Sonetos de Amor

Cerca de 1136 frases e pensamentos: Sonetos de Amor

⁠O CONDENADO

O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...

E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...

Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado

Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ADVERSO DUM VERSO

Essa sensação de face cansada
Que vês no meu poetar azedo
De trova tremente e mirrada
É falta que lamenta no enredo

O versejar pouco camarada
Da satisfação já em degredo
De rima velha e desgraçada
Em que não se profere ledo

Ontem, de viço e alegria
Hoje, o choro e sofrência
Um fado. Na vã poesia

Nesta dura sina em riste
Do canto em decadência
Verseja um poeta triste!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠IRREVOCÁVEL

A minha solidão tem sonhos imensos
Que poetam sensações sem arreatas
Onde o eco do querer, em serenatas
Na inquietação, tem vigores extensos

Meu coração tem umas tais colunatas
E ali agitado, vivo com olhares densos
Atraindo, com devaneios tão intensos
E uns sentimentos e pesares primatas

Nesse templário de sonhos e poesia
Entrei ávido nessa catedral um dia
Pra me contagiar com o doce sabor

Doados pelos cavaleiros medievais
Da paixão, amos destas catedrais:
Me vi, irrevocável, ao provar amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de agosto de 2020- Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUSPIROS PROFUNDOS

Ninguém sentiu o meu choro inseguro
Ó dolorosa dor entre as dores minhas
Embriagada solidão, máculas daninhas
O falto para mim foi silencioso e duro

Permaneceste no pensamento escuro
Vazia e casta, tristes eram as tadinhas
E chegaste a ter mais do que tinhas
Tornando-te em um flagelo impuro

Invisível tornou o meu sofrer inquieto
A minha poesia, o sentimento secreto
Jorrados do sentir, ali tão moribundos

E, neste trágico, pedaço dos pedaços
Ele, que habitou a ter esses embaraços
Fez-me o dono de suspiros profundos

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/08/2020, 12’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ AFORA

Passaste como a flor do ipê fugaz
que se desprende na sua aurora
do desvelo só tiveste àquela hora
em que do afeto o emotivo traz

Ter-te e perder-te! sensação voraz
que inunda o peito, e a dor piora
sem ver-te, o poetar por ti chora
em tristes versos, saudade tenaz

Demorou essa presença em mim
minha alma ainda adora, e flora
emoção num sentimento marfim

Neste querer, o querer é outrora
se sonhei contigo, calou o clarim
dessa estória, o amor vai afora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro de 2020, 02 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TORMENTO ANÔNIMO

Há amores não correspondidos, há enganos
mais negros que a noite muito mais escura
suspiros loucos, e o coração com amargura
as horas, segundos mais longos que os anos

E nestes doridos, loucos e alanceados danos
que leva o fado para as bandas da desventura
em um coral de gemido e de uma sorte dura
atraindo aos sentimentos só os rumos tiranos

E, as dores da solidão, sim, ela tão somente
que se cala nos braços deste amor cruento
dói, tal como ferir-se com gladio lentamente

Ah! que penar, esse que só traz tormento
lamentos e, nos ruminando inteiramente
tendo os dias de sofrência como alimento

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Setembro, 02/ 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR INFINDA

Já no sumido aquele afeto profundo
Só eu, ó pieguice, só eu me lembro
Das noites e dias secos de setembro
Maçadas, e o meu amor moribundo

Desde esse dia, eu ermo no mundo
Atado a solidão e sem deslembro
De ti, e do falto um azedo membro
Não houve fôlego por um segundo

Quando, ainda cria... - hoje perdido
E lastimando no leito a desventura
Tenho a sensação de já ter morrido

Ah! saudade, que a vasca mistura
No peito, e ao aperto tão sofrido...
Dor infinda... e cheia de amargura!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 06/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INFORTUNO

Falas de solidão, eu ouço tudo e calo
Ó saudade! Rude e regateira caipira
É. E é por isto que o vazio me imbuíra
A alma, no silêncio, infortuno vassalo

Viver! Quando virei por ter intervalo
Entre a dor e o sofrer que não espira
No tempo, e me põe nesta mentira
Da esperança dum amor para amá-lo

Pois é agridoce sentimento sagrado
Que leva a noite insone no cerrado
Messalina sensação, refutado fulcro

Falas de amor, e eu me desalento
Paixão na minha sorte é tormento
Intento para eu levar pro sepulcro

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 13’43” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MÁS SORTES

Minha saudade é uma casa abandonada
por cujos solitários e vastos corredores
volteia o silêncio por toda madrugada
das lembranças e questões dos amores

Certa vez a essa estada mal ajambrada
varrendo o ar pesado e seus horrores
adentraste sorrateira quimera alada
num devaneio aos desejos pecadores

E, então, tão cruento e insistente
querer um afeto cheio de poesia
nessas incertezas, só perguntas!

Ah! o vazio no carma eternamente
na desilusão da paixão erma e fria
a verdade de más sortes conjuntas!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 04’47” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AVERSO

Quem poeta pelo suspiro sofrido
Em lágrima dum trágico flagelo
É quem se deixou estar perdido
Esquecido dum versar mais belo

É quem do emotivo foi redimido
Expurgado do verso mais singelo
Na emoção se encontra indefinido
Na inspiração tristura em paralelo

É quem se norteia com a navalha
Da dor, em trova ensanguentada
Amortalhado em rítmica mortalha

É quem no choro faz de morada
No coração o amor sofre e talha
Mas, a paixão, sempre sonhada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 28 de setembro – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR DO MOMENTO

Há solidão sem fundo, há sofrer tiranos
Mais sufocantes que a cruel desventura
Sentimentos loucos, cheios de amargura
E as saudades mais extensas que os anos

São tormentos sem piedade, são danos
E as sensações na alma vazia de ternura
Eu as renuo... e a está árdua sorte dura
Que augura na poesia versos profanos

Devaneio, sim, e só assim, somente
Saio do algoz versejar tão cruento
Que me fere no tratear lentamente

Oh! gemidos assim jogados ao vento
Que chora e dói na emoção da gente
Leva pra longe todo este sofrimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠LEVA

Cevando se me vai de traço em traço
O fado, que a mor emoção vai sendo
O sentimento em ensaio despendo
Té que a sorte me dê bem remanso

Amando, quando posso, eu romanço
Sempre na busca, assim, pretendo
Tê-lo, enfim, um fomento tremendo
Onde os abraços tenham descanso

Vendo-me, pois, portanto, carente
Metido nas agruras desses enleios
Eremítico.... me entrego à ventura

Ah! quando a dita me faz contente
De novo o coração em bons meios
Se dispõe: .... com leva de ternura!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/10/2020, 21’57” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠RÚSTICA HORA

A paixão sentida no revés sentimento
arremessa na alma desditosa e solitária
a infelicidade, sensação desnecessária
além, do amar, este, a mim sem alento

O pranto, a correr, e a sorte ao relento
vem do acaso, da solidão, do itinerário
que parece trazer consigo um rosário
sem rumo, que na ventura vai ao vento

Tenta, e tenta, lamenta. Olha em torno
sedento. E o silêncio suspirando lá fora
à meia penumbra, num choro morno...

Do reclamo, o luar alvacento da aurora
com seu reflexo pálido de um adorno
sofrente, murmura essa rústica hora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A UMA DESPEDIDA

Agora, que o final me convida
A solidão parte do pensamento
Cada suspiro outro sofrimento
Nas recordações sem medida

E, de pareio com a despedida
Foi-se o bom contentamento
Dentro do leito o tormento
Enfim, dá dó essa dor doída

Pra que era tê-la evocando
As lembranças, do outrora
Se agora, me falta o crer...

Querer, já quiz, até quando
Pude ser, e nesta outra hora
Quero amor no bem querer!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DESEJO

Eu quis paixão, pelo amar pleno
sem ambição dum fatal amado
onde apenas valeria ser ameno
ou talvez aquele algo desejado

Quis me doar, sem ser pequeno
e desse amor não fosse deserdado
mas, senti na alma o acre veneno
do amor na futilidade ser banhado

E vejo que o amado é, na vida
aparte, ao que é o escolhido...
a este, tem, uma boa acolhida!

É. Se castigo ou sina, eu digo:
- que nunca quis ter perdido
Se perdi, é por não ter comigo!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2020, 19’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ACÚSTICA

O prazer rindo está, está na medida
Do bom matiz, pintado em mil cores
louvam tarde e manhã os amores
em exímia proporção, feito da vida

O dantes, já na sua eleita despedia
e fica na alma o perfume das flores
e no coração o desejo, com valores
numa sensação de ventura incontida

O sentimento que no eu pode tanto
a graça, que pela paixão então arde
lhe tornando leve no haver amador

E, o olhar com afeto nunca é tarde
Emanando paz e bem, afável canto
Pois, tudo falta a quem falta amor.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/10/2020, 05’55” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TRAGÉDIA

É a tragédia, bardo, desta vida
neblina que na manhã embaça
solidão com desleixo sem graça
que na agonia sem dó é erguida

É gemido que na dor favorecida
por tristuras n’alma em carcaça
um choro, um sonho de fumaça
sulca ufana, e devora destemida

É reza, enfim, que na pobreza
da fé, numa carência generosa
olha aos céus com certa frieza

Mas ter desilusão, tão gulosa
na alegria, é prosa sem defesa
ao fado traz frustação furiosa

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/ outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ANTES DO ÚLTIMO

Que estros fugitivos me deixou aqui
No silêncio... e a mim não mais veio
Ilhando a trova sem frescor e asseio
Que me falta, e que por ele me perdi

Em que seda de lacuna me envolvi
Se hoje parece um sonetar alheio
Com palavras sem zelo, sem freio
E, em qual da imaginação remordi

Achei que fosse meu o teu prazer
E que no versejar eu fosse te ter
Eternamente, e você... de saída!

Partiste, bem antes do último verso
E o soneto na imensidão submerso
E a emoção numa saudade perdida...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/10/2020, 14’22” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INQUIETO SONHO

Quando n’alma do cerrado andei perdido
Desencontros, os encontros e mudanças
A voz do querer sussurrava-me ao ouvido
- O afeto só é bem se existem confianças

Esperanças, e no muito esperar, cansas
E, assim, só o alcanças, sem ser temido
Onde a paixão lhe traz boas lembranças
E o haver o vínculo não lhe é proibido

Todavia, quando o olhar se faz perto
Tornando o incerto em um algo certo
Nessa vaga de encontro me desponho

E, se me proponho a este doce carinho
É porque no peito a afeição eu alinho
E no ter, o amor, é um inquieto sonho

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23/10/2020, 09’50” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TRANSFIGURAÇÃO

Prende na loa as rimas apaixonadas
De tanto afeto, com tanto mistério
Lotando-a de inspiração e critério
As cantigas na fantasia realizadas

Dar-lhe-á o gosto das madrugadas
Enchendo com matiz o verso vazio
Gentio, num valente terno arrepio
De tantas, tantas doses consumadas

E nestas trovas tão cheias de lampejo
Vejo, o versar aquentar-se em brasas
Do sentimento em emoção e ardor

Então, depois da narrativa dum beijo
O desejo, ó criação, se fada de asas
E a poética em transfiguração de amor

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24/10/2020, 10’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol