Soneto de Fidelidade
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Detesto tudo o que é preciso decorar, com exceção de poemas: 'De tudo, ao meu amor serei atento' e nunca vou esquecer do soneto todo. Se serei fiel? Isso já é demais!
Plagiando o mestre Vinícius de Moraes no seu Soneto de Fidelidade eu criei o meu :
Soneto de Fiadolidade
De todo freguês serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em carderneta o fiado anotando
Que não me escapula do pensamento.
Quero lembra-lo o dia do pagamento
E se não pagar espalho nos quatro cantos
Vou cobrar com juros , tirar os descontos
Pra freguês veiaco não dou cabimento
E assim, quando mais tarde me procure
Com a boca pensa dizer Deus me livre
E me der razão , pegar minha grana
Eu possa esquecer a raiva que tive :
Meu desconfiar não seja imortal, feito muganga
Mas que seja infinito enquanto dure.
PR JARDEL CAVALCANTE