Sonetos de Amor

Cerca de 1176 frases e pensamentos: Sonetos de Amor

SONETO AMORÁVEL

Eu disse a mim mesmo que viveria sem você
Ledo engano, o meu coração não me obedece
Não sou forte o bastante, como se quisesse
Ser. Repito a cada instante, mereço? Por quê?

Às vezes o tempo fica sem o dia, ali vazio
E a obscuridão da noite me traz a solidão
Nada digo, nada tenho, eterna imensidão
Sem você, o querer escorre pelo beiral frio

Não sei mais ser forte, no horizonte a alma
E eu aqui perdido num labirinto de trauma
Quanto mais tento sair, mais a desarmonia

Eu menti para mim mesmo, até machucar
Que eu saberia poetar sem poder te amar
Aqui eu, ainda, lhe poetando amor na poesia...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de novembro de 2019 – Cerrado goiano

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Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

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SONETO DO FAZ DE CONTA

Agora vou fazer de conta que sou poeta
Hoje a melancolia, não terá a rima certa
O céu alvoreceu poético e com harmonia
E em meu dia tudo será somente poesia

A minha existência não é mais só o eu
Cada verso trará o laço, o meu e o seu
O que outrora era somente ociosidade
Agora, o som da vida, é pura realidade

O silêncio deixei na solidão, no canto
Não sabia onde estava, para onde ia
Eu só queria um sentido, algum valor

E na busca de um pouco de acalanto
Parecia que o fado, gargalhava e ria
Até tu chegar, com o generoso amor...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11 de novembro de 2019 – Cerrado goiano

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SONETO EM CONFISSÃO

És do meu viver, o romantismo belo
Cobiçado desejo, a todo tempo, jura
Que desperta uma doce tal ternura
Onde a emoção e a paixão: - velo!

Amo-te assim, no olhar de candura
Da minh’alma, num desejo singelo
O clangor do querer mais que belo
O agridoce da saudade, a doçura!

Amo o teu viço amante, o teu cheiro
De brisa numa nublada madrugada
Amo-te no teu singular, por inteiro

A voz do âmago, ao ouvir: “te amo!”
Que o destino trouxe a sua chegada
E no coração, amor, assim te chamo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/12/2019, 05’30” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

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SONETO OCULTO

Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto

Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto

Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito

E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro

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AME PRIMEIRO (soneto)

Quem quiser ter poesia, que ame primeiro
O poetar onde, total, caiba na haste da flor
Ai dos que trovam, e dele não é por inteiro
Se apartam das quimeras e do afável amor

Os versos sorriem, enfim, ao ser certeiro
No peito do poeta que está um amador
No sonho passageiro, da ilusão é herdeiro
O bardo romântico, um eterno sonhador

Ai de quem, gerando-os, nada lhes trouxer
Ai dos que tem o dom e não tem o afeto
Hão de ali perder-te o que a emoção quer

Aí, no silêncio do senso um rimar inquieto
Coração sofredor e da ventura sem saber
Então, redigi solidão no corpo do soneto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/04/2020, 06’37” – Cerrado goiano

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⁠SEPARADO (soneto)

À saudade que sofre, em segredo
De ti, no exilio o peito a suspirar
Palavras sem sentido e enredo
Chora, e faz o poema lacrimejar

Com que estro e aperto azedo
Amargam os versos a lamentar
Causando nas rimas tal medo
Que fende com a dor a rasgar

Nem só desejo poetar o amor
Desejo, nem só canto de amar
Me basta, trovas do teu beijo

Assim, poder ter conto rimador
E as estrofes do seu doce olhar
Na esquina da poesia, almejo...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/06/2020 – Triângulo Mineiro, MG
Sertão da Farinha Podre

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⁠TUA AUSÊNCIA (soneto)

Sofro, ao recordar-te, com minha saudade
Da tua ausência. Meu poetar se transporta
Minha alma se vê numa penúria que corta
E meu sossego, nervoso, cheio de vontade

É verdade, toda essa minha infelicidade
Que percorre está poesia, aqui tão torta
Escorrendo por motivo que não importa
Largando os versos, árduos, na ansiedade

Aí, que confuso clamor que transtorna
Das orgias das trovas de outrora fausto
E agora, penosas e tão malfeito se torna

Ofensiva sensação, funesto holocausto
Que na solidão figura, e na dor amorna
A vazia inspiração e, o silêncio exausto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/06/2020, 09’43” - Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando

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⁠FASCÍNIO (soneto)

Beija-me! O teu beijo ardente e brando
Entra-me o sentimento, intenso e forte
De arrepios e de suspiros, vivo, entrando
No afeto, e assim, acontecendo a sorte

Olha-me! O teu olhar, na alma radiando
Felicidade, luz, em um cálido passaporte
De ter-te aqui, e no querer ter-te amando
Onde a poesia e o poeta têm o seu Norte

Fala-me de sonho, de um límpido recanto
Onde o trovar conversa com a lua cheia
E o teu fascínio adentra em meu verso

Beija-me! Olha-me! Fale-me! Ó encanto:
- de amor... de paixão. Prenda-me na teia
Do teu magnético e tão delicioso universo

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/07/2020, 05’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando

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⁠SINO DOLOROSO (soneto)

Plangei, sino! O cerrado chora essa dor vasta
Ecoado no infeliz peito e no soneto solitário
Dessa realidade vil de uma tirania tão casta
Do afeto que um dia foi por nós necessário

Cantai, sino! A sofrência no cortejo arrasta
Verdugos sentimentos solução no itinerário
Escorrem lágrimas que ao pranto não basta
Arde a emoção e a alma neste árduo relicário

Em repiques de pesar, em desilusão a finados
Tilintando rancores, ó carrilhões, que aí tala
Em campas de sanhas, e de renhidos brados

Toe, sino doloroso, que no silêncio devasta
Badala, bimbalha, e num soar o aperto exala
Brandindo o amor com uma emoção nefasta

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/07/2020, 12’10” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O BEIJO (soneto)

Adoça-se-lhe os lábios, num afago preciso
E adelgaça-se o olhar em magia verdadeira
De amor, do meu amor, em aflante sorriso
Como para lambear a satisfação por inteira

Esvoaça-lhe o perfume pelo ar num paraíso
De prazer, de amparo, aquecidos na lareira
Do coração, desviando da alma o sério juízo
E alucinando o sentir como a paixão queira

Ternura melhor, a poesia, o maior instante
Meu firmamento ao luar e doce imaginação
E do querer, mais, foste o mais importante

Nesse louco vagar, de carícia e de emoção
Cada gesto, sensação, o toque no ir avante
Teu beijo no meu beijo se fez poética razão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09/07/2020, 07’02” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ARRÍTMICO (soneto)

Amar você foi coisa de espaço
A sofrência é mais que uma dor
Foi tão bom ser teu, o teu laço
Trançado ao teu querer, amor!

Aqui num silêncio, falta pedaço
Pouco me resta do que foi, calor
Também falta! Falta o compasso
Abraços, afagos teus, aquela flor!

E aqui neste poetar derramado
A morte é menos que a saudade
E pelos olhos o pesar é vazado...

E ao ver o teu cheiro na solidão
Então, vejo que sou só metade
E arrítmico o matuto coração...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/07/2020, 14’35” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ESPAÇO (soneto)

Tragando a vastidão do cerrado profundo
A solidão num canto, a saudade devassa
Saudade do afeto que no peito arregaça
E que vagueia na dor, lamentoso mundo

E na esteira sem fim da tristura sem graça
Ei-la embalada na sofregdão de moribundo
Recostado no abismo sepulcral sem fundo
Do pesar, e encruado suspiro que não passa

Poeto. Me elevo em busca de um conforto
Vou pelo estro de encontro a outro porto
Pra aurorear a sensação com cheiro de flor

E nesta emoção que se tornou um lastro
No vazio. Cheio de pranto no árduo rastro
Cato a poesia para abrir espaço pro amor...

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
19/07/2020, 15’10” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠POÇO (soneto)

Dizem que a saudade é a dor profunda
Que no peito nem o suspirar a estanca
Todos querem tirar, mas pouco arranca
E se mais a cava, tanto mais se afunda

Contudo, padece sempre, ó prava tunda!
Que nessa sofrência mina e desbarranca
E vai dando aflição, tão velhaca retranca
Que desalenta e de insatisfação inunda

Quanto vazio, e noite que não encerra
Dando ao olhar um gemido que berra
Té que o silêncio a prostração convida

E então, nesta lavra tão árida e tão nua
Que na lembrança só se tem a falta tua
Sufoca, estrangula e empobrece a vida!

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 09’46” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VERSAR MORIBUNDO (soneto)

Tome, solidão, está espada, e.… fira
Meu sofrente coração, tão azarento.
Que importa a mim ter árduo lamento
Se a sorte no destino é persistente ira

Ah! .... emoção lacrimosa e funesta lira
Que ao vazio regi, mirrando o momento
Que esbroa o plural tramite do alento
Polvilhando no peito essa dor tão cuíra

Ó silêncio! Que vem musicar saudade
Troando a minha vida em tempestade
Na aberração do infortúnio fecundo...

Mas a atormentada trava da teimosia
Infeliz. Catuca a inspiração da poesia
Sangrando o meu versar moribundo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 09’12” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TOCAIA (soneto)

Ao sopro do vendaval no cerrado
No céu azul da vastidão do sertão
Segue veloz os sonhos do coração
Entre os uivos do já e do passado

A quimera, se acautela na ilusão
Prudente, contra o sentir errado
Tenta equilibrar estar apaixonado
Pra não sufocar a sofrida emoção

Na procela no peito esganiçada
Brami uma dor abafante e escura
Que perambula pela madrugada

E, em aflitivos véus da sofrência
Dando-lhe, assim, ar de loucura
No amor valência é ter paciência

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DESENCANTO (soneto)

Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos

E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos

E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto

E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mal secreto (soneto)

Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

(2020, 01 de agosto)

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SÚPLICA (soneto)

Se tudo muda e tudo perece
Se tudo cai aos pés da negaça
Se veloz a vida por nós passa
Pondo de lado o teor da prece

Se, se a inspiração desfalece
Se dói a dor que a dor enlaça
Se perde o encanto, a graça
O lhano, e aí a gente cresce

Se o amor tem a alma pura
E este amor também tortura
Nos gerando tolos e loucos

Se tudo tem no tempo valeria
Tudo vai, Pai! Por que não alivia
O sentir que me traga aos poucos?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 05/2020 – Triângulo Mineiro
paráfrase Auta de Souza

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CHAMAMENTO (soneto II)

Este sentir puro, cuja o afeto derrama
Na poesia, no coração, em toda parte
Que a alegria com o celebrar reparte
E o meu peito apaixonado proclama

este sentir, cujo o olhar me inflama
que tem varia peculiaridade à parte
e no sentimento dourado baluarte
nos meus versos é belo panorama

e essa tal sorte, não é apenas acaso
é querer, sonho, que eu me abraso
nos teus abraços, e tua terna cama

és tudo do meu desejo, do querer
onde estava que não pude te ver?
Pois a muito meu amor por ti chama!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/09/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DESBOTADO

De tiranas nostalgias, sobrevivido
o fado, vou suspirando, e vazado
vou passando ao ocaso passado
dos dias onde o jeito é nascido

O agrado em rasgas dividido
corre da satisfação apressado
pro vazio, palpita compassado
na solidão, em pesar convertido

E, murmurando tão cruelmente
o trovar alvorece no desalento
e um aperto no peito então sente

Oh! má sorte, no amor sedento
Que vive a lastimar no poente
desbotando está o sentimento!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/10/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol