Sonetos

Cerca de 1204 frases e pensamentos: Sonetos

⁠SONETO DE INVERNO ...

Cai a madrugada fria, lá fora, sem lamento
E, cá dentro, hora em hora, indo a semana
Afora, uivando na janela o soprar do vento
Um cheiro úmido do chão e do chão emana

No cerrado e sobre o torto galho cinzento
O orvalho escorre, e da frialdade dimana
Sobre o vasto horizonte o nevoeiro lento
Sedento, é a invernada em sua total gana

Aí que frio! arde o fogão de lenha, a flagrar
No alarido da madeira chora o fogo doído
Como é bom nesta hora o agasalho do lar

Sob o teu olhar, teus beijos, ternuras feito
Coração aligeiro, abrasado, amor querido!
E, eu prazido, me aquento no nosso leito...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/04/2021, 04’57” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DE AMOR POR MINAS GERAIS ...

Minas, tu, das Gerais, amor do mineiro, primeiro
Terra do ouro, dos belos horizontes, dos arraiais
Quem aqui vem, volta, e contigo traz outros mais
Afinal, hospitaleiro, chão de dama e de cavalheiro

Da Beija e Chica, estradas Reais, é reconto inteiro
Tiradentes, herói confidente, audaz, ceder jamais
Sempre vivo a brotar na história, ó Minas Gerais:
Do Aleijadinho, artesão maior, do rebanho leiteiro


Distinto no jeito desconfiado, és roceiro, é chique
Nunca verga, nem ao destilado de um alambique
Dança catira, folia de Reis, é feliz a todo segundo

Teu gonfalão vermelho e branco, é brava honraria
Teus campos, a tua arte, de uma aguerrida poesia
Minas, Minas, sem ti, que desencontro no mundo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/04/2021, 20’21” – Araguari, MG
Paráfrase Gabrielle D’Annuzio

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O AMOR ENRABICHADO

Como acho enrabichado o meu amor
após tua ternura, afago tão prazeroso
os beijos no meu desejo tão amoroso
com lábios rubro, da paixão tem a cor

A sensação, perfumada, tal suave flor
tem tempero, sabor, tão maravilhoso
n’alma grudado aquele olhar perigoso
de sedução, deixando anseio e tremor

Cativante! Tem tudo e em tudo toca
faz do sentimento solidária emoção
caso, baralhando o sentido. Há troca!

Fantasio cada sussurro que me arrepia
acelera a batida entusiasta do coração
que pulsa em cada veia desta poesia!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 de abril de 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Ó NOITE...

Ó noite, ampla noite, de insonolência
Noite umbrosa, de fado aos sofredores
Suspiros, preocupações e tantas dores
Nessa apertura tediosa e sem paciência

Socorre a alma ó repouso, com essência
De paz, suste a tortura e seus langores
Ó quimera venha a mim para dispores
Sonhos calmosos, e me tire da dolência

E o silêncio, que estronda a harmonia
Numa solidão que no breu se mistura
Insistente, e tão tomado de teimosia

Inquieto sinto o negror da amargura
Sobras frias, sinto áspera melancolia
Na rude poesia, canto! Ó noite dura!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 de abril de 2021, 03’23” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PROTESTO

Ah! Cessai, que este redizer enfastia
estorva a inspiração e me importuna
e, embora com as sofrências se reúna
loa, não tem o frescor que eu queria

Chega de apertura unhando a poesia
cato um versar de amor e de tribuna
se com agrado o bem viver coaduna
então, venha mais prazer na melodia

Queixa, suspiros, tudo mais em estio:
noites longas, horas eternas, horrível!
onde está a trova que ao viver renova

Vem sempre versos do mesmo feitio
ou negro, piedoso, choro indefinível
ah! quem me dera uma treta nova!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/04/2021, 05’05” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AMARGURA

Dia e noite a lembrar de ti. Saudade
aperta o peito, e a emoção redobra
cada uma sensação de falta, ô sobra
no sentimento, ao sentir é vontade!

E, no sofrer que a tristura manobra
chora, implora, triste é a felicidade
e a dor, a ferralhar, traz calamidade
com solidão, notória, tão sem sobra

Dolorosa a recordação, o momento
a alma baixa, achacado de tal crime
assim, se vê, cair no esquecimento!

Tudo, ante ao fatal que afadiga tanto
o amor sem ter sua distinção sublime
vai se amargando sem ter o encanto...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/04/2021, 06’05” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O DIA DESFALECE

Forte e dourada, a luz do pôr do dia desfalece
Pequizeiro em brilhos de sol, de glauco radiante
E um cântico de ave vaga eletrizante em prece
Nas galhadas tortuosas no horizonte distante...

Maritacas inquietas, rumoroso frege acontece
Iris de brilho rubro no cerrado de céu gigante
Tudo, ante ao espetáculo a formosura oferece
Tudo, radiante, resplandecendo cada instante...

Eu melancólico, no entanto, sentimento afiado
Suspirando o meu pesar, exalo toda está poesia
E mesmo assim, a minha saudade não aquece...

E, não esquecerei os entardeceres do passado
Bem como, agora, a ventura, o amor e alegria
Profundos na lembrança que não se esquece!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/04/2021, 17’35” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INDIGENTE

Tenho um desejo: existe uma felicidade
que eu não conheço e no cobiçar tende
é o amor que no querer então me quer
como eu quero, enfim, que me entende

Nem um olhar, nem uma palavra sequer
peno sem que ele exista, e que detende
a minha vontade de ter. No falto pende!
é vazio que não se tem como preencher

É um amor sem fato: - e eu mesmo ignoro
donde? como eu saber se nem o há nome
das pessoas amadas nenhuma ocorreram

É um dessaber que a imaginação consome
na desilusão. É dor que vive a viver o choro
das tentativas que no pranto emudeceram

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 de abril, 2021, 05’45” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ENREDO

Sê bendito, amor, que o fado me deste
nesta poética de ventura e de tal valor
dá-me as armas que com afeto se veste
um sempre fiel, tal um devoto, amador

de ser o seu amado eleito, que apreste
as sensações de um romântico trovador
a ladear o vital e a amizade que avieste
quando queira e ao total inteiro dispor

a poesia que a paixão de símbolo servia
o olhar meu e seu que um dia se notou
num sentido que o sentimento incitou...

Pois nestes tempos bons, de companhia
emoção, ser, fantasia, jamais se esquece
amor. Cá no meu enredo é valia e prece

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 27/2021, 08’32” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CIÚME

Sei. Outros amores te gracejaram, bem o sei...
murmuraram o que meu versar já ti murmurou
até sorriram teu sorriso que sempre desejei
a lembrança da poesia, que eu não mais sou

Tudo que recordo me faz dor, e ali estarei:
na saudade, no sofrer, tortura, assim vou,
chorei, foi por tanto, o tanto que te amei
quis dar-te meu melhor. Pra ti já passou!

Eu quisera anular, por ti, qualquer querer
qualquer olhar, o toque, o singular prazer
que um dia fez reflexo na minha emoção

Como é sensação supor o teu beijo aleio
ler no teu coração, mil poemas de paixão
o alguém nas batidas dum suspiro enleio

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/04/2021, 11’26” – Araguari, MG.

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PARELHA CARICIOSA

O teu sussurrar têm melodia divina
Pianíssimo, ao sentimento vibrando
Acordes de sensação, gozo, quando
O teu olhar no meu, sede impregna

Então não palie o cheiro que ilumina
Teu beijo, de um olor lhano e brando
Que inebria o desejo que vai amando
Cada meiguice poética de canora sina

Eis, pois, o que tu fazes aos sentidos
Meus, assim, ouço-te tudo, contudo
Peregrinas são palavras aos ouvidos

Em pleno arrebatar, tu dás-me rosa
Na magia do amor, és um conteúdo
De agrado, minha parelha cariciosa...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 29/2021, 15’48” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠IMORTAL

Olhar, envelhecendo, vendo a ruína perto
reconhecendo vãs as palavras passageiras
lacrimejou, enxugou as ilusões traiçoeiras
e me avançou na prosa com o feito liberto

Meu viver tendo sonhado e o afeto oferto
a uma ventura e mais gentis alvissareiras
emoções, onde grafei poéticas fagueiras
ao coração, foi mais romântico, por certo!

Então, se já velho e jovial o pensamento
permiti mais poesias floridas, o portento
romantismo, o que torna o amor eternal

Devaneei na literária, fiz um soneto alado
me dizendo que o momento era chegado
envelheci! Porém, sorri, o verso é imortal!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 30/2021, 09’30” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SOLIDÃO ATROZ

Quando fores dormir, ó saudade tenebrosa
na noite negra insone de uma agonia, e não
tiveres por alcova o ardor e o abraço, senão
o silêncio, uma ausência dum dedo de prosa

Adormeça-te, enxugue tua lágrima medrosa
na vil dor, e me deixe nesta aflitiva lassidão
com o meu pranto e o arfar do meu coração
então, não venhas me consolar aventurosa

O suspiro que tem um confidente em mim
pois, o esbaforir há de adormecer o poeta
da insônia sombria dessas noites sem fim...

Dir-te-ei: de que serve a calma completa?
se os teus estardalhaços, nos faz mais sós!
E ao sentimento, falto, uma solidão atroz...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de maio de 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR DE AMOR

Ao pesar, o poema meu, pela solta saudade
do vosso encontro, onde o querer palpita
por vosso olhar extasiante, beleza infinita
triste afeto distante, de uma vil crueldade

É que, ai de mim! Aperto que no mal brade
me arde, sai exaltado, vai louco, em grita
sentidos vagos em sensações tão eremita
haurindo em mim a sorte duma felicidade

Eu choro, e choro... e sofro, tanto, tanto
no entanto cada gemido de dor é pranto
e cada pranto um gemido em canto e dor

O suspiro dado é desilusão e não apenas
o penar amargurado, são fados e penas
de um poeta em sua sofrência de amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de maio, 2021, 05’44” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUESTÃO

Sussurra: - para sempre! a vontade enamorada
E o tempo que dirá, no entanto, em qual sorte
Nós estaremos, no até a separação pela morte
Avivando o desejo e a sensação muito desejada

Mais e mais o olhar nesta agridoce caminhada
Num amor estar, ao querer ficar, de alto porte
Sul ou norte, cada estória, uma narrativa forte
De paixão dando emoção. Poética encantada!

Nada é mais primavera em flor, estar amando
Quando, até, sem importância, pois chilrando
Fica a vibrante alegria, sem querer sair jamais

Juras de amor, de eternidade, os votos soltam
Tem também os que dizem e não mais voltam
Por que promessas nas palavras de mortais? ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de maio, 2021, 05’15” – Araguari, MG
Coppéerando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CERRADO E EU

Céu, vastidão e ventos, encanto dispersos
Pequizeiros, buritis, campinas verdejantes
Sertão de cascalhos, fontes borbulhantes
Lenhosos grossos, galhos tortos diversos

Fascínio e graça. Místicos antros imersos
Gramínea, ipês floridos, relvas rastejantes
Abundante é a fauna, cristais coruscantes
E vós, cerrado, que velais os meus versos

Cá estou tomado, e então te faço saber:
Saudade eu senti, e não posso esconder
O tal sofrer que na saudade é sem fim...

Cá estou, e suplico, ao extenso horizonte
As cachoeiras, o entardecer no desponte,
Que te conte: - sempre estiveste em mim!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 de maio, 2021, 09’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NOME FLUÍDO NO AMANHECER

Dentro, na esconsa sensação, onde fervia
No coração os sentimentos sussurrantes
Num raio fulvo, brilhante de uma agonia
Espanejando aflição nas dores faiscantes

Senti-a: pulsar na solidão, tão distantes
Capitosa saudade no peito então ardia
E em tédio, duns agrados inconstantes
Enjoo, brado e tristura, dos lábios saia

E eu pensativo, eu lúrido, eu descrente
Curvei-me naquela janela, com tal frieza
Sem o cerrado o quase persentir sequer

Meu lamento, aos poucos, lentamente
Nos olhos lacrimejados de uma tristeza
Daquele nome fluído no amanhecer!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 de maio, 2021, 09’31” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠"MEMORY”

Recorda-te de mim quando eu ausente
For do teu alcance, no poente e isolado
Sentimento, sem meu olhar ao teu lado
E a afeição pulsar o que não mais sente...

Quando não mais importar, e de repente
Tudo sem palavra, sem que hás sonhado
O sonho da gente, promessa no passado
Onde a sensação é um vazio inteiramente...

Chora eu, um choro calado, e choro dares
Ao falto, e lembrares de nós novamente!
Aí, deixe o pranto nos aflitivos pesares...

E se houver suspiros, no que não mais existe
Melhor esqueceres a poesia ali tão presente
Nos versos meus, que agora é memória triste!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 10, 2021, 13’37” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Ó TU

Ó tu, ardor de todo decidido poder
Ó amor! sensação que nos faz amar
Este sentimento deixa a emoção ser
E no enlace o afeto pra nos mostrar

Aí vista-se do que melhor aprouver
Ao coração, e a luz do suave olhar
Sorri com agrado, então, possa ver
A boa felicidade em qualquer lugar

Tudo certo, crê! o cuidado colosso
A boca no beijo, o trovar no esboço
E o olhar gracejando ventura. Assim,

cada verso um escrínio duma paixão
Testemunhado o amor nuca em vão
Num encanto feito rosas no jardim!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 10, 2021, 22’37” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUSPIRO OFEGANTE

Que é saudade sem ter-te? apenas um vão
Dum sentir frio e o vazio sem a face da lua
O desejo sem te ter? Esvaziado na solidão
Emoção que pelo céu a recordação flutua

Passo a passo. O caminho sem ti? Imensidão
Da noite usurpando o dia, grito e agonia nua
Sofrência? Lágrimas, ai! E pranteia o coração
Pra esquecer o encanto, a graça, prenda sua

Que é de meu poetar? Calado e pobrezinho
Sem o teu olhar. São palavras soltas sem lugar
Peregrino solitário, infecundo e sem carinho

Íngreme e pesado fado, sou eu sem instante
Onde o afeto vive perdido e sem poder amar
Na sobra da tristura e num suspiro ofegante!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 11, 2021, 09’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol