Soneto da Saudade
Câncer de mama
Um câncer se chega é triste
porque destrói as células
e se alastrando persiste
até tomar suas mamas!
O auto exame pode prevenir,
é bem simples e fácil fazer
mas, ao médico você deve ir
para ele te dar o parecer!
Mulheres se cuidem!
Homens também,
uns podem até rirem...
Mas, o câncer não escolhe!
Então, não custa prevenirem
e suas mamas examinem e olhem!
PS. Hoje estou indo trabalhar vestida de rosa. Nossa escola está promovendo o dia D contra o câncer de mama.
A união
Nos percalços que a vida tropeça
Queria eu recolher os obstáculos
Juntar somente os bons cálculos
Fazer matemática à boa sentença!
Contudo, minha ingênua vontade,
Não podereis pintar tudo de flores
Choraria eu os momentos de dores
Mas, posto ao centro pilastra forte,
Intercedestes, sobre mim o Pai eterno
Ensinando-me ver em tudo a gratidão
Pois, á vida pousa o verbo do destino!
Abraço, então, a vida, como uma lição
Porque não nos cabe viver em desatino
Deveis viver na paz, no amor e na união!
Cristais vazios
Sou escultora de silêncio
Onde teço as palavras,
Contemplando as letras
Nas veredas do ócio!
O murmúro de um grito
Rasga o verbo das asas
Infesta o sangue nas veias
Sepulta por dentro feito luto!
Libertas libélulas são células
Nos lábios que sentencio
A voz perco nas fagulhas...
Os olhos são fios de cílios
E na tez, brancas ressalvas
Diposto feito cristais vazios!
Afeto de gangue
A totalidade de alguma coisa é incrível
E a totalidade de gente, alguém viu?
Gente é tal diagnóstico do inevitável,
Há tipos do bem e típicos metal vil!
Humanos nem a si mesmo conhecem:
-Ora ali vai com'a onda da boa doçura,
Ora constróem o mal sem compostura
E a epidemia contaminando a cultura!
Pega pena a nódoa de nada na caixa,
Borra indireta direta na reta da fala,
Orêia bondade, que não se encaixa!
Há quem valorize o afeto de sangue,
Que se respeitam entre si e amparam,
Outros que preferem afeto de gangue!
Ciranda de celular
Se pá, acontece de pá se apaixonar
Não pinta de escuro o seu coração
A não ser que pá, cumpriu a missão
E pá, sucumbiu desmanchando no ar!
Sem um coração á pulsar na ilusão
Vai cor sem que possa impressionar
Um despedaçado pedaço de papelão
Colado no sentir do estrado de um lar!
Senão uma viela debaixo do viaduto,
Onde há vivos perambulando na rua,
Mortos pra quem passa ali resoluto:
- Mendigos, na afirmação que anda!
É caixote a feira mascote sob a lua,
Por certo pá, um celular vira ciranda!
O mito do vento
Tantas vezes a face estampada no reflexo,
Das águas, espelhos, telas e estampas...
Sabem lá inúmeras vezes escancaradas
Este enigmático ser humano sem nexo!
Ah! Existem aqueles a acusar o outro:
- Como és narcisista seu rosto á postar!
Entres flashes surgem as selfies no ar:
Rostos, caras e expressões, é o colostro!
Há quem desdenha dizendo assim:
- Vais ver quantas curtidas recebestes?
Naquele ar de quem não age por tal fim!
Daí, amplificando o mito, decifro o atrito:
-Todos, sem exceção, narcisistas rebeldes!
Pois, todos carregam sua imagem no vento!
Enlaço do abraço
Se fosse definir alguma coisa de sentir,
Iria contemplar o abraço surpreendente!
Aquele abraço que abraça de repente,
Que faz o coração pular e a alma sorrir!
Se olhamos pra nós envergonhados,
Com jeito de não misturado com sim,
O pulsar de seu coração junto a mim
Parecemos dois tolos desgovernados,
Sem saber que rumo deveríamos seguir!
Fingimos ser apenas um amigo qualquer,
Mesmo que fosse impossível conseguir!
Então sempre voltamos lá no abraço,
Sem nenhuma vontade de esquecer
Mas, com vontade de ficar no enlaço!
Sem água, só o pó
Choro da Terra de onde brota a fonte,
Suor que escorre por entre os poros!
Águas vindas dos fios da chuva forte,
Gotas de orvalho onde ouço os coros!
Sinfonia do sereno doce do anoitecer,
Enleio da valsa triste de uma lágrima!
Germina a vida em cada amanhecer,
Ou seca a seca no sopro em lástima!
Sem água! Na sede da terra, sem nada,
Nem flor, nem folha, nem raiz, o pó, só!
A poeira na testa, veio de Terra rachada...
Lá onde a serra espanta a nuvem sem dó!
Por canto de jeito, um cacto e mais nada...
Em outro, outra serra a deixar cair só o pó!
Carrossel gigante
Sol, gigante de luz em movimento,
Círculo que, sem parar vai girando,
A cada volta que dá leva - me junto,
Carrega-me sem piedade do mundo!
Sei lá se este universo é início ou fim,
Por certo que, tudo acabará num raio.
Queimará o fogo num rastro sem fim,
Ou tropeçarão os planetas em um fio,
Ou alinham os anéis soltos lá no céu,
Ao girarem em torno do sol a queimar...
Nesta semelhança, gira um carrossel:
Roda gigante, a gente no mundo a girar...
Somos parte do giro deste imenso anel,
No giro, vai o mundo aprendendo a amar!
Ufa!!!
Pindorama, meu índio pescador;
Depois semeia sonhos de açúcar,
O português que aqui aportou
E o índio feito bicho se assustou!
Pajé não é mais curandeiro,
Agora o seu nome é Jesus,
A terra Ilha de Vera Cruz,
Não importa quem foi o primeiro!
Importa agora a Terra Nova,
Terras de Papagaios, renova:
- É minha Terra de Vera Cruz!
Bem melhor: Terra de Santa Cruz,
Ou, Terra de Santa Cruz do Brasil!
Não! Terra do Brasil; então: Brasil!
Ufa!!!
Oração das almas
Pai, a ti de coração puro venho
Trago minha alma transparente
Abençoa - me neste instante
Pois, o meu corpo já não tenho!
Suposto merecer o acento etéreo
Venho a teus pés humildemente
Perdoa - me se o dia fostes triste
Porque a vida ainda é um mistério!
Depois deste desterro, Senhor Deus
Mereça eu, ser luz sob sua proteção
Que sejais amparo á todos os meus!
Assenta a fé e a paz nalgum coração
Fazei de mim eterno nos braços teus
Faz - me rasto de luz em sua direção!
Cego estigma
Barragem explodida de lama impura,
desce o morro derrubando meu tudo,
me fere, mata, destrói e ver, me apura,
embora, sobrevivente deste absurdo!
O que ignora lama enfurecida de vício?
Se sou pessoa, sou criança, sou a cria;
sou planta, sou animal, menos seu cio!
A tua soberba gananciosa é vil autoria,
desta lama desastrosa que me vitima,
me faz órfão desta miséria do mundo,
onde tua ganância, a ambição estima!
Na minha inocência te mostro a língua,
a esta escorrida lama de cego estigma,
em que o poder aumenta e não míngua!
Velho Ano Novo
Quão novo é o velho Ano Novo?
O que te reservas a nova posse?
Se de repente ludibriando o povo
a inevitável politicalha acontece!
Abrigada a negociata no ministério
sem liberdade, poder, nem mando,
se ao povo não esconde o mistério,
a velha ditadura de firme comando!
Presumimos o novo velho tempo,
em que de novo o engano aborrece
e nem tudo na virada passa limpo!
Depois do brinde em tom de agrado
a nova liderança acenta no campo
e também nova grama e novo gado?
Ponto de partida
Ao novo ano, no tsuru pedidos escrevi,
em suas asas escrevendo lembrei de ti,
desejei pra ti que gosta da poesia daqui
muita saúde, paz, prosperidade e parti...
Fui pra bem longe e deixei - me voar,
no meu vôo, o vento e a tempestade,
o bem e também sem querer magoar,
alguns resquícios de pura maldade!
Dos olhos caíram algumas lágrimas...
Nos meus lábios também sorrisos vi,
houvera ternura e talvez duros dramas!
De tudo guardarei grato aprendizado;
Não quero ser mais, que meus poemas,
no mais agradeço a todos que tem lido!
Instinto selvagem
Cuido de mim que sou onça selvagem;
O meu rugido estronda floresta afora,
passos velozes deixo sobre a aragem
e sobre as árvores fico pra por a mira...
Pois, da justa forma que me caçam, caço,
a generosidade é somente da natureza,
pelo instinto que fez livre sem duro laço
na selva sem mestrado da cruel certeza!
Em que no tudo se foca a padronização
do quanto mais se pode, mais se explora,
amansa, amassa e no dito, a regra, a lição!
No mais cuido de minha vida de onça
dos outros animais, cuidam a criação...
Entre uns, se extinguem nalguma lança!
A reencarnação na flor
Matizes e nuanças em luz e esperança
em cada florescer da semente nascida
ainda que há as flores que não se lança,
outras evocam imperando cor definida!
Tantas quantas químicas e descobertas
que imita, que reproduz tenra e vigorosa,
os matizes na fibra tingida das mantas
tão bonitas quanto a flor mais charmosa!
Se fosse assim eu também reproduzida,
queria ser pintura de mim ainda criança
ou ainda aquela alma sem ser nascida...
Possivelmente ainda na fila a reencarnar
aos quantos poderia ser uma planta vinda
e estariam na flor pelo reencarne a esperar!
Fio de pavio
O três sons iguais nas três palavras
foi traduzindo uma tragédia o vulcão;
Levantou ondas as placas tectônicas,
lavas ardentes as entranhas do chão!
Nenhum deles salvaram-o pelo dom...
Nem tsuru, tsunami, nem Mitsubishi!
Vixi! Na catástrofe dispersou o som
o alvoroço de gritos, muito triste, vixi!
Os bens caros, os carros, até navio
foi levantado feito papel e papelão,
nas ondas do mar alvoroçado e frio!
Mas, se três sons insite o brasileiro
é que ele apita no vulcão seu assobio,
ria lacônico do que fora o estrangeiro!
O eco da notícia
Olhem, olhem a notícia no jornal!
Ela é polêmica, má e ordinária;
Vejam! A notícia nacional!
Vejam, leiam é extraordinária!
A notícia esplanada toda,
espalhada feito folha no vento,
o povo no olho se farta da danada
e a notícia corre o cumprimento...
No intento declarante mais alerta:
- Perigo, cuidado! Não caia, caia,
caia, caia, no eco o tudo desperta!
De repente restou no eco: - Caia!
O eco para, parada caia e atenta..
- ...aia caia! Atenta a aia, o caia!
A força da luz
Tudo, tudo mais que o tudo do tudo
vai indo, indo e vou vendo o tempo,
tempo de tudo no meu indo e indo,
de repente tudo para no céu límpido!
Tanto, mais tanto azul e mais azul,
lindo, o mais lindo azul celeste,
encobre a terra do norte ao sul
e no centro uma luz transparente!
A luz tão forte, mas tão forte e forte
mas, doce, serena, toca- me e sinto...
Sinto, sinto a luz, a luz puramente!
É assim na força que a luz emana,
que sinto - me composta e triunfante,
é assim que sou eu vida humana!
Somente poemas
Somente poemas eu quero aqui,
poemas e mais poemas, apenas;
poemas aqui, poemas por aí,aí,
aí poemas, perto de ti poemas,
perto de mim muitos poemas,
traga poemas de todos os tipos,
que seja seus próprios poemas,
poemas belos e bem bonitos...
-Bonitos? De alguma forma bonito!
Os poemas são canções, músicas.
Em poemas e canções eu acredito,
acredito, acredito e acredito, é isso,
é isso, isso, é isso mesmo repito!
Poemas apenas, nada mais além disso!