Sou Besta com a Falsidade de uns

Há apenas duas formas de subir na vida: pelo nosso engenho ou pela estupidez dos outros.

A alma humana é feita para não estar sozinha.

O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.

Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.

Os raios caem sobre os montes mais elevados, e onde encontram mais resistência é onde provocam o maior dano.

Queriam-me casado, cotidiano, fútil e tributável?
Queriam-me o contrário disso, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, faria a vontade de todo mundo.
Assim, como sou, tenham paciência!

Não há homem completo que não tenha viajado muito, que não tenha mudado vinte vezes de vida e de maneira de pensar.

A velhice é a paródia da vida.

Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

As mulheres coram por ouvirem falar daquilo que não receiam de modo algum fazer.

A alma que abriga a filosofia deve, para a sua saúde, tornar o corpo são.

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

(Poesia feita em homenagem ao poema Geometrida dos Ventos de Álvaro Pacheco)

O homem honrado nunca jura; contenta-se com dizer: isto é ou isto não é. O seu caráter jura por ele.

O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o.

A velhice faz-nos mais rugas no espírito do que na cara.

A gentileza faz com que o homem pareça exteriormente, como deveria ser interiormente.

Não há prazer em possuir algo sem companhia.

A tecnologia moderna é capaz de realizar a produção sem emprego. O diabo é que a economia moderna não consegue inventar o consumo sem salário.

Quem julga pelo que ouve e não pelo que entende, é orelha e não juiz.

Temos na filosofia uma medicina muito agradável, pois, nas outras, sentimos o bem-estar apenas depois da cura; esta faz bem e cura ao mesmo tempo.