Sonetos de Amor
ESTÁ A AMAR (soneto)
O amor não é somente
Uma poesia a se compor
São versos dum sedutor
No coração em semente
Cresce no desejo, é sabor
Mais que o simplesmente
Que o propósito da gente
Mais que ser um rimador
Tem na trova algo maior
Que a rima nunca mente
E o cheiro de prosa no ar
Na inspiração cortês vetor
Uma composição diferente
Ao poeta que está a amar...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 16’24” – Cerrado mineiro
UM AMOR CERRADO (soneto)
Cala-se o triste olhar. Anina o sentimento
E a deslizar pelo rosto mudo, a dor vencida
No exilio tão áspero dum vazio sentimento
Em uma lágrima de choro e de cor abatida
O horizonte se põe, nublado, suspira o vento
Algente, as sensações estão assim de partida
Pura! Frutificando na paz o ardente sofrimento
E a alma incrédula, ainda, não está convencida
Das gotas do pranto, abrasador as lembranças
E pela saudade a sofrência em estreitas tranças
Amarra o peito, apouca, e pelo clamor escorre
E sob o pesar tão cavado e magro, que tortura
Do sonho e as privações dos planos, - fulgura,
A dor, do derradeiro amor que cerra. E morre.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/07/2020, 06’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
AME O TEU AMOR (soneto)
Ame o teu amor, enquanto tens e enquanto
O teu afeto é o aconchego no amável olhar
Assim, quem no singular amor te ame tanto
Porque nunca cortejarás outro pra tal lugar
Que nunca o deixe solitário, no vão vagar
Lembra-te sempre, no convívio, o quanto
É bom poder com o outro contar e confiar
E no teu abraço encontrar o teu real canto
Ame-o, este amor, e sentirás, por certo
Cada ausência, a falta, ó suspiro agudo
Se a saudade no peito for impulso incerto
Então, ame! Clame por tê-lo por perto
Ao alcance do coração, da vida, de tudo
Pois, assim, pulsarás na emoção o acerto...
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
21/07/2020, 10’31” - Triângulo Mineiro
CONTA E AMOR (soneto)
Amor roga terna conta do meu afeto
E eu, servil, ao amor dar-lhe-ei conta
Mas, sem a ponta, como dar-lhe fronta
De tanta conta, se no amor fui inquieto
Para dar desponta neste tal decreto
O amor me foi dado com boa monta
E eu, de incúria tonta, não fiz conta
Do tempo, que hoje me é incompleto
Ah! tu que tens o amor que desponta
No peito, me conta, para eu ter tempo
Se ainda tenho em conta, nessa conta
O tal que, na remonta, gorou o atempo
Quando lhe chegar à conta, na esponta
Do amor, chorará, como eu, sem tempo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2020, 08’43” – Triângulo Mineiro
paráfrase Frei Antônio das Chagas
RUMO (soneto)
Cada amor é um perfume, uma flor, um jeito
Nem se conhecem, o que vale, e que importe
É a essência, ah, essa tem de ser bem forte
Sentimento e poesia de um cântico perfeito
O jungido de alma, ocupando o mesmo leito
Olhares e o pulsar do coração numa tal sorte
Que faça do pensamento um elegante porte
E dos beijos recato de orgulho e de respeito
E assim, o tempo no tempo, as duas vidas
No mais profundo vínculo e em comunhão
Ajustando as emoções nas boas acolhidas
E os dois seres, então, um do outro perto
De mãos dadas com a doce afável paixão
Onde o caminho de afinidades é coberto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2020, 13’17” – Triângulo Mineiro
À SOMBRA DUM SONETO
Penso no amor e fico, com receio
De ser uma lembrança rejeitada
Dessas que ao sentimento veio
E que na estória foi descartada
E nesta poética largado. Creio
Ser emoção na poesia pousada
E no haver o sentimento alheio
Passa, nas pegadas de ser nada
Choro, desejo, também há medo
De o meu versar tornar obsoleto
Ou me perceber vazio e quedo
Porém, não tenho algum amuleto
Confesso que nem algum segredo
Só espero, à sombra dum soneto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/10/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro
Dois olhares se cruzam
Sonoros, em um dueto
Em sedução o coração
Em criação um soneto...
DOIS AMORES
Dois amores carentes de amor
Em seu mais puro sentimento
Entoam-se num dueto regedor
De carinhos, prazer e momento
Dois olhares repletos de ardor
Um ao outro o tratado atento
Dois seres ao agrado com valor
Juntos, num ímpar pensamento
Donde vem tanto afeto, cortesia
Álacre canto de canto incomum
Que enche o peito de tal poesia?
Do querer, do haver dois em um
Onde o tornar alcança a alegria
E a sensação um pulsar comum!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/10/2020, 16’29” – Araguari, MG
TORTURA ...
Aqui – um soneto de amor enrabichado
Torturado, com saudade, cheio de emoção
Lembrando cada olhar e cada beijo dado
Em ti, que fez de teu servo o meu coração
Aqui – um ritmo poético e compassado
De um sentimento tão pleno de paixão
Afeto e promessas dum desejo arrojado
Onde minh’alma teve mais que sensação
Aqui – é um soneto de minha sofrência
De um passado no cerrado de carência:
Da tua atenção, teu abraço, o teu calor
Vai, aqui, a minha poesia falar-te, então,
Do quão de te sinto falta, falta de vazão
Da dor, que sinto no vazio do teu amor! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/03/2021, 05’05” – Araguari, MG
DECLARAÇÃO (soneto) ...
Se eu fosse fogo, arderia o teu amor
E se eu fosse o vento, incendiá-lo-ia
Já, se eu fosse a água, eu matá-lo-ia
Sufocado nos beijos, o desejo maior...
Se eu fosse uma flor, assim, sedutor
O teu cheiro no meu ser hospedaria
Se fosse só seu, manso e feliz estaria
E você meu, não mais seria sonhador
Se eu fosse vida, muito mais te dava
Se felicidade fosse, ela eu lhe traria
E na fortuna teus caminhos forjava
Se fosse versos, a poética comporia
E por apaixonadas rimas eu passava
Pra dizer-te do meu amor em poesia! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/04/2021, 15’51” – Araguari, MG
ÁRDUO SONETO ....
Deste amor que eu cantei ardentemente
Amando, amador, paixão, e apaixonado
De mim mesmo tiraram, e eu, frustrado
Sem o ter, agora, separado inteiramente
Toda esta dor, o pesar, n’alma da gente
Amarga, e deixa marcas na via do fado
Porém, também, tem a sorte, o agrado
No vai e vem. Tudo é interino. Somente
O que se leva, e o que deixa, tem razão
Então, cada motivo é pra se amar tanto
No entanto, se deixa ir a doce sensação
E neste bandido, perdido: - o meu canto
Árduo, que suspira do fundo do coração
Saudades sentidas, escorridas no pranto! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12/04/2021, 06'45" – Araguari, MG
SONETO DE AMOR POR MINAS GERAIS ...
Minas, tu, das Gerais, amor do mineiro, primeiro
Terra do ouro, dos belos horizontes, dos arraiais
Quem aqui vem, volta, e contigo traz outros mais
Afinal, hospitaleiro, chão de dama e de cavalheiro
Da Beija e Chica, estradas Reais, é reconto inteiro
Tiradentes, herói confidente, audaz, ceder jamais
Sempre vivo a brotar na história, ó Minas Gerais:
Do Aleijadinho, artesão maior, do rebanho leiteiro
Distinto no jeito desconfiado, és roceiro, é chique
Nunca verga, nem ao destilado de um alambique
Dança catira, folia de Reis, é feliz a todo segundo
Teu gonfalão vermelho e branco, é brava honraria
Teus campos, a tua arte, de uma aguerrida poesia
Minas, Minas, sem ti, que desencontro no mundo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/04/2021, 20’21” – Araguari, MG
Paráfrase Gabrielle D’Annuzio
RECORDAÇÃO (soneto)
Não eras, pra ser, um amor oriundo
Do amor. Foi segundo intransigente
Lia-se-te no sentimento, claramente
O vagar distante, vazio e moribundo
Tinhas nos olhos, algo de profundo
Perturbador. Coisa que pouco sente
Em uma sede da alma tão diferente
Errando, e errante, e pouco fundo...
E nessa tristura, escura, fria, covarde
Na saudade aninaste, tão segregado
Reclinado na penúria dum mendigo
Porém, junto da poesia, ainda arde
Tua recordação. Cantar do passado
Que sinto há de ser teimosa comigo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 maio, 2021, 07'53" – Araguari, MG
SONETO SENTIMENTAL
Eu poeto e poetarei sempre como poeto
Uma poesia de amor é o bem que se tem
Cheio de encanto, e da poética vai além
Onde nos há de ser aquele sentir secreto
Porta da sensação, que se abre no soneto
Sentimento de poesia e paixão, também
Nos acolhe, e pro viver, nós faz tão bem
Porém, tem de afazer do medo discreto
Um amor! que bravo, que bom que belo
Ali está a emoção, o ter, vamos facilitá-lo
A estimar-nos em galardão de estimá-lo
Assim, não se pode versar sem conhecê-lo
Pois, é singular querer haver, e ganhá-lo!
E, és sentimental até na ilusão ao perdê-lo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/05/2021, 13’02” – Araguari, MG
SONETO DE AMOR VIVENTE
Todo amor vivente em mim foi afeito
Tudo em mim dum amor vivo foi dito
Emanou do espírito e me fez infinito
Ser, pois, todo amor tem divino jeito
Tão muito de amor trovou meu peito
Suspirei, fui fácil em amar e fui aflito
E, em cada voto o meu poético grito
Tenho defeito e, também o conceito:
Sou amor, ao ser amador, - o ofereço!
Amor mais que coubesse tenho dado
Esse devoto amor que não tem preço
E se por tanto dar não me fiz amado
Fui querido a quem sobe ter apreço
Assim, vário, me restei enrabichado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, 15 de junho, 17’42” – Araguari, MG
MEU SONETO
Meu soneto, soneto que não quisera
sequer de amor falar ao meu sentido
secura, que num chão tão ressequido
tolera, e a inspiração num vazio gera
Pudera, o amor é de carregada quimera
que na poética o alguém é pressentido
permitido, e então, do coração ouvido
cantando a satisfação, cada primavera
Meu verbo suspira por tal afeto podido
querido, para poetar um ardor contido
e então, ter o atraente verso no papel
E a prosa, paquera, cada sedutor acaso
à maneira da paixão, e sem ter o prazo
espera, pelo soneto ao sentimento fiel
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/08/2021, 19’00” – Araguari, MG
SONETO ENAMORADO
Como na poesia o poeta que é imperfeito
Um canastrão na sua prosa só por amor
Ou quem, por ter cheio de paixão o peito
Vê o poema perder-se no ato de compor
Em mim, por sofrência, fica desamparado
O rito mais solene do desejo do coração
E o meu sentimento eu vejo tão agastado
Vergado numa poética sem ter sensação
Seja o temor então a minha eloquência
Bardo sem a rima de um soneto eleito
Só pra ti, que quer amor em recompensa
Mais que o verso estabanado o tenha feito
Saibas ler a emoção onde esteja imaculado
Canto de amor, em um soneto enamorado
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/08/2021, 11’25” - Araguari, MG
SONETO DE APEGO
Esse amor que se lança, em melodia
lúdico aos meus braços, tão sedutor
me arrebata, e me acaricia e balbucia
sensações no desejo, agradável ardor
Esse amor, inteiriço, alma e poesia
que suspira paixão e põe a compor
emoção, única a que dei os, alegria
e mais e mais, então, mais eu daria
Esse amor que a predileção ganha
a grandeza de repartir a quem ama
e guarda aquele sentimento singelo
Esse amor é inocente. Tão donzelo
talvez, mas ao toque que se flama
é amor que se derrama, rijo e belo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22, agosto, 2021, 06’21’ - Araguari, MG
SUSSURROS
Não há soneto que a poética visse
Que versasse como este que lemos
Um amor sentimental aqui teremos
Na prosa onde paixão certa fluísse
Olhe só! Cada verso em meiguices
Em sensações que o afeto teremos
Agrado que se faz em tais extremos
Adiante vai a poesia em fanfarrice
E, dando gestos de um amor profundo
Cantarola as trovas, suspira, bem isto
É o amor fluindo da alma bem fundo
Olhe com o olhar fecundo, bem visto
E, verás nas entrelinhas, num segundo
Sussurros, emoções, do amor, insisto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25, agosto, 2021, 15’27’ - Araguari, MG
SONETO VÃO
Poética que passais pela poesia
De amor, porque não vos fixais
Que passais tal a breve fantasia
De um sonho, para nunca mais!
Ou o tal agrado que supor viria
Em um poema luzidio, e iguais
As sonatas com suave melodia
Porque na rima paixão não traz?
É sem sentimento, de dor coberto
Uma inspiração inútil, sem noção
De um pobre coração tão deserto
Sinto sequer o acorde, a emoção
Tudo supérfluo, tudo tão incerto
Estranha prosa de um soneto vão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 18’55” – Araguari, MG
SONETO DO AMOR QUE VIROU POESIA
E, cativo da prisão das ternuras
A alma com afinidade por perto
Pra conter em um coração certo
O desejo, a poética em longuras
Muito é o esmero, em companhia
Vestígio de carinho e sentimento
Com emoção, sensação, contento
Em prosa de satisfação e alegria
E neste meigo e atraente cuidado
Um sorriso, um gesto e ao lado
Aquele olhar que na paixão cria
A cada verso, que, assim, trovando
Tem vinculo na entrelinha rimando
O soneto do amor que virou poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 dezembro, 2021, 10’43” – Araguari, MG