daquele direito.
Meu coração acha que tu nele te quedas,
(Um segredo jamais penetrado com olhos penetrantes)
Mas o defensor nega a acusação,
E diz que nele a tua bela aparição se queda.
A decidir a peleja é convocada
Uma busca dos pensamentos, que todos ligados ao coração;
E com o seu veredito fica determinado
A metade do olho límpido, e parte do caro coração:
Assim, o devido ao meu olho é tua parte externa,
E o direito do meu coração, o teu amor interior de coração."

Circo é lugar de palhaço? Acho que vou mudar o nome do meu coração para circo.

Você, só podia ser você, que se me visse agora consideraria um exagero esse meu desalinho emocional, que diria que estou dramatizando, você que nunca passou por nada igual, mas talvez passe, tomara que passe, para poder me entender.

Está faltando o sonho no que eu escrevo. Como viver é secreto! Meu segredo é a vida. Eu não conto a ninguém que estou viva.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

"‎Sou direta. Fria. Seca. E nada disso é novidade pra ninguém. É só o meu jeito."

O céu, o chão. Nunca vejo o meio. Qual a razão de ser o meio termo. Na minha mão, guardo o meu destino. Eu abro e vou.

Eu só sei que não quero viver uma vida dedilhada. Cansei de pensar demais e os erros meus não são iguais aos erros que deixei pra trás. E aqueles velhos medos não assustam mais.

Meus passos vão, firmes no caminho, em direção ao que não foi escrito. Intuição, sopra em meu ouvido. Escuto e vou.

Ninguém faz noção de como ele muda meu humor durante um dia inteiro apenas com uma sms, um oi ou um sorriso.

Ela acreditava no meu futuro. Se algum dia desejei a glória foi por saber que isso a faria feliz.
A medida que vão desaparecendo aqueles a quem amamos, diminuem nossas razões para conquistarmos uma felicidade que não poderemos fruir juntos.

‎Meu coração surrado deu de arrancar o curativo, deu de cutucar o machucado...

Vê, meu amor, vê como por medo já estou organizando, vê como ainda não consigo mexer nesses elementos primários do laboratório sem logo querer organizar a esperança. É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz nenhum sentido. É uma metamorfose em que perco tudo o que eu tinha, e o que eu tinha era eu – só tenho o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com os seus planetas e baratas. Eu, que antes vivera de palavras de caridade ou orgulho ou de qualquer coisa. Mas que abismo entre a palavra e o que ela tentava, que abismo entre a palavra amor e o amor que não tem sequer sentido humano – porque – porque amor é a matéria viva. Amor é a matéria viva?

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.