Soneto da Separação
O prazer de lembrar tinha sido tirado de mim, porque não havia mais ninguém com quem compartilhar as lembranças. Parecia que perder a pessoa que lembra connosco significava perder a própria memória, como se as coisas que fizemos fossem menos reais e importantes do que elas eram horas antes.
Ainda bem que não pode acontecer duas vezes, a febre do primeiro amor. Pois é uma febre, e também um fardo, independentemente do que os poetas digam.
Não vou mais insistir em te querer. Quando o amor não é correspondido, ele vai se desgastando com o tempo e se transforma só numa lembrança distante.
É tão lindo ver alguém se tornar um anjo para nós. O problema é a dor de ver ela virar seu demônio pessoal...
Ele veio. Ele partiu. Nada mais mudou. Eu não mudei. O mundo não mudou. No entanto, nada seria o mesmo. Tudo o que resta é o sonho e uma lembrança estranha.
Dissemos que sempre contaríamos a verdade um para o outro. Dissemos que nunca partiríamos o coração um do outro. Então acho que ele não cumpriu sua palavra duas vezes.
O divórcio não é uma tragédia. A tragédia está em ter um casamento infeliz, ensinando aos seus filhos coisas erradas sobre o amor. Ninguém nunca morreu de divórcio.
Janelas fechadas, colchão no chão, nublado e chuvoso, o relógio parece calmo demais, lento demais. Nunca sei o que acontece em seguida, desconfio nunca desejei de fato saber. As manhãs passam depressa, a noite me arrasto em pesadelos e não tenho prazer algum em está acordada. Tudo está parece flutuar, a gravidade parece ter tirado férias, exceto a mim, continuo caindo, continuo caindo. Tudo é sempre incerto, em todos os lugares que olho, tudo está desordenado, não nunca está no lugar que deveria estar. De todas coisas me deixam acordadas a noite, me tiram a paz durante a espera da fila do banco, a brisa úmida dos dias chuvosos, as folhas que caem da arvore no meu quintal, a dose dupla do café que não consegui tomar, todos os pequenos prazeres que compartilhei, partiram junto a ele em sua mala abarrotada de lembranças de manhas ensolaradas.
"Foi um erro ", você disse. Mas a coisa mais cruel era a sensação de que o erro foi meu, por confiar em você.
Eu não acho que você possa deixar de amar alguém. Eu acho que quando você se apaixona, quando é amor verdadeiro, é para a vida inteira. Todo o resto são experiências e desilusões.
Quando as coisas se quebram, não é o ato de quebrar em si que impede que elas se refaçam. É porque um pedacinho se perde – as duas bordas que restam não se encaixam, mesmo que queiram. A forma inteira mudou.
Se você não o amasse, isso nunca teria acontecido. Mas você amou. E aceitar esse amor e tudo o que aconteceu depois é parte de seguir em frente.
O amor não é uma bênção, é uma maldição e uma vez que você o convida para entrar em seu coração, ele só deixa marcas.