Soneto da Separação
Era realmente estranho. Há alguns meses atrás, eu achava que não poderia viver sem ele. Aparentemente posso.
Recém-separados que logo se envolvem em novos relacionamentos alegando que ainda tem muito amor para dar, deveriam começar dando a si mesmos.
Se toda vez que eu não estiver pensando em nada e lembrar de você, pois saiba, você não me preenche em mais nada.
Enquanto podia e estava ali, a um esticar de braços de distância, vestia a capa da frieza e fazia questão de colocar uma pitada de desprezo em cada minuto do dia, em cada tentativa diálogo e em cada sorriso dado sem retorno. Fazia questão de transparecer sua opinião de que tudo estava ruim e expunha claramente o seu desconforto ao caminhar publicamente ao lado do outro. Enquanto podia não usufruía desse ‘poder’ e enquanto estava ali fazia questão de projetar-se a milhas dali. Mas eis que a ponte se quebra, a porta se fecha, o anel do dedo anelar se perde e o coração endurece...e aí...Ah...aí nada, nenhuma insistência ou tentativa é capaz de juntar os tijolos, os pregos, as maçanetas, as janelas, as telhas, as portas e as dobradiças espalhadas e reerguer um prédio demolido... Quem dá valor apenas quando perde jamais será merecedor de um dia ter possuído!!!
Eu continuo pensando nesse rio em algum lugar, com a água se movendo muito rápido. E aquelas duas pessoas na água, tentando se segurar uma na outra, se agarrando com toda a força, mas no final é demais. A corrente é forte demais. Eles têm que se largar, são arrastados para longe. É assim com a gente. É uma pena, Kath, porque nós nos amamos durante toda a vida. Mas, no final, não podemos ficar juntos para sempre.
Eu sei que é isso que as pessoas falam: você vai superar. Eu também poderia dizer o mesmo. Mas eu sei que não é verdade. Oh, você será feliz de novo, nada tema. Mas você não vai esquecer. Cada vez que você se apaixonar, será porque alguma coisa naquele homem te lembra dele.