Sonetos de Saudade

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⁠AVERSO

Quem poeta pelo suspiro sofrido
Em lágrima dum trágico flagelo
É quem se deixou estar perdido
Esquecido dum versar mais belo

É quem do emotivo foi redimido
Expurgado do verso mais singelo
Na emoção se encontra indefinido
Na inspiração tristura em paralelo

É quem se norteia com a navalha
Da dor, em trova ensanguentada
Amortalhado em rítmica mortalha

É quem no choro faz de morada
No coração o amor sofre e talha
Mas, a paixão, sempre sonhada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 28 de setembro – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR DO MOMENTO

Há solidão sem fundo, há sofrer tiranos
Mais sufocantes que a cruel desventura
Sentimentos loucos, cheios de amargura
E as saudades mais extensas que os anos

São tormentos sem piedade, são danos
E as sensações na alma vazia de ternura
Eu as renuo... e a está árdua sorte dura
Que augura na poesia versos profanos

Devaneio, sim, e só assim, somente
Saio do algoz versejar tão cruento
Que me fere no tratear lentamente

Oh! gemidos assim jogados ao vento
Que chora e dói na emoção da gente
Leva pra longe todo este sofrimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠LEVA

Cevando se me vai de traço em traço
O fado, que a mor emoção vai sendo
O sentimento em ensaio despendo
Té que a sorte me dê bem remanso

Amando, quando posso, eu romanço
Sempre na busca, assim, pretendo
Tê-lo, enfim, um fomento tremendo
Onde os abraços tenham descanso

Vendo-me, pois, portanto, carente
Metido nas agruras desses enleios
Eremítico.... me entrego à ventura

Ah! quando a dita me faz contente
De novo o coração em bons meios
Se dispõe: .... com leva de ternura!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/10/2020, 21’57” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO SEM VOLTA

Vai-se mais um talvez pra outra parada
Vai-se um, outro, enfim decaídas cenas
Que dói no peito, na solidão, e apenas
A teimosia para essa pesada derrocada

Cá na quimera, quando a dura nortada
Bafeja, os devaneios em alças plenas
Ruflam a alma em emoções pequenas
No ocaso do horizonte atiçando cilada

Também dos silêncios onde abotoam
Os suspiros, um a um, não perdoam
E choram, lágrimas pelos olhos vais

Na perfídia imatura, ilusões escoltam
Os sonhos, que sempre ao amor voltam
Mas que ao poético não voltam mais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020, 20’20’ – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠RÚSTICA HORA

A paixão sentida no revés sentimento
arremessa na alma desditosa e solitária
a infelicidade, sensação desnecessária
além, do amar, este, a mim sem alento

O pranto, a correr, e a sorte ao relento
vem do acaso, da solidão, do itinerário
que parece trazer consigo um rosário
sem rumo, que na ventura vai ao vento

Tenta, e tenta, lamenta. Olha em torno
sedento. E o silêncio suspirando lá fora
à meia penumbra, num choro morno...

Do reclamo, o luar alvacento da aurora
com seu reflexo pálido de um adorno
sofrente, murmura essa rústica hora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CERRADO DO GOIÁS

Quando, a primeira vez, lhe vi a vastidão
uma confusão fiz de sua sinuosa mesmice
e quedei-me ao parecer de quem visse
e sentisse, o desigual em plena evolução

Depois, no andejar, ao olhá-lo, disse:
é graça, é sertão na minucia e razão
do encanto, magia, mistério e criação
este chão, tão menino, na sua velhice

Os tortos galhos e secos barrancos
riscam planícies e maçudo abrigo
e o céu nos seus rubentes e brancos

E, ao aprecia-lo, agora, então digo:
vendo-lhe, diverso, e seus trancos
hoje o sinto poetificando comigo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/10/2020, 20’49” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NATAL EM SONETO

Um menino, e aquela noite festiva
Noite cristã, natalício do Nazareno
Celebrando os dias do Filho, terreno
Mesa posta, a família, ternura viva

E nesse singelo canto doce e ameno
Minha consagração contemplativa
Pura, reza a confiança na fé ativa
Aos pés do presépio, o amor pleno

Presente em soneto, e em gratidão
Louvores dou, Paz e Bem ao irmão
Noite de confraternização, de luz!

E, ainda que se perca, se inquieto
O coração. O crer sustenta o afeto
Feliz Natal! União em Cristo Jesus!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07/10/2020, 05’55” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A UMA DESPEDIDA

Agora, que o final me convida
A solidão parte do pensamento
Cada suspiro outro sofrimento
Nas recordações sem medida

E, de pareio com a despedida
Foi-se o bom contentamento
Dentro do leito o tormento
Enfim, dá dó essa dor doída

Pra que era tê-la evocando
As lembranças, do outrora
Se agora, me falta o crer...

Querer, já quiz, até quando
Pude ser, e nesta outra hora
Quero amor no bem querer!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠POETA FUI

Poeta fui e do causar ferino
Me acariciou a carícia dura
Versei mais dor que ventura
Andei sonhador e peregrino

No devaneio, vivi o desatino
Amando o que pouco dura
Gozando da decepção dura
Poeta sem charme no destino

Porém, a cada verso, tentei
Ter o acaso e a doce poesia
Não agonia que não sonhei

Entendo, que versar alegria
Tem de tê-la. Pouco cantei
Se cantei foi porque sofria

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2020, 08’06” – Triângulo Mineiro
paráfrase José de Abreu Albano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DESEJO

Eu quis paixão, pelo amar pleno
sem ambição dum fatal amado
onde apenas valeria ser ameno
ou talvez aquele algo desejado

Quis me doar, sem ser pequeno
e desse amor não fosse deserdado
mas, senti na alma o acre veneno
do amor na futilidade ser banhado

E vejo que o amado é, na vida
aparte, ao que é o escolhido...
a este, tem, uma boa acolhida!

É. Se castigo ou sina, eu digo:
- que nunca quis ter perdido
Se perdi, é por não ter comigo!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2020, 19’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠RESETAR

Na minha paixão otimista e inocente
eu nunca soube pra onde foi... um dia
a sorte que me preferiu tão prudente
ao sonho perguntei, e ninguém sabia

E numa fúria, manou-se, de repente
duma quimera expansiva e correntia
para uma áspera ilusão sem cortesia
e a vida suspirou lerda e descontente

E o andejar se foi... e vai distante
mas o silêncio, um outro instante
chora, mas vai em frente, teimoso

E eu sinto, a emoção, sem tê-la
De um algo especial e desejoso
É. E nunca é tarde para havê-la!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/10/2020, 10’10” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ACÚSTICA

O prazer rindo está, está na medida
Do bom matiz, pintado em mil cores
louvam tarde e manhã os amores
em exímia proporção, feito da vida

O dantes, já na sua eleita despedia
e fica na alma o perfume das flores
e no coração o desejo, com valores
numa sensação de ventura incontida

O sentimento que no eu pode tanto
a graça, que pela paixão então arde
lhe tornando leve no haver amador

E, o olhar com afeto nunca é tarde
Emanando paz e bem, afável canto
Pois, tudo falta a quem falta amor.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/10/2020, 05’55” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠HORA MARCADA

Um amor que já nasceu predestinado
Pra ter emoção, paixão e romantismo
A quem sempre se teve sem egoísmo
Inspirando sempre e sempre ideando

Num sentimento abrasado, desejando
Tendo no coração agrado e idealismo
Sem nunca chorar ou haver um cismo
Na sorte da ventura, assim, venerando

Esse que fica, que na sensação é amor
Tanta luz a brilhar e tanto é a seu favor
Da poética mais linda dos versos meu

Tem hora marcada, e tem a saudade
Sede tão cheia duma doce felicidade
É, somos nós, apenas nós, você e eu...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 22/07/2021, 09’35”

Inserida por LucianoSpagnol

⁠GÉRMEN

Eu te lanço ao coração, ó pequenina semente
de força, germina, surge à sensação, e então
aguardo o sentimento vivo e o anseio ardente
de um amador que na sede deseja a floração

Se desta esta vontade o meu agrado já sente
prazer em te cantar. Eleva desta suave canção
a mais amável emoção na emoção da gente
tal a alegria de um poeta em sua inspiração

Hás de ser a triunfal sedução enamorada
aquela gestação de sonhos, aquele abrigo
a quem vem procurar nesta cortês estrada

Cumprirás com justeza o poético preceito
do amor, fazendo do amor aquele amigo
florescendo uma paixão no açorado peito...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 26/07/2021, 12’45”

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ESQUECER-TE NÃO PUDE

Ah, esquecer-te não pude, é que quem diria?
teimosas lembranças evocam a finda paixão
as angústias de uma noite, lágrimas na poesia
relembram na prosa infinda suspirosa sensação

Teu amor! em um tempo a que eu amaria
fez pulsar de amor o meu confiante coração
depois, vieram gestos que eu não conhecia:
- o silêncio, a distância, em um feito vilão...

Dói, mas vivem em um presente passado
pulsando desejos que quer ser apagado
insistindo no dia que me deu aquela flor

Ontem, chorei, sim, e me foi tão cruciante
cada saudade me fazia dum eterno amante
marcante... não pude esquecer desse amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 28/07/2021, 18’19” -

Inserida por LucianoSpagnol

⁠POR QUE

Por que, em vez do silêncio, não me arraste?
Por que foste tu alvo, a emoção enamorada?
Por que sempre, na lembrança, és tu citada
E em cada verso o teu doce cheiro deixaste?

Por que no olhar aquele olhar com desgaste
Do desejo? por que, ó minha singular amada
Poeto, e suspira uma sensação tão desolada
De uma solidão, ó tomento, amargoso traste

Foste, e no perder não sabia o que perdia
Hoje chora no peito está resistente certeza
Que não teve intuição no que o amor dizia

Agora, vazio e poética sóbria, uma tristeza
Imaginado em que parte estás de cada dia
E, tenho a saudade numa nostálgica dureza

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 29/07/2021, 19’06”

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUANDO

Quando poeto o amor, as saudades são
estórias n’alma, nostálgico sentimento
a sensação de cada passado, momento
a doce quimera dos tempos que se vão

Quando poeto o amor, saudade em vão
é que nada importou, apenas o fomento
gemido de ocasião, sem um juramento
amor que é amor fortunas no amor são

Quando poeto o amor e, existe um vão
a poética chora, e a recordação aporta
lastimando aquele sentimento tão são

Ah coração, o amor, o que mais importa
um olhar, carinho, o que bem comporta
são versos de amor, que na poesia vão! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 30/07/2021, 06’06”

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DEPARO COM O AMOR

O seu amor varou-me a sensação amada
Fundiu-se ao coração, e tão meu sentia
Que não sei se aquela qualquer ousadia
Seria mais apaixonada ou mais alucinada

Chegou o vínculo, n’alma fincou a espada
Sobre o sentido do cuidado que florescia
No agrado, e foi intenso desde aquele dia
Total completude, não carecia mais nada

Julguei que nunca o teria, ledo engano
O amor ao ver outro amor é soberano
Redigindo nas estrelas um firmamento

Vi a emoção na inteireza, com ventura
Tudo tão sereno, amigo, sedução pura
Cá no amor agora é poético sentimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02, agosto, 2021, 19’11” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PELO CAMINHO

Eu queria ver no silêncio do escuro
O amor puro, o mais que você quer
Que te agrada, em tudo que quiser
Este o prazimento que eu procuro

Te querer, quero! no olhar seguro
De doce paixão. Poesia a lhe dizer
Ser, estar, para enamorado te ter
Assim, que penso em nós, te juro!

Às vezes eu deixo de pensar em ti
E por aí o pensamento vai sozinho
Pensando se ainda está por aqui...

Neste segundo, você é só carinho
Só satisfação, uma sensação rubi
E, então, levo você pelo caminho!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04, agosto, 2021, 15’47” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ANDANDO

Passou... o tempo, numa ligeireza
Em um molesto sem parar, foi-se
E o pensamento ainda em lerdeza
Dum susto de se vê levar um coice

Passou... pondo no antes a pureza
Passando, e clarificando a velhice
O passar já não mais uma surpresa
Onde cada agitação é uma chatice

Mas, tive medo, tenho, de loucura
Em viver o tempo querendo demais
E tão ferino, o tempo toma o lugar

Andando, agora quero mais ternura
Estar, aquele doce olhar, mais e mais
Fecho os meus olhos e deixo passar!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2021, 18’58” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol