Sonetos
INTUITO
Por tudo o que me é orgulho, independente
Aos olhos dos altivos conspirados,
Regendo murmuras, livres, dos aliados
Sou tudo o que sou, recíproco, vigente.
Por tudo o que fui, pecados, a toda gente
Malditas, de trevas, aos olhos filiados
Imprecam os meus instantes, que derrotado,
O meu espírito à vida sente.
Mas por tudo sou assim, louco, por essa vida
Movendo os meus pesares, por toda lida
Correspondendo vou manipulando o amor.
Por quais horas sagradas hão de ter fim?
Creio; esses benditos sentimentos em mim
Aos céus dos infinitos serão sem dor.
PASSAGEM
Sem quer ter mágoas dum amor que me passou,
Que não pudera meu coração corresponder,
Bendito ser que ao infinito não pude ter,
Eis a lua com a tua aparência e o teu fulgor...
De luz infinita sua existência qual o sol ficou,
Que navegar ao mar imenso é seu prazer;
Aos jardins dos amores donde passa este ser
Sem quer enxergar a minha vida, esplendor.
Luz bendita que tanto brilha a tua existência,
Vermelho sangue é tu'alma de aparência
Que aos corações é simplesmente um encantar!
Sagrada dor que tão me dói e tanto tive
Sem quer pudor, sem quer chorar, e ainda vive
Sem quer ter mágoas, meu amor eu vi passar...
CÂNTICO DE PÁSCOA
Eu sei que tudo irá passar
Em meio esse tempo de vaidades
Do qual vivemos a fadigar
Buscando esperanças e verdades.
Assim te desejo tempos oportunos
De glórias muitas de muito amor
Paixões intensas e caminhos puros
Oportunidades únicas ao seu favor,
Mas de tudo não se orgulhe amigo
Desencanto terá e eu te digo
A estrada é árdua a todo o viver...
Mesmo os que dizem sem esperança
Sem mesmo amar sem confiança
Nas verdades em Deus nada é sofrer!
Ela é !
Deliro e cada vez mais me encanto
Com aquela que afastou de mim o pranto
Cujo amor me serve de acalanto
Isto digo, afirmo, juro e pronto !
Ela é aquela que sacia minha sede
Deste que nesta vida nunca teve
Amor tão puro, verdadeiro e dedicado
Que nestes versos deixo registrado
Sim, ela habitava o sonho dos meus sonhos
E veio a mim em despertar sereno
Minha vida nas mãos dela agora ponho
Ela é a razão porque componho
O mais belo de todos os meus temas
Ouso dizer que é ela , o melhor de meus poemas !
NO TEU INFINITO
Não digas que o meu amor não te serve mais.
Lembra-te das horas puras, da paixão, e desejo;
Lembra-te, oh, meu amor, do místico beijo,
Que nem no tempo mais extenso se desfaz!
Amo-te demais, oh, meu amor, amo-te demais!
Não vás ao destino se entregar, em mim te deixo
Apossar-se dos meus dias plenos e de ensejo,
A rogar-me na alma os infinitos dias de paz...
Sou do teu amor à sombra o teu mesmo amor,
O agrado do teu peito, o cálice, sou o teu calor,
O sangue a te queimar o corpo nas horas frias!
Não digas, oh, meu amor, não digas mais nada...
Veja o sol que deita, veja a lua beijar a alvorada,
Eu sou o oiro a clarear o infinito dos teus dias!
SONETO ETERNO
(A Heloiza Fernanda)
Alma de minha vida! Filha do meu amor
Que me enfeita o coração, eternizado!
Dentre o céu, nos meus ais, ao meu fulgor,
Estarás nos meus rosais imaculados.
Para sempre na minha lida sem quer dor
Serão tuas vontades, meu eterno fado...
O meu caminho, mesmo torto, no esplendor
Do jardim dos teus florais serei brocado!
Alma de minha vida! Infante é o teu viver...
Sentimento, ainda não sabe amar...
Paixão grandiosa, um dia, haverá de ter...
Por tudo serei por ti, mesmo absorto...
Aos teus olhos de sorte, meu som, meu ar
Estarás por ti sentir, eu mesmo morto...
OS TEUS VERSOS
Disse-me um dia, querida, loucuras
Em versos raros a sua boca,
Que dolente t'eras nas alturas
Dos teus infinitos mundos, e louca
Foi tua memória a imaginar... alvuras
Na minh'alma, mesmo pouca
Sentindo os teus versos que me duras
Desde o renascer que me toca
O coração. Que, em sangue rubro,
No beijar dos teus versos eu perduro
O amor, naquele beijo que não dei.
E daqueles sentimentos que me diz
Ser tu a mulher que eu não fiz
Felicidades, e que ao mundo não beijei.
Farsa
Inventei tantos disfarces para a minha dor!
Desnudei a alma e embriaguei-me de solidão.
E mesmo diante de tão grande inquietação,
Mantive sempre um sorriso no meu rosto.
Se não fui, quis parecer feliz a qualquer custo!
E esconder do mundo todo o meu desgosto.
Quis ser sempre de tudo o oposto, ainda que,
por dentro, todo o meu ser estivesse de luto.
Nunca os meus olhos verteram uma lágrima!
Nem diante da morte expressei algum lamento.
Nem interjeições de espanto ou sofrimento!
Guardava comigo, engolia à seco, disfarçava!
Não fraquejei um só instante, quis ser forte! Mas
quando te perdi, meu amor, tornei-me tão fraco!
MEU SONHAR
Aos sonhos eu despertei com a tua voz
Dentre à noite a um luar romântico;
Os sonhos, eu edifiquei ao seu algoz
Desfalecendo o teu entoado cântico...
Parecia a noite um mistério alheio
Desconhecendo a encantada escuridão
Dentre o meu peito. Que feliz e cheio
Desconhecia a tristeza o meu coração.
Uma ilusão do nada. Tanta euforia
Sentindo em minh'alma que já não sorria
Ao perceber o teu adeus tristonho...
Ao luar tão belo, que a vejo estar comigo
Ao dormir, sonhar; fazer amor contigo
Que n'alma, eu desperto, e deliro e sonho...
POETAS MORTOS
Ensandecidos: Vagueando à multidão
Eu vejo alegria, ansiedades e chorar...
E dentre o meu peito falta vida, me falta ar
Por sentir os temores da ilusão...
Insanidades, eu vejo a toda alma o coração
Por falsidades que os fazem fadigar,
E, ensandecida, navegando sobre o mar
Eu vejo a minh'alma à solidão...
Versos entoam dos meus sentimentos:
Tão Igual é nosso sonhar, nossos lamentos
Por virtudes nosso luar ser de alegria...
A sofrer sinto-me brando, sou louco?
Eu sou d'um Poeta o fogo intenso e absorto
A mentir o nosso amor: Que fantasia!
UM CAMINHO PARA VIVER
Quem sabe um dia nesta estrada
Onde o caminho me põe tão triste,
Eu possa deparar o que me agrada,
E deixar para trás o que não existe.
Quem sabe eu volte a dar risada
Nesta minha face onde me resiste,
A voltar ser alguém, e talvez nada
D'um caminho que a mim persiste.
Vida louca... Oh, tão louca vida!
Onde há entrada, mas não há saída,
Só quero de ti um fim p'ra morrer!
Alegria volta, assim, alegre volta...
E da minha alma os males me solta,
Para que um dia eu possa viver!
Quando te chamo, ah! saudade
É por que sinto tua falta, quero a ver
Agora cheio de ansiedade
Quero te ouvir dizer
Que ira sempre pra mim sorrir
E nunca irá me deixar
Por mais triste possa sentir
A mim nunca ira me faltar
Sua presença o que quero
A unica coisa da qual preciso
Que me visite, eu sempre te espero
E me deixe sempre um aviso
Que nunca sentirei tristeza ou dor
Pois poesia, sempre sera meu amor
Nos teus olhares brilha o doce afago,
Desejo e graça num só gesto unido,
Fertilidade em dádiva revelado,
Origem grega e deusa em ti contido.
Isis-Doron, nome que encanta e ecoa,
Beleza rara em linhagem tão sutil,
Teus olhos, fonte de calma e encanto vibram em consonância com o universo,
Num hino eterno ao encanto e ao perfil.
Assim te vejo inrenitente sem teimosia você segue a vida encantando o mundo com sua singeleza.
Não se preocupe com os caminhos a trilhar porque independente de por onde andar o ponto final será sempre onde você tem que está!
Lusco fusco
Fechado é o espetáculo do dia
Aplausos para o Sol que desce lento
Num lusco-fusco igual sala vazia
Aturde a imensidão do pensamento
Suspenso por dois fios, qual magia
Aquele amor em Chamas, num momento
Acende a derradeira estrela guia
Na noite da saudade e do tormento
Afastem-se, tristezas, não mais firam
As almas que em cânticos suspiram
E juntam-se onde os corpos não alcançam
Paixão que tem sabor a vinho tinto
Suor embriagado de absinto
A escorrer da pele enquanto dançam
Soneto de
Etischa Dewes
ACREDITAR EM QUÊ?
Quem disse que esse mundo é verdade?
Tudo é mentira, uma grande ilusão!
Dentre as coisas banais, no coração
Tudo é sem cor, é nada, tudo é maldade!
Há alegria em tanta gente! Veracidade?
Falsos risos dentre o peito, tudo é vão!
De amor são incompletos e sem paixão!
No vaguear dentre à noite são saudades!
Acreditar em quê? O amor ninguém sente!
Os sonhos são sussurros na mente.
As almas vagueiam no esperar da morte…
No olhar desse mundo sou mais um louco!
No viver de migalhas, contentar com pouco:
De falsos sorrisos, e no esperar da sorte!
SEM AMOR
Um dia, quando me ver passar nesse mundo
Todos esses que agora não enxergam
Os meus ais, as minhas lidas, que me restam,
Serei eu de amor notado e profundo?
No caminhar dessa estrada, sou moribundo
Que vagueia sussurrando aos que passam:
"Viram um velho sem amor e tão imundo
A suplicar os corações dos que não prezam?"
Não tem ninguém a responder nem a notar!
E eu me vejo a um reflexo murmurar:
Nesse caminho, dos meus ais, ninguém sorriu!
Já cansado, e a desistir da longa estrada
Vou sonhando pela longa madrugada
Sem quer notar o meu amor, que ninguém viu.
DESEJO OCULTO
Enche-me de amor, de sorrisos no rosto,
Dos enganos que a vida desfaz...
Deixa-me acreditar em mim, me faz
Sentir o teu cheiro de flor, de gosto.
Beije-me a pele fria a esquentar, sem dor,
O meu coração, a mágoa triste,
Deixa-me acreditar que em mim existe
A paixão eloquente ao seu mesmo amor
Que dizes sentir ao teu peito, oh! Querida,
Ao mesmo tempo, a saudade imensa,
O despertar da minh'alma em tua vida.
Enche-me de esperança ao te encantar
O corpo, a boca, o que sente e o que pensa,
Deixa-me ser teus desejos, o som, o ar.
AGORA QUE O AMOR
Agora que o amor, na prosa, é sujeito
E enfim seduz todos os perfeitos ideais
Agora que, da poética tens os madrigais
Em dobres de alegrias no exitoso peito
Agora que de ter, tem o capital direito
De uma inspiração em sensações reais
Agora que as quimeras são mais e mais
Ao sentimento pulsante, e tão satisfeito
Que eu, prazenteiro, sigo o meu poetar
Cheio de feito, e não mais com o receio
Enchendo de mimos, agrados e de luar
Onde, agora, paixão no coração é esteio
Gorjeio de emoção, e pronto para amar
Cantando este amor que agora me veio!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 agosto, 2022, 05’18” – Araguari, MG
VIDA DO VERSO
Sempre a sussurrar sentimento incerto
O poema à sensação se faz aventureiro
Ao poeta deixa aquele gostinho aberto
Sempre, em busca dum sonho certeiro
Da paixão ao amor, tem trova em alerta
Mas, nunca deixando de ser por inteiro
Na prosa que tem aquela medida certa
De poética, vem o sentimental primeiro
Na rima, a imaginação como fronteira
Do seguro a ilusão, a pluralidade beira
É inspiração, pois, do destino escorre
Enquanto, na prosa tem aquela batida
Tudo é só encanto, abrandando a vida!
É arte, narração, senão, o verso morre...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto, 2022, 13’13” – Araguari, MG
*dia de NS D’Abdia da Água Suja, Romaria, MG
PERDIDO AMOR
Na poesia, eu te chamava com teimosia
Saudando-te com um tal próprio jeitinho
Eram versos de sentimento e de alegria
Que nos quais eu te sussurrava baixinho
Era uma sensação que, muito, eu sentia
E já sabia da emoção que viria, carinho
Pois, em cada rima, de ti uma melodia
Urgia e, o tempo passava devagarinho
Por onde andara meus versos agora?
Sem ti, se só há lembrança de outrora...
Então, um aperto na alma, um ardor
E, aquela atenção que era companhia
Que trazia cheiro, agora, é prosa vazia
Tentando esquecer um perdido amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16, agosto, 2022, 19’46” – Araguari, MG