Sonetos
ALUCINADO
Alucinava de amor na madrugada
Os lábios sedentos de beijos,
Alimentava a esperança da chegada
A saciar-me de doces desejos.
Alucinava a gritar seu nome
A desenhar-te em meu pensamento,
Versando tal amor que me consome
Retratando deliciosos momentos.
Alucinava febril de amor
Ardendo em desejos envolventes,
Provar de ti o doce sabor
Entrelaçados corpos quentes,
Alucinava com doce fervor
Nosso amor em noites silentes.
A EXALTADA
Formosa! Que não me existe nada igual!
O seu coração pulsa mais que pulsar...
E nada mais me põe a amar
Aos seus desejos e ao seu corpo escultural...
É assim a minha virgem, fenomenal!
Visão sem olhos qual a minha paixão a brotar
Aos seus sentimentos, sem o mesmo ar,
Sem o mesmo amor ao meu beijar fatal...
Ela! Que aos meus sonhos se entrega
Sem a sua sensatez, e ao seu rumor me prega
À cruz dos seus sacrifícios, sem quer sofrer,
Qual a minha solidão, dentre a sua graça,
Que aos meus anseios vem e passa
Sem quer enxergar à sua vida, o meu viver...
CERRADO SECO (soneto)
Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento
Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento
Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso
Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
SONETO DE PERDÃO
Meu amor, peço-te: não fiques triste
Se algum mal, porventura, te fizer
Pois nosso sentimento me persiste
E perdurará haja o que houver
Meu amor, vem cá: dê-me tua mão
Pensa: se o mal que foi-te cometido
Foi, por mim, feito a ti despercebido
Não sou, por fim, digno do teu perdão?
Quem ama sabe, sim, que sofre e morre
Sabe também que vive à redenção
Assim que vive, e morre, quem se entrega
Se nada vale a vida que decorre
Sem teu perdão, (oh!, dor que me carrega)
Diz-me, então: de que vale amar em vão?
SONETO DO AMADOR
Amador é o desejo do ser amado
Vive desejando mil formas pra achar
Se no amor não tem o que imaginar
Pois é virtude no ato de ser desejado
Se nele se tem o ser transformado
Onde mais o amador quer desejar?
Pois só assim o bem irá conquistar
E o afeto na alma então será liado
Mas se pouco for o desejo no olhar
Pouco o amador terá encontrado
Aí por ele, o amor, então vai passar
Se ao amador o amor é cobiçado
Então deixe o amor lhe alcançar
Pois o verbo dum amador é amar
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
RECOMEÇO
Não há tempo de suspirar saudade
Tenho muito à sentir, querer ainda
Prosas na ventura, quimera infinda
Pois, no amor eu tenho imensidade
Toda sensação é mais e bem vinda!
Em cada emoção uma sublimidade
Felicidade do coração com vontade
Há tanto afeto e tanta ternura linda
Já andejei em dezenas de direções
Tropiquei em vacilos e nos senões
Tive a solidão, e a lição da vaidade
E, agora com o sentimento consolado
Vivo o momento, não mais o passado
A saudade, decorrida, a deixo de lado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31, outubro, 2021, 08’40” – Araguari, MG
“Corteggio”
Num farto verso de grato sentimento
Sensações no canto eu encontrava
E, assim, para ti meu amor cantava
Que domava todo meu pensamento
Toda à parte, um montão, eu invento
Momento para falar-te o que passava
No meu coração e, ali o amor estava
Tão tomado e, se não, eu acrescento
Inquietado... (diz-me então) a ternura:
Do prosar que tenho, qual te agrada
Pois na sedução os concedo, procura
E versejando com a alma enamorada
Assim, pra ti, cada verso com doçura
Escrevo o soneto com rima cortejada.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 janeiro, 2024, 11'02" – Araguari, MG
ETERNO AMAR
O amor, em seu eterno amar
Deixou-me o afago pela dor
O ato de se doar com a flor
E o enamorado suave olhar
Quando não pude dele gozar
Fiz do sentimento um sofredor
E se deste pecado fui pecador
Perdão... pois, cá o meu tarar!
Feliz e na sofrência, quem não?
Parte da poética do coração
Que nos leva a rir e a chorar
Mas, também, tem o agrado
Ah! ser amado, apaixonado
Ah! como é singular estar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 janeiro, 2022, 15’57” – Araguari, MG
JUBILA CANÇÃO (soneto)
Bendito sejas o amor, ao coração meu
Que desnudou o breu da minha solidão
Em luz, das andas minhas na escuridão
Quando a sombra, me era o apogeu
Bendito amor, que me estendeu a mão
Como quem no amor oferta o amor teu
Sem distinção, pois, dele dor já sofreu
E então sabe aonde os vis passos dão
Bendito sejas, que no prazer plebeu
Trouxe amor à vida e, boa comunhão
Ao pobre pecante, dum âmago ateu
E então, neste renascer com gratidão
Que no peito uivou e angústias moeu
Do solitário pranto, fez jubila canção.
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
Teatro
Mais uma máscara foi colocada,
Mais uma tristeza foi disfarçada,
Mais um falso sorriso foi estampado,
Mais um rosto foi costurado!
Por meio de mentiras
artista contam inúmeras histórias
Por meio de verdades
tolos relatam suas poucas glórias!
Máscaras de porcelana racham,
máscaras de vidro quebram,
máscaras faciais nunca se revelam!
Com elas pessoas atuam...
mas tome muito cuidado;
pois algum dia teu rosto será revelado!
POÉTICA CONFISSÃO
Leia-te nos meus lhanos versos singelos
Que o meu coração tem para te poetar
São talhados com tão aguçados cutelos
Da minha inspiração, para lhe ofertar...
Tem amor nos detalhes, e nos paralelos
Do desejo, almejo, e sentimento a arder
Deixa dar-te em pensamentos donzelos
Encanto, tal o luar dum impar anoitecer
Estes foram feitos para ter-te sensação
Afagos, beijos, e muita, muita emoção
Pois, o verso guarda o amor enamorado
Então, amo-te demais, e mais a paixão
E, em prosas puras para ti, essa canção:
- a poética confissão de um apaixonado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/09/2021, 05’38” – Araguari, MG
VIVE EM MIM UMA SAUDADE
Encarcerado no peito sentimentos imersos
Não vejo a inspiração que um dia pude ter
Já não tenho forças pra refazer meus versos
Pouco a pouco, eu sinto a aflição me vencer
Sou um pensamento vazio e sonho infértil
No alvor, sou noite desperta e duro fardo
Sussurra sensações escuras na alma frágil
Onde a poética já não é mais deste bardo
Minha poesia cansada, versos em pranto
O talvez cinzento, em vão, e tão infinito
Aflito. Esgotou em mim qualquer encanto
Preciso de razão, de motivo, uma vontade
Pra ter e haver aquele sentido mais bonito
Devoluto, pois, vive em mim uma saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/09/2021, 18’43” – Araguari, MG
SONETO DE AMOR
A prosa traz meu encanto, meu amor
Assim que ela versa o versar enamora
Sussurra, delira, e se esquece da hora
E a quem lê a sensação sente o sabor
Quando sai da imaginação, a compor
A ilusão é enlevada, poética, embora
A rima ao poeta seja caixa de pandora
Ah emoção... ajudai-me a dar-lhe flor
Ternura, uma ávida trova de um amar
Que nasce da sede e brota a embalar
Cada sentimento que o afeto conhece
O que ao arrebatado assim lhe parece
Aquece, e puxa a emoção pra poetizar
Pois, é a paixão no soneto a se revelar
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 outubro, 2021, 18’32” – Araguari, MG
SONETO À SANTO ANTÔNIO
Do teu testemunho, a fé é razão
Junho é mês, do festejo contente
Dia 13, a celebração e recordação
Bilhetes de amor de toda a gente....
És Santo aclamado na comunhão
Aos casais, guardião contundente
Do canto ao alto a próspera união
- aos nubentes, cerne confidente!
Santo Antônio, Santo casamenteiro
Tão louvado. Ao colo leva o menino
Jesus... devoção no mundo inteiro!
E aqui neste soneto em prece, seja!
A minha, a tua, a nossa fé, ao Divino
E, que com Sto Antônio sempre esteja!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, junho, 15’34” – Araguari, MG
AMAR É TUDO
Não há poética maior que encante
Nem há maior sentir que se iguale
A essa sensação que o prazer cante
O amor. Deste doce e gracioso vale
E se sabemos que é correspondido
Amigo, n’alma é só aquele acalanto
Portanto, se tem sustento e sentido
Se divertido, ah! contenta-se tanto
Já nas controvérsias, tem sua parte
Vário aparte, pois, é afeto humano
E não apenas um simples encarte
É poesia, ação, e nenhum engano
Quando o sentimento nele se farte
Então ame, ama, sem sê-lo profano
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04, junho, 2021, 08’00” – Araguari, MG
ENGANO FEITO
No que restou da ilusão busco vontade
Das poéticas que um dia me apaixonei
Do desejo, do tudo mais, vem a saudade
Neste vazio do silêncio a quem me dei
Ah! ó fatalidade que no vão me esquece
Numa sensação de uma urgência sentida
De onde aquela emoção não mais aquece
E o descolorido no apenas tinge a vida...
De tropeço em tropeço vou neste mundo
Porque a dor no peito arregaça bem fundo
E nestes pedaços, me vejo sem mais jeito
E, assim, poetar triste na culpa eu assumo
De tantas culpas, tantas, o sombrio rumo
De uma escolha malfeita e o engano feito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08, junho, 2021, 09’17” – Araguari, MG
OS OFENDIDOS
Viver no silêncio, calado e todavia
Sentir no peito um aperto, depois
De um vazio rodeado, a dois, sois
Da sofrência servil, no dia a dia...
Um sentimento de ociosa sensação
Que vai mascando o viver, e assim
Chora, e a dor aflora, - ai de mim!
Que mais não sou que só a ilusão...
Então, chega a vez de olhar pra ver
Com olhos dos fatos reais contidos
Deixando a razão na realidade doer
Pois, só pra retribuição se dá ouvidos
Sentidos, e que no coração vai bater
A superação, abafando os gemidos...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09, junho, 2021, 09’12” – Araguari, MG
O ALVOR DE MINHA TERRA...
Neste alvorecer de minha terra assisto
Nuance de saudade vertida no cerrado
Uma felicidade e apertura num misto
No peito num sentimento imaculado
Este alvorecer desperta o que existo
De melhor no ver, a surpresa ao lado
Eis-me à beira do louvor, de tudo isto
De um alvor mágico e tão encantado
À tua espera, o horizonte totalmente
Alumiado, matiz que aos olhos berra
E à sensação uma surpresa reluzente
E, quando surges, então, nunca iguais
Vário, impar, o alvor de minha terra
Madrugadas seletas no sempre mais! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/02/2021, 04’59” – Triângulo Mineiro
ILUSÕES PARALELAS
Ó, como está saudade é de rotina
Mora no hábito, é dor no clamor
No entanto, um dia mandou flor
E o prazer era presença matutina
Como por ti me apaixonei, Amor!
E vê: que na memória contamina
O suspiro, que aos olhos neblina
Enche o dia de tristura, ao dispor
Ah, que falta faz o do teu olhar
Ah, os teus abraços a me ocupar
As coisas belas que não disseste
Tantas e tantas, que seriam elas
Nesta solidão, ilusões paralelas
Para emoção sair deste agreste
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
O AMOR (soneto)
O sentimento é uma formosa safira
Rútila, que o prazer do sentir enseja
Onde a emoção a companhia deseja
E no coração, aceso, flamejante pira
Tal harmônica lira, na poesia suspira
O abraço cativa, com o olhar se beija
E na amizade, ele, o afeto, assim seja!
É ardor com mimo que n’alma delira
É sempre magia e também é donário
Aquele singular poema no seu diário
Ternura e sedosa flor, enredado voo
Na companhia obrigatório alicerce
Onde no caule do bem ele floresce
Só quem tem, quem um dia amou!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/08/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro