Sonetos de Amor

Cerca de 1146 frases e pensamentos: Sonetos de Amor

Ronda (soneto)

Esta noite com a lua vou confidenciar
As minhas lembranças mais secretas
Numa vigia nas memórias prediletas
Que na vida me fizeram assim sonhar

Nestes eflúvios aos sons de trombetas
Do crepúsculo do cerrado, quero poetar
Nos braços da emoção, então devanear
Em suspiros, delírios em cores violetas

Sim, serão sensações na alma a enlear
De um amar nos jardins das borboletas
Das ilusões, assim, ter vontade de voltar

E aí, então, neste cenário de profetas
Quero nesta ronda poder eternizar
O soneto: em linhas, curvas e retas

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUM ATO

Em ti tem de mim pedaço
Num espectro multicor
Emergido passo a passo
Num coração ao dispor

Em ti encontro compasso
No olhar que oferece flor
Por ti o meu afeto é laço
Num sonho terno e coesor

O meu corpo por ti é espaço
Sinto em ti desejo condutor
De calor no apego e abraço

És tudo neste ato maior
No meu mundo, regaço
Na emoção, o meu amor!

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO VAGINDO

Na saudade a alma não canta
Chora, e triste fica o triste riso
O peito pulsa numa dor tanta
Que o nada se torna conciso

A memória vem e nada espanta
A vida se encolhe num improviso
A alacridade deixa de ser santa
E a solidão surge sem dar aviso

Quando a saudade se agiganta
O olhar se perde nu, no infinito
Tão frívolo, que não hei escrito

Aí um nó se enlaça na garganta
A lágrima pela face sai a procura
Dum vagido, pra banzar a tristura

Luciano Spagnol
09/08/2016, 06'20"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA SORTE

Onde foi que eu errei, se errei
Quem pode responder, diga
Se pecado cometi, prossiga
Pois, na sorte os dados rolei

Já sofri, por tanta e tal intriga
Que no peito nem mais poderei
Ter vencedor ou vencido, freei
Agora quero palavra amiga...

Se perder é o destino, tolerarei
Mas, a injustiça não será viga
Nem tão pouco um fator de lei

Quero estar onde o amor abriga
No jogo da vida, ali então estarei
E quem me quer, então me siga...

Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NO ENTARDECER

Sai o dia, vem à noite no cerrado
treva fria, palia o sol na cor bisonte
breve e leve, tão encantado, é fonte
num manto real no tempo dourado

Ó sombra que se esvai no monte
do entardecer na noite aterrado
desnudando o planalto aluado
numa luz sidérea em desmonte

E no turvo motim no céu calado
surgem alvas estrelas, defronte
ao cais da vida, num ato fiado

Assim como num beijo simbionte
a noite abarca o dia tão esfalfado
para lhe adormecer no horizonte

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA VOLTA

Estou de volta, intento por aqui ficar
nos caminhos busquei novos planos
no passado ficou a chaga a sangrar.
Sim tive erros, e também enganos...

No perdão, pude então saber perdoar
tudo é veloz, e passa por nós os anos
assim, o fado me atendeu para voltar
pois, nas orações remi de meus danos

Nas minhas desventuras, soube amar
nas tristuras, agora quero dias ufanos
por lá fechei o ciclo de ter que cuidar

Na mala, pouco trago pesares tiranos
pois, aqui está a meada, o meu lugar.
Estou de volta, sem enredos profanos

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

FELIZ DIA DOS PAIS, aos presentes e ausentes, em nossas vidas contundentes...

SONETO AO MEU PAI

Oi pai, escuta minha voz dai distante
A saudade é redundante, é impotência
A falta de teu tom forte me é constante
A vida sente a lacuna da tua existência

A roseira do jardim é lembrança radiante
Ter tido os teus ensinamentos, essência
guardadas no peito aqui tão palpitante.
Neste dia dos pais, a minha reverência

Ei pai, perdoa as falhas por mim operante
Se fui negligente foi por pura contingência
Pois, no meu amor és um amor gigante

Nas minhas veias corre a tua aparência
Na concepção o que sou, teu semelhante
No coração, a nostalgia de tua ausência...

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO TEMPORAL

Querer os sonhos dos dezessete
Quando já passou dos cinquenta
É quimera que pouco se aguenta
Já as horas, nos estende o tapete

De repente, tão frágil, e tão atenta
A vida nos põe atrás dum colchete
Deixa de dar rosas num ramalhete
Pra dar a proximidade dos setenta

É o tempo no tempo por um filete
Pensamento com voz barulhenta
E expectativa grifada num bilhete

Os passos tintos na cor magenta
A idade lenta, o querer em falsete
O amor, ah o amor, este ementa

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ESPELHO (soneto)

Este vulto no espelho na minha frente
Serei eu dividido numa só consciência
Desta visão exata, é outra referência
De um tempo de longa data, vertente

Que ilusão quer iludir minha inocência
Refletindo cabelos alvos tão aparente
Num eu outro, ignoto por minha mente
E tão desfigurado nesta contundência

Será meu eu, além de mim, reluzente
Se não vejo em nada alguma ausência
E precisa é a reverberação ali poente

É! Terei que me deixar nesta essência
Ser dois neste espelho integralmente
E uma só pessoalidade em gerência.

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CICATRIZ (soneto)

Vou tirar você da minha história
Arrancar-ti do meu olhar infeliz
Se ainda insepulto tenho a raiz
Porque vivo estava na memória

Mas agora, te poetarei com giz
E na trilha outrora contraditória
Desta dor não terei escapatória
Se não sair, pois pouco me quis

E não ouse ter alguma rogatória
Te doei muito, e muito por nós fiz
Nesta toda tão pugnada trajetória

Tenhas sorte na sua nova diretriz
Pois eu terei, e não é só vanglória
É a certeza da cura desta cicatriz

Luciano Spagnol
13 de agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONHOS (soneto)

Vou hastear meus sonhos lá no alto
onde o céu desabotoa o caminho
o vento sopra a brisa de mansinho
e as estrelas poetam como arauto

Quero sair deste meu desalinho
dum fado de dano sem incauto
tal qual ao por do sol do planalto
que matiza o olhar com carinho

Quero ter simplicidade, e afeto
deixar as quimeras sem parede
e a ilusão livre, fluindo pelo teto

E assim, a boa nova que venha
seja recebida com afago e sede
e no meu eu, o amor convenha...

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PARALELA (soneto)

Deixe o sorriso adentrar a janela
Do viver, traga luz na escuridão
Aprecie a rosa desde ser botão
Designe a vida a ser leve e bela

Tenha no rosto só boa expressão
Sofrer em vão põe dor na cancela
Da felicidade, então permita a ela
Inundar-ti por todo o seu coração

Transborde de harmonia, seja dela
A lamúria destila toda boa emoção
Nesta reta com amor trace paralela

Estar vivo é um motivo de gratidão
Pense positivo, e dele tenha tutela
Ser feliz traz sonhos, é pura razão!

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SOM DO CERRADO (soneto)

Escuto o cerrado a cantar, em atroada
Canção do vento, da sequidão, escuto
Numa trovoada, e a emoção em fruto
De silêncio, no coração em disparada

Cada uma melodia deste chão tão bruto
Rasga o planalto numa voz empoeirada
De cantigas pela caliandra emoldurada
De bela cena e de árido hino em tributo

As flores do ipê, caem em fúnebre toada
No ritmo do por do sol se pondo soluto
Orquestrando a vida diversa e iluminada

E pela estrada os sons no olhar arguto
Cantam e encantam, minuto a minuto
Os ruídos sonoros numa alma calada...

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TEMPORADA DA VIDA (soneto)

A temporada da vida, apressurada
De encenação tão ágil e tão breve
Aspira a existência tal qual ar leve
E nos leva numa célere enxurrada

O fado de asas que não susteve
Se enlaça na fragilidade tramada
Em tênue mormaço e mais nada
Criando a história do que se teve

Por que a tão delgada cadência?
Dissolvida nesta árida impotência
Quando se quer mais no amanhã

Num sopro de alta magnificência
O dom de existir, se contingência
É a morte, que a vida seja anfitriã

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ÚLTIMO SONETO PRA TI

Alega o teu olhar não me querer mais
com palavras tão vazias e sem dispor
Agora como sair deste vicio imperador
se no coração, ter-ti, ventura me traz

Alega tuas mãos, negação e mal humor
é um artifício impensável que dói demais
E nesta meada a tramontana é a que vais
se com plangor, é por ter tédio no clamor

Agora me sinto um nada nos teus sinais
São tantos versos esquálidos e sem cor
Deserção, desencontro e desapego tais

Pois, minha emoção sempre foi dispor
o laço, nos laços não foram desiguais...
Se lhe é aversão, saiba que eu fui amor

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FRONTEIRA (soneto)

Em cada rosa, sempre existe espinhos
Nos árduos caminhos, também vitórias
Na humildade é que se escreve glórias
E com amor no amor se tem carinhos

Somos breve nestas águas transitórias
Para que seja leve, deixe os desalinhos
No tempo, tão valioso, e tão torvelinhos
Então, sê a figura mor de suas histórias

Nutre-se do néctar de querer mudança
Pois cada instante da vida é esperança
E a cada espera, objetivos e memórias

Perder ou ganhar são só da vida aliança
Tente. Persevere. Ai terás mais bonança
Trace nestas diversidades as trajetórias

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EU POETO, ELA POESIA (soneto)

Não sou só, os poemas são companhia
Sempre comigo, falam com a inspiração
Traz lá de fora o diverso numa multidão
De cores, e sabores, em total demasia

Sou poeta! Na reta: curva e ondulação
Num labirinto de devaneios como guia
Aquecidos pela chama duma tal magia
Do doce amor, saídas do meu coração

Sim, não estou só: eu poeto, ela poesia
Que vive em mim numa eterna emoção
Se estranho ou comum, a mim sacristia

Nesta verve, não sei o que é ter solidão
Se assim me compraz, não tenho ironia:
Pranto, canto ou nostalgia, só questão.

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SILENTE

Dia nublado no cerrado com ventania
Nostalgia nos olhos alumia o nebuloso
Tal como folha seca me sinto fragoso
Na brisa árida dum céu de monotonia

Range o peito num cântico escabroso
Apofântico, sem firmamento na poesia
Num par romântico de solidão e euforia
Tal chuva escassa no sertão sequioso

Alvorecer sem brilho e luz com alegria
Trazendo imenso sentimento saudoso
E na disposição uma tão nada ousadia

Caminho soturno neste vazio rigoroso
De chão cascalhado e de desarmonia
Que o silêncio comutou, vinho precioso

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UMA CANÇÃO (soneto)

Este meu trovar é para nós dois
Num poema aterrado no coração
Com versos cifrados na emoção
Ouça! E não o deixe para depois

É fruto da lembrança em inspiração
Que surge do que para mim tu sois
Não de um tal silêncio em vão, pois
Este, só faz saudosar e ter distinção

Se aqui no canto tem algum pranto
Saiba que é porque eu te amo tanto
E cada lágrima poetada é de paixão

Eis, então, a minha voz, entretanto
Leia nas entrelinhas só o encanto
E verás muito mais que uma canção!

Luciano Spagnol
21, agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NOTURNO (soneto)

O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento

O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima

O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento

Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês

Inserida por LucianoSpagnol