Sonetos de Amor

Cerca de 1177 frases e pensamentos: Sonetos de Amor

⁠Havia na minha poesia

Havia na minha poesia, um entrave
Aquela sensação velada de tristeza
Verso com aflição em um tom grave
Imergido duma perfídia e sua vileza
Havia na minha poesia, tal lealdade
A um sentimento cheio de aspereza
Um queimor, um ato de banalidade
Que fere a emoção, sem delicadeza

Havia! E não mais imerso nos versos
Um não sei quê de agrados diversos
Me fez poetar a leveza duma pureza:
De outro encanto, outro e outro tanto
Enamorado, só Deus sabe por quanto
Deixando o cântico com casta certeza.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/11/2023, 20"55" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

EXILADO

Quem jogou na minh'alma essa solidão
Que brada angústia com gosto amargo
E à ardente boa ventura causa embargo
Encarcerando está ânsia no meu coração

Quem com mãos frementes teve encargo
De incinerar com silêncio toda a emoção
Se o amor no viver necessita de sedução
E o fado no ter sorte quer este desencargo

Assim, como então sair duma maldição
Oh! Doce e pura felicidade, de olhar argo
Observe, e neste exílio me traga solução

Ah! Desventurado e vil desígnio letargo
Que me vê nesta temerosa e fria prisão
E me algema sem qualquer desembargo

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DEVOÇÃO

Tenho na parede do quarto, em devoção
O Sagrado Coração, numa oval moldura
Antiga e familiar, que eleva a estrutura
Expondo a minha fé em beata oração

Ali deposito e abriga a crença em brandura
Onde as mágoas são postas em redenção
E o bem e a paz invadem todo o coração
Em louvores, em confiança e eterna jura

E neste afeto sensato, exato é a paixão
Por quem por nós trouxe amor e ternura
Na simplicidade e na grandeza do perdão

E na diária cura, quem é de Deus criatura
Feliz permanece, no destino, na comunhão
Pois, nesta verdade, habita a real ventura

Luciano Spagnol
Início de julho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CASCALHOS

Pelos cascalhos do cerrado
Caminhei pela sequiosa luz
Hoje me resta temor calado
Na saudade que me conduz

Pelas tronqueiras de ser feliz
Passei por vagalume alado
Quis ser sábio e nunca juiz
Do amor por mim poetado

E no que me resta, vou além
Porém, o afeto levo também
Pois, ele no peito me seduz

Como não querer a mudança?
Se as dores são de esperança
E na alma se é um aprendiz...

Luciano Spagnol
Agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CORTEJO

De que vale evitar a morte, indesejada
Se para o silêncio do chão é o fado
Pois, o que parte, no óbito é calçado
E com solidão a personagem é levada

Com que cortejo desfilar no cerrado
Se o culto deveria estar na jornada
No forrar o cascalho da árida estrada
E não suspiros ao morto derramado

Que importância terá a vida finalizada
Se o elo no amor, então, não foi selado
E tão pouco, a vida, daquele, foi amada

Pra nada adianta ter tarde vazio agrado
Se de volta ao pó, a alma é consagrada
Deixe as rosas de lado, e avance calado

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TOLICES

Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices

Não tenhas pelo juízo descaso
só bons intuitos trazem ledices
pois futilidades são só sonsices
e na vida se tem um curto prazo

Sê sensato, saia das mesmices
não gaste o tempo criando caso
nem tão pouco com tagarelices

Tudo é precioso, e o mérito é raso
pra desperdiçar com parlapatices
pois o banal pode virar compraso

Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DE VOLTA, O MEU OLHAR

Aqui vai o meu olhar de volta, que brade
pois pra mim o céu aquietou, emudeceu
depois que o seu silêncio me escreveu
só distâncias e, pouca reciprocidade

Se me deu o melhor, em mim só doeu
ao deixar teu gosto na minha vontade
ao sentir que foi um amor na finidade
e que no teu amor, não tem mais o meu

Olha pra mim, só restou a imensidade
dum coração vazio, onde, eu sou réu
num dia de sol que virou tempestade

Se ainda ouve de mim uma canção, eu
ouço o teu suspirar na minha saudade...
Que grita, uiva, na poesia dum plebeu.

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Dezembro, 2016

Inserida por LucianoSpagnol

Não quero muito, não quero pouco, quero somente o que não for rebolco...
E que seja menos porção, e naquilo que for, seja do coração.

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

ASSIM, O CERRADO

O cerrado, quando empoera
Ressequido o vento no ar
Chora seco folhas desespera
No azul do céu a bailar

O horizonte se põe a embaçar
Na miragem da atmosfera
Embaralhando o olhar
Na imensidão em quimera

Ah! Se o frescor assim espera
O tempo de chuva, pra se revelar
Retorcidos galhos esclera
Num cinza a cromatizar

Assim, o cerrado, se gera
Vida diversa, lato lugar
De exótica primavera
Quem te conhece, só amar...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

APENAS POETA

O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante

Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente

As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante

A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O CONDENADO

O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...

E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...

Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado

Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ADVERSO DUM VERSO

Essa sensação de face cansada
Que vês no meu poetar azedo
De trova tremente e mirrada
É falta que lamenta no enredo

O versejar pouco camarada
Da satisfação já em degredo
De rima velha e desgraçada
Em que não se profere ledo

Ontem, de viço e alegria
Hoje, o choro e sofrência
Um fado. Na vã poesia

Nesta dura sina em riste
Do canto em decadência
Verseja um poeta triste!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠IRREVOCÁVEL

A minha solidão tem sonhos imensos
Que poetam sensações sem arreatas
Onde o eco do querer, em serenatas
Na inquietação, tem vigores extensos

Meu coração tem umas tais colunatas
E ali agitado, vivo com olhares densos
Atraindo, com devaneios tão intensos
E uns sentimentos e pesares primatas

Nesse templário de sonhos e poesia
Entrei ávido nessa catedral um dia
Pra me contagiar com o doce sabor

Doados pelos cavaleiros medievais
Da paixão, amos destas catedrais:
Me vi, irrevocável, ao provar amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de agosto de 2020- Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUSPIROS PROFUNDOS

Ninguém sentiu o meu choro inseguro
Ó dolorosa dor entre as dores minhas
Embriagada solidão, máculas daninhas
O falto para mim foi silencioso e duro

Permaneceste no pensamento escuro
Vazia e casta, tristes eram as tadinhas
E chegaste a ter mais do que tinhas
Tornando-te em um flagelo impuro

Invisível tornou o meu sofrer inquieto
A minha poesia, o sentimento secreto
Jorrados do sentir, ali tão moribundos

E, neste trágico, pedaço dos pedaços
Ele, que habitou a ter esses embaraços
Fez-me o dono de suspiros profundos

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/08/2020, 12’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ AFORA

Passaste como a flor do ipê fugaz
que se desprende na sua aurora
do desvelo só tiveste àquela hora
em que do afeto o emotivo traz

Ter-te e perder-te! sensação voraz
que inunda o peito, e a dor piora
sem ver-te, o poetar por ti chora
em tristes versos, saudade tenaz

Demorou essa presença em mim
minha alma ainda adora, e flora
emoção num sentimento marfim

Neste querer, o querer é outrora
se sonhei contigo, calou o clarim
dessa estória, o amor vai afora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro de 2020, 02 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TORMENTO ANÔNIMO

Há amores não correspondidos, há enganos
mais negros que a noite muito mais escura
suspiros loucos, e o coração com amargura
as horas, segundos mais longos que os anos

E nestes doridos, loucos e alanceados danos
que leva o fado para as bandas da desventura
em um coral de gemido e de uma sorte dura
atraindo aos sentimentos só os rumos tiranos

E, as dores da solidão, sim, ela tão somente
que se cala nos braços deste amor cruento
dói, tal como ferir-se com gladio lentamente

Ah! que penar, esse que só traz tormento
lamentos e, nos ruminando inteiramente
tendo os dias de sofrência como alimento

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Setembro, 02/ 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR INFINDA

Já no sumido aquele afeto profundo
Só eu, ó pieguice, só eu me lembro
Das noites e dias secos de setembro
Maçadas, e o meu amor moribundo

Desde esse dia, eu ermo no mundo
Atado a solidão e sem deslembro
De ti, e do falto um azedo membro
Não houve fôlego por um segundo

Quando, ainda cria... - hoje perdido
E lastimando no leito a desventura
Tenho a sensação de já ter morrido

Ah! saudade, que a vasca mistura
No peito, e ao aperto tão sofrido...
Dor infinda... e cheia de amargura!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 06/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INFORTUNO

Falas de solidão, eu ouço tudo e calo
Ó saudade! Rude e regateira caipira
É. E é por isto que o vazio me imbuíra
A alma, no silêncio, infortuno vassalo

Viver! Quando virei por ter intervalo
Entre a dor e o sofrer que não espira
No tempo, e me põe nesta mentira
Da esperança dum amor para amá-lo

Pois é agridoce sentimento sagrado
Que leva a noite insone no cerrado
Messalina sensação, refutado fulcro

Falas de amor, e eu me desalento
Paixão na minha sorte é tormento
Intento para eu levar pro sepulcro

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 13’43” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MÁS SORTES

Minha saudade é uma casa abandonada
por cujos solitários e vastos corredores
volteia o silêncio por toda madrugada
das lembranças e questões dos amores

Certa vez a essa estada mal ajambrada
varrendo o ar pesado e seus horrores
adentraste sorrateira quimera alada
num devaneio aos desejos pecadores

E, então, tão cruento e insistente
querer um afeto cheio de poesia
nessas incertezas, só perguntas!

Ah! o vazio no carma eternamente
na desilusão da paixão erma e fria
a verdade de más sortes conjuntas!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 04’47” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AVERSO

Quem poeta pelo suspiro sofrido
Em lágrima dum trágico flagelo
É quem se deixou estar perdido
Esquecido dum versar mais belo

É quem do emotivo foi redimido
Expurgado do verso mais singelo
Na emoção se encontra indefinido
Na inspiração tristura em paralelo

É quem se norteia com a navalha
Da dor, em trova ensanguentada
Amortalhado em rítmica mortalha

É quem no choro faz de morada
No coração o amor sofre e talha
Mas, a paixão, sempre sonhada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 28 de setembro – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol