Soneto da Saudade

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SONETO DA TEORIA DO AMOR

A EXPLOSÃO QUE DEU ORIGEM AO UNIVERSO
DEVE TER EXPLODIDO DENTRO DO MEU PEITO.
OSQUESTRANDO ALGUMAS PALAVRAS EM VERSOS
TENTAREI EXPLANAR ESTE GRANDE EVENTO.

TUDO ACONTECEU MUITO DE REPENTE,
QUANDO UM VAZIO DOMINAVA O MEU SER.
FOI ENTÃO QUE NA MINHA FRENTE
EM MEIO AO CAOS SURGIU VOCÊ.

TÃO BELA, RADIANTE E CHEIA DE VIDA
QUE NO VÁCUO DO MEU PEITO
SUA IMAGEM CAUSOU FUROR.

FOI ALGO RÁPIDO E À PRIMEIRA VISTA,
AGORA SÓ ME RESTA SABER
SE O QUE SINTO É AMOR.

"Escrevi muito soneto
soneto brasileiro
Mas queria mesmo
era ser MC,
ser funkeiro"

SONETO DO DESEJO

Queria ter-lhe em braços afetuosos
despir-te em versos de malicias,
cobrir-te com plumas de anjos
beijar-te com poesias (caricias).

Queria ter-lhe em céus de primavera
em noites calmas silentes,
um amor que inda pudera
ser puro...inocente.

Queria ser-te sorriso
beijo apaixonado,
paixão no inicio

poeta enamorado,
queria estar no paraíso
para sempre ao seu lado.

SONETO LASCIVO

Em um poço atroz revestido de luxúria
eu mergulho, em insanidades, todos os dias
profanando o mandamento sagrado e a carne sã...
Tornando-a despedaços, lugubremente fria.

Abro os portais para o dia funéreo
em que a lascívia corromperá os fiéis;
maldições, preces ressoam em gritos dolorosos
iniciando a sombria inversão dos papéis.

E nesta luxúria sou um impávido soberbo;
impetuoso seguidor dos prazeres da carne,
onde qualquer idólatra se torna um homicida.

"Porque tudo o que há no mundo -
a concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida [...]".

SONETO DE UMA LOUCA PAIXÃO

Vejo em você, neste teu semblante,
Estampado neste teu lindo sorriso,
Esta coisa que se faz tão radiante,
Que é este teu amor, de que eu tanto preciso,

E isto me deixa livre o mais que o bastante,
Bem como, desinibido e descontraído,
E diga a você, agora neste instante,
Que por você e o seu amor, eu fui contraído.

E desde então, este meu pensamento,
Só pensa em você, a todo o momento,
E já não posso mais lhe esquecer.

E queira acreditar, que este meu sentimento,
É puro, sincero, e que vem lá de dentro,
Deste meu coração, que só quer lhe pertencer.

BALADA DO TEMPO (soneto)

... e o tempo passa, indiferente
apático, indo embora sem saber
poente na saudade, o alvorecer
mais um, outro, apressadamente

... dono dos gestos e do prazer
tristemente, tal uma flor dolente
que traga o frescor vorazmente
no ato da ação do envelhecer

e o tempo passa, inteiramente
sem que escolhamos perceber
e na lembrança, assim, assente

passa o tempo, e é para valer
sem que nada dele ausente...
Presente! Pois vale a pena viver!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

A JANELA E A LUA (soneto)

Já de ti - dizia a lua - me despeço
Pra janela, no cerrado com sorriso
Deixo-te com os sonhos. Preciso
ir... O sol já está no seu ingresso

No horizonte me embaço no paraíso
De tua fresta vê-me no meu avesso
Diz a lua no clarão no céu disperso
E eu, noturna, indecisa, me diviso

E, escancarada, alegre, a ti expresso
Até mais logo! Vá com lotado juízo
Diz a janela pra lua, breve regresso!

E está, que já dormia, de sobreaviso
Inteirou a janela deste seu recesso
Até a noite, quando volta no improviso

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

AMIGOS (soneto)

Onde estarão os amigos na amizade
Aqueles que trilharam ao nosso lado
Na diversidade, no momento calado
Ou aquele aliviado pela boa vontade

Por onde andarão, tivemos um passado
Insólitos prazeres, manhas e civilidade
Os perdoados e os ainda na rivalidade
Apontados na memória com bom grado

Tem também os de nossa intimidade
Tão queridos e pelo coração amado
Sempre relembrados com felicidade

Todos no meu poetar com significado
Com muita e deveras grande saudade
Aqui vai o meu sincero, muito obrigado!

Luciano Spagnol
Agosto, 2016
Cerrado goiano

SONETO EM DESPEDIDA

Até logo! Aqui ficam férteis momentos
do meu viver. Na lágrima levo a aurora
na bagagem o mundo, vou-me embora
o abrigo que cá havia, agora lamentos

Na memória a saudade em penhora
se foi inglória, porque tive detrimentos
e é nas perdas que tem ensinamentos
e vitórias na vida, basta, é hora agora

Nesta mais uma passagem, portentos
vim com amor, e vou com amor afora
tento no coração bons sacramento

Sigo, para trás fica o tempo outrora
o céu claro são alvos adiantamentos
Goiás, despeço-me, a gratidão chora

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

SONETO "MEA CULPA"

Você que sempre foi especial, errei
Então, no meu erro, desculpa peço
É difícil perdoar! Sei! Árduo regresso
Eu confesso: -com remorso fiquei!

E nesta "mea culpa", algo lhe direi
Se o coração escuta, é progresso
Não é fácil arrepender sem acesso
Tão pouco indulto de quem o fazei

Então, com um afeto lhano modesto
No nada é impossível, o meu gesto
De contrição... Na minha incorreção

Nem tudo na vida nos é tão funesto
Pra que seja no amigo ato molesto
E neste soneto de amor: -Perdão!

Luciano Spagnol
27, agosto de 2016
Cerrado goiano

SONETO VELOZ

Da varanda vi a meninada jogando bola
No vizinho a moda de viola ia distante
Tornando o meu pensamento pensante
Que a vida é levada numa veloz padiola

Ao sentir que o tempo na hora é dante
E um ilusionista estradeiro e sem sola
E que não nos espera em sua charola
Me vi diante duma saudade palpitante

Lembrei o primeiro amor, a juventude
As fotos amareladas, agora no ataúde
Dum passado, tão forasteiro de heróis

Fiquei com a recordação ali amiúde
Com os argumentos tão sem atitude
E que tanta coisa ficou para depois...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Mineiro do cerrado

PERDÃO (soneto)

Cá estou, meu Senhor, a pedir perdão
Tal o humano: muito errei no caminho
Se de tuas leis desviei, dá-me alinho
Tentei ser, do afim irmão, mais irmão

Se de meu olhar ausentou o carinho
Perdão! Aqui me tens em confissão
Me ensina rezar com Vosso coração
Na omissão, fui um ser mesquinho

Não matei, nem roubei, fui em vão?
Perdão! Me tira deste mal cantinho
Se declinei, pouca era minha razão

Compaixão por me achar sozinho
Se no amor não pude ser paixão
Perdão pela tua coroa de espinho!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

NA PELE DO CERRADO (soneto)

Pulsa mais do que se pode ouvir
Vário mais do que deve imaginar
Mas, não se pode nele se banhar
Sem nele o teu chão os pés sentir

Aqui, pois, o céu é do azul do mar
Teu horizonte na vastidão a reluzir
Num encarnado que nós faz ouvir
Tons no vento no buriti a ressonar

O contraste é somente pra iludir
Hibernando e, encantado o olhar
No árido inverno dos ipês a florir

Num espetáculo que vai embalar
Do marrom ao virente a se colorir
Pele do cerrado, agridoce poetar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

DRAMA (soneto)

Quando é que o afeto meu terá encontrado
a sorte duma companhia pra se apresentar?
Quando é que na narração poderei conjugar
Assim, despertarei de então estar deslocado

Se sei ou não sei, só sei que eu sei atuar
E se eu estarei ou terei ou se está iletrado
É impossível de inspirar, o ato está calado
Pois, o silêncio discursa sem representar

O aplauso alheio pulsa, mas de que lado?
Na cena a ilusão é expulsa e, põe a chorar
Impossível imaginar atuar sem ser amado

E este drama sem teatro, e ator sem teu lar
De comédia trágica, no peito, então atuado
É amor e fado, no palco, querendo ser par!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

DEMÊNCIA SENIL (soneto)

Nos fios brancos do silêncio, a quietude
Nubladas recordações, escura solidão
Horas lentas no tempo, e vazia emoção
Que tateiam o que outrora foi plenitude

E nesta distância do devaneio e o são
O mesmo mutando numa outra atitude
Tremulando o olhar numa lacuna rude
Sorrindo sem riso e andando sem chão

E no papel sem margem, a negrutude
Que esgaça a ilusão sem dar demão
Onde tudo é vagar e pouca amplitude

Assim, neste empuxo sem ter tração
Se não reconheço, sabes do que pude
Então, assiste este sóbrio senil coração

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
À meu velho pai

SONETO DO AMADOR

Amador é o desejo do ser amado
Vive desejando mil formas pra achar
Se no amor não tem o que imaginar
Pois é virtude no ato de ser desejado

Se nele se tem o ser transformado
Onde mais o amador quer desejar?
Pois só assim o bem irá conquistar
E o afeto na alma então será liado

Mas se pouco for o desejo no olhar
Pouco o amador terá encontrado
Aí por ele, o amor, então vai passar

Se ao amador o amor é cobiçado
Então deixe o amor lhe alcançar
Pois o verbo dum amador é amar

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

SONETO DA CREDIBILIDADE PERDIDA
(Para dar um jeito na amizade fingida)

Um traidor chegou todo faceiro numa quitanda/e quis comprar alguns quilos de credibilidade./O vendedor o expulsou. Num terreiro de umbanda,/o Infeliz foi solicitar o apoio de uma "entidade".

-"Por favor, seu 'caboco', eu preciso de sua ajuda,/não entendo como conseguir a capacidade de mudar de vida./Estou sentindo a dor de um sufoco que não muda/e então eu pretendo readquirir a minha credibilidade perdida".

Após escutar a solicitação do cabra da peste,/a "entidade" impedida de dar a ajuda solicitada,/ disse: - "Tu irás penar por cada traição que fizeste."

A credibilidade perdida não pode ser comprada/pela Infernal escória, sem respeito e nem consideração./Eis a bela a moral da história pra quem tem feito traição.

Paulo Marcelo Braga
Belém, 17/03/2015
( 03 horas e 42 minutos)

CERRADO SECO (soneto)

Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento

Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento

Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso

Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Soneto aos poetas da madruga

Aqui vossa presença eu consagro
Às ervilhas podres da madrugada
Vaga quem porta um sentimento amargo
E tão frágeis são quanto uma maçaneta enferrujada

Peço perdão, pela métrica usada
Sei que não vos convém a academia
Pois a vós a ideia não foi doutrinada
Encaixamos a alma onde o imaterial se distorcia.

Com sucesso, lhes envio um salve
Se é poesia em imagem, letra ou movimento
Ou vida esculpida no incorrupto mármore

Hoje a noite não é de Vinicius, ou Camões
Da noite a poesia vive meus irmãos!
Sagrado é o caos, dentro de vossos corações!

SONETO DA SEGUNDA FEIRA

Por seres o primeiro dia útil da semana
O dia da tal preguiça a tu entitulada
Por seres tão lenta a manhã raiada
És indesejada, ao despertar tirana

Por seres ao mau agrado condenada
Num trato pequeno, de simples fulana
Por seres mais que um início traquitana
És evitada, e tão pouco mais celebrada

Como a coirmã, sexta, tão aplaudida
Querida, e esperada. És desanimada
Como um fim de festa, ali, chicana

Por não ter outra ou qualquer saída
És encarada como anódina estrada
E nesta pendenga és outra semana...

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano