Sonetos

Cerca de 1219 frases e pensamentos: Sonetos

⁠BÁLSAMO ...

Trovar-te a saudade! Saber-te ainda cativo
Eis a maior das poéticas que assim fizesse
Causadas do coração, hoje rude e aflitivo
E acalmar-me o peito e as mãos em prece

Trovar-te o cheiro! Um linguajar intrusivo
Da sensação, que a ilusão no amor oferece
E que pulsa forte o lampejo de novo vivo
Onde a lembrança afoita ainda permanece

De meus insanos ensaios a sedução pura
Desejar ter-te, outra vez, quanta ventura!
Teu olhar num beijo, o carinho prolongado

E compor um canto que simplesmente
Te diga nos versos, versos ternamente
De emoção! .... confortado ao seu lado!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/01/2021, 08’30” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CONSELHOS....

Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo

Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso

Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo

Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PERDÃO...

Ó sorte, eu sei. Eu sei, essa valia
Essa direção que dás pra emoção
A solidão é exata no que merecia
Pois, do amor, cisquei a ilusão

O coração habituara a tirania
Da ficção, de ficar na tensão
No vitimismo, e na melodia
Criei e musiquei a sensação

Então, no ter o que existisse
Me segurei na burra tolice
Do sonho desfrutável a mão

Ó sorte! me deste o caminho
O amparo dum doce carinho
Eu quis outro rumo. Perdão!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 14’50” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

POESIA CEGA
(O Ledor)

Não entendeu? -Sim, compreendi, amigo!
Sei o que sublimas tua mente desponjosa,
Pois que mais ousados que uma rosa
São os teus ouvidos aos meus sentidos.

Hipócritas palavras, cabeça maldosa
Habitas em seu corpo como um perigo
Daquele que ouvir asnos, mas bem contigo
Está tão brilhante alma, e magestosa.

Que nesta sagrada vida, da literatura,
Há quem não entende sabendo ler
Tantas coisas mais complexas e conjuras,

Que, quem não lê, sabe entender
O que vós digo, palavras vis, palavras puras
Sem que haja sentimentos a lhes dizer...

Inserida por acessorialpoeta

PASSAGEM

O amor contigo, talvez, um dia se vai
Rompendo a estrada em desventuras;
Cumprindo ao tempo os nossos ais
Na paixão dolente, complexa e pura.

O amor contigo, talvez, imortal se fica
Sem dias amargurados, em prazer,
A ermo dos sentimentos, que suplica
O infinito do teu caminho a romper...

Quem sabe dentro d'alma nossas vidas
De graças maculadas, nossas lidas,
O nosso peito, que de pulsar lucidez

Ao coração miserável, tão profundo,
O nosso amor simplesmente no mundo
Nada é do que é, passagem... Talvez!

Inserida por acessorialpoeta

PECADOR

Espírito imortal, escuro, rastejante...
Alma maligna, deixa-me viver,
Minha vida miserável a percorrer
O caminho do meu sonho, doente.

A cura dos meus pés haverá de ser
Nas trevas da estrada, coerente,
Que insana minh'alma descontente
Já é dor, já é queimar, a não morrer...

Vida que pós vida será amor, será?
Ser deslumbre, quem há de amar
Se lágrimas estende pelo caminho?

Deixa-me viver sem mesmo amor
Que a ti suplico o esplendor,
Triste e curvado, mesmo sozinho...

Inserida por acessorialpoeta

EXCELSA

Para Luciene Soares


O meu coração que ama
Consegue visualizar
Um universo na chama
Do brilho do teu olhar

A beleza que exclama
Tanta coisa sem falar
Uma paixão que inflama
Largamente feito o mar

E os teus lábios poéticos
Feito canção de Neruda
Ditam poemas ascéticos

Falam do salmo que ajuda
Constroem versos estéticos
Fogem da coisa miúda

Inserida por sander_lee

FANTASIA

Minha flor de perfume delicado
Quem me dera romper formalidades
E viver para sempre ao teu lado
Em folguedos e em festividades

E o tempo boníssimo parado
Contemplando as sensibilidades
Que despertam o olhar apaixonado
Sob um céu de suaves amenidades

E teríamos um só coração
Ideal, objetivo e gosto
Teus beijos serviriam de ração

Abraçados versando o sol posto
Se vivo no parnaso essa ilusão
Acrescento mil cheiros no teu rosto

Inserida por sander_lee

A ESTRELA MAIS BELA

Para Luciene Soares


A estrela mais bela, especial
Intelecto fluente, invejável
Descobriu nesta vida o essencial:
Depender de Jesus, Deus adorável

E eu ‘muso’ do ser sensacional
Vou sorvendo o seu verso palatável
E a beleza da letra musical
É carinho suave, nota afável

Se a riqueza traduz felicidade
Sou mui rico, sem ter nenhum milhão
Ter você, meu amor, festividade

Poesia, prazer, paz, coração
E o olhar que vem desde a mocidade
Insuflando o meu rio da paixão

Inserida por sander_lee

VASTI

Paraíba, celeiro de beleza
Que a mão do Senhor aqui criou
A mulher desta plaga – natureza
É o retrato que Deus Pai caprichou

O olhar feminino é a lindeza
Que o poema mais hábil decantou
E a boca traçada na nobreza
Pra afeição do poeta é que ficou

A ternura na face estampada
Contagia quem olha e faz feliz
Esse meio sorriso e a tez corada

Enaltecem a mulher Vasti Diniz
Feito flores plantadas na estrada
E o cantar mavioso do concriz

Inserida por sander_lee

UM NOVIÇO NA ARTE DE BAILAR

Entre luas forjei a minha tenda
E pintei com as cores mais ‘hermosas’
E de lá fico olhando a minha prenda
Com andar das gazelas caprichosas

É de cirros a sua linda renda
De canções as nuances angulosas
E a brisa esperando que ascenda
O perfume dos versos e das prosas

Caminhei inseguro no folguedo
Um noviço na arte de bailar
Para o meu coração não há segredo

Se o ofício é compor, rir e versar
Mas às vezes pra tenda me escafedo
E me ponho somente a observar

Inserida por sander_lee

Oh, coração fulgurante e acintoso
No etéreo azul voais exuberante
Causais o pranto a quem o amou errante
Em função de seu amor aleivoso.

De atenção quente ao frio doloroso,
Do desprezo atroz e dilacerante,
Fizestes do amor lágrima constante
Afogando-a no sonho impiedoso.

Amai Clítie, a paixão correspondente
E deixai de alimentar-se do pranto
Que a inundou de desamor inclemente.

Certificar-se-á do amor ardente,
Deixarás de fitar o áureo manto
Que a ti ignora constantemente.

Inserida por PabloForzanAbreu

⁠FLOR DO IPÊ (soneto)

Pra o Ipê florar tal uma poesia, não basta
A poética e encantos dos seus segundos
Sua beleza acesa, são cânticos profundos
Que invadem o olhar na amplidão vasta

Do cerrado. Flor igual em todo mundo
Não há; tua delicadeza tão bela e casta
Declama graça que pelo pasmo arrasta
Ornando o sertão, no seu chão sitibundo

Mais terna, e pura, frágil, fina e à mercê
Do matiz: rosa, amarelo e branco, airoso
São essências vibrantes das pétalas do ipê

Hei de exaltar está flor além da sedução
Porque o meu fascínio, ao vê-la, é ditoso
Onde o poeta inspira a emotiva emoção.

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 18’48” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠⁠AME O TEU AMOR (soneto)

Ame o teu amor, enquanto tens e enquanto
O teu afeto é o aconchego no amável olhar
Assim, quem no singular amor te ame tanto
Porque nunca cortejarás outro pra tal lugar

Que nunca o deixe solitário, no vão vagar
Lembra-te sempre, no convívio, o quanto
É bom poder com o outro contar e confiar
E no teu abraço encontrar o teu real canto

Ame-o, este amor, e sentirás, por certo
Cada ausência, a falta, ó suspiro agudo
Se a saudade no peito for impulso incerto

Então, ame! Clame por tê-lo por perto
Ao alcance do coração, da vida, de tudo
Pois, assim, pulsarás na emoção o acerto...

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
21/07/2020, 10’31” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AOS PÉS DA CRUZ (soneto)

A Vós submisso vou, braços crucificados
Nesse calvário sacrossanto da paixão
Receba-me, na Tua elevada compaixão
E, por nos livrar do mal, estais cravados

A Vós, Pai, que pelos pecados fustigados
Piedade! ... poupe os ceticismos incertos
No Teu perdão, Teus zelos estais abertos
Perdoai nossas falhas, e rumos errados

A Vós, pés encravados, por nos amar
A Vós, chagas abertas, para nos ungir
A Vós, na dor, e Teu sangue a libertar

Por não nós deixar, nem de nós desistir
Por ser o filho escolhido, o meu olhar
Aos pés da cruz, aqui estou pra remir...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/07/2020, 11’02” – Triangulo Mineiro
paráfrase Gregório de Matos Guerra

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O ACENDEDOR DO DIA (soneto)

Lá vem o sol o acendedor do dia na rua
Este mesmo, rubro, que vem reluzente
Raiando no horizonte, turvando a lua
Quando o véu da noite se faz ausente

Parodiado a poesia, a prosa continua
Na energia, na quimera poeticamente
À medida que a luz aos poucos acentua
E a escureza da noite se vai de repente

Encantada evidência que Deus nos doa
Brilho que doira o dia e ilumina a vida
E que com tal esplendor nos abençoa

Assim, em nossa alma o amor insinua:
O bem, a fé, a felicidade a boa acolhida
Que na claridade com a gratidão tatua

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020, 07’22” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DESENCANTO (soneto)

Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos

E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos

E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto

E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mal secreto (soneto)

Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

(2020, 01 de agosto)

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A ESCULTURA (soneto)

Idealizada, em traços no pó de mármor
Num luzidio de inspiração e de talento
Nas minúcias de fêmea em movimento
Fixas em forma rara, de delicado primor

Transpirando volúpia, vida e portento
Do pó de pedra forjada com tenro amor
Surge a forma e, prostrada em fomento
Abrigo imortal, num cendal esplendor

Do albor da imaginação, dos desejos
Surge assim esquia e férteis latejos
Ante a estátua feita, minha ovação

E o espanto avido do meu espreitar
Põe a beleza e delicadeza no olhar
Dela, a escultura amoldada a mão

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2020, 11’41” – Triângulo Mineiro
Inspirada na escultura de Eliete Cunha Costa

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O AMOR QUE É AMOR

O amor que é amor jamais vacila
Nas paixões iradas entra sem medo
Leva consigo a afeição e o enredo
Do doce olhar, e o abraço que asila

O desejo é uma variedade tranquila
Pra quem cobiça, pois, vence o quedo
E dum para o outro não tem segredo
Enquanto o apuro o veneno destila

Amor que é amor, a tudo transforma
Um ato de grandeza e de plataforma
Do bem, onde se tem a sorte ao dispor

Esse esplendor, regado com flores
São muito mais que simples amores
É a natureza do amor que é amor...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol