Soneto da Separação
Descobri que o ódio é uma espécie de devoção. Muitas vezes gastamos mais tempo com quem odiamos do que com as pessoas que dizemos amar.
Recém-separados que logo se envolvem em novos relacionamentos alegando que ainda tem muito amor para dar, deveriam começar dando a si mesmos.
Era realmente estranho. Há alguns meses atrás, eu achava que não poderia viver sem ele. Aparentemente posso.
Estou com medo de nunca conseguir afastá-lo da minha mente. Eu não o amo, mas tenho medo de que ele não me permita amar mais ninguém.
Falou de perda e exílio, de letras desterradas e do cordão umbilical da memória; esse que, apesar das montanhas e oceanos que acabam separando as almas dos sóis da infância, jamais se rompe.
Muitas pessoas se sentem infelizes em uma relação que consideram ser falida, não querem mais, chegam a odiar o par, mas não tomam a iniciativa de sair do relacionamento porque o orgulho é muito grande para serem apontados pela família como os ‘responsáveis pelo fim da relacao’. Incomoda-lhes ‘o que vão dizer de mim’. Há casos que a isso se soma o medo do futuro financeiro, ou a indisposição para se pagar o preço da libertação com algum tempo de dificuldade e adaptação. Esse é um fragmento da manifestação do ‘quero que tudo seja do meu jeito’, quando na verdade, nada está sendo há muito tempo.
É primeiro de janeiro e lembro disso por causa do passeio que fizemos de manhã. Dormi na tua casa. Nesse dia ainda chamo tua casa de tua casa embora saiba que vá virar nossa casa logo depois. Essa, a que vai, não hoje, eu aqui escrevendo, mas a qualquer momento, virar tua casa outra vez.
As nossas análises são dirigidas por uma estrutura formal: a ideia do Infinito em nós. Para se ter a ideia do Infinito, é preciso existir como separado. Essa separação não pode produzir-se como fazendo eco apenas à transcendência do Infinito. Senão, a separação manter-se-ia numa correlação que restauraria a totalidade e tornaria ilusória a transcendência. Ora, a ideia do Infinito é a transcendência, o transbordamento de uma ideia adequada.
Há tantas coisas que exigem ser ditas. Onde você foi? Você alguma vez pensa em mim? Você me destruiu. Você está bem? Mas é claro que não posso dizer nada disso.
Nunca se arrependa de ter transbordado amor por alguém, mesmo que essa pessoa não reconheça. Lembre-se que ela terá que conviver com a culpa de não ter sido capaz de te amar. Seja você !