Sorria Mesmo
Na noite da virada existe a oportunidade de recomeçar, mesmo que seja apenas um novo ano. Na manhã do dia seguinte, o Sol surgirá e com ele a esperança de que por mais escura que seja a noite um dia ela acaba para dar lugar à luz.
A coisa mais importante é que você deve dar às pessoas o que elas querem, mesmo que isso te mate, mesmo que te esvazie por dentro até não existir mais nada. Não importa o que acontecer, você não pára de dançar, e você não pára de sorrir, e você dá às pessoas o que elas querem.
O que eu sei do amor…
Amor é desobedecer Newton e dois corpos ocuparem um mesmo espaço, um mesmo tempo, um mesmo abraço.
Amor é receber o que não se pede, mas o que se espera, é ter vaga preferencial, é ser o número na chamada de emergência, é não se preocupar com o leito depois do meio-dia.
Amor é acreditar em horóscopos, é desistir dos infernos astrais e atrair os sorrisos mais bonitos para enfeitar os domingos.
Amor é ter o que se quer quando mais se precisa, é a promessa de andar de mãos dadas, é o silêncio que não incomoda, mas vira pretexto para encontros labiais.
Amor é não deixar os sonhos do outro dormirem, e adiar nossos planos para complementar as buscas de quem amamos.
Amor é não precisar marcar nada no calendário, é brigar com o relógio e abraçar forte para atrasar a segunda-feira. Amor que é amor, não é amor apenas no verão, é um sentimento que te faz tão feliz que a tristeza já nem lembra mais de existir nos dias frios de inverno.
Amor é poesia dos suspiros alheios, é tudo que se encontra nos livros e nada que se compare a vida real, é tato que afeta, é olhar que traduz, é um sem querer querendo.
Amor é tirar a roupa como quem tira os cabelos dos olhos, é fechar o vestido e guarda a camisa, é deixar o rastro do cheiro pelos travesseiros e confessar o desejo para os lençóis.
Amor é amar sem precisar se preocupar com o tamanho da eternidade, e se ainda assim me perguntarem o que é amor eu direi que te amar é tudo que eu sei.
Vocês só dão importância a si mesmo. Acham que podem adiar a morte. Vocês se iludem com essa frívola paz. Quando se mata alguém, você assina sua própria sentença de morte. O ódio é a corrente que liga vocês.
Promete
promete que nos veremos logo
promete que isso não vai ficar assim
quen nem mesmo essa distância não vai
roubar você de min
quanto tempo mais
vou aguentar ficar sem
te abraçar
sinto a falta do calor
que encontro no nosso amor!
E foi mesmo na frente da igreja que a vida de Antônio deu uma volta medonha, pois, no que viu Karina, seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou Karina bem ali, no meio da praça, e a boca de Karina não disse não, e nem poderia, pois estava por demais ocupada.
Daí pra frente se sucederam muitas noites de festa e muitas outras de desgraça tanto no coração dele como no dela, pois a graça do amor é justamente esse emperrado. Quer, não quer, pode, não pode, quer mas não pode, pode mas não quer, um passa a querer o que o outro desquer e esse só vai querer novamente com a desquerência do outro. O fato é que, foi, não foi, Karina e Antônio foram destrocando juras para lá e para cá, cada vez mais muitas, e Nordestina acabou se acostumando com aquelas palavras de amor passeando pelas ruas até não sei que horas da madrugada.
O nome de Antônio e Karina passara a só andar juntos na boca do povo. Lá vêm Karina e Antônio, lá vão eles. A palavra sempre lhes servia de acompanhante. Os dois não se afastavam nem nas frases, nem nos cantos, nem mesmo no pensamento. Seus olhos também não se afastavam nunca, os dele dos dela, os dela dos dele, nem as bocas e nem as mãos. Os pedaços de um foram descobrindo os pedaços do outro, por partes, até chegar a hora em que cada pedaço de um conhecia o outro inteiro. Karina nunca tinha visto isso nem em filme. Não daquele jeito. Antônio também desconhecia esse negócio que dá dentro da pessoa nessa hora. Um negócio que só tem vantagem, uma atrás da outra, e bastam apenas dois para senti-lo, mais nada, podia existir coisa melhor na vida? Na noite em que Antônio e Karina viraram um só de vez, quando todos os pedaços dos dois, sem faltar nenhum, se ajeitaram num mesmo espaço, e as duas bocas, enquanto separadas, murmuraram bobagens importantíssimas, e os dois pensamentos conheceram juntos lugares que não existem, coincidiu que a lua também estava cheia. E se a lua estava cheia, a noite também devia estar se sentindo o máximo.
Sou sempre eu mesmo e se
sou diferente às vezes
é porque a necessidade me obriga.
Tudo na vida é relativo.
“Estou sozinho mesmo quando não estou, e não é tão complicado de entender. Individualidade é meu forte, eu meio que adotei o desapego. Não é questão de ter alguém por perto, eu gosto do silêncio, encontrei companhia em mim. Também não é questão de ser antissocial, ou depressivo. Sou uma pessoa feliz, me divirto saindo, mas não dependo disso pra encontrar uma distração, as pessoas não são meu ponto de fuga. Eu gosto de ser o que eu sou, e aceito isso de braços abertos. Não forço pra tentar ser o que não me agrada. Sentimento bom é assim, desprendido. Sem ter que dar explicações ou inventar qualquer desculpa pra não precisar ir a algum lugar. Solidão opcional é um estado de espirito.”
Quando todos pensam o mesmo, ninguém está pensando.
A hipocrisia é a fulga mais comum daquele que não tem coragem de ser ele mesmo o que o leva a sufocar seus medos e frustrações no preconceito para com o outro.
O poder do homem para fazer de si mesmo o que bem quiser, significa o poder de alguns homens para fazer dos outros o que bem quiserem.