Sonetos de Fernando Pessoa

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Penso em ti e dentro de mim estou completa. (...) Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

O esforço é grande e o homem é pequeno .

Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições.

Fernando Pessoa
Livro do desassossego. São Paulo: Principis, 2019.

Para ser grande, sê inteiro

Descobri que a leitura é uma espécie de sonho escravizador, se devo sonhar porque não sonhar os meus próprios sonhos.

Minha pátria é a língua portuguesa.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho do "Livro do Desassossego por Bernardo Soares" (heterônimo de Fernando Pessoa). Link

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Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os fatos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma.

A maior empresa do mundo, é a minha vida...

E subia-nos o choro à lembrança, porque nem aqui, ao sermos felizes, o éramos...

E tudo aquilo - toda esta frescura lenta da manhã leve, era análogo a uma alegria que ele nunca pudera ter.

E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa: uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

E perder um defeito, ou uma deficiência, ou uma negação, sempre é perder.

Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

O único modo de encontrar um amigo é ser um.

Um livro onde qualquer um escreve torna-se um livro sem credibilidade

Fito-te - E o teu silencio é uma cegueira minha.

Tudo em meu torno é o universo nu, abstrato, feito de negações noturnas. Divido-me em cansado e inquieto, e chego a tocar com a sensação do corpo um conhecimento metafísico do mistério das coisas.

A paixão é um pânico das emoções, e como o pânico — que nisto se distingue do medo — estilhaça a inibição, desorienta o espírito, vira o indivíduo contra as suas próprias aquisições mentais superiores, e muitas vezes o conduz a fazer o que mal sabe que faz, ou que a própria paixão se fosse menor, como o pânico se não fosse mais que medo, o levaria ou aconselharia a não fazer.

Fernando Pessoa
Pessoa inédito. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

A decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia.